domingo, 30 de novembro de 2008

O Governador Sampaio

Manoel Inácio de Sampaio tomou posse no cargo de governador do Ceará, em 19 de março de 1812. Ficou conhecido tanto pelas iniciativas que impulsionaram o progresso da província, quanto pela fidelidade ao governo central português.
Foi o primeiro administrador a incentivar as artes e as letras no Ceará; criou os Correios e a alfândega; construiu novos edifícios públicos, entre os quais o mercado municipal.
No quesito servilismo, mandou que a população da vila de Fortaleza festejasse com luminárias, por três noites consecutivas, o nascimento do filho de D.Pedro Carlos, o infante D. Sebastião de Bourbon e Bragança.
Quando foi notificado da morte de D.Maria I (primeira rainha reinante de Portugal), em 15 de junho de 1816, determinou que todo povo da vila e distritos vestisse luto rigoroso por seis meses e aliviado por outros seis.
Atendendo que os pobres e os escravos não podiam atender rigorosamente a esta determinação, por questões econômico-financeiras, permitiu que os homens trouxessem no chapéu e as mulheres na cabeça, qualquer retalho preto.
Os que se recusassem seriam punidos com 30 dias de cadeia, para cada vez que fossem pegos sem o distintivo.
A rua Governador Sampaio no centro de Fortaleza, recebeu esse nome em homenagem a esse governante português.
Fonte: Ceará (homens e fatos)
de João Brígido

sábado, 29 de novembro de 2008

Praça do Ferreira banhada de luz


Fotos: Eugênia Garcia
O melhor dessa época é a beleza que a cidade ostenta sob as luzes do Natal.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fortaleza nada bela ou o lado pobre da cidade


cruzamento da Avenida Governador Parsifal Barroso com Avenida Mister Hull, bairro de Antonio Bezerra. Lixo, poeira e ausência de calçamento.

Papai Noel Tupiniquim


A decoração natalina de um shoping apostou na criatividade e inovou na temática: biomas e características brasileiras; no lugar das renas, macacos, cobras, onças pintadas e araras.
No lugar de duendes, índios; em vez de neve, cerrados e caatinga.
Só faltou o Lula no lugar de papai noel.
Tá bonito.

Por que parou?

Em 2001 havia 698.64 veículos em todo estado do Ceará. Hoje são 1.122.623, sendo 553.142 só em Fortaleza e 669.481 nos demais municípios cearenses.
O pior é que, enquanto a frota de veículos aumenta dia a dia, a cidade permanece quase a mesma, com ruas estreitas, sinalização deficiente, sem planejamento de tráfego (se existe, ninguém sabe, ninguém viu).
Como não existe espaço para estacionar tanto carro, a solução foi utilizar os espaços urbanos que pertencem, por direito, a quem não anda de carro: as calçadas.
Assim grandes avenidas como a Gomes de Matos, a Expedicionários e a Bezerra de Menezes, que contam com intenso tráfego de veículos, têm suas calçadas totalmente ocupadas por veículos, enquanto a população, sem ter a quem reclamar, abandonada e esquecida pelo poder público, divide as pistas com ônibus, motos e automóveis, correndo sérios riscos de atropelamentos.
Existe uma autarquia cuja função é disciplinar o trânsito, orientar, fiscalizar e multar os motoristas infratores, mas estranhamente, jamais adotou qualquer providência para coibir o abuso, o que não impede que seus representantes estejam todos os dias concedendo entrevistas à emissoras de televisão, alardeando os bons serviços que prestam ao trânsito da cidade.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Histórias de Fortaleza: Os Borós

Os borós eram vales que eram passados como troco no comércio de Fortaleza. Eram aceitos com fossem a moeda oficial e por isso mesmo, qualquer um se achava no direito de lançá-los.
E surgiram aos montes, de todos os formatos, de todos os tamanhos, de todas as cores, impressos ou escritos à mão, todos valendo ora 100 ora 200 Réis.
Os borós com melhor aceitação foram os emitidos pela Câmara Municipal de Fortaleza, em 1896, para custear a construção do mercado de ferro. Conta-se que por ocasião do lançamento da pedra fundamental o então intendente Guilherme Rocha juntou um punhado desses vales, amarrou-os e colocou dentro de uma urna, escrevendo por fora, a seguinte frase: “Com isto fiz isto”.
Os borós espalharam-se como uma febre pelo comércio. A propósito de tudo, e mesmo sem propósito algum apareciam borós, cujos dizeres eram mais ou menos os seguintes:”José de Souza deve ao portador por falta de troco quinhentos réis.” Seguia-se a assinatura, o local e a data.
Emitiram borós as companhias de bonde de burros: a Ferro Carril do Ceará, a Ferro Carril do Outeiro e a Companhia de Bondes de Porangaba.
Certa vez um vendedor ambulante emitiu borós com a seguinte inscrição: “vale uma tigela de arroz doce”. Indignado, o intendente proibiu a circulação dos vales e determinou o seu recolhimento pelo ambulante, sob a alegação de que só os vales emitidos pela câmara tinham valor circulatório.
Muitos comerciantes foram à falência por emitir borós sem possuir lastro e o resultado era fatal: o resgate não era feito. Eram os borós sem fundos.
Conta-se que um proprietário de sítio chamado Clementino, para facilitar o pagamento de salário dos seus trabalhadores, emitiu borós o quanto pode. Mais tarde, não pode resgatá-los, causando grande prejuízo na praça. Veio o descrédito, ninguém mais queria aceitar os vales.
Os borós tiveram seu apogeu e circularam até ficarem desacreditados. Uma invenção cearense que foi copiada e utilizada por alguns estados, entre os quais Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Minas Gerais, que os emitiram larga e profusamente.

