quinta-feira, 30 de julho de 2009

METROFOR: 10 anos de quê?

visão do METROFOR de dentro do Shopping Benfica

Quando as obras do METROFOR foram iniciadas há 10 anos, o prefeito de Fortaleza era Juraci Magalhães, o salário mínimo era R$ 130,00, a passagem de ônibus custava R$ 0,80 e a Feira da Parangaba anunciava a venda de veículos usados com ótimos preços:
Fiat 76 – R$ 400,00
Chevette 73 – R$ 1.300,00
Corcel II 78 – R$ 800,00 e
Belinas de R$ 800,00 a R$ 1 mil.
Em 1999 a Praça do Ferreira completava 170 anos de fundação, O Ministro da Justiça (????) era Renan Calheiros e assinou um decreto proibindo que menores de 18 anos pilotassem motocicletas de até 50 cilindradas; O transporte alternativo contava com 320 vans e 561 moto taxis regulamentados.
O METROFOR iniciou a negociação com os donos de boxes do Beco da Poeira, que seriam transferidos para outra área já que por ali seria uma estação (ou coisa que o valha) do metrô.
No ano seguinte o censo realizado pelo IBGE revelava: Fortaleza tinha uma população de 2.141.402 habitantes e era a quarta capital do país.
No decorrer desses 10 anos, o METROFOR , como um furacão, passou por cima de tudo que encontrou no seu caminho: imóveis, árvores, comércios, calçadas, passeios, escolas, monumentos, memórias, lembranças, referências, pessoas.
Apesar de tudo, de tantas vidas modificadas, de tanto dinheiro escorrido pelo ralo, da mudança de gestores, de prefeitos, da mudança de mentalidade com relação ao desempenho público, o empreendimento até hoje, não se concretizou, continua como uma expectativa de vir a ser, de um dia quem sabe...
Hoje tudo mudou, Fortaleza conta com 2.431.415 habitantes (IBGE/2007), tem novas necessidades, a demanda por mobilidade aumentou, os problemas se multiplicaram. Como o METROFOR não tem prazo para iniciar seu funcionamento, é possível que a obra não ofereça mais aquelas vantagens todas anunciadas no início:
A obra foi planejada para uma cidade, e vai funcionar (se funcionar) em outra.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Rio Maranguapinho: o coelho e as tartarugas

Foto: Rio Maranguapinho. Disponivel em
http://www.jornaltribunadopovo.com/noticias-maio/53.htm
As margens de rios são áreas de preservação permanente, que precisam ser conservadas para manter a biodiversidade, minimizar os impactos ambientais sobre o recurso hídrico, e assegurar o bem estar do homem.
As Áreas de Preservação Permanente (APP) foram criadas pelo Código Florestal. A preservação dessas áreas tem amparo legal devido à sua importância ambiental, portanto, além de ilegal, a moradia nesses locais é imprópria, precária, e oferece risco aos seus moradores.
Mas o que se vê na dura realidade dos grandes centros urbanos, são grandes parcelas da população residindo (ou sobrevivendo) nas encostas ou às margens dos rios.
Essas ocupações são resultantes de uma série de fatores, como
o crescimento desordenado,
a inexistência de políticas públicas consistentes e continuadas visando a concessão de moradia para a população de baixa renda,
a inexistência de áreas urbanizadas acessiveis aos pobres,
e a omissão do poder público que permite a ocupação.
A cada dia surgem novas comunidades vivendo em áreas de risco, num processo de expansão informal, sem controle, sem qualquer participação do governo ou de suas instâncias administrativas. 
São as comunidade, dos pobres, dos excluídos, sem infra-estrutura, sem segurança, sem serviços.
Foto: Rio maranguapinho. disponível em
http://tvverdesmares.secrel.com.br/
Fortaleza tem dado sua contribuição quando o assunto é omissão:
O Rio Maranguapinho é o maior afluente do Rio Ceará, nasce na serra de Maranguape, cruza os municípios de Maranguape, Maracanaú, Fortaleza e Caucaia.
Tem um percurso de 34 km, em toda sua extensão: conta com 51 áreas de risco e cerca de 60 mil pessoas morando nas suas margens.
Só em Fortaleza cerca de 7 mil pessoas vivem nas margens do Maranguapinho.
O Rio corre na zona leste da região metropolitana de Fortaleza  numa das áreas mais pobres e com maior densidade populacional, correspondente a diversos bairros entre eles, Quintino Cunha, Antonio Bezerra, Autran Nunes, Genibaú, Henrique Jorge, Conjunto Ceará, João XXIII, Bom Sucesso, Granja Portugal, Parque São José, Bom Jardim, Canindezinho e Siqueira.
Foto:Rio Maranguapinho.Disponivel em
http://bradescobancodoplaneta.ning.com/
A população ribeirinha sofre com os alagamentos que ocorrem com bastante freqüência em períodos chuvosos - perdem seus escassos pertences, ficam sujeitos a doenças provocadas por ratos, pelas águas sujas e poluídas, convivem no meio do lixo acumulado que eles mesmo descartaram (por ignorância e por falta de opção) - sem contar com os inúmeros casos de afogamentos e desaparecimentos, principalmente de crianças.
A Prefeitura de Fortaleza está executando o projeto Habitafor, que pretende retirar os que vivem em condições precárias e acabar com as áreas de risco existentes na cidade; o Governo do Estado está lançando o projeto Rio Maranguapinho, que tem como objetivo a construção de 5 mil moradias e a realização de obras de esgotamento sanitário nos bairros situados ao longo do rio em três municípios: Fortaleza, Maracanaú e Maranguape.
O problema é o ritmo adotado pelos dois lados:
as obras governamentais andam a passo de tartaruga, enquanto a pobreza cresce no ritmo do coelho.
E a tartaruga só vence o coelho na fábula de Esopo. 

