sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Quebrando Normas e Padrões Vigentes: As “Coca-Colas” Cearenses

Com tantos rapazes servindo em bases do Nordeste durante a 2ª. Guerra Mundial, o governo americano criou,  para sua distração os clubes do Uso (United Service Organization). Na capital cearense os ianques alugaram para esse fim um grande e elegante sobrado na Praia do Peixe (atual Praia de Iracema), construído pelo pernambucano José Magalhães Porto em 1926, conhecido como Vila Morena. 


O prédio em questão, depois chamado de Estoril e passando para as mãos do popular Zé Pequeno, foi por décadas reduto de intelectuais, boêmios e políticos. Após os exaustivos exercícios diários nas bases do Pici e do Cocorote, os soldados do Tio Sam iam se divertir no USO. 
Nas manhãs de Domingo, nas areias defronte ao prédio, jogavam partidas de rugby e hand-ball, atraindo muitos curiosos, que, no entanto, nunca mostravam interesse  em adotar tais práticas desportivas. Na Vila Morena ouvia-se o vinil com as músicas mais tocadas nos EUA, executavam-se danças de salão, promoviam-se animadas festas e shows, e recebiam-se artistas famosos dos filmes de Hollywood.

 Visando a estabelecer um bom relacionamento com a população local, a direção do USO emitia convites às “boas famílias” de Fortaleza para ali participarem das promoções. Os jovens americanos provocavam paixões, deixando as mulheres em alvoroço. E várias delas não desperdiçavam os convites, indo se divertir na Vila Morena. Algumas chegaram mesmo a namorar e a manter outras intimidades com os gringos.
O fato dessas moças consideradas “avançadas” para a época, consumirem junto com os namorados o refrigerante Coca-Cola, até então só visto por aqui nas telas de cinema, chamaram a atenção. Alguns rapazes cearenses, despeitados com a concorrência amorosa, passaram a chamar aquelas meninas de Coca-Colas, no sentido de serem mulheres vulgares, sem caráter, interesseiras, as quais os americanos usavam, consumiam e jogavam fora. Correu até uma lista com os nomes das depravadas, listas que rapidamente circulavam na pequena Fortaleza da primeira metade dos anos 40.

trajes usuais e tradicionais das mulheres da época
Na realidade, a sociedade conservadora da época, que aceitava as inovações técnico-científicas, reagia às mudanças de comportamento. Não perdoava as jovens – na faixa de 20 anos – liberadas, bem vestidas, com decotes provocadores, muita maquiagem no rosto, que saíam de casa sozinhas, entravam abraçadas nos cinemas e sorveterias, circulavam com os namorados, namoravam à noite na praia, buscavam o prazer no sexo. Em suma, as coca-colas rompiam com os padrões vigentes de submissão feminina – a mulher frágil, dependente do homem, virgem, destinada à maternidade e ao espaço doméstico, e cuja reputação deveria estar acima de qualquer suspeita.
Em defesa da moral e dos bons costumes, destacou-se a Igreja Católica, que criticava duramente as mulheres modernas, sujeitas às más influências estrangeiras. O clero pronunciava-se constantemente nas páginas do O Nordeste, condenando a leitura de livros imorais, a exibição de filmes eróticos, a exposição das mulheres na praia em trajes indecoroso, os namoros indecentes, facilitados pela escuridão de Fortaleza.


As Coca-Colas, porém, eram a concretização explícita dos receios católicos. Não por acaso, depois que a guerra acabou e os americanos voltaram para seu país, aqueles mulheres tiveram que enfrentar durante anos  forte preconceito, mesmo pertencendo as camadas altas e médias da sociedade de Fortaleza. Para os mais religiosos elas estavam condenadas ao fogo eterno do inferno; conservadores chegavam a se benzer com a aproximação das alegres moças. Mães vendavam os olhos das crianças para que não olhassem aquelas sirigaitas, e os rapazes sérios não aceitavam de jeito nenhum casar com elas ou mesmo namorá-las.


Nem o espírito moleque cearense perdoou as mulheres; em 1946, um grupo de rapazes formou um bloco carnavalesco intitulado “Cordão das Coca-Colas”, composto apenas por homens vestidos de mulheres. No caso era o humor usado para repreender e debochar das mulheres que contrariaram  o tradicional machismo cearense. 

extraído do livro de Airton de Farias 
História do Ceará 
fotos do Arquivo Nirez e do Livro Ah, Fortaleza! 

