quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As Eleições Antigas no Ceará

 As antigas eleições se efetuavam nas igrejas. Acreditavam os organizadores que dentro dos santuários, em respeito ao ambiente e às imagens sagradas, arrefecessem a ira partidária e inibisse o furor entre adversários. Puro engano. As velhas crônicas estão salpicadas de sangue derramado em eleições, algumas das quais ficaram célebres pelas mortes violentas ocorridas durante os trabalhos.
Assim é que em 1852 foi assassinado em Canindé o tenente-coronel Manuel Mendes da Cruz Guimarães. No Crato, em 1856 o proprietário José Landim; no mesmo ano em Sobral, dentro da igreja, durante a votação, quatro pessoas foram mortas a punhaladas e cinqüenta ficaram feridas.
Municipio de Mombaça em 1943: chegada do eleitorado da familia Alencar Benevides  
Em Maria Pereira (atual Mombaça) na eleição de 1880, uma forte discussão entre eleitores degenerou em áspera luta dentro da igreja, onde o professor Jayme de A. Araripe disparou vários tiros de garrucha, na intenção de amedrontar os brigões. O expediente não surtiu efeito; a luta continuou e os combatentes usaram até os castiçais dos altares para acertar os adversários.
Quando o conflito acabou a igreja estava destruída; vários eleitores estavam feridos e, foi encontrado morto o caboclo Farias, agregado de tradicional família da região.
Não se cogitava então uma eleição pacífica; eleição era sinônimo de luta e combate no sentido estrito da palavra, e por isso os cabos eleitorais iam para o local de votação, no caso as igrejas, armados de facas, facões, garruchas e pedaços de paus. 
 Quando as lutas se acirravam entravam em cena os bacamartes.
Igreja Matriz de Fortaleza, local de votação e palco de combates no Século XIX (Arquivo NIREZ)
Todo mundo era eleitor naquele tempo, desde as pessoas de melhor condição social até indivíduos pertencentes às classes mais baixas.
No período eleitoral em Fortaleza, viam-se grupos enormes de gente, quase toda descalça, a percorrer as ruas em passeatas entusiásticas antes, e malcriadas depois da vitória.
O ano de eleição para juízes de paz e vereadores, em 1879, foi bastante atribulado em Fortaleza.
Corriam os trabalhos na matriz quando se espalhou a noticia de que ali começara uma grande desordem. Assustada, a mulher do político José Feijó de Melo, que se encontrava na igreja, mandou que um criado de nome João Peci, fosse chamá-lo.
O criado saiu apressado e, correndo quis entrar na Sé, cujas portas estavam guardadas por soldados. Supondo que o criado fosse um desordeiro atraído pelo tumulto reinante na igreja, um dos soldados matou-o com um tiro de espingarda.
A  noticia do assassinato espalhou-se pela cidade que ficou apavorada. No dia seguinte o corpo da vítima foi levado em passeata até o cemitério, pelo Partido Conservador graúdo. Durante muitos anos só havia dois partidos políticos no Brasil, o Liberal e o Conservador. Mas no Ceará cada um deles se subdividia em duas facções irreconciliáveis.
Para a eleição da câmara de 1880 os Liberais Paulas se coligaram com os Conservadores Graúdos e os Conservadores Miúdos com os Liberais Pompeus.
No dia da eleição, ainda cedo, os dois primeiros grupos, com seu numeroso eleitorado, ocuparam militarmente, a Igreja da Sé. Quando por volta das 9 horas, chegaram os Miúdos e os Pompeus, também acompanhado dos eleitores, foram atacados e repelidos à faca, pedaços de paus e tiros pelos ocupantes.
Travou-se então uma verdadeira batalha campal em frente à Matriz. Os atacados, em menor número, recuaram e resistindo sempre, foram empurrados pela Rua Conde D’eu em direção ao Palácio.
A luta se generalizou e espalhou-se até as proximidades da Rua da Assembléia (atual Rua São Paulo); sangue por todos os lados, muitos fugiam, outros jaziam estendidos pelo calçamento e calçadas. A luta se acirrou e só terminou com a fuga dos atacados. Seriam no máximo 11 horas da manhã.
A população apavorada, muitos apanhados no meio do fogo cruzado, assistia sem compreender o porque de tanta brutalidade, nem a razão de tamanha violência. 
Extraído da Crônica:
Eleições de Outrora, de João Nogueira, publicado na Revista do Instituto do Ceará.