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meio Ambiente - A Teoria de Gaia

Planeta Terra visto da lua (NASA)
imagem: http://www.guiageo-mapas.com/globos.htm
Teoria de Gaia é uma tese apresentada em 1969 pelo investigador britânico James E. Lovelock em parceria com a filósofa Dian Hitchcock, que sustenta que o planeta Terra é um ser vivo.
A teoria foi proposta pelos cientistas a partir de estudos realizados para a NASA com o objetivo de detectar a existência de vida em outros planetas, especialmente Marte e Vênus.
Lovelock elaborou experimentos para a detecção de vida que fossem suficientemente gerais, ou seja, independentes do tipo de vida particular que surgiu na Terra. Desse modo, poderiam ser aplicados para a busca de qualquer forma de vida, mesmo que fosse significativamente diferente daquela encontrada na Terra.
A teoria de Gaia supõe uma Terra viva, sistema auto-regulador e auto-organizador, constituído de componentes físicos, químicos e biológico, impelido pela luz do Sol, no qual o clima e a composição química se mantêm em equilíbrio homeostático por longos períodos, até que uma contradição interna ou força exterior provoque um abalo que leve a uma nova situação estável.
Gaia começa onde as rochas da crosta terrestre encontram o magma no interior da Terra e vai até os limites da atmosfera; está sempre em mutação.
Em Gaia permanece ativo o mundo caótico que antecedeu a vida; a informalidade da associação de seus ecossistemas, e das espécies que a constituem, promove a sua longevidade e a sua força.
A vida e o meio ambiente interagem num processo evolutivo indivisível e único, não se separam (ou seja, não é apenas o organismo que se adapta ao meio ambiente).
Gaia está viva, é o maior organismo vivo do sistema solar, participa do Universo, e cada ser humano é parte dela; mas devido as intervenções que vem sofrendo, está sensível às perturbações humanas e busca um novo ponto de equilíbrio.
A princípio a teoria foi rejeitada pela comunidade científica, sob alegação de que a idéia não estava baseada em experiências que a comprovassem. Mas o lançamento de satélites a partir dos anos 70 trouxe dados sobre o planeta que ajudaram a reforçar a tese central da Teoria de Gaia: o planeta tem capacidade de controlar sua temperatura, atmosfera, salinidade e outras características que mantêm as condições ideais para a existência da vida.
O nome da teoria é uma homenagem a deusa Gaia, divindade que representava a Terra na mitologia grega.


terça-feira, 21 de julho de 2009

Bairros de Fortaleza: Arraial Moura Brasil


Alguns bairros de Fortaleza tem sua origem ligada a acontecimentos incomuns ou casuais. O Bairro Moura Brasil situado na zona de praia a Oeste de Fortaleza é um deles.
Em 1932 uma grande seca provocou, mais uma vez, a expulsão de sertanejos, que viam como única chance de sobrevivência, a migração para a Capital. Mas as autoridades locais tentavam impedir, a todo custo a entrada desses retirantes.
No interior onde havia estrada de ferro, eles eram confinados para não viajar para Fortaleza. Os que conseguiam burlar a vigilância e chegavam à capital, eram presos e isolados nos dois campos de concentração existentes em Fortaleza: um deles era o Arraial Moura Brasil, que ficou conhecido por “Curral”.

