Fachada do Colégio da Imaculada Conceição em 1905
O
Colégio Ateneu cearense foi instalado em 8 de janeiro de 1863 e marcou o início
de uma era de educandários bem organizados que não mais deixariam de oferecer
aos estudantes as facilidades exigidas para sua educação intelectual, moral e artística.
Da mesma década são o Seminário Episcopal de Fortaleza (10 de setembro de 1864)
e o Colégio da Imaculada Conceição, dirigido pelas Irmãs de São Vicente (15 de
agosto do mesmo ano). Desse mesmo decênio é a abertura da Biblioteca Pública,
em 25 de março de 1867, pelo Presidente João de Sousa Melo e Alvim. Contava com
1730 volumes e acomodava-se em edifício na
Praça do Patrocínio, no qual depois esteve o Quartel do Batalhão de Segurança
e, em 1933 passou a funcionar o Departamento de Saúde Pública.
No
plano material, a cidade também prosperava, recebendo no governo do Presidente José
Bento da Cunha Figueiredo Junior, grande incremento a pavimentação das ruas e
iluminação a gás carbônico. Até então a
iluminação era a base de azeite de peixe, serviço inaugurado em 1 de março de
1848 pelo contratante Vitoriano Augusto Borges. Compunha-se de 44 lampiões de
quatro faces, mais largos em cima que embaixo, com fundo e tampa de metal. Eram
pendurados em suporte de ferro cravados nas esquinas para que pudessem
distribuir a luz em ambas as ruas. Uma corda, passando por duas roldanas
elevava-os até o suporte, depois de convenientemente acesos, e uma caixa de
azeite, com um pavio de algodão, completava o primitivo sistema de iluminação.
Passeio Público, equipado de combustores e iluminação a gás carbônico
Esses
mortiços focos, foram substituídos em 1866 por combustores artísticos,
colocados nos passeios, de cada lado da rua, alternadamente. A altura de 2,40
metros, e a boa qualidade da luz proporcionava uma iluminação muitas vezes
melhor que a de azeite. A base é o gás carbônico, extraído do carvão de pedra. A
empresa que explorou o serviço público e para as residências – a Ceará Gas Co.
Ltd – durou até outubro de 1935, quando foi rescindido o seu contrato.
Outra
melhoria de nota foi a canalização da água potável destinada a abastecer a
Capital. Acanhado e precário, era, entretanto, de enorme utilidade. Contratou-o
em 27 de maio de 1863, a firma de Londres – Ceará Water Works Co. Ltd – que o
inaugurou em 26 de março de 1867. A despeito de gozar do privilégio por 50
anos, viu-se a empresa obrigada a suspender definitivamente o abastecimento em
virtude da seca de 1877, que secou as fontes de água. Nem ao menos confiou a
outros os seus interesses, posto que os seus ativos foram vendidos em hasta
pública para pagamento de dívidas. O abastecimento era feito por chafarizes
espalhados em vários locais públicos.
Estação de Arronches, atual Parangaba da Estrada de Ferro Baturité, inaugurada em 1873
Todavia,
foi a inauguração da estrada de ferro o fato mais importante dessa época. Contrataram
sua construção, em 25 de junho de 1870, o Senador Pompeu, Joaquim Cunha Freire
(Barão de Ibiapaba), Gonçalo Baptista Vieira (Barão de Aquiraz), o engenheiro
José Pompeu de Albuquerque Cavalcante e o inglês Henry Brockhurst. A ferrovia
teria como terminal a cidade de Baturité e essa a razão do nome – Estrada de
Ferro de Baturité. Começou o tráfego inaugurando-se a estação da Parangaba, em
30 de novembro de 1873. Em junho de 1878, já falecido o Senador Pompeu, a
propriedade da estrada de ferro foi transferido ao governo imperial, resgatadas
as respectivas ações, trocadas por apólices do tesouro.
Parada dos bondes na Praça do Ferreira
Não
menos valioso, o surgimento da Companhia Ferro-Carril, com os bondes de tração
animal. Organizada em 3 de fevereiro de 1877, pôs em trilhos os primeiros veículos
no dia 25 de abril de 1880. Começou com 25 bondes. Cada bonde podia conduzir 25
passageiros, distribuídos em cinco bancos. Pequeninos, modestos, dirigidos por
um boleeiro quase sempre vestido de fraque, os primitivos bondes pareciam
caixas de fósforos, tendo umas cortinas que corriam balaústres abaixo, em
defesa do calor do sol ou da chuva. Trafegavam o dia inteiro, das 6 da manhã às
9 da noite, puxados por dois burros usando uns óculos de couro, tendo como ponto
de partida de todas as linhas, a Praça
do Ferreira. O último deixava a praça ao tocar da corneta dos quartéis,
anunciando o recolher, sendo que o do Alagadiço saía às 8 horas. A passagem
custava cem réis.
Completando
a rede das comunicações, em 23 de fevereiro de 1881, foi inaugurado o
telégrafo, ligando Fortaleza ao Rio de Janeiro. Aos demais estados do Sudeste,
ao Maranhão e à Europa, no ano seguinte, pelo cabo submarino lançado pela
American Telegraph and Cable Company.
Construído em 1825, o sobrado do Comendador Machado,
na esquina das Ruas da Palma e Municipal (Major Facundo com Guilherme Rocha),
no local onde hoje está o prédio do Excelsior, foi um dos imóveis registrados pelo
censo de 1872.
Os
telefones datam de 11 de fevereiro de 1883, iniciativa de Confúcio Pamplona,
homem de larga visão empreendedora. A sua Casa Confúcio, na Rua Major Facundo,
foi o maior empório comercial daqueles tempos.
O
recenseamento de 1872, atesta que Fortaleza contava com 21.372 habitantes; em
1877, o número saltou para 26.943 habitantes. Havia 72 sobrados, quase todos de um só andar, 4.380 casas
térreas e 1178 choupanas. Quarenta e cinco ruas, 4 boulevards, 16 praças, 10
templos católicos e 25 edifícios públicos.
Extraído
do livro Geografia Estética de Fortaleza
De
Raimundo Girão
fotos do Arquivo Nirez
fotos do Arquivo Nirez