Até os dias de hoje, em algumas cidades, principalmente no interior, é necessário o reforço de tropas da polícia, e até do exército, para garantir a ordem em dias de eleição. Casos cada vez mais raros, ligados a picuinhas entre grupos locais, inexpressivos no cenário nacional.
O que tem contribuído para acabar com os conflitos em dias de eleição, é o naipe dos candidatos, e a atuação dos eleitos, que não entusiasmam nem motivam ninguém mais a brigar pela eleição deles. Simplesmente não vale a pena. Na maioria das seções eleitorais da capital, só mesários entediados, curtindo  aquela paz dos cemitérios.
Por falar em tédio, hoje acaba o malfadado horário eleitoral gratuito. Já vai tarde.             

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Licenciamento Ambiental

O que é Licença Ambiental
É  uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de audiências públicas como parte do processo.

A licença ambiental se concretiza em um documento com prazo de validade definido no qual o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem observadas pela atividade que está sendo licenciada. Ao receber a Licença Ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que se instala.
 Tipos de Licenças Ambientais:

existem três tipos de licenças, seqüenciais e obrigatórias:
1 Licença prévia (LP) - É concedida na fase preliminar do planejamento da atividade contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de usos do solo. Nesta fase do licenciamento, ainda não é autorizado o início de obras.
2. Licença de instalação (LI) - Será concedida para autorizar o início da implantação do empreendimento, de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado. Neste momento não é autorizada a operacionalização do empreendimento.
3. Licença de operação (LO) - Será autorizada, para o início da atividade, bem como o funcionamento dos equipamentos de contrato requeridos, após as verificações, pelo órgão responsável do cumprimento dos condicionamentos da LI.
Os prazos de validade das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação estão previstos na Resolução CONAMA n° 237, de 19 de dezembro de 1997.
 Quem concede A Licença Ambiental
O Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997, estabeleceu os níveis de competência federal, estadual e municipal, de acordo com a extensão do impacto ambiental, devendo os empreendimentos e atividades serem licenciados em um único nível de competência.
No âmbito federal  o Ibama atua no licenciamento de grandes projetos de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um Estado, como estradas interestaduais, hidrelétricas, e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental.
No nível estadual, através de suas secretarias estaduais de meio ambiente, o quando os impactos atingem um ou mais municípios; quando localizados em áreas de preservação permanente; quando localizados em mais de um município; quando localizados dentro de unidades de conservação e quando delegados por instrumento legal ou convênio.  
O Município no caso de empreendimentos locais, com baixos impactos ambientais

Quem precisa se licenciar
Empreendimentos e atividades que utilizem recursos naturais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, ou que ainda, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, dentre as quais as que exercem as seguintes atividades:
  • extração de vegetais e extração de tratamentos de minerais;indústrias, agrícolas, pecuária, agro-industriais, de caça e pesca comercial;
  • toda e qualquer atividade ou sistema de coleta, transporte, armazenamento, tratamento e/ou disposição final de resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos)
  • instalação e/ou construção de barragens, portos e aeroportos, instalação de geração de energia, vias de transporte, exploração de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos
  • hospitais e casas de saúde, laboratórios radiológicos, laboratório de análises clínicas e estabelecimento de assistência médica e hospitalar
  • atividades que utilizem combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos
  • atividades que utilizem incineradores ou outro dispositivo para queima de lixo ou resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos)
  • atividades que impliquem na descaracterização paisagística e/ou das belezas naturais, de monumentos arqueológicos, geológicos e históricos, de contexto paisagístico/histórico ou artístico/cultural
  • atividades que impliquem na alteração de ecossistemas aquáticos
  • todo e qualquer loteamento de imóveis
  • atividades que impliquem no uso, manuseio, estocagem e comercialização de defensivos e fertilizantes
  • outras atividades que venham a ser consideradas pelo órgão com potencial de impacto ambiental.                                                                                                                                                     Base legal/Legislação
O licenciamento ambiental foi instituído no Brasil pela Lei 6.938/81. Este instrumento faz parte da Política Nacional de Meio Ambiente, e deve ser aplicado a atividades efetivas ou potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente, previstas nas Resoluções do CONAMA 001/86, 011/87, 006/88, 009/90, 010/90 e 013/90.
 A Resolução 237/97, Anexo I, Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao Licenciamento Ambiental, incorporou as atividades agropecuárias ao licenciamento ambiental.
A Portaria nº 203/01 MMA, em seu Art. 1º Instituiu o Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais na Amazônia Legal.
A Portaria nº 09/02 IBAMA estabeleceu o roteiro e as especificações técnicas para o Licenciamento Ambiental em Propriedade Rural e
a Portaria nº 303/03 do MMA estabeleceu o prazo de 1º de julho de 2004, para que as autorizações de desmatamento sejam liberadas somente mediante o Licenciamento Ambiental da Propriedade Rural.