Ali no local do confinamento, vigiados por soldados, os retirantes podiam fazer tudo, contanto que não saíssem de lá. O governo fornecia alguma alimentação, água, e prometia soluções que nunca chegaram.
A preocupação demonstrada pelo poder público tinha bases concretas. Em 1877 uma leva de cerca de 110 mil sertanejos invadiram a capital e a transformaram num caos inadministrável. Promoveram invasões, saques, atemorizaram a população urbana, desestruturaram os serviços públicos básicos pelo inesperado aumento da demanda, destruíram e ocuparam áreas urbanizadas de forma inadequada.
Não se sabe ao certo até quando o governo manteve vigilância ou assistência sobre o campo de concentração, mas nos anos 1940, o lugar, ainda chamado de “curral” já era conhecida zona de prostituição, e considerado um local bastante perigoso para os que se aventuravam em suas ruas sem conhecerem bem sua rotina.
Em 1945 os dois bairros considerados mais pobres da cidade eram o Arraial Moura Brasil, espremido entre o centro comercial e a praia, e o Pirambu, localizado na praia e a noroeste do centro. O Pirambu era considerado um prolongamento do Arraial Moura Brasil, tanto territorial quanto nos problemas que apresentavam.
A história do bairro Moura Brasil começou a mudar a partir de 1975, com a inauguração da Avenida Presidente Castelo Branco (Av. Leste-Oeste), que ligava a zona industrial na Barra do Ceará à zona portuária do Mucuripe. Com o acesso facilitado pela nova avenida, o bairro que passou a ser chamado Moura Brasil, foi incorporado à malha urbana de fortaleza e recebeu investimentos tanto públicos quanto privados.


Fonte: http://www.tv.verdesmares.com.br/
http://www.usinadeletras.com.br/
Jornal o Povo divs. Edições
Verso e Reverso do Perfil Urbano de Fortaleza, de Gisafran N.M.Jucá

domingo, 19 de julho de 2009

Avenida Luciano Carneiro e as obras do TRANSFOR



O Projeto Transfor foi idealizado ainda na gestão Juraci Magalhães e tem o custo total estimado em R$ 142 milhões, sendo 40% desse total bancado pela Prefeitura de Fortaleza, e tem prazo de 5 anos para sua conclusão. O objetivo do TRANSFOR é desafogar e reorganizar o trânsito da cidade através da construção de corredores de ônibus, túneis, viadutos e alargamentos de ruas, dentre outros. As obras em vários pontos da cidade foram iniciadas em maio de 2008.


Avenida Luciano Carneiro, 6a. feira, dia 17, às 16:30 hs

A Avenida Luciano Carneiro, trecho entre a Avenida Eduardo Girão e Avenida Treze de Maio, está interditada já há algum tempo. A via em questão é uma importante opção para quem quer fugir do trânsito pesado da Avenida dos Expedicionários.

A obra está lá, mas os trabalhadores, as máquinas e os equipamentos sumiram


Todos concordam que a obra é necessária e urgente, por isso não dá para entender porque ninguém está trabalhando lá. A obra foi iniciada, foi feita uma escavação de cerca de um metro de profundidade, e ...mais uma obra parada na cidade de Fortaleza.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nossos Comerciais

O primeiro anúncio de fortaleza foi publicado sob forma de aviso no Diário do Governo do Ceará, jornal fundado para a propaganda do movimento republicano de 1824, que, mesmo após o fracasso da revolução, continuou a circular como órgão da contra-revolução. Trata-se de uma despedida assinada pelo Padre Mororó onde comunicava sua partida para a Corte do Rio de Janeiro dentro de três dias.
Com o aumento do número de jornais e de outros veículos de comunicação, a prática de anunciar produtos ou serviços, ampliou-se naturalmente. Pedro II (1840) e Cearense (1846), foram, jornais que circularam em Fortaleza.
Alguns desses anúncios, à época chamados de “Reclames”