        

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O Cine Art

  
O Cine Art foi instalado na esquina das Ruas Barão do Rio Branco e Antônio Pompeu, no mesmo endereço no qual antes funcionara o Cine Araçanga, do Grupo Cinemar. O amplo prédio tornara-se disponível para novo empreendimento, ao mesmo tempo em que a Empresa Art Palácio S/A, com sede no Rio de Janeiro, decide ingressar no mercado local. 
Para tanto, providencia a total remodelação da sala, deixada vazia quando a Cinemar deslocou seus equipamentos para o Cine Toaçu. Para montagem da cabine de projeção foram trazidos três grandes projetores anteriormente utilizados no Cine Art Copacabana, no Rio de Janeiro. 
A inauguração foi no dia 24 de fevereiro de 1959, quando em duas sessões é feita a abertura da sala com capacidade para 640 lugares. Na primeira sessão, às 15 horas, há uma exibição especial para os jornalistas, com o filme “Tufão sobre Nagasaki”, e às 21 horas ocorre a abertura para o público, com a biografia romanceada da cantora italiana Lina Cavalieri – A mais Bela Mulher do Mundo. 

O cinema assume a distribuição italiana da Art Films, com eventuais produções procedentes da Alemanha, México, Estados Unidos e de estúdios brasileiros. Gerenciado por Fernando Câncio, o Art conquista seu público cativo. O prestígio acompanha os ciclos de filmes selecionados, a exibição de clássicos e ainda mostras especiais, a exemplo do Festival de Cinema Baiano, de 6 a 14 de junho de 1965, coordenado por Eusélio Oliveira.
Mais um marco dessa relação entre gerente e cinéfilos, foi a instituição em 1977, da Sessão de Arte, sempre às sextas-feiras, às 22 horas. O Cine Art exibiu filmes importantes como “Os Dez Mandamentos” e “Spartactus”, e o primeiro filme nacional colorido em Cinemascope “Meus Amores do Rio”. “Os Dez Mandamentos” ficou em cartaz durante 56 dias batendo os recordes de público na época.
Mas a exemplo do Cine Jangada, o Art foi depois destinado à projeção de filmes pornográficos após a aposentadoria de Câncio, alternando a programação com filmes de artes marciais. No dia 31 de outubro de 1989, ao exibir “Kung Fu, irmão de Dinamite”, ficava decretado o fechamento definitivo de mais um cinema do centro de Fortaleza. 


O Cine Art tornara-se mais uma vítima da especialização em filmes de sexo explícito, um caminho sem retorno, marcado pelo processo de decadência irreversível e cumprimento de um final melancólico. Os letreiros de sua fachada por muito tempo tinham ostentado apenas uma mensagem: “Filmes de Sexo Explícito”. Com a queda progressiva de público e a impossibilidade de reverter a vocação do cinema, nada mais restava ao grupo senão decidir pelo fechamento, mesmo porque encerrava-se o contrato de locação do prédio.
Ao fechar suas portas, o Cine Art recebeu as homenagens da crônica especializada, no ritual que se tornou frequente com o apagar das luzes dos antigos cinemas. Ao crítico Frederico Fontenele Farias coube a mais precisa memória do cinema desaparecido:  

Meu Adeus ao Cine Art

As bobinas dos projetores giram a exemplo do movimento de rotação dos ponteiros do relógio e do planeta Terra e à medida que mergulham nas entranhas do cinematógrafo, 24 fotogramas por segundo, lançados por um feixe luminoso da tela branca, como se o operador fosse o médium de um espiritismo profano, a plateia rejeita o que vê ou fica em êxtase: porém, nunca indiferente...
Quando alguém estiver lendo estas linhas na manhã de domingo, é provável que os projetores do Cine Art já estejam lacrados e o cinema fechado a cadeado. E o público, este grande perdedor, nem ao menos teve a chance de se despedir da sala com alguma película do tipo “A Última Sessão de Cinema” (The Last Picture Show), que Peter Bogdanovich dirigiu em 1971. 