Para saber mais
 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Parque da Liberdade (Cidade da Criança)

 Localização: Ruas General Bezerril, Pedro I, Pedro Pereira e Avenida Visconde do Rio Branco.
Área: 26.717,00 m²
no centro do Parque está a ilha do amor, onde se encontra um pequeno templo circular dedicado a Cupido, o mitológico deus do Amor. 




 A escultura do indio é obra do artista (pintor e escultor) Euclides Fonseca. É feita de cimento pintado, imitando bronze 






 O armazenamento de água de alguns parques e praças de Fortaleza eram feitos em tanques de ferro fundido, como esse que se encontra no parque da Liberdade, construído pela empresa Hopkins Causer & Hopkins 



Inaugurado em 13 de maio de 1890, o novo logradouro resultou da urbanização da Lagoa do Garrote, na administração estadual do coronel Luis Antonio Ferraz (1889-1891). 
 A lagoa recebia água de alguns riachos, inclusive do que vinha da lagoa existente na Praça da Lagoinha (Praça Capistrano de Abreu) e sangrava para o riacho Pajeú.
Foi denominado Parque da Liberdade em alusão a abolição da escravatura e depois, Parque da Independência, em 1922, no Centenário da Independência do Brasil, quando recebeu em sua entrada principal a grande estátua do índio, representando o Brasil quebrando os grilhões que o prendiam a Portugal.
Em 1923 passou por reformas e a antiga Lagoa do Garrote, que servia de repasto e descanso dos animais, ganhou discreta amurada, assumindo feições de lago artificial. Passou a ser chamado popularmente de Cidade da Criança em 1937, quando ali se instalou uma escola com esse nome, dirigido pela professora Alba Frota.
Em 1948, na gestão do prefeito Acrisio Moreira da Rocha (1948-1951), foi publicada uma lei mudando novamente o nome do Parque da Independência para Parque da Liberdade, restaurando assim, o antigo nome.
De  maio de 1954 a 1° de junho de 1976, funcionou  no local o Jardim Zoológico de Fortaleza, de propriedade do professor Onélio Porto.
Tombamento Municipal de 1991.

pesquisa:
Revista Fortaleza n° 10 
Cronologia Ilustrada de Fortaleza, de Miguel Ângelo de Azevedo (NIREZ)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Raimundo Ramos de Paula Filho – Ramos Cotoco


Raimundo Ramos de Paula Filho ou Ramos Cotoco (1871-1916)  – como era largamente conhecido por lhe faltar o braço direito – foi um dos mais populares artistas que o Ceará já produziu.Pintor, músico, e poeta lírico, Ramos Cotoco nasceu em Fortaleza e aqui viveu toda sua agitada vida boêmia.
Colorista inigualável, ninguém melhor que ele soube desvendar os segredos da combinação de tonalidades, da perspectiva aérea, da noção de profundidade. Suas paisagens eram apreciadas devido à poesia que trazia implícita; suas árvores pareciam mover-se; suas cachoeiras eram de uma leveza tal que davam a impressão de minúsculos lençóis de água.
Era o mágico dos pincéis, o soberano das cores.
Malsinado por seu estilo de vida desafiador, mas extremamente requisitado como artista, não lhe faltava trabalho: abria letreiros, fazia cartazes dos cinemas, pintava anúncios multicores de lojas de modas, armarinhos e casas de ferragens.
Quando atingiu o apogeu de sua popularidade como pintor, não havia alpendre ajardinado ou sala de jantar onde seu pincel mágico não desse o sinal de sua presença, valorizando com sua arte, ricos espaços internos de solares e bangalôs.
Apesar dos razoáveis ganhos financeiros que sua arte lhe proporcionava, nada amealhava, pois não abria mão de sua alegre boêmia. Largava o serviço cedo, pelas quatro da tarde, e caía na farra. Apostava no jogo do bicho, jogava sinuca, arriscava no carteado. Nas noites de lua, reunia os amigos na Praça do Ferreira para serestas que duravam a noite toda.   
Figura ímpar em Fortaleza, trajava-se com um paletó de estopa, talhada porém, pela melhor alfaiataria da capital – a Alfaiataria Amâncio – e de cuja lapela pendia o topázio de girassol – (no dizer de Otacílio de Azevedo, contemporâneo e amigo pessoal do artista).
Outras vezes andava mergulhado num surrado jaquetão de casimira azul, calças muito largas, boca-de-sino (que anos mais tarde se tornaria moda em Fortaleza), chapéu de palhinha raso, envernizado. 
Era descrito como excêntrico, fazendo questão de escandalizar os grã-finos da época, vestindo-se espalhafatosamente, bebendo, jogando e fazendo serestas sempre na companhia dos seus amigos diletos e também pintores José de Paula Barros e Antonio Rodrigues, no pleno exercício diário da boemia. 