Anúncio públicado no Almanaque Hénault, em 1912
Foto reprodução (Arquivo NIREZ)
A Fábrica Proença ficava na Praça da Estação . Anúncio publicado em 1913 no Almanak Hénault.
Foto reprodução (Arquivo NIREZ)
Publicação de 1931 no Álbum de Fortaleza- Foto reprodução (Arquivo NIREZ)

Programa de inauguração do Cine teatro Majestic-Palace, com a transformista e a orquestra do maestro Arturo Frassinesi, em 1917 - Foto reprodução (Arquivo NIREZ)

E alguns anúncios sem imagens
Jornal Cearense, 1866
Ao amanhecer do dia 1 do corrente mez encontrei em minha salla uma porção de dinheiro; quem o tiver perdido apareça para lhe ser entregue; e, se por ventura é alguma restituição oculta, o sujeito que pretende fazê-la, procure-me para explicar-se, certo de que n’este negócio serão guardadas as devidas conveniências.
Fortaleza, 2 de fevereiro de 1866
O Vigário Miguel Francisco da Frota

Jornal Pedro II – 1865
Atenção! Para o baile do clube chegaram para o Bazar Cearense as verdadeiras luvas de pelica, de Juven, para homem e senhora. Rua da palma n° 93.

Jornal Cearense – 1865
O abaixo-assinado compra e paga uma escrava de 14 a 20 anos de idade, sendo de bonita figura, e que tenha alguma idéia de engommado e cozinha.
Ceará, 28 de agosto de 1865
José Luiz de Sousa.

Jornal Pedro II – 1868
Achão-se a venda na Botica do Ferreira, além de outras, muitas coisas chegadas no último vapor, as melhores pílulas para sezões, assim como pílulas depurativas, reguladores, água ante- cancrosa, ótima injeção para gonorréias recentes e velhas, e o remédio mais eficaz para mordidas de animais venenosos.
Fontes: Roteiro para um Turismo Histórico e Cultural, de Miguel Angelo de Azevedo (NIREZ)
Coisas que o Tempo Levou, de Raimundo de Menezes
Capítulos de História da Fortaleza do Século XIX, de Eduardo Campos

sábado, 11 de julho de 2009

Igreja de Nossa Senhora das Dores/Cine Familiar

A Igreja N.S.das Dores vista da praça

No Otávio Bonfim nome adotado pela população para o bairro cujo nome oficial é Farias Brito, tudo gira em torno da Paróquia de Nossa Senhora das Dores.
A construção da Igreja das Dores e do convento de São Francisco foram frutos dos esforços de Dom Manoel da Silva Gomes, que empenhou-se na vinda dos franciscanos menores para Fortaleza, inclusive fazendo a doação de um terreno medindo 110mx100m, ou quinhentos palmos sobre quatrocentos e cinquenta palmos para a construção da igreja e do convento anexo.
A Igreja N.Sra. das Dores sucedeu à antiga capela de São Sebastião levantada na praça a que deu o nome, na antiga Estrada do Gado, hoje rua Justiniano de Serpa. Frei Odilon Gelhaus e Frei Lucas Vonnegut foram os dois grandes construtores do templo e do convento. A festa da benção ocorreu um ano depois do lançamento da pedra fundamental, com a imagem da padroeira vinda da Itália.
Os sinos da Igreja das Dores vieram da Alemanha e receberam os nomes de São José, o menor, São Sebastião, o médio e N.S. das Dores, o maior.

O Cine Familiar


Fachado do cine Familiar (foto reprodução)

O cinema fundado por Frei Leopoldo em 1935, surgiu para neutralizar e contrabalançar as fitas apresentadas pelo Cine Odeon, que funcionava em área defronte onde hoje se localiza a Delegacia do 3° Distrito Policial, e que, no entender de Frei Leopoldo, “passava todas as fitas, inclusive as que atentavam contra a moral e os bons costumes”.
O Cine Familiar foi sendo melhorado aos poucos, por meios de doações e pela ação pessoal de Frei Leopoldo.
O Cinema funcionou até 1968, quando foi fechado por exigência do Pe. Provincial sob a alegação de que já não dava renda, e sim prejuízo e problemas. Em 1970 foi aberta concorrência pública para arrendamento da sala de projeção, na qual a empresa Severiano Ribeiro saiu vencedora, e posteriormente, optou pela sua desativação.
 
