segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Palácio da Luz

Frente para a Rua do Rosário

O Palácio da Luz forma um vasto polígono com frentes para a Rua Sena Madureira, Praça General Tibúrcio, Rua do Rosário e fundos para a antiga Rua do Cajueiro, atual (Rua Pedro Borges).
Foi construído no final do Século XVIII, com auxilio de mão-de-obra indígena, para servir de residência do capitão-mor Antonio de Castro Viana. Em 29 de setembro de 1802, a câmara municipal pediu ao Príncipe Regente que mandasse arrematar o imóvel, ficando a câmara obrigada a pagar o seu valor com as sobras que pudesse ter anualmente.
Foi autorizada a arrematação, debitando-se a câmara o valor desembolsado, até a quitação do débito junto a Real Fazenda.
Para pagar o prédio, a câmara criou um imposto que se chamava Subsídio das Aguardentes, o qual consistia em pagar 4$000 por cada pipa de aguardente importada que desembarcasse em qualquer porto do termo da vila, até finalizar aquele pagamento, não se aplicando de forma alguma esse rendimento, a qualquer outra despesa.
O primeiro pagamento à Real Fazenda foi feito em 27 de novembro de 1802, e o último em 03 de novembro de 1807.

frente para a Praça General Tibúrcio

Ocorre que, tendo acontecido alguns furtos e arrombamentos em repartições do estado, o Governador Luis Barba Alardo de Menezes (1808-1812) transferiu as repartições para o palácio de sua residência, (que funcionava na Rua Sena Madureira, 42).
Depois escreveu à câmara municipal solicitando autorização para mudar-se para o prédio da câmara, onde podia exercer separadamente suas funções, alegando ainda, que era em favor do bom funcionamento da Real Fazenda.
Assim, em 1809, o governador passou a ocupar o edifício que pertencia à câmara municipal.
Em 12 de março, 26 de abril e 30 de junho de 1810, a câmara oficiou ao governador, pedindo-lhe o prédio, uma vez que era necessário que tivesse uma casa para suas sessões e guarda de arquivos.
Como não obtivesse solução a respeito, a câmara fez uma representação ao Príncipe Regente, queixando-se que o governador se apoderara da casa que lhe pertencia.
Continuou a câmara funcionando em prédio alheio até que em 1819, recebeu um oficio do governador Manuel Inácio de Sampaio (1812-1820) comunicando que fora aprovada por sua majestade a permutação feita pelo seu antecessor, ficando para a câmara, a antiga residência dos governadores.
De posse definitiva do prédio, o governo do estado promoveu diversas reformas em diferentes períodos. Uma das mais importantes foi promovida pelo Governador Inácio Correia de Vasconcelos (1844-1847).

frente para a rua Sena Madureira - foto Mauricio Cals
frente para a Rua Sena Madureira

Em 1847, como a chuva causasse grandes escavações no largo do palácio, a ponto de torná-lo quase intransitável, o presidente mandou fazer uma forte muralha, de 384 palmos de extensão para sustentar o aterro. Depois levantou pilares na referida muralha, guarneceu-a de assentos e grades de ferro, e colocou no centro, uma escadaria para dar acesso a rua de baixo.
Em 16 de fevereiro de 1892 os cadetes da Escola Militar do Ceará se revoltaram contra o então governador José Clarindo de Queirós (1891-1892), obtendo adesão das forças federais, que o depuseram na manhã do dia seguinte.
O Palácio da Luz, atingido por tiros de canhão, ficou seriamente danificado.

frente para a Rua Pedro Borges
frente para a Rua Pedro Borges

Na administração do governador José Parsifal Barroso (1960-1963) o Palácio da Luz perdeu parte da área que ocupava o seu jardim interno, para fins de prolongamento da Rua Guilherme Rocha até a Rua Sena Madureira. O projeto nunca se concretizou, e a parte perdida foi demolida e vendida a terceiros.
O imóvel ainda serviu de sede do Governo e residência do Governador até 1963, quando a sede do poder estadual foi transferida para uma casa na Rua Barão de Studart, 410.



nesta parte do edifício funcionavam o gabinete do governador, a sala do secretário, a da secretária, a do porteiro e duas mais onde ficava o arquivo. No lado do sul, a casa do governador, com todos os seus cômodos.




Na administração do Governador Francisco Xavier Paes Barreto (1855-1857), em 1856, foram feitos grandes serviços nas salas da frente, e o vice-governador Herculano Antonio Pereira da Cunha, no mesmo ano, reconstruiu o terraço, fez o jardim e os aterros do quintal.


no andar térreo do edificio, agora desativado, funcionava a Secretaria do Interior


Além de sede do governo do estado, o Palácio já abrigou a Biblioteca Pública, a Casa de Cultura Raimundo Cela e hoje, acolhe a Academia Cearense de Letras.
Tombamento Estadual de 1983.

fontes:
AZEVEDO, Miguel Ângelo de (NIREZ). Cronologia Ilustrada de Fortaleza: roteiro para um turismo histórico e cultural. Fortaleza: BNB, 2001.
BEZERRA DE MENEZES, Antonio de. Descrição da Cidade de Fortaleza. Introdução e notas de Raimundo Girão. Fortaleza, Edições UFC/PMF, 1992.
BRÍGIDO, João. Ceará (homens e fatos) Fortaleza, Edições Demócrito Rocha, 2001.

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