Publicou em 1906 o livro Cantares Boêmios, por uma tipografia local, edição do autor. Ressalta-se nessa publicação sua qualidade de letrista. Na opinião de criticos que apreciaram a obra, provavelmente sua poesia não se firmaria como produção literária, sem o complemento da melodia.
Por isso o poeta acertou ao incluir muitas partituras de suas canções no volume de versos.
No Museu do Ceará, no espaço reservado ao Ceará Moleque, um painel reproduz uma famosa modinha de Ramos Cotoco:

O BONDE E AS MOÇAS

Na rua onde passa o bonde
Moça não pode engordar
Não trabalha, não estuda, não descansa...é um penar.
Se o bonde passa, está na janela:
Se o bonde volta,
Ainda está ela...
Namora a todos,
É um horror;
Aos passageiros
E ao condutor
Todas elas, sem exceção
Tem as mangas dos casacos
De viverem nas janelas
Todas cheias de buracos
Algumas eu tenho visto
Correrem lá da cozinha
Com a boca cheia de carne
Sujo o rosto de farinha
Outras, de manhã bem cedo,
Acordam atordoadas
Vem o bonde... elas já surgem
Com as caras enferrujadas.
As parelhas já conhecem
Estas moças de janelas
Quando passam se demoram
Para olharem para elas.

 teto do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Carmo



Teto do foyer do Teatro José de Alencar.

Mas foi na pintura que Ramos Cotoco mais se destacou. Seus trabalhos podem ser encontrados no Teatro José de Alencar, nos nomes e desenhos pintados sobre as grades dos camarotes, e nas alegorias em torno dos retratos de Carlos Gomes e de José de Alencar, no foyer do teatro.
São também de autoria de Ramos Cotoco as telas encontradas no teto do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora do Carmo e no prédio da Sociedade de São Vicente de Paulo, na Praça do Coração de Jesus.
Raimundo Ramos faleceu em 1916. Foi o maior artista plástico do seu tempo.

pesquisa:
Fortaleza Descalça, de Otacílio de Azevedo
Sábado - Estação de Viver, de Juarez Leitão

domingo, 26 de setembro de 2010

A Fortaleza que não existe mais

Prédio da Tesouraria Provincial
Casa que pertenceu a José Antonio Machado, adquirida pelo presidente Brigadeiro Joaquim Coelho  no dia 03 de novembro de 1842. A casa localizada entre a Rua da Ponte (Avenida Alberto Nepomuceno), Travessa do Quartel (Rua Dr. João Moreira), Rua do Quartel (General Bezerril) e Praça Caio Prado (Praça da Sé), fora construída por Joaquim Inácio da Costa Miranda, para instalação da Tesouraria Provincial. Depois da Tesouraria Provincial lá estiveram o Liceu do Ceará, os Correios, a Tipografia do Governo, o Arquivo Público, a Biblioteca Pública, a secretaria da Fazenda, o Museu Histórico e o Instituto do Ceará. Foi demolido para a construção do Fórum Clóvis Beviláqua, na avenida Alberto Nepomuceno.
Hoje o local tem o prosseguimento da Praça Caio Prado (da Sé).

 Casa Villar
Fundada no ano de 1854, iniciativa do comerciante João da Silva Villar. A loja ocupava todo o quarteirão da Rua São Paulo entre a Major Facundo e Barão do Rio Branco.
Em novembro de 1959, já pertencendo a Empresa J. Torquato & Cia. Ltda, mudou-se para a Rua Barão do Rio Branco, encerrando as atividades logo depois.

