quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Alfândega no Ceará



A Alfândega do Ceará foi criada no dia 1° de julho de 1812, pelo governador Manuel Inácio de Sampaio (março de 1812/janeiro de 1820), no local onde hoje está a prédio da Capitania dos Portos, na parte sul da Praça Almirante Saldanha. 



O prédio da antiga alfândega,  teve projeto de José Gonçalves da Justa, execução e obras de Tubias Laureano Figueira de melo e Ricardo Lange, que utilizaram pedras e argamassa feita de óleo de peixe e areia. As ferragens foram importadas da Inglaterra, da empresa Walter Mac Farlane e Co. Foi a primeira obra significativa realizada no Ceará na Primeira República. 


A responsabilidade pela construção coube a Companhia Ceará Harbour Corporation, empresa inglesa concessionária dos serviços portuários de Fortaleza, reunia interesses dos governos inglês e brasileiro e dos exportadores cearenses. O Contrato de construção foi celebrado em 5 de maio de 1883, tendo iniciado as obras em 14 de outubro de 1884 e inaugurada em julho de 1891. A alfândega só começou a funcionar no prédio em abril de 1893. No ano de 1969 a Alfândega chegou a ser extinta, como parte das mudanças ocorridas com a reforma fazendária.  


Inicialmente a edificação possuía apenas o andar térreo, acrescido de um bloco superior correspondente às três primeiras janelas da parte fronteira leste e outro bloco na parte central, onde foi instalada uma escada monumental com dois lances. Na primeira metade do século XX foi completado o pavimento superior, primeiro o bloco do nascente e depois o do poente (entre 1941 e 1945).




Em 1998 após a Caixa Econômica Federal adquirir o imóvel que pertencia a União, o mesmo foi submetido a uma reforma e restauração, que procurou resgatar as características originais do edifício, alteradas ao longo de diversas intervenções.  Com a restauração ficou evidente a parte construída depois, muito embora tenha sido executada nos padrões da construção anterior.

fontes
Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito
wikipédia 
fotos do Arquivo Nirez 
 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Criação do Clube Cearense

A euforia com o crescimento do comércio e dos negócios, a presença de muitos estrangeiros residindo na cidade, e a necessidade de lazer e sociabilidade dos segmentos burgueses, concorreram para a criação, em 1868, de duas inéditas entidades recreativas em Fortaleza: a Associação Comercial do Ceará (presidida pelo inglês Richard Hugges) e o Clube Cearense, ambas compostas por estrangeiros e pela elite cearense.

 Antiga Rua da Misericórdia (atual Rua Dr. João Moreira)
1 - União Cearense; 2 - Casa Liebmann; 3 - Casa Mississipi; 4 - Prédio do Clube Cearense,  (Hotel de France) 
 fonte José Liberal de Castro

O Clube Cearense foi, concretamente, a primeira grande agremiação mundana da cidade, inclusive com sede própria e sócios. Mas um pouco antes, em 1851, houvera um primeiro esboço nesse sentido: uma organização chamada “Recreação Familiar Cearense”, fundada pelo engenheiro Caetano de Gouveia, filho de rico comerciante e pelo Dr. Lourenço de Castro e Silva, um dos primeiros médicos locais que retornaram à Fortaleza após se diplomarem nas escolas de Medicina de Salvador e do Rio de janeiro. 
Recém-formados e vindos de centros mais adiantados, Gouveia e Castro e Silva implantaram o que os abastados grupos emergentes da capital não tiveram o impulso mundano de fazê-lo: a iniciativa de congregar, a partir de um centro irradiante, os eventos festivos antes esparsos e acanhados na ingênua Fortaleza de então.  O efeito desse desejo de fomentar um viver urbano mais efetivo, foi exatamente, a  criação da Recreação Familiar Cearense, entidade destinada a reunir, uma vez por mês, as famílias de Fortaleza.
A agremiação trouxe uma novidade:  a participação feminina na organização de atividades mundanas. A atitude, pouco comum ao círculo feminino fortalezense, coube a Elisária Pereira, esposa do Dr. Gouveia, que assumiu a função de secretária da Recreação Familiar.
Essa inauguração acendeu a chama da necessidade urgente de lazer e sociabilidade urbana na acanhada capital cearense. 

sede própria do Clube Cearense em frente ao Passeio Público. Mais tarde funcionou no prédio o Hotel de France (foto Ah, Fortaleza!)

