De acordo com a história oficial, a primeira tentativa de ocupação do território cearense foi em 1603, com o açoriano Pero Coelho de Sousa. O capitão-mor fundou às margens do Rio Ceará, o Forte de São Tiago e o povoado de Nova Lisboa, batizando a capitania pelo nome de Nova Lusitânia. Não ficou muito tempo: os índios, revoltados com o comportamento brutal dos europeus, atacaram o forte, forçando a fuga do colonizador.
A cruz assinala o exato local onde foi construído o Forte de Santiago, na Barra do Ceará, no início do Século XVII, por Pero Coelho de Sousa.
Gravura representando Forte de São Sebastião, erguido na Barra do Ceará por Martim Soares Moreno, no mesmo local onde antes esteve o Forte de Santiago. O forte ficou no local entre 1611 e 1640, quando foi destruído pelos indígenas.
Nova tentativa ocorreu em 1611, com Martim Soares Moreno. Acompanhado de um padre e seis soldados, Moreno se instalou na capitania do Siará Grande, fundando na barra do Rio Ceará o pequeno Forte de São Sebastião – no mesmo local do Forte de São Tiago. Em 1613, Moreno foi convocado para combater a França Equinocial, no Maranhão. Retornou em ao Siará, definitivamente, em 1621, agora como capitão-mor, titulo dado pela Coroa em reconhecimento aos bons serviços prestados.
Marco Zero, na Praça de Santiago, na Barra do Ceará.O
cruzeiro com as imagens de São Tiago, do Cristo Crucificado, de Nossa
Senhora de Assunção, e São José, foi presente do Governo da Espanha.
Soares Moreno reencontrou o Forte de São Sebastião quase destruído. Os soldados maltrapilhos, com soldos atrasados, sofriam constantes ataques de índios inimigos. Remodelou-se, então, o que foi possível, e houve uma tentativa de se iniciar uma atividade econômica com a criação de gado vacum e cultivo de cana-de-açúcar.
Nos anos seguintes, em várias oportunidades, Martim Soares Moreno recorreu às autoridades portuguesas no sentido de obter ajuda para viabilizar a colonização: tudo em vão. Em 1631, terminando o período de dez anos como Capitão-Mor, cansado da falta de recursos e da falta de atenção da Metrópole, retirou-se do Siará em definitivo, deixando o comando do forte com seu sobrinho, Domingos da Veiga.
A próxima tentativa de colonização ocorreu quando os holandeses chegaram e dominaram o Nordeste brasileiro. Ocuparam a capitania do Siará, por volta de 1637, num total de 126 homens, comandados por George Gartsman. Desembarcaram no Mucuripe, dirigindo-se para o Forte do Siará, ocupado por apenas 33 soldados, que facilmente sucumbiram diante do ataque dos holandeses. Estava assim, temporariamente desfeito o império luso no Ceará.
Posteriormente, em 1640, quando se encontrava sob o comando de Gedeon Morris de Jorge, o Forte de São Sebastião foi invadido e destruído pelos indígenas, que trucidaram todos os holandeses. O Siará voltava a ser apenas dos nativos.
Cinco anos depois, em 1649, chegou ao Ceará uma nova expedição holandesa, comandada por Matias Beck, que mandou erguer o Forte Schoonenborch, na Colina Marajaitiba, às margens do Riacho Pajeú. A região da Barra do Ceará foi abandonada pelos novos colonizadores, que optaram por se estabelecer às margens do riacho.
Há alguns anos surgiu a polêmica sobre o local e data da fundação da cidade de Fortaleza, iniciada na década de 1960, quando o historiador Raimundo Girão lançou o livro “Matias Beck, o fundador de Fortaleza”. A historiografia mais antiga considerava a Barra do Ceará como o local onde surgira a cidade, tendo como referenciais o Forte de São Sebastião e a chegada de Martim Soares Moreno à capitania do Siará.
Apoiado em argumentos sólidos e dados consistentes, Raimundo Girão argumentou que o núcleo colonizador comandado por Soares Moreno na Barra do Ceará não teve maiores consequências – o Forte de São Sebastião fora conquistado pelos holandeses em 1637 e destruído pelos indígenas em 1644.
Para Girão, o núcleo original da cidade estaria no Forte Schoonenborch, construído pelos holandeses em 1649, por ordem de Matias Beck. Foi em torno do forte – reconquistado em 1654 pelos portugueses, e renomeado para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, que surgiria a atual capital do Ceará.
A polêmica sobre a criação de Fortaleza prosseguiu com relação a data de nascimento da cidade: o marco de criação considerado, não levou em conta, nem a chegada do português Martim Soares Moreno e a construção do Forte de São Sebastião na Barra do Ceará (fins de 1611), nem a invasão dos holandeses e a consequente construção do Forte Schoonenborch (1649).
Na escolha da data em comemoração ao aniversário de Fortaleza foi tomada como base, o dia em que o povoado do forte foi elevado à condição de Vila – 13 de abril de 1726.
1° Mapa de Fortaleza, feito pelo capitão-mor Manuel Francês, em 1726, quando o povoado foi elevado à categoria de Vila. Não há registros de outros aglomerados urbanos na Vila além desse, ao redor do Forte de N.S. de Assunção.
Apesar de Fortaleza ter oficialmente, 289 anos, a construção mais antiga da cidade, o Forte de N. S. da Assunção, fundado em 1649, completa 366 anos em 2015; Em 1701 é eleita a primeira Câmara no Iguape, tendo a denominação de São José de Ribamar; no dia 20 de abril de 1701, a Câmara da Vila de São José de Ribamar, resolve mudar de lugar se instalando na Barra do Ceará, tendo a dita Câmara iniciado os trabalhos no mesmo ano de 1701. Assim, a Câmara Municipal soma respeitáveis 314 anos.
Os moradores da Barra do Ceará comemoram todos os anos o aniversário do bairro, que esse ano completou 411 anos. Para os moradores, a data oficial do aniversário da Capital deveria 25 de julho, contados a partir de 1604, data do surgimento da Vila, na Barra do Ceará, às margens do Rio Ceará.
Barra do Ceará anos 70
Barra do Ceará em foto de 2005
O professor apresentou então, uma curta lista de datas, acompanhada de algumas considerações pertinentes, a fim de que fosse escolhida a que melhor conviesse. Após estabelecer as devidas ponderações, Cláudio Pereira optou pela data de 13 de abril de 1726, decisão que foi levada ao vereador Idalmir Feitosa, autor do projeto que instituía o dia de Fortaleza.
O consequente projeto defendido pelo vereador transformou-se na Lei Municipal n° 7535, de 16 de junho de 1994, que decidiu a data de 13 de abril como o Dia da Cidade. A lei aprovada pela Câmara Municipal entrou em vigor no ano seguinte e logo se incorporou ao calendário de eventos da cidade.
Livros consultados:
História
do Ceará, de Airton de Farias
As
Comemorações do 13 de abril, de José Liberal de Castro, publicado em “Ah,
Fortaleza”
Cronologia
Ilustrada de Fortaleza, de Miguel Ângelo de Azevedo (NIREZ)
Revista
Fortaleza, fascículo 3