Quartel do Batalhão de Segurança

 Centro de Saúde do Estado
O prédio do Batalhão de Segurança, depois Escola Aprendizes Artífices foi inaugurado em 25 de março de 1867 no governo de João de Sousa Melo de Oliveira, na Praça Marquês de Herval, na esquina das Ruas General Sampaio com Liberato Barroso.
Com a transferência do Batalhão de Segurança para seu novo quartel, o prédio foi reformado para receber o Centro de Saúde do Estado. Hoje no local, está o jardim do Teatro José de Alencar


 Primeira Sede própria da Fênix Caixeiral
Inaugurado em 24 de junho de 1905, na esquina da Rua General Sampaio com a Guilherme Rocha, onde hoje se encontra o  prédio do SUS. O palacete com um andar superior e um porão tinha o acesso principal e a escadaria voltados para a Praça Marquês de Herval. Como fosse pequeno para abrigar as diversas dependências da associação e a sua escola de comércio, a instituição iniciou a construção de uma casa maior, no terreno da Rua 24 de maio esquina com a Rua Guilherme Rocha, onde estivera a residência do Comendador Antonio Nogueira Pinto Acioly.
 Residência do Comendador Nogueira Acioly.
Chamada “Chácara dos Leões”, foi totalmente incendiada e saqueada por populares no dia 09 de novembro de 1912, obrigando o velho governante e sua família a se refugiarem no quartel da escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará, na Jacarecanga.
As obras para a construção do novo edifício da Fênix Caixeiral foram iniciadas em 1914 e concluídas em  1915. O imóvel ficou em poder da Fenix até a década de 1970, quando a instituição vendeu a sede para terceiros e mudou-se para a Avenida do Imperador. Mais tarde, esse edifício também foi demolido
 Usina Gurgel. Depois Usina Ceará
Localizada na Avenida Bezerra de Menezes foi inaugurada em 12 de outubro de 1919, em solenidade que contou com a presença do presidente do estado João Thomé de Sabóia e Silva e outras autoridades. Foi demolida em e no local funciona um supermercado.

Sede do Superior Tribunal de Justiça
Inaugurado em 16 de junho de 1925, na Rua Barão do Rio Branco, 1200. Prédio com dois pavimentos, um porão, várias janelas de frente. Antes da última reforma levada a efeito no governo Menezes Pimentel, era um prédio de linhas clássicas, cinzento. A sua construção se deveu a Ildefonso Albano, embora tenha sido concluído no governo do Desembargador Moreira da Rocha.
Anteriormente existia no local uma casa antiga que pertencera ao Sr. Francisco Rossas, onde já funcionava o Tribunal, antes de sua demolição por Ildefonso Albano. Era uma casa antiga, com jardim em frente, onde fora instalado o primeiro grupo escolar da cidade, sob a direção da educadora Ana Facó.

Pesquisa:
ADERALDO, Mozart Soriano. História Abreviada de Fortaleza e Cronicas sobre a Cidade Amada. Fortaleza: UFC, 1998.
AZEVEDO, Miguel Ângelo. Cronologia Ilustrada de Fortaleza: roteiro para um turism histórico e cultural. Fortaleza: BNB, 2001.
Fotos: Arquivo NIREZ

sábado, 25 de setembro de 2010

Igreja de São Bernardo


No meio do corre-corre do centro, da profusão de vendedores ambulantes, de motoboys que estacionam suas motos praticamente na porta, dos transeuntes apressados que só percebem que aquele local tem uma igreja católica, quando começa alguma celebração, paira solene a Igreja de São Bernardo, localizada na confluência das Ruas Senador Pompeu com Pedro Pereira.
O interior é simples, calmo, tranqüilo, um contraste com a agitação lá de fora. Abre cedinho, e ao contrário de outros templos que ficam no centro, passa a maior parte do dia de portas abertas, como que a espera de fiéis que nunca encontram tempo para uma visitinha.