Fonte: 
As pouco lembradas igrejas de Fortaleza, de Eduardo Fontes.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Fortaleza

Açude da Agronomia na UFC campus do Pici
Praia de Iracema
Praia do Futuro Praça Pio IX, bairro de Fátima em frente a Igreja de Fátima

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Histórias da Fortaleza Antiga: O Dia dos Mil Mortos

O sanitarista Rodolfo Teófilo, no Morro do Moinho, procedendo á vacinação anti-variolica
 (Arquivo NIREZ)
Fortaleza já vinha de um histórico de períodos de seca e sucessivas epidemias de cólera e febre amarela, que produziram efeitos devastadores na cidade. Mas foi a doença conhecida como varíola, que no final do século XIX assolou Fortaleza e se espalhou por municipios vizinhos, a exemplo de Pacatuba.
A seca de 1877, que se estendeu até 1879, foi uma das mais danosas já enfrentadas no Ceará. Atraiu para a capital da provincia um exército de retirantes, que multiplicou a população local, e veio acompanhada de violenta epidemia de varíola.
A cidade não dispunha de infra-estrutura para atender ao grande contingentes migrantes que se instalaram nas praças e em seus arredores, contribuindo para agravar o desequilibrio entre tamanho da população e disponibilidade de alimentos e serviços básicos.
Os esforços da administração para implementar as medidas recomendadas pelos médicos - limpeza do espaço urbano, higienização, vacinação e organização da população em abarracamentos - não impediram a disseminação da varíola.
A situação sanitária da província preocupava o presidente que além de providenciar a vacinação em larga escala, organizou um serviço de recepção aos emigrantes, que incluía alojamento, assistência médica e construção de abarracamentos nas imediações da cidade.
A varíola chegou a Fortaleza trazida por passageiros de duas embarcações provenientes do Pará. Ao constatar que a doença já atingira 19 pessoas na cidade, a saúde pública determinou que os doentes fossem sequestrados e levados para o lazareto da Lagoa-Funda, nos arredores da cidade, onde já se encontravam isolados os tripulantes dos dois navios.
Enquanto nas provincias vizinhas a epidemia se alastrava, o presidente da província José Júlio de Albuquerque Barros, preocupado com o perigo eminente que rondava o Ceará, renovou as recomendações para a vacinação e para emprego de outros meios preventivos.
No entanto, a população resistia a inoculação, supondo ser esta antes a causa do que a prevenção da doença e a maior parte dos indigentes usava de todos os artificios para impedir ou frustar a vacinação.
A epidemia proliferou rapidamente em Fortaleza: em agosto de 1877 morreram duas pessoas; em setembro, 62; em outubro do mesmo ano, 481. Até novembro todos esses óbitos foram registrados entre os isolados do lazareto da Lagoa-Funda, que mantinha 1884 doentes.
Para atender ao crescente número de infectados, esse lazareto foi ampliado e construidos mais dois, o da Boa Vista e o de São Sebastião, nos Arronches, com capacidade para atender seis mil pessoas.
Apesar de todas as medidas adotadas, a administração não conseguiu impedir o progresso da varíola, e a doença estendeu-se a todas as classes sociais, vitimando até mesmo a esposa do presidente.
A mortalidade continuou aumentando durante todo o ano de 1878 e chegou ao seu limite no dia 10 de dezembro de 1878 quando morreram 1004 pessoas vitimas da varíola, num episódio que ficou conhecido como "o dia dos mil mortos".
Os cadáveres eram empilhados sem qualquer medida de precaução e transportados em carroças por coveiros completamente embriagados. A ingestão de cachaça era uma forma de evitar o mal- estar causado pelo terrivel odor que emanava dos corpos. Muitos ficaram insepultos, não havia tempo nem lugar para enterrá-los.
Naquele ano de 1878, o obituário em Fortaleza registrou 57.780 mortos, a maioria vitimas da varíola. Antes da grande seca, o número de mortos variava entre 651 (em 1870) e 803 (em 1876).
A epidemia de varíola dissipou-se durante o ano de 1879, e o indice de mortalidade na provincia voltou aos seus níveis normais.

