A região onde hoje fica o bairro da Parangaba foi
formada a partir de um aldeamento, também chamado de missões, áreas em que se
erguiam espécies de aldeias indígenas artificiais – diferentes das aldeias originais dos nativos
– para onde os jesuítas conduziam e mantinham os índios da região, no intuito
de convertê-los ao catolicismo.
Sua história começa em 1607, quando os jesuítas
Francisco Pinto e Luiz Filgueiras vieram de Pernambuco e fundaram pequenas aldeias,
inclusive a de Porangaba.
Em 1609 foi construída uma capela para guardar os
ossos do jesuíta Francisco Pinto que fora trucidado pelos índios tucurijus. Foi
a primeira capela da região. Depois, é fundada a primeira igreja, com o nome de
Nossa Senhora das Maravilhas. A Igreja de Bom Jesus dos Aflitos foi sendo
estabelecida a partir de 1664, durante o processo de instalação dos aldeamentos jesuítas
e da ocupação indígena no Ceará, mais precisamente quando os padres jesuítas
Jacob Cócle e Francisco de Cassali deslocaram os índios Potiguaras, que se
encontravam na região do rio Ceará, para Porangaba, formando o aldeamento
homônimo.
Nessa ocasião construíram uma capela, com a
colaboração dos índios chefiados por Antônio Felipe Camarão, sob a invocação de
Bom Jesus dos Aflitos, devoção oriunda da angústia do povo que recorreu ao
Senhor Bom Jesus durante a batalha do Pico do Cascalho entre tropas de Portugal
e Espanha, em 1582. Ao redor da igreja, a comunidade cresceu, a princípio em
chácaras, depois transformadas em área nobre com imensos casarões.
Quando os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo
Marquês de Pombal, já na segunda metade do século XVIII, os aldeamentos foram
transformados em vilas. Os jesuítas tiveram seus bens sequestrados e deixaram a
administração das vilas indígenas, que ficaram a cargo de diretores. A Lei do
chamado Diretório Pombalino era de 1758, mas foi implementada no Ceará no ano
seguinte. A partir desse fato surgiram
as vilas de Viçosa do Ceará, Vila Nova de Soure, e Vila Nova de Arronches, em
1759. No ano seguinte – 1760 – foi criada a Vila Nova de Messejana, e em 1764,
as Vilas de Monte-mor-Novo (Baturité) e Crato. Eram as chamadas “vilas de
índios”. Três dessas vilas ficavam nos arredores de Fortaleza: Soure (Caucaia),
Arronches (Parangaba) Messejana (Paupina).
Quando a Vila Nova de Arronches foi incorporada a
Fortaleza, a Igreja do Bom Jesus dos Aflitos ficou impedida de funcionar,
ficando nessa condição até 1875, ocasião em que, segundo a Secultfor, foi
edificada a estrutura atual da igreja. A imagem de Cristo Crucificado, ainda é
a original do tempo dos Jesuítas.
Arronches foi incorporada a Fortaleza
pela lei n° 2, de 13 de maio de 1835 com o nome de Porangaba. No final de 1835,
o município foi restaurado e em 1921 foi extinto pela última vez. Passou a ser
distrito, época em que abrigou uma experiência pioneira: a instalação de ônibus
elétricos com um terminal que funcionava nos fundos da igreja matriz.
É na Parangaba que ainda resiste uma das mais antigas manifestações culturais do Ceará. Não se sabe ao certo quando a famosa Festa dos
Caboclos começou, mas é anterior a 1816, quando a Porangaba ainda era um aldeamento
indígena. A peregrinação dos caboclos saía à cata de esmolas para a festa do
Bom Jesus, orago da Vila. Saíam no último domingo de outubro, em procissão, com a coroa de
espinhos do Bom Jesus dos Aflitos. A frente ia um tambor, despertando os ecos
de montanhas e caatingas, avisando da aproximação do cortejo, que é recebido com alvoroço pelas povoações e lugarejos nos quais o dia de sua
chegada é considerado santo.
Passavam por Porangaba até Maranguape, protegidos
pelo terço de viagem (rezado em algum lugar de passagem) e pelo terço da noite
(cantado nas casas de pernoite). Retornavam à aldeia próximo do Natal; os oito
Caboclos, vestidos à moda sertaneja, vinham queimados por muitos sóis. Segundo
a tradição, D. João V teria doado a imagem de Bom Jesus aos índios, e a de N.S.
das Maravilhas às índias. A peregrinação envolvia outras cidades, como
Maranguape e Viçosa do Ceará. Como era feita a cavalo ou a pé, a manifestação
durava meses. Durante o percurso, donativos eram recolhidos para a Igreja.
Atualmente, a Festa dos Caboclos é chamada de Festa da
Coroa de Bom Jesus dos Aflitos. Ela acontece, anualmente, entre os meses de
setembro e dezembro. A coroa de ferro passa por diferentes capelas da região e
volta à igreja matriz no dia 23 de dezembro, quando sobe de volta ao altar e é
postada acima da imagem de Jesus Cristo. A festa do Bom foi recuperada nos anos
80 pelo padre Marcelino Zanela.
O grande patrimônio ambiental do bairro, é a Lagoa da
Parangaba, cujas águas limpas que já serviram para o lazer e abastecimento dos
moradores, deram lugar a águas poluídas, turvas e mal cheirosas. De acordo com o
levantamento realizado pela prefeitura de Fortaleza, a Lagoa da Parangaba é uma
das que têm maior profundidade, o que favorece a atividade da pesca. Mas
segundo especialistas em meio ambiente, a lagoa está poluída, coberta de
aguapés, cercado de lixo e precisa de ações urgentes para acabar com os esgotos
clandestinos.
Segundo relato de moradores mais antigos ao jornal "O Povo", a
Lagoa de Parangaba já chegou secar totalmente. Durante a 2ª Guerra, quando foi
montada uma base americana no Pici, e o Estado atravessava um período de
estiagem. Os americanos retiravam grande volume de água da lagoa, que era transportada em
caminhões, para utilizarem na base. Até que um dia a lagoa secou.
Outros afirmam que onde hoje existe a lagoa, havia
apenas um riacho, a lagoa só teria surgido depois do aldeamento, porque muita
areia foi retirada daquele local, para construção das casas.
No entorno da lagoa, funciona a famosa "feira da
Parangaba", onde se encontra de tudo, desde o comércio clandestino de aves
silvestres, peças de artesanato, artefatos de metal e plástico e revenda de
veículos.
No endereço da fábrica Gesso Chaves S/A...
Está o Shopping Parangaba, um gigante do comércio varejista na região
a antiga estação de trem ficou aprisionada entre as estruturas do novo transporte modal...
o Metrofor
Distrito Parangaba
Limites
Limites
Norte – Montese, Demócrito Rocha e Itaoca
Sul – Maraponga
Leste – Itaperi e Dendê
Oeste – Joquei Clube, Bom Sucesso e Vila Peri
População – 30.947 habitantes em 9.225 domicílios
Fontes:
História do Ceará, de Airton de Farias
Revista Fortaleza – fascículo 8
Jornal O Povo
http://mapa.cultura.ce.gov.br/espaco/274/
Anuário de Fortaleza - 2012/13
fotos: Brasiliana Fotográfica, Arquivo Nirez, IBGE, Fortaleza em Fotos (2013)
Anuário de Fortaleza - 2012/13
fotos: Brasiliana Fotográfica, Arquivo Nirez, IBGE, Fortaleza em Fotos (2013)