Entretanto, foi o Clube Cearense, 17 anos depois, que melhor assumiu as características de um verdadeiro clube recreativo, pois além de contar com sede própria (a partir de 1871) num grande prédio defronte à área verde onde surgiria em 1880, o magnífico Passeio Público. Oferecia festas suntuosas, novas danças, jogos lícitos, e atividades litero-culturais para o seleto corpo de associados.
Integrado pelos notáveis homens de negócios locais e estrangeiros, o Clube Cearense logo se tornou famoso pelo fausto de seus salões e pelo extremo requinte de suas programações recreativas. Seu elitismo exclusivista, porém,  vedava o acesso a estranhos, mesmo que tivessem algum prestígio na cidade. 

 Associação Comercial, fundada no mesmo ano do Clube Cearense (livro Ah, Fortaleza!)
  
  Reunião da diretoria da Associação Comercial do Ceará, sociedade para defesa dos interesses comerciais do Estado, constituída pelas firmas mais importantes (foto Novo Milênio)

Acontecimentos constrangedores como a expulsão de um guarda-livros que se achava sem convite em uma de suas festas e a recusa de proposta para sócio de um funcionário da Alfândega,  aumentaram o tom dos protestos contra a agremiação. Os excluídos do Clube Cearense, que se formava à margem do mundo aristocrático de então, era um ascendente grupo social médio-alto, constituído por comerciários, despachantes e guarda-livros, muitos deles, já na década de 1870, participantes de atividades  literárias e jornalísticas, e ativos militantes abolicionistas. 
Desse grupo de rejeitados pelo Clube Cearense, partiu a iniciativa de se criar uma outra sociedade recreativa, que viabilizasse seus anseios por diversão e cultura. Assim surgiu o Clube Iracema, em 1884 – ano da abolição da escravidão no Ceará – nome inspirado no afamado romance de José de Alencar.  

extraído do livro de Sebastião Rogério Ponte
Fortaleza Belle Epoque reformas urbanas e controle social 1860-1930   
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Fortaleza em 1810

 Rua Sena Madureira, parte da antiga Rua Nova dos Mercadores 

Em 1810 o edifício mais antigo de Fortaleza era o quartel e Forte de Nossa Senhora de Assunção, no local em que os holandeses projetaram uma fortaleza que teve o nome de Schoonenborch, em honra do então governador holandês de Pernambuco. Este fortim dominava a barra do rio, que eles chamavam de riacho Marajaitiba, ou antes, Matas de Palmeiras, isto porque o planalto que ficava à margem direita do regato era povoado de palmeiras. Esse regato teve em tempos adiante, os nomes de Ipojuca, telha e por último, Pajeú. 


Avenida Alberto Nepomuceno. Na via existia este parque que foi substituido por casas e hoje é o Mercado Central

Nesse fortim residia o comandante do presídio que em começo, foi a única autoridade nesta região. Havia ali uma capela que foi reconstruída em fins do século XVIII, pelo padre José Rodrigues, residente na Soledade (Soure), que tudo ofereceu ao rei sem retribuição.
Havia ao lado, uma laranjeira, objeto de veneração pública, à qual punham uma sentinela e chamavam de São Gonçalo. Em frente ao muro do palácio do Governo, havia um cajueiro, que servia de açougue da vila, e que acabou dando nome à rua em que se achava (atual Rua Pedro Borges, antiga Rua do Cajueiro).
O matadouro foi transferido para o local onde existia o sobrado de José Maria Eustáquio Vieira, antigo caixeiro, edifício que passou ao domínio do comendador Luiz Ribeiro, onde se encontra até hoje, o Palácio Guarani.
Avenida Alberto Nepomuceno, a antiga Rua da Ponte