Acabou-se o cinema da minha adolescência. Garoto criado no Benfica, devo às matinês que frequentei no Art, na década de 60, os rudimentos que assimilei da gramática da câmara. Ali vi de tudo, desde “Meus Amores do Rio” de Carlos Hugo Christensen. Na tela da Rua Barão do Rio Branco, dei credibilidade à passagem de Moisés, a seco no leito do Mar Vermelho em “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B. Demille (quando revi o filme anos depois, considerei a sequência apenas proeza dos efeitos especiais). E na mesma tela Charlton Heston trocou o cajado pela espada de “El Cid”. Por sinal foi o único cinema de Fortaleza que exibiu essa superprodução nas três vezes que foi projetada na cidade em 1962, 1969 e 1981. “Lawrence da Arábia” igualmente, conheci através do mesmo retângulo branco em 1964. Noutra ocasião, naquele cinema, a estrelinha dos filmes de Walt Disney, Hayley Mills, chegou a se tornar minha musa (quem sabe, a primeira?)
Foi naquela tela também que a primeira vez vi Kirk Douglas – Ned Land salvar James Mason – Capitão Nemo dos tentáculos da lula gigante em “20.000 léguas submarinas”. Engraçado, todas as vezes que revejo essa película, é como se fosse a primeira. E ainda me intriga a escotilha em forma de diafragma fotográfico do submarino Náutilus como um símbolo de Jung. Foi também na tela do Art que vi Steve Reeves em “Hércules e a Rainha da Lídia”, hesitando entre a terna Sylvia Koscina e a sensual Sylvia López, ambas envergando aquele saiote que Jânio impôs para Miss Brasil, quando proibiu o maiô no concurso do Maracanãzinho.
Foi também o cinema dos filmes que perdi e me negou reprises, como “O Tigre da Índia” e “Sepulcro Indiano”, de Fritz Lang; “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa; ou “O Terceiro Homem”, de Carol Reed. Nacionalistas, acalmai-vos: foi no Cine Art que conheci direta ou indiretamente o Cinema Novo Brasileiro, de Walter Lima Junior e no segundo “O Menino e o Vento” , de Christensen. Mas o Art tampouco rejeitou a chanchada e nele vi Zé Trindade satirizando Franz Léhar em “O Viúvo Alegre”.
A quem atribuir a culpa pela decadência do Art em anos recentes? Rejeitemos o julgamento de pessoas. O homem que consolidou o Art, gerenciando-o desde a fundação em 1959, aposentou-se quando merecia. Se hoje está versejando, deixando outras plateias felizes com suas trovas, encontra-se bem com a vida depois de ter feito tudo pelo cinema, tem uma história para contar. É isso ai, Fernando Câncio. Você foi um lutador.
Responsabilizar a Art Films? É uma questão relativa. A empresa priorizou, de anos para cá, os dois cinemas do Iguatemi. O problema do Art é que ficou localizado numa zona neutra, entre o Centro e os bairros de Fortaleza. Também hesitava na função de cinema para toda a família e para adultos. Quase sempre a heterogeneidade de gêneros provoca uma incompatibilidade de plateias e o consequente esvaziamento. A rigor, ninguém tem culpa. As forças naturais do mercado dominam, dão a última palavra. Só resta dizer adeus.
(O Povo, 29.out.1989)


 esquina das ruas Barão do Rio Branco e Antônio Pompeu atualmente

Extraído do livro de Ary Bezerra Leite
A Tela Prateada 

domingo, 16 de novembro de 2014

Hotel Esplanada vai sair de Cena


Inaugurado em 1978, o Hotel Esplanada era naquela época o edifício mais alto da Praia de Iracema, com 18 andares, 2.724 metros quadrados de área e 230 apartamentos. Foi o primeiro hotel 5 estrelas de Fortaleza. Em 2004, os grupos Otoch e Jereissati, proprietários do hotel, venderem a edificação ao grupo português Dorisol Hotels.
Para modernizar o empreendimento, que custou R$ 52 milhões, o grupo português celebrou um contrato de financiamento com o Banco do Nordeste no valor de R$ 30 milhões.  O projeto previa a aquisição, soerguimento e modernização do hotel, para abrigar o Dorisol Grand Hotel Fortaleza. 
O hotel de Fortaleza quando estivesse em atividade, iria gerar  160 postos de trabalho diretos e 500 indiretos. Inicialmente com início de funcionamento previsto para setembro de 2005, o projeto teve o cronograma adiado por quatro vezes consecutivas. A data de inauguração passou para dezembro de 2005, dezembro de 2006, janeiro de 2007 e depois para início de 2008. 

 

O edifício foi dado em garantia do financiamento. Como os portugueses não pagaram a as parcelas do financiamento, o BNB hipotecou o empreendimento.Desde então, apareceram diversos grupos interessados, mas desistiram por conta do tamanho da conta a ser paga. A dívida cresceu a cerca de R$ 80 milhões, por conta dos juros ao longo de uma década.
Finalmente, em 2014, o empreendimento falido foi adquirido pelo grupo Dias Branco, que pretende construir no lugar um condomínio residencial.
Para tanto, foi anunciado que o prédio do Hotel Esplanada será implodido, no próximo dia 30, ao meio-dia. Os moradores do seu entorno já receberam o aviso de que duas horas antes do evento terão de deixar suas casas. 


O prédio enfrenta corrosão pela maresia ao longo do tempo. O Esplanada foi a principal referência hoteleira de Fortaleza e está localizado em uma das áreas mais nobres da cidade, entre as Avenida Beira Mar, Barão de Studart e Historiador Raimundo Girão. 

fotos de Rodrigo Paiva e Raquel Garcia
Novembro/2014 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Verdes Mares Bravios e um Porto Inseguro


Ao desembarcar em Fortaleza nos idos de 1837 e 1838, o missionário metodista norte-americano Daniel P. Kidder, fez uma observação sobre o porto: ... jamais constituiu ancoradouro seguro, mas agora o porto está sendo completamente atulhado pela areia do mar... e em ponto algum é fácil o desembarque devido as grandes vagas que constantemente vão quebrar na praia...