fonte
Teorias médicas e gestão urbana: a seca de 1877-79, de Maria Clélia Lustosa da Costa
Rodolfo Teófilo e a luta contra a varíola no Ceará, de Natacha R. Bianchi Reis

terça-feira, 7 de julho de 2009

Personagens da Fortaleza Antiga: o Casaca de Urubu

Há muitos anos viveu em Fortaleza um individuo bastante popular, chamado José Cândido, que era conhecido pela alcunha de Casaca de Urubu. Baixinho, gorducho, vestido com uma descomunal casaca de cor indefinida, chapéu-coco, gravata borboleta, trazia invariavelmente os dedos indicador e mínimo da mão direita espetados no ar num gesto que lhe era característico  segurando com a outra mão um velho guarda-chuva, tão velho quanto a casaca que lhe valera o apelido.
José Cândido era epiléptico, por isso vivia caindo na via pública, acometido do mal, sempre que a molecada o perseguia, aos gritos, com o apelido que o revoltava: Casaca de urubu... bubu!
Nas horas vagas das suas funções de serventuário do Tribunal da Relação, Casaca de Urubu vivia de comissões com a cobrança de contas atrasadas de maus pagadores. Ficava sempre na Praça do Ferreira à cata dos seus clientes que lhe fugiam às léguas e evitavam transitar pela praça.
Mas Casaca de Urubu era habilidoso na arte de cobrar, era a quem entregavam como última esperança os papéis já amarelados e amarrotados das dívidas não pagas. Era infalível a intervenção de Casaca de Urubu, conta na sua mão era conta recebida. Tinha uma lábia incrível e para ele todos os meios para fazer o devedor quitar o débito, eram perfeitamente aceitáveis; em último caso ameaçava com escândalos, com gritaria e polícia na porta. Muitas vezes nessas ocasiões, era acometidos de ataques epilépticos, o que atraía grande número de espectadores. Era fórmula que não falhava: o devedor não tinha mais como fugir e tratava de pagar, porque o que Casaca de Urubu ameaçava, acabava realizando de fato.
Certa vez recebeu a incumbência de cobrar de determinado devedor, que não havia meios de lhe pagar apesar de todas as ameaças que costumava lançar mão. Cansado de tanto vai e vem, e em último caso, propôs ao devedor que lhe pagasse ao menos sua parte, os 50% de comissão a que tinha direito. E recebeu. Em seguida, devolveu a conta ao credor e disse-lhe sem a menor cerimônia: “aqui está a parte de sua conta que não consegui receber, sendo que, os 50% da minha comissão eu já recebí”.
José Cândido, o Casaca de Urubu viveu largos anos na Fortaleza de antigamente, vivendo dos expedientes mais inacreditáveis.

Extraído do livro: Coisas que o Tempo Levou, de Raimundo Menezes

quinta-feira, 2 de julho de 2009

4 R's da reciclagem

Até bem pouco tempo atrás educadores e profissionais da área de gestão ambiental trabalhavam com os conceitos de 3R's. Hoje é comum se falar em 4R's.
A política dos 4 R’s permite que o consumidor reveja o seu dia-a-dia e tome atitudes ecológicas que permitam reduzir os resíduos produzidos, reutilizar materiais já usados, recuperar peças danificadas e reciclar embalagens domésticas.
Pesquisa realizada indicam que um consumidor médio descarta em um ano:
  • 90 latas de bebidas (cervejas, refrigerantes, energéticos, etc)
  • 107 garrafas ou frascos (de vidro, de plástico, de ferro, etc)
  • 45 k de plástico
  • 70 latas de alimentos enlatados
  • 2 árvores gastas como papel
  • 10 vezes o seu próprio peso em refugos domésticos.
Para ajudar a diminuir esse números, reduza seus padrões de consumo e separe seu lixo para a reciclagem, praticando os 4 R's da reciclagem.
1R - Reduzir
O consumo pode ser reduzido de muitas formas, bastando que se faça uma reflexão sobre quais as reais necessidades em cada situação vivida. O consumidor poderá optar por produtos de longa duração e com menor quantidade de embalagens.
2R - Reutilizar
Significa aproveitar os materiais usados, tal como as embalagens, ou produtos que permitam uma utilização ilimitada.
Exemplos:Utilize pilhas recarregáveis.Utilize recargas em vez de comprar o produto na totalidade.Utilize as embalagens (latas, garrafas de plástico) para construir peças decorativas ou outras.
3R - Recuperar ou Restaurar
RestaurarSignifica repor em bom estado; reparar; consertar.
Exemplos:Restaure os seus móveis velhos.Repare os electrodomésticos danificados.
4R - Reciclar
em casa separe todas as garrafas, latas, papel e roupas velhas. Se alguma coisa se partir, tente reparar em vez de substituir (restaurar).
Exemplo:Consumir produtos com embalagens facilmente recicláveis: garrafas de vidro e de plástico, latas e caixas de cartão.
Lembre-se de olhar na embalagem do produto se contém o símbolo da reciclagem. Se tiver, recicle