Depois do quartel, a edificação que se seguia, era a residência do comandante do presídio, e em seguida, vinha a Aldeota, povoação de índios, no sítio conhecido por esse nome, nas imediações do Pajeú. Mais tarde, portugueses e mestiços, começaram a edificar pequenas casas de barro e telha, ou choupanas de carnaúba às margens direita e esquerda do regato Ipojuca.
Na curva que faz esse ribeiro, os índios colocaram sua igreja, precisamente no terreno onde agora está a catedral. Esse velho templo, para onde foram transferidas as imagens existentes em uma capela da Barra do Ceará ou Vila Velha  foi demolido no começo do século XIX pelo vigário Antônio José Moreira. Parte das madeiras foi utilizada para fazer um pontilhão na Rua do Chafariz (atual Rua José Avelino), e parte foi aproveitada na Igreja do Rosário.

Praça General Tibúrcio com a Igreja do Rosário (década de 1930) 

Quando os índios se passaram de Vila Velha para seu novo domicilio na Aldeota, conduziram nos ombros o pelourinho que era, naquele tempo, uma decoração das vilas, e colocaram-no a 50 passos da igreja.
É também muito antiga a ermida do Rosário e ao lado desta a casa que servia de paços do Conselho e que mais tarde, foi convertida em Palácio da Presidência do Estado, por troca com o Senado da Câmara, em 3 de janeiro de 1809, por outro prédio com terraço na atual Rua Sena Madureira. Nele residiram os governadores terceiros, pois os segundos moraram num pequeno sobrado de madeira em frente à igreja da Sé atual, e os primeiros, no quartel do Marajaik. 

 Rua Conde D'Eu, antiga Rua dos Mercadores

Desde o final do século XVIII já existiam casas de taipa, na ala oriental da Rua dos Mercadores, atual Conde D’Eu, a qual se estendia desde o prédio na extremidade norte n° 45 até o Sítio Marinhas, na vizinhança da Lagoa do Garrote, no Parque da liberdade. Constituía um subúrbio da Vila o engenho de Bernardo Teixeira, no sítio onde se fez o açude da província. Esse era um lugar de distração e passeio dos moradores da terra.
Nesse período a província estava sob o governo de Luiz Barba Alardo de Menezes, o qual começa em 21 de janeiro de 1809 e termina em 19 de março de 1812.

Extraído do livro de João Brígido
Ceará (Homens e fatos)  
fotos do Arquivo Nirez
 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Faustino de Albuquerque, um Governo de Turbulências

O governador Faustino de Albuquerque (de roupa escura) no lançamento do loteamento do que é a hoje a Praia do Futuro (foto de 1950)

O desembargador Faustino de Albuquerque Souza (março de 1947-janeiro de 1951) foi o primeiro governador eleito depois do longo período de exceção vivido no Brasil sob o Governo Getúlio Vargas e Menezes Pimentel no Ceará. Eleito pela UDN, com apoio de Olavo Oliveira e outras correntes, o velho magistrado mostrou desde cedo não ter “jogo de cintura” para aparar as arestas políticas e conduzir em paz a sua administração.
Um dos primeiros rompimentos foi com Olavo Oliveira, devido a questões ligadas à eterna divisão de cargos. Como não existia o vice, o substituto do governador era, por princípio constitucional, o presidente da Assembleia Legislativa, onde se encontrava o deputado Joaquim Bastos Gonçalves, aliado político de Olavo Oliveira, seu compadre e fiel seguidor.
Faustino viu-se acuado dentro do Palácio da Luz. 

 Palácio da Luz, residência oficial dos governadores do Estado do Ceará até 1963 (foto de 1908)
 
Nas poucas vezes em que foi obrigado a se ausentar do governo, Joaquim Bastos, em nome do “olavismo”, desmontou seu esquema, demitindo secretários, nomeando outros, instalando o caos administrativo. Havia ainda a versão de que o Presidente da Assembleia agia em perfeita sintonia com o governador quando se faziam necessárias algumas mudanças no governo.
Tudo isso se refletia na imprensa, jornais e emissoras de rádio – àquela época existiam apenas duas, a Ceará Rádio Clube e a rádio Iracema – esta pertencente aos irmãos Flávio e José Parente.  Os irmãos Parente assumiram a oposição ao governo de Faustino, aproveitando todos os deslizes políticos do governador para desestabilizá-lo. 

