quinta-feira, 22 de abril de 2021

Assembleia Provincial - Palácio Senador Alencar

 


A ideia de construção do prédio hoje denominado Palácio Senador Alencar, surgiu no dia 1° de setembro de 1855, quando o presidente Joaquim Vilela de Castro Tavares, em seu relatório de obras públicas, ressaltava a necessidade de uma casa que fosse condizente com as funções exercidas pelos legisladores da província, visto que a que funcionava como tal, parecia destinado às sessões de alguma municipalidade de aldeia. Nesse mesmo ano, a assembleia votou e destinou o orçamento para início da obra.

No ano seguinte, o presidente Vicente Pires da Mota mandou levantar a planta da casa da Assembleia, e não havendo terrenos devolutos, encarregou ao presidente da câmara municipal, Antônio Rodrigues Ferreira para comprar o terreno ocupado com as casas denominadas quartos da Agostinha, (segundo consta, Agostinha era uma ex-escrava de Luís Ribeiro de Vasconcelos). Nos quartos da preta Agostinha funcionavam alguns estabelecimentos comerciais onde eram vendidos gêneros alimentícios, fumo, rapadura e aguardente. Os cômodos foram adquiridos pelo governo e demolidos em seguida. Foi autorizado o pagamento pelo cofre da municipalidade para posterior indenização pela província. Sendo preciso mais terrenos, compraram mais casas e mais terras com três braças de frente.


A obra foi iniciada em 25 de outubro de 1856, com projeto de Adolfo Herbster, em estilo neoclássico, ficando determinado que o edifício abrigaria a Assembleia Provincial e o Liceu. Depois deliberou-se que o estabelecimento de ensino seria instalado em outro local. A construção foi paralisada em 1857, pelo presidente Antônio Marcelino Nunes Gonçalves e recomeçada em maio de 1860. A partir de 1865 os serviços de finalização ficaram a cargo do engenheiro Adolfo Herbster (até então estavam sob responsabilidade do engenheiro José Antônio Seifert). A obra foi finalmente entregue no dia 3 de março de 1871.


 sede da Assembleia Legislativa, com trincheiras abertas pelos simpatizantes de Franco Rabelo, eleito governador em 1912,Em novembro do mesmo ano, tentaram realizar uma sessão na Assembleia, com a finalidade de depor o novo governador, mas tiveram suas pretensões rejeitadas pelos rabelistas, que impediram o acesso dos deputados ao plenário

Algumas instituições funcionaram no local, concomitantemente com a Assembleia: em 1895 os Correios foram instalados no térreo, onde ficou até 1895; depois entre 1937 e 1947, abrigou a sede da Universidade de Direito Livre do Ceará, a Biblioteca Pública, o TRE e o Instituto do Ceará e Academia Cearense de Letras. Em 1991, passou a sediar o Museu do Ceará.     

O palácio da assembleia permaneceu sem uma denominação oficial até fins da década de 40, quando entrou em debate a escolha de um nome para o edifício. O nome do senador José Martiniano de Alencar, foi proposto e defendido por um deputado. Alencar teve seu nome aprovado por unanimidade, como patrono da Assembleia Legislativa do Ceará.

Localizada no quadrilátero entre as ruas São Paulo (frente principal), General Bezerril, Floriano Peixoto e Travessa Morada Nova, a Assembleia Provincial, mais tarde Assembleia Legislativa funcionou a partir de 1871 e permaneceu no Palácio Senador Alencar até o dia 10 de maio de 1977, quando se mudou para o novo endereço na Avenida Desembargador Moreira.





"Causo" na Assembleia (um de muitos) 


Osiris Pontes era presidente da Assembleia do Ceará. Vilmar Pontes e Pontes Neto também eram deputados. Os três eram irmãos. Uma tarde Osiris Pontes presidia a sessão quando Vilmar Pontes foi à tribuna e começou a atacar violentamente, o governador Parsifal Barroso. Pontes Neto pediu um aparte:

– não admito que V. Excelência fique aí, atacando um homem honrado.

Vilmar Pontes gritou lá da tribuna:

– honrado coisa nenhuma! Honrado só para um empreiteiro marmeleiro como V. Excelência!

Começou a confusão. Vilmar Pontes querendo descer da tribuna, Pontes Neto querendo subir. A turma do deixa-disso segurou os dois. Lá de cima, na presidência, Osiris Pontes tocou forte a campainha e berrou: 

– se vocês continuarem brigando, vou chamar a mamãe! Acabou a briga.



extraído do livro: Folclore político; 1950 histórias de Sebastião Nery 

Fontes: Descrição da Cidade de Fortaleza, de Antônio Bezerra de Menezes – introdução e notas de Raimundo Girão

A Praça e o Povo, de Alberto S. Galeno

Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito

Fotos IBGE e Arquivo Nirez 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Fortaleza faz 295 anos (e tem muitas histórias para contar)


Há 295 anos no dia 13 de abril de 1726, a Coroa Portuguesa transformava o povoado localizado às margens do riacho Pajeú na Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. A data passou a ser o marco de fundação da cidade.

A cidade que chega aos 295 anos é a mais populosa do Ceará e a 5ª cidade do país. De acordo com as projeções feitas pelo IBGE, a população estimada de Fortaleza em 2020 é 2.686.612 habitantes.

Fortaleza é também um dos menores municípios do Ceará, com uma base territorial de 313 km², a mesma do município de Jati (CE) que conta com apenas 8.130 habitantes.

É um dos maiores destinos turísticos do Brasil, recebe visitantes do mundo todo durante o ano inteiro, já que não apresenta variações climáticas significativas e seus maiores atrativos estão no litoral.

No que pese todos esses indicativos, é uma cidade que tal e qual a antiga vila, continua sendo negligenciada pelos governantes, que não suprem as necessidades de serviços básicos de saúde, educação, saneamento, transportes, limpeza, segurança; não gerenciam o patrimônio público com eficiência, permitindo a ocupação de áreas públicas por construções irregulares.