sexta-feira, 26 de abril de 2019

Bairro Varjota


A história desse pequeno bairro de Fortaleza, atualmente um dos maiores (senão o maior) polo gastronômico da cidade, começou em 1912, quando foi levantada uma pequena vila de cinco casas de palha, construída por estivadores e pescadores que antes habitavam a Volta da Jurema. Enquanto os homens saíam para o trabalho, as mulheres cozinhavam e comercializavam os pratos. Assim surgiu a tradição gastronômica do bairro e mais tarde, os primeiros restaurantes da região – Agulha Frita, Osias, Zé Luís, Garoto da Varjota.

A orla do Meireles e do Mucuripe eram redutos dos pescadores e algumas casas de prostituição. O inicio da construção da Avenida Beira Mar, em 1961, no Governo do prefeito Manuel Cordeiro Neto (1959-1963), expulsou a zona de prostituição para a área do farol do Mucuripe e os pescadores para o alto das dunas e para a Varjota. 
(imagem do livro Caravelas, Jangadas e Navios, de Rodolfo Espínola)

Por muito tempo a Varjota só existia como um prolongamento do Mucuripe, com apenas uma estrada de terra (a atual Rua Manoel Jesuíno), com muita vegetação ao redor, e Manoel Jesuíno era proprietário de terras no local. Jesuíno começou a vender lotes de 60m, por preços bem acessíveis. O preço baixo e a facilidade de pagamento, foram dois dos fatores que permitiram a rápida expansão, aliada ao fato de ser uma época em que muitos pescadores estavam vendendo suas casas e se retirando do litoral. Mangueiras, cajueiros e paus-brasil compunham as árvores nativas da região, além do Riacho Maceió, que com suas águas límpidas era local de lazer da população e onde as donas de casa lavavam roupas.

O Riacho Maceió no início da urbanização da área (imagem Arquivo Nirez)

e hoje. O riacho corta o bairro em toda sua extensão, mas está poluído e exalando mau cheiro
a parte mais residencial da Varjota, tem acúmulo de lixo nas ruas

Hoje, pouco desse cenário restou. Ao invés de uma rua e cinco casas, a Varjota tem atualmente 63,7 hectares e 2.792 domicílios. A população local, antes resumida a cinco famílias, já chega a 8.421 habitantes, conforme dados do último Censo Demográfico 2010, do IBGE. 


A área do bairro é pequena, mas reúne o maior número de bares e restaurantes de Fortaleza, com mais de 120 estabelecimentos e atende a todos os públicos e gostos com bares e restaurantes, servindo desde a comida portuguesa até a tradicional cozinha regional. Possui grande variedade de restaurantes temáticos, clássicos, self services, pizzarias, choperias, entre outros espaços de atendimento.


Essa vocação do bairro como polo gastronômico propiciou a aprovação da Lei n° 9.562, de 28 de dezembro de 2009, que estabelece o corredor gastronômico da Varjota, delimitado pelo quadrilátero compreendido entre as Avenidas Santos Dumont, Senador Virgílio Távora e Abolição e a Rua Manoel Jesuíno. A criação do corredor gastronômico definiu como objetivos a promoção do desenvolvimento sustentável da atividade econômica, já instalada espontaneamente, atrair novos investimentos dentro do perfil da área, assegurar o controle urbano e o ordenamento do uso do solo, com ênfase ao combate às poluições sonora, visual e do ar, favorecer o trânsito de pedestres na área e melhorias na circulação de veículos, otimizar o uso coletivo de estacionamentos, bem como a ampliação da oferta de vagas no entorno,  realizar campanhas publicitárias divulgando o referido corredor e patrocinar festivais e encontros gastronômicos e culturais. 

apesar da atração gastronômica, o bairro não conta com áreas de lazer para os moradores 

A Varjota faz limites com bairros de maior apelo turístico, e mais ricos, como Mucuripe, Meireles, Aldeota e bairros como o Papicu e Vicente Pinzon.  Tem indicadores sociais intermediários, mas em pesquisa do Prefeitura de Fortaleza realizada em 2015, figura em 8° lugar como um dos bairros mais ricos da cidade, com renda média de R$ 2.153,80 e IDH de 0,717, também o oitavo maior dentre os bairros de Fortaleza.  ( O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede o nível de desenvolvimento humano dos países utilizando como critérios indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).

fontes:
Diário do Nordeste - O Povo - Tribuna do Ceará - Wikipédia - IBGE - Anuário do Ceará. 
Fotos - Fortaleza em Fotos - abr/2019