 Fundada em outubro de 1948, a Rádio Iracema de Fortaleza foi instalada no edíficio Vitória, na esquina das Ruas Guilherme Rocha e Barão do Rio Branco, onde ocupava o segundo andar e a "terrace" da cobertura. Hoje no local, funciona no térreo a Loja Esmeralda.

Faustino não era homem de deixar desaforo sem resposta. Um dia, mandou invadir a Rádio Iracema, prendendo locutores e redatores. A rádio apoiada na opinião pública e nos órgãos representativos da imprensa, passou a uma programação provocativa contra Faustino, apelidando-o de “Chiquita Bacana”, música carnavalesca de enorme sucesso na época.
O apelido surgiu quando o repórter Luciano Carneiro fora a Pacatuba entrevistar o governador que convalescia em sua fazenda de uma indisposição mais séria. Perguntado sobre sua recuperação, Faustino, sem aquela malícia própria dos políticos, respondeu singelamente que ficara bom graças ao leite puro de uma vaquinha chamada de "Chiquita Bacana". Foi o que bastou para a emissora soltar, inúmeras vezes, a gravação da marchinha de carnaval, na voz de Emilinha Borba.

O governador Faustino de Albuquerque (de paletó cinza riscado), quando presidia uma sessão realizada na Casa de Juvenal Galeno (foto site Casa de Juvenal Galeno)

De outra feita, Faustino bateu de frente com Jáder de Carvalho, temperamento também incendiário, homem afeito á luta em várias frentes. O governador ameaçou empastelar o “Diário do Povo”, o beligerante jornal de Jáder. Foi mais uma atitude precipitada do  governador. Jáder abriu as baterias contra o governante, procurando leva-lo ao ridículo.
No célebre “Dizem no Café Globo”, impiedosa coluna crítica do Diário do Povo, Jáder contou que Faustino, como governador, fora a um festival de música erudita no Teatro José de Alencar. No intervalo, num círculo de intelectuais e artistas, alguém perguntou ao governador se ele apreciava mais a música de Wagner, Beethoven ou Mozart, ao que ele teria respondido: 
- em negócio de música eu gosto mais daquela que fala do “pinião, pinião, pinião, pinto correu com medo do gavião” (alusão a uma velha marchinha carnavalesca)

 prédio da Faculdade de Direito

De trombada em trombada, Faustino foi complicando seu turbulento período governamental. Um dos episódios de maior repercussão e mais desgaste para o governo foi o cerco que determinou à Faculdade de Direito, onde os estudantes se concentraram decididos a resistir ao ataque da polícia estadual.
Dias de muita ansiedade e angústia em Fortaleza, tudo porque – diziam os mais íntimos dele – Faustino de Albuquerque, um homem da área jurídica, era teimoso e sem nenhum senso de humor para a política. E asseguram  que o velho político costumava ouvir conselhos do seu filho, Valmiki Albuquerque, a quem nomeou Secretário de Educação. Valmiki seria um homem rancoroso, temperamental e criador de problemas ao pai.


fotos do Arquivo Nirez
Extraído do livro de Blanchard Girão
Sessão das Quatro – cenas e atores de um tempo mais feliz 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A Febre das Novidades

Casa Boris de Boris Frères e Cia. responsável pela publicação do Álbum de Vistas do Ceará-1908

Em 1908 um álbum com fotos de Fortaleza circulava pela Cidade. Para gáudio dos agentes locais da modernização urbana, o livro confeccionado em papel de luxo, trazia 160 estampas de tudo o que representava o aformoseamento e o progresso da capital no começo do século XX: praças recém-remodeladas, jardins públicos, ruas alinhadas com bondes, transeuntes, sobrados e estabelecimentos comerciais; Passeio Público e Parque da Liberdade e seus elegantes frequentadores; Estação Central Ferroviária, mansões e fachadas art-nouveau, cafés, templos, escolas, porto, praias e lagos.