Sua História 
Em 1854 o Tenente Bernardo José de Melo construiu uma pequena igreja de taipa em honra de Nossa Senhora do Bom Parto.
No primeiro inverno, com a força das chuvas que caíram, a capela foi ao chão. Graças ao seu prestígio, o tenente Bernardo conseguiu um empréstimo do governo no valor de Oitocentos Mil Réis, para ser pago Cinqüenta mil Réis por ano.
Com esse dinheiro construiu a atual Igreja de São Bernardo, a qual sofreu um único acréscimo em relação a construção original: a sacristia, feita por Monsenhor Quinderé, durante os 40 anos como Reitor da igreja.
Inicialmente o povo chamava a Igreja do Seu Bernardo, que com o tempo mudou de Senhor para São. Ficou sendo a Igreja de São Bernardo, embora a devoção maior fosse em louvor a Nossa Senhora do Bom Parto.
Para justificar o batismo da igreja o Tenente Bernardo mandou vir da Espanha uma bela imagem de São Bernardo, que passou a ser o titular da igreja.


 A imagem de Nossa Senhora do Bom Parto ficou no altar lateral. É uma imagem antiga, com armação vestida de pano. Reza a tradição que as noivas ricas faziam promessa de doar seu vestido de casamento para vestir a imagem, e as noivas pobres pediam emprestado ou alugavam esses vestidos para os seus casamentos.
 A festa de Nossa Senhora do Bom Parto é celebrada no dia 2 de fevereiro de cada ano, com benção e procissão das velas.
 Ao Monsenhor André Camurça se devem algumas reformas feitas no interior da nave por ocasião do centenário, em 1954. Foi feita uma reforma geral. O antigo piso de madeira, estragado pela ação do tempo, foi substituido por mosaico.  
 As paredes foram recuperadas e pintadas
As cadeiras usadas pelos fiéis de todos os tipos, foram substituidas por bancos de madeira, como nas demais igrejas; os velhos altares da Sé, em demolição, foram aproveitados para a Igreja de São Bernardo. Assim o altar-mor era o antigo altar de São José e o de Nossa senhora do Bom Parto, era um altar lateral da Sé. 
A obra do Tenente Bernardo José de Melo encontrou continuadores na própria familia. Por ocasião do centenário da igreja, sua filha Belina doou para a igreja, uma casa vizinha, na Rua Senador Pompeu.

pesquisa:
As pouco lembradas igrejas de Fortaleza, de Eduardo Fontes

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Histórias do Ceará Moleque

Episódio 1

Os Bares e os Sanitários Públicos

O problema da disponibilidade de sanitário público sempre foi muito sério.
Os bares e restaurantes tinham de arcar com essa prestação forçada de um serviço que deveria ser de responsabilidade do poder público.
O Bar da Brahma gerenciado pelos irmãos Sebastião e Omar Coelho, ficava na Rua Floriano Peixoto. Muitos eram os freqüentadores da Praça do Ferreira que utilizavam o sanitário do Bar da Brahma, já que não havia banheiro público no logradouro.
Aquilo irritava a gerência que, para dificultar a romaria dos usuários, trancava o banheiro. Para utilizá-lo o pretendente teria que solicitar a chave no balcão.
Mas ainda assim, havia problemas: os usuários, por distração ou por maldade, depois de usarem o banheiro levavam a chave no bolso.
Quase todo dia os irmãos Coelho tinham que mandar arrebentar a fechadura e colocar outra. Um dia, porém, encontraram uma solução: arranjaram um chifre de boi e nele prenderam a chave do banheiro.
A partir daí nunca mais quiseram levar a chave.
No tempo em que o velho Mercado de Ferro funcionava na Praça Waldemar Falcão, havia no local um banheiro malcheiroso e destratado, que ainda assim, servia a todo mundo.
Para tentar diminuir o forte odor de urina, o administrador do mercado mandou instalar uma torneira ligada a um cano estendido ao longo do mictório, com uns furinhos para jorrar água, que lavava o sanitário após o uso.
Um gaiato torceu o cano para cima de modo que quando a torneira era aberta,  a água atingia a cara de quem estivesse usando o banheiro.
O boêmio Américo Pinto foi uma das vítimas desta brincadeira de mau gosto, mas não perdeu o humor e até aproveitou o incidente para fazer uma quadra:

Valha-me Nossa senhora
Que mictório indecente
Ao invés de se mijar nele
 Ele é que mija na gente.  