Fonte: Coisas que o tempo levou
De Raimundo Menezes

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Domingo à tarde

Todos os caminhos levaram ao aterro da Praia de Iracema e a exibição da Esquadrilha da Fumaça. Um show de pericia e competência.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O primeiro automóvel de Fortaleza

O primeiro automóvel a circular em Fortaleza, foi este Rambler de propriedade de Meton de Alencar e Júlio Pinto, dirigido por John Peter Bernard e Rafael Dias Marques
 (arquivo Nirez)

O primeiro automóvel chegou por aqui em 28 de março de 1909, vindo dos Estados Unidos pelo vapor inglês “Cearense”.
Era um automóvel da marca “Rambler” usado, comprado pela Empresa Auto Transporte, de propriedade do Dr. Meton de Alencar e de Julio Pinto, adquirido por 8:000$000. 

Após o desembarque na alfândega, como ninguém soubesse dirigir, o veículo foi puxado por um jumento no trajeto entre o prédio da alfândega até o edifício do Cinema Júlio Pinto, localizado na Rua Major Facundo n° 64, acompanhado por uma verdadeira multidão de curiosos, que se formou ao redor do veiculo e do jumento.

Pela empresa compradora, John Peter Bernard acompanhava o carro, que foi recolhido ao palhabote, onde Roberto Muratori e o velho Dr. Meireles passaram a estudar-lhe o motor, procurando, com redobrados esforços, faze-lo funcionar, o que conseguiram dias depois. 

Passava das 22 horas quando o Rambler movimentou-se vagarosamente alguns metros pela rua, guiado pelo português Rafael Dias Marques, caixeiro da Casa Bordalo, e estacou adiante, não havendo força humana que o fizesse rodar. Voltou rebocado para o Cassino Cearense. 

Depois de muita pesquisa, Clóvis Meton e Alfredo Borges obtiveram melhores conhecimentos sobre a complicada máquina, saindo afinal para a via pública, cercado sempre do maior e mais vivo interesse por parte da população. 

Sempre na calada da noite, realizavam experiências, ora indo até o Alagadiço, ora à Estação de Bondes. Nessas viagens quase sempre o carro enguiçava, sendo preciso desmontá-lo em plena rua para consertá-lo. Como o motor estava localizado sob o veiculo, era necessário arrancar a carroceria todas as vezes que isso acontecia. Às vezes permanecia semanas numa oficina improvisada, recebendo as atenções dos dois curiosos mecânicos amadores.

Certa vez perdeu-se a tampa do radiador na estrada de Messejana, e o proprietário anunciou no jornal que gratificaria a quem a encontrasse e devolvesse. Movimentou-se então uma multidão de populares em busca da peça, mas como ninguém soubesse o que seria uma tampa de radiador, foram levados ao proprietário, todos os tipos de objetos de ferro que puderam ser encontrados naquela estrada, inclusive, até camburões de ferro.

Depois de um tempo, de tanto rodar, os pneus ficaram gastos e precisaram ser substituídos, mas onde encontrá-los? Improvisaram então umas rodas de madeira com aros de ferro, que faziam uma barulheira infernal nas pedras de calçamento.

Apesar dos percalços, esse carro conseguiu fazer diversas viagens a Messejana, e de certa feita, foi até Canindé, durante as festas religiosas. Seguiu de Fortaleza até Itaúna dentro de um vagão da E.F. de Baturité, e daí em diante, rodando por uma estrada improvisada, levou um dia inteiro até chegar a Canindé.

Em certa ocasião ao trafegar na Avenida do Imperador, ao desviar-se de um pedestre, o carro foi de encontro a um muro, derrubando-o. Esse foi o primeiro acidente de trânsito da história da cidade.

Sempre guiado por Rafael Dias Marques, o Rambler rodou durante algum tempo pela Fortaleza daqueles tempos. depois outros carros apareceram na cidade: um do Dr. Gadelha e outro de Clóvis Meton, sendo que o de Júlio Pinto recebeu o apelido de Vovô, enquanto o de Clóvis ficou conhecido pelo de Mariquinhas.   


Extraído do livro Coisas que o Tempo Levou
de Raimundo de Menezes