Escritório da Estrada de Ferro Baturité

O Álbum de Vistas do Ceará, de 1908, editado pela Casa Boris Frères e Cia, a mais poderosa das firmas estrangeiras no Ceará, e impresso na França, significava formalmente uma homenagem à capital, um reconhecimento à sua beleza e ao seu desenvolvimento. Confeccionado na Europa por uma consagrada companhia francesa e distribuído em vários lugares, o Álbum não deixava de ter um desejo de divulgação de uma cidade que era, na leitura capitalista, um próspero mercado urbano. Considerando que a fotografia – devido a sua extraordinária capacidade de informação, vale por mil palavras – nada como divulgar Fortaleza através do elogio das imagens fotográficas. A ideia foi ainda mais feliz porque veio à luz no momento em que a fotografia configurava-se como uma verdadeira coqueluche na região, assim como no resto do Brasil.

Rua Major Facundo 


Paço Municipal

Desde o final do século XIX a Capital contava com alguns estúdios fotográficos – Lopes Brandão e Reckly em 1872, o dinamarquês Niels Olsen, a partir de 1895, Moura Quineau e M. Mello, de 1899 em diante.  
O Álbum sobre Fortaleza-1908, nesta linha, combinava duas formas de sedução:  cidade, no auge de sua formosura, e a fotografia, um dos mais fascinantes produto da era moderna. Para uma sociedade urbana que então disseminava e incorporava valores como beleza, conforto, trabalho e saúde, a fotografia caiu como uma luva para consagrar em imagens duradouras, os melhores momentos da instauração de uma racionalidade urbana assentada no culto do belo, forte e saudável.
Na virada do século XX, a partir de 1902 teve início a remodelação das praças mais centrais, e em 1930, Fortaleza conheceu sua fase de maior esplendor em termos de uniformidade urbana. Depois dos anos 30, a  Capital passou a crescer desordenadamente, sem planos urbanísticos capazes de fornecer soluções racionais, mas com uma voraz especulação imobiliária que lhe foi destruindo o harmonioso perfil arquitetônico que ostentava anteriormente.

prédio do Liceu na Praça dos Voluntários


Café Java, na Praça do Ferreira

A cidade hoje se encontra inchada, com a maioria do seu patrimônio histórico destruído ou em estado de abandono, centenas de favelas e conjuntos habitacionais, além de arranha-céus, fachadas e monumentos urbanos de gosto duvidoso. No começo deste século, ao contrário, ela apresentava uma feição arquitetônica urbanística que se equilibrava bem entre singela arquitetura geral e deslumbrantes fachadas em algumas construções. As fotografias da época e o próprio álbum fotográfico de 1908 reforçam essa constatação, revelando um conjunto harmonioso em linhas e formas. As imagens insinuam que a Capital do Ceará tinha um estilo inteiramente agradável à visão, composição estética esta complementada pela predominância do uso de paletós, chapéus, vestidos longos e sombrinhas, neles prevalecendo os tons claros compatíveis com a intensa luminosidade solar, que banha a cidade o ano inteiro.


Passeio Público

A conformação estética que marcou a aparência de Fortaleza foi sendo construída aos poucos, tornando-se mais visível na segunda metade do século XIX, a partir do “boom” da exportação algodoeira em 1860. A partir dali, a cidade conheceu um inédito crescimento econômico e social. A concentração e acumulação de capitais em Fortaleza,  reforçou a constituição de grupos e estrangeiros ligados aos negócios de exportação-importação, conferindo-lhe grande poderio material e considerável prestígio político.

fotos do Álbum de Vistas do Ceará-1908
Arquivo Nirez
Extraído do livro de Sebastião Rogério Ponte
Fortaleza Belle Epoque – reformas urbanas e controle social – 1860-1930