terça-feira, 2 de agosto de 2011

Uma Cidade em expansão

Conforme dados do Censo 2010, do IBGE, a população de Fortaleza é de 2.452.185 habitantes, distribuídos numa área de apenas 314,927 km². As zonas leste e sudeste são as mais bem dotadas de infraestrutura. Bairros como Aldeota, Meireles, Dionísio Torres e Fátima, verticalizam-se e são praticamente autônomos no que se refere à oferta bens, serviços e equipamentos de lazer. 

orla marítima da região leste, trecho Praia de Iracema

Nessa área, via de regra, a cidade se expande, respeitando uma determinada ordem que caracteriza a chamada cidade legal: traçado xadrez, quadras iguais, edificações com recuos definidos por lei, espaço para as calçadas, praças urbanizadas, ruas pavimentadas.
A orla marítima, na zona leste é praticamente toda ocupada por edifícios de residenciais de alto luxo, cadeias de grandes hotéis e restaurantes. 

construída na década de 1960, o planejamento da Avenida Beira Mar não considerou o crescimento da cidade. Hoje a via não dá vazão ao grande número de veículos em circulação, a as calçadas são estreitas e irregulares, e o trânsito é caótico.  

Com a construção do calçadão, recuperação da Ponte dos Ingleses e a implantação do Centro Cultural  Dragão do Mar, a Praia de Iracema recuperou em parte sua antiga importância como área de lazer noturno e eixo turístico da cidade.  O Centro Cultural Dragão do Mar, que reúne vários equipamentos de cultura e lazer passou a ser frequentado tanto pelos nativos de todas as classes sociais, como pelos turistas. Por outro lado surgiu o problema do seu entorno, que foi ocupado por bares, restaurantes, danceterias, com grande poluição sonora e visual, que acabam interferindo nas atividades do centro Cultural.

bares no entorno do Centro Cultural Dragão do Mar

No entorno do Porto do Mucuripe, ainda se encontram muitas indústrias de pesca, moinhos de trigo, fábrica de asfalto, etc, e vários bairros populares e favelas como Serviluz, Farol, Castelo Encantado e Vicente Pinzon.

Porto do Mucuripe

A Aldeota encontra-se totalmente loteada e construída, com prédios de alto valor e sem áreas disponíveis para novos empreendimentos. Diante da valorização da área, casas e prédios antigos foram demolidos para dar lugar a torres de apartamentos de luxo.

O posto de gasolina obteve autorização para se instalar em pleno canteiro central da Avenida da Abolição, no Meireles

A Água Fria, bairro para onde as elites se transferiam nos anos 1980 em busca de privacidade é uma das áreas mais dinâmicas e autônomas da cidade, concentrando muitos empreendimentos de bens e serviços. 

Parque do Cocó: a especulação imobiliária e a valorização da área são uma constante ameaça à sobrevivência da área verde.

Naquela região fica o Parque do Cocó, importante área verde da cidade, mas que tem os limites questionados por interesses privados, em razão do alto valor do solo no local.

orla marítima da região oeste, trecho Arraial Moura Brasil: o bairro dos pobres e dos excluídos, sem infraestrutura e sem serviços suficientes.

Já na orla marítima da zona oeste, a situação é totalmente inversa: os investimentos são de empreendimentos particulares e destinados a um público específico, a exemplo do Hotel Marina e o Mucuripe Clube.  A expansão ocorre num processo informal e espontâneo de ocupação urbana, sem qualquer intervenção do poder público ou de suas instâncias.   


fotos: Fátima Garcia
 Fonte:

Bruno, Artur. Fortaleza: uma breve história/Artur Bruno, Airton de Farias. Fortaleza: INESP, 2011.
Costa, Heloisa Soares de Moura. A Cidade Ilegal, notas sobre o senso comum e o significado atribuído à ilegalidade. In________As Cidades da Cidade/Carlos Antônio Leite Brandão (organizador) Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.     

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