A Ponte Metálica começou a ser construída em 1902, ganhou esse nome porque o piso inicial de madeira precisou ser substituído por uma estrutura metálica.

Um porto seguro para o desembarque de mercadorias e pessoas sempre foi um problema para Fortaleza. O mar revolto comprometeu no início da colonização seu posto de cidade portuária, e quando a cidade se desenvolveu, dificultou o acesso às mercadorias. Este desembarque inseguro se localizava ao norte da cidade, nas imediações  de onde mais tarde seria construída a ponte Metálica, na tentativa de facilitar as transações marítimas. Para tentar conter a fúria do mar, foram construídos um píer e um muro de proteção para formar a enseada no Poço da Draga, e depois a Ponte dos Ingleses. 



Em 1870 foi apresentado o projeto de instalação do Porto do Mucuripe. A construção que se arrastou por alguns anos devido a seu alto custo, não vingou. A intensidade das marés aterrou o viaduto e o próprio ancoradouro, o que levou ao abandono do projeto.
Enquanto isso, o embarque e desembarque de  mercadorias  eram feitos de modo precário: os produtos eram levados em pequenas embarcações até os navios que ficavam a 900 metros da praia. Geralmente chegavam molhadas e quem desembarcava não deixava de tomar um banho salgado. 
Temendo o aumento dos custos com transporte, os comerciantes, através da Associação Comercial, se opunham à construção do terminal do Mucuripe, apesar de reconhecerem a precariedade do embarque no píer.
Depois a obra do porto do Mucuripe passou a ser uma exigência da sociedade. Em 1929 o jornalista Demócrito Rocha registrou: "se o problema do porto de Fortaleza tem a sua incógnita revelada de maneira tão simples, a insolubilidade em que até hoje se perdurou vem apenas atestar a curteza de vista de nossos administradores".
O banco de areia e o quebra-mar incompleto prejudicavam as transações comerciais reclamadas por uma cidade em crescimento. O próprio comandante do Lloyd Brasileiro declarou na Associação Comercial que reconhecia o agravamento da situação do comércio e da indústria do Ceará proveniente da deficiência do porto do Mucuripe, que não atendia as exigências dos transportes marítimos.
A morosidade das obras enriquecia o anedotário popular, segundo o qual Fortaleza tinha três sinfonias inacabadas: a catedral, o Cine São Luiz e o Porto do Mucuripe.


Armazéns do Porto do Mucuripe  

Mesmo depois da instalação do Porto do Mucuripe, continuava a existir certa dificuldade de abastecimento de Fortaleza. Em 1948 os jornais da cidade chegaram a noticiar a possibilidade de faltar gasolina na cidade, porque o navio não havia chegado devido ao entupimento do porto. 

extraído da Revista Fortaleza - fascículo 9 
 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Praia de Titanzinho - O Paraiso do Surfe


Escondida atrás do Porto do Mucuripe a praia do Titanzinho é o melhor local para a prática de surfe em Fortaleza. Uma pequena multidão de meninas e meninos está sempre por lá, tentando se manter em cima de suas pranchas, treinando e sonhando com o dia em que seus feitos se tornarão referências no esporte.
A praia fica no bairro Cais do Porto (ou seria no Serviluz?) e à direita, um espigão separa o mar do Titanzinho da Praia do Futuro. No final um farol alerta os navegantes para a presença do muro de pedras. O equipamento mais importante da comunidade é o farol do Mucuripe, localizado no lado esquerdo da praia, próximo do molhe que contorna o final do porto e dá acesso a Praia Mansa.
O nome da comunidade foi inspirado nas máquinas que trabalharam na construção do paredão no Porto do Mucuripe, chamadas de “Titan”. “Quando os moradores foram deslocados para a área, colocaram o nome de Titanzinho”. Antes de ocuparem a área atual, a comunidade habitava a região mais próxima à Praia Mansa, nas imediações do Porto do Mucuripe. Em meados dos anos 70, os moradores foram deslocados pela Companhia Docas para a área onde se encontram hoje. A área não tinha nada. O terreno foi aplainado e loteado pela Cia. Docas. As primeiras moradias eram barracos de taipa, só bem mais tarde surgiram casas de alvenaria.
  

Num passado recente a Praia do Titanzinho esteve sob ameaça de ver um estaleiro implantado em suas areias, um equipamento poluidor, indesejado e que foi prontamente rechaçado pela comunidade. O Estaleiro foi se instalar em outras plagas, deixando o Titanzinho para os seus moradores e para os meninos do surfe.

fotos de Rodrigo Paiva
nov/2014