Episódio 2

A Barreira contra o Vicio

Barcovi era um freqüentador contumaz da Praça do Ferreira.
Era um desses moralistas empedernidos, apóstolo dos bons costumes, que levava a vida a combater os vícios do mundo e a importunar tudo quando era de fumantes, de bebedores, jogadores de baralho, de roleta.
O homem era tão chato que até relegou seu nome original e passou a se identificar por uma sigla: BARreira COntra o VIcio.
Certa tarde, nos anos 1950, num dos bancos da Praça do Ferreira, Barcovi viu um homem que fumava um cigarro atrás do outro.
Na verdade o homem acendia o cigarro no toco do que estava acabando. O Barcovi não perdeu tempo, aproximando-se do fumante inveterado, o militante contra o vicio estabeleceu o seguinte diálogo:
- estou observando o senhor há algum tempo e constato que o senhor é um adepto do tabagismo.
- É. O senhor, com certeza, é um bom observador. Gosto de fumar sim, e o faço há muito tempo.
- Há quanto tempo o senhor fuma? Posso saber?
- não estou bem certo, mas, acho que há uns 25 anos.
- o senhor sabe dos malefícios da nicotina, é claro. Mas falemos do bolso que é o lugar mais sensível do homem. Já calculou que, se tivesse economizado o dinheiro do cigarro, poderia ter construído um edifício como este? (e apontou para o prédio do Cine São Luiz, que acabara de ser inaugurado)
- Puxa é mesmo? – respondeu o fumante. E o senhor naturalmente não fuma, não é? E qual é a sua idade?
- Tenho 50 anos e nunca pus esse veneno na boca!
- somos da mesma idade. E como o senhor não fuma, deve ser o proprietário deste prédio!
- Não. Não sou. Ah, quem me dera!
- Pois eu sou. Meu nome é Luiz Severiano Ribeiro, o dono deste cinema.      

Extraído do livro
Sábado – Estação de viver, de Juarez Leitão.

Academia Cearense de Letras



  Sala Moreira Campos
Tomaz Pompeu de Sousa Brasil - 1° presidente da ACL




 Sala Artur Eduardo Benevides




 



Fundada em 15 de agosto de 1894, a Academia Cearense, ocupou inicialmente o edifício da Fênix Caixeral, na época ocupando andar superior do sobrado da esquina das Ruas São Paulo com Floriano Peixoto. 

Inicialmente era composta de 27 sócios efetivos, tendo como objetivos:
- Examinar e emitir parecer sobre teorias, problemas e questões da atualidade;
- Acompanhar o movimento intelectual dos povos cultos, adaptando as idéias mais úteis ao nosso meio, para melhoramento e engrandecimento do espírito humano;
- Estabelecer palestras e conferências;
- Trabalhar pelo levantamento da instrução, máxime do ensino profissional. Não visava tão somente as belas artes, e sim também, aos assuntos de ordem cientifica, filosófica, artística, educacional e social, inspirado no modelo da Academia de Ciências de Lisboa. 

A tradição de contar com 40 sócios, que se universalizou, foi adotada em 1922 por ocasião de sua reorganização, data em que passou a se chamar Academia Cearense de Letras.Reunia-se quinzenalmente, às terças-feiras à noite, no Edifício do Instituto do Ceará.
E é a mais antiga das academias de letras no Brasil, fundada três anos antes da  Academia Brasileira de Letras.
Desde 1989, a  Academia funciona no Palácio da Luz, doado por Lei, pelo então Governador do Estado Tasso Jereissati. A Academia Cearense de Letras fica na Rua do Rosário, Centro de Fortaleza.

Foram fundadores da Academia Cearense:

         Adolfo F. Luna Freire
      Alcântara Bilhar
       Álvaro de Alencar
         Álvaro Mendes
         Antônio Bezerra de Meneses
         Antonino Fontenele
         Antônio Teodorico Fiho
         Benedito Sidou
         Drumond da Costa
         Eduardo Salgado
         Eduardo Studart
         Farias Brito
         Francisco Alves Lima
         Franco Rabelo
         Guilherme Studart
         Henrique Théberge
         J. Fontenele
         José Carlos Júnior
         José de Barcelos
         Justiniano de Serpa
         Padre Valdevino Nogueira
         Pedro de Queirós
         Raimundo Arruda
         Waldemiro Cavalcante


Pesquisa:
BEZERRA DE MENEZES, Antonio. Descrição da Cidade de Fortaleza. Introdução e notas de Raimundo Girão. Fortaleza: Edições UFC, 1992.
Site oficial da ACL, disponível em:  http://www.ceara.pro.br/acl/INDEX.html