cuidar do meio ambiente é dever de todos


Para onde vai o dinheiro dos impostos?

BR-304 trecho entre Aracati-CE até a divisa com o RN
Os riscos de acidentes são constantes


Em tese deveria ser aplicado em bens e serviços que beneficiassem a população. Mas na prática o que se vê são serviços de péssima qualidade ou inexistentes, a exemplo da saúde, educação e segurança pública, só para citar os mais visíveis. Os recursos provenientes dos impostos também não vão para a infra-estrutura, basta olhar o estado de conservação (ou de total abandono) em que se encontram a a maior parte das estradas brasileiras. Essa aí é a BR-304, no trecho entre Aracatí-CE até a divisa com o estado do Rio Grande do Norte.
Os recursos arrecadados pela cobrança do IPVA deveriam ser destinados à manutenção das rodovias e vias urbanas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Reciclagem - pratique essa idéia

Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma
Lavoisier

A Coleta de Lixo reciclável



É inaceitável que uma cidade do porte de Fortaleza não conte ainda com a coleta seletiva do lixo. Esta coleta recolhe resíduos diferenciados que podem ser reciclados e reaproveitados e é feita exclusivamente por catadores, que nos dias de coleta invadem as ruas com seus carrinhos improvisados, e espalham nas vias os materiais que não lhes interessam.
Mas a coleta seletiva e a reciclagem de lixo já são realizadas pelo poder municipal em muitas cidades brasileiras tendo em vista sua importância para o meio ambiente.
A ameaça de exaustão de recursos naturais não renováveis aumenta a necessidade de reaproveitamento dos materiais recicláveis.
Principais vantagens da coleta seletiva
ü Diminui a exploração de recursos naturais
ü Reduz o consumo de energia
ü Diminui a poluição do solo, da água e do ar
ü Prolonga a vida útil dos aterros sanitários
ü Possibilita o reaproveitamento de materiais que iriam para o lixo
ü Diminui o custo de produção, com o aproveitamento de recicláveis pela indústria
ü Reduz o desperdício
ü Diminui os gastos com a limpeza urbana
ü Cria oportunidades para organizações comunitárias
ü Gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis
A embalagem do produto permite ao consumidor identificar de maneira rápida e fácil que a embalagem é reciclável e que deve ser descartada seletivamente visando facilitar seu encaminhamento para o fabricante ou para a indústria recicladora. Ainda, a identificação da embalagem com o símbolo respectivo do seu material contribui para a sua correta separação. Adote esta simbologia e contribua para o crescimento da reciclagem no Brasil!


Limpeza Urbana

O serviço de limpeza urbana no Brasil foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do império. Nesse dia foi assinado pelo imperador D. Pedro II o Decreto n° 3024, que aprovava o contrato de limpeza e irrigação da cidade, e que foi executado pelo francês Aleixo Gary.
Depois de visitar a Europa, cujo asseio envergonhava a sede do Império, Dom Pedro II resolveu trazer o especialista ao Rio com a tarefa de cuidar da limpeza urbana. À época as casas não tinham banheiro, as ruas eram sujas e a cidade cheirava mal.
Do sobrenome Gary origina-se a palavra “gari” como são até hoje denominados os trabalhadores da limpeza urbana.

Fonte: Processamento de Resíduos Sólidos – RECESA 2008
Museu no Caju conta 100 anos de história do lixo
http://lerhistoria.wordpress.com/category/brasil-imperio