A história desse pequeno
bairro de Fortaleza, atualmente um dos maiores (senão o maior) polo
gastronômico da cidade, começou em 1912, quando foi levantada uma pequena vila
de cinco casas de palha, construída por estivadores e pescadores que antes
habitavam a Volta da Jurema. Enquanto os homens saíam para o trabalho, as
mulheres cozinhavam e comercializavam os pratos. Assim surgiu a tradição
gastronômica do bairro e mais tarde, os primeiros restaurantes da região –
Agulha Frita, Osias, Zé Luís, Garoto da Varjota.
A orla do Meireles e do Mucuripe eram redutos dos pescadores e algumas casas de prostituição. O inicio da construção da Avenida Beira Mar, em 1961, no Governo do prefeito Manuel Cordeiro Neto (1959-1963), expulsou a zona de prostituição para a área do farol do Mucuripe e os pescadores para o alto das dunas e para a Varjota.
(imagem do livro Caravelas, Jangadas e Navios, de Rodolfo Espínola)
Por muito tempo a Varjota só existia como um prolongamento do Mucuripe, com apenas uma estrada de terra (a atual Rua
Manoel Jesuíno), com muita vegetação ao redor, e Manoel Jesuíno era
proprietário de terras no local. Jesuíno começou a vender lotes de 60m, por preços
bem acessíveis. O preço baixo e a facilidade de pagamento, foram dois dos
fatores que permitiram a rápida expansão, aliada ao fato de ser uma época em
que muitos pescadores estavam vendendo suas casas e se retirando do litoral. Mangueiras,
cajueiros e paus-brasil compunham as árvores nativas da região, além do Riacho
Maceió, que com suas águas límpidas era local de lazer da população e onde as
donas de casa lavavam roupas.
O Riacho Maceió no início da urbanização da área (imagem Arquivo Nirez)
e hoje. O riacho corta o bairro em toda sua extensão, mas está poluído e exalando mau cheiro
a parte mais residencial da Varjota, tem acúmulo de lixo nas ruas
Hoje, pouco desse cenário
restou. Ao invés de uma rua e cinco casas, a Varjota tem atualmente 63,7 hectares e
2.792 domicílios. A população local, antes resumida a cinco famílias, já
chega a 8.421 habitantes, conforme dados do último Censo Demográfico
2010, do IBGE.
A área do bairro é
pequena, mas reúne o maior número de bares e restaurantes de
Fortaleza, com mais de 120 estabelecimentos e atende a todos os públicos e
gostos com bares e restaurantes, servindo desde a comida portuguesa até a
tradicional cozinha regional. Possui grande variedade de restaurantes
temáticos, clássicos, self services, pizzarias, choperias, entre outros espaços
de atendimento.
Essa vocação do bairro
como polo gastronômico propiciou a aprovação da Lei n° 9.562, de 28 de dezembro
de 2009, que estabelece o corredor gastronômico da Varjota, delimitado pelo
quadrilátero compreendido entre as Avenidas Santos Dumont, Senador Virgílio
Távora e Abolição e a Rua Manoel Jesuíno. A criação do corredor gastronômico
definiu como objetivos a promoção do desenvolvimento sustentável da atividade
econômica, já instalada espontaneamente, atrair novos investimentos dentro do
perfil da área, assegurar o controle urbano e o ordenamento do uso do solo, com
ênfase ao combate às poluições sonora, visual e do ar, favorecer o trânsito de
pedestres na área e melhorias na circulação de veículos, otimizar o uso
coletivo de estacionamentos, bem como a ampliação da oferta de vagas no
entorno, realizar campanhas publicitárias
divulgando o referido corredor e patrocinar festivais e encontros gastronômicos
e culturais.
apesar da atração gastronômica, o bairro não conta com áreas de lazer para os moradores
A Varjota faz limites com
bairros de maior apelo turístico, e mais ricos, como Mucuripe, Meireles,
Aldeota e bairros como o Papicu e Vicente Pinzon. Tem indicadores sociais intermediários, mas em
pesquisa do Prefeitura de Fortaleza realizada em 2015, figura em 8° lugar como
um dos bairros mais ricos da cidade, com renda média de R$ 2.153,80 e IDH de 0,717,
também o oitavo maior dentre os bairros de Fortaleza. ( O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
mede o nível de desenvolvimento humano dos países utilizando como critérios
indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade
(esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).
fontes:
Diário do Nordeste - O Povo - Tribuna do Ceará - Wikipédia - IBGE - Anuário do Ceará.
Fotos - Fortaleza em Fotos - abr/2019