Até por volta do ano de 1930, havia no Mucuripe, não longe do farol e para o Poente, os restos de uma construção muito antiga. Acredita-se que essas ruínas fossem os últimos vestígios das três baterias que ali existiam em 1802, ( Baterias da Princesa Carlota, de São João Príncipe e de São Pedro Príncipe) citadas pelo Dr. Carlos Studart Filho, em uma matéria publicada na Revista do Instituto do Ceará.
Explica o autor que, existia uma bateria mais elevada do que aquelas, com peças de rebate e bandeira amarela, servindo de sinal para os navios sobre a direção do porto (do Mucuripe). O historiador acha possível ter sido esta a fortificação a que mais tarde, chamaram de Forte da Bandeira.
Segundo João Brígido, Bernardo Manuel de Vasconcelos, primeiro governador do Ceará (1799-1802), prendeu por oito dias, no Forte São Luiz do Mucuripe, o capitão-mor Antônio José Moreira Gomes, poderoso chefe da colônia portuguesa.
O historiador C. Studart não faz nenhuma referência a esse forte no poente; fala dos quartéis situados ao nascente daquela ponta, onde provavelmente esteve recluso Moreira Gomes, por não terem baterias nem fortes, acomodações para presos.
Desde 1837, do Mucuripe, se avisava por meio de um tiro a aproximação das embarcações. Quando o Tenente-Coronel Inácio Correia de Vasconcelos presidiu o Ceará pela segunda vez, (1844-1847), o governador (apelidado de canivetinho e Ferro Velho de Trem), proibiu o tiro do Mucuripe, que era correspondido por outro na fortaleza da capital.
Não se sabe ao certo quanto tempo durou a proibição. O fato é que o Forte do Mucuripe não ficou, jamais, inativo. Tanto que no dia 7 de setembro de 1857, a explosão prematura da carga de uma peça, que mutilou dois soldados, deu lugar a que, daí em diante, se fizessem sinais somente com bandeiras.
É certo também que ainda depois de 1867, se havia restabelecido o tiro de aviso somente na Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Ali havia no terreno contiguo ao Passeio Público uma pequena peça montada junto à muralha, ficando próxima a uma guarita de alvenaria. Disparado o tiro com aquela peça, içavam-se bandeiras de cores e formas convencionais: na ponta voltada para o Mucuripe, indicavam que o vapor vinha do Sul. Na ponta oposta – vapor do Norte.
Forte de Nossa Sra. de Assunção, início do século XX - ofipro
É certo também que ainda depois de 1867, se havia restabelecido o tiro de aviso somente na Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Ali havia no terreno contiguo ao Passeio Público uma pequena peça montada junto à muralha, ficando próxima a uma guarita de alvenaria. Disparado o tiro com aquela peça, içavam-se bandeiras de cores e formas convencionais: na ponta voltada para o Mucuripe, indicavam que o vapor vinha do Sul. Na ponta oposta – vapor do Norte.
Passeio Público em 1907. No detalhe, um canhão montado sobre carro de transporte para campanha (Ofipro)
Em um momento a cidade sabia da chegada de um vapor. Este processo de anunciar deu lugar a uma frase muito em voga naquela época: Atirou o Vapor. Era o comércio de Fortaleza que mantinha este sistema de sinais, que foi abandonado por volta de 1890.
Fonte: João Nogueira
Fortificações na Ponta do Mucuripe
Segundo historiadores, foram construídos os seguintes fortes e baterias na ponta do Mucuripe:
Fortim de São Bartolomeu
Citado por apenas um historiador (Sousa, 1885) entre as fortificações que existiram no Mucuripe.
Fortim de São Bernardo do Governador (Fortim de São Luis)
Já no início do século XVII, o Capitão-mor Martim Soares Moreno preconizava a fortificação da enseada do Mucuripe, a quem os franceses denominavam "mocoripá". Em 1745 foi submetido à Coroa portuguesa um projeto para a construção de um forte no Mucuripe.
Entretanto, apenas a partir de 1799, é que uma fortificação seria iniciada para a defesa da enseada, sob a forma de uma simples estacada de pau-a-pique, com a forma de um polígono octogonal regular, com vinte palmos de comprimento em cada lado. Os cinco ângulos voltados para o mar possuíam uma canhoneira cada um e os três pelo lado de terra abrigavam o quartel da tropa.
Seus muros eram tão baixos, que do mar podiam se divisar os soldados ali postados. No ano de 1800, o governador da Capitania do Ceará, Bernardo de Manoel de Vasconcelos, propôs o aumento da artilharia do forte, que era de dezoito para vinte e seis peças. No ano seguinte, para reforço da sua defesa, ordena o levantamento de três baterias de pedra e cal, uma delas próxima ao ancoradouro. Por falta de peças para municiar as baterias recém-construídas, o mesmo governador faz guarnecê-las com algumas peças de ferro em cada uma, complementadas por imitações de madeira pintadas de preto, iludindo o observador externo.
Também conhecido como Fortim de São Bernardo do Governador, dessa estrutura e das que lhe foram complementares na defesa do ancoradouro de Mucuripe, nada mais resta atualmente.
Fortim da Bandeira
Studart Filho (1937) informa que este fortim tinha como função a defesa da enseada de Mucuripe e seu ancoradouro, estando equipado com oito peças. Aparentemente a função de suas peças era a de rebate, e a bandeira que lhe dava o nome, quando de cor amarela, avisava as embarcações em trânsito para fundearem no porto de Mucuripe para receberem notícias sobre a presença de embarcações inimigas cruzando a costa a norte. Este fortim contava com apenas uma peça de artilharia.
Bateria da princesa Carlota, Bateria de São João Príncipe e Bateria de São Pedro Príncipe
As três baterias foram erguidas para complemento da defesa da enseada de Mucuripe e seu ancoradouro. Provavelmente são contemporâneas, erguidas a partir de 1802 por determinação do governador da Capitania do Ceará, Bernardo de Manoel de Vasconcelos.
Fonte:
wikipedia