A
2ª. Guerra Mundial começou em 1939, quando a Alemanha nazista liderada por
Adolf Hitler invadiu a Polônia. Para os Estados Unidos o início do conflito foi
a 7 de dezembro de 1941, quando a Marinha Imperial Japonesa atacou a base
americana de Pearl Harbor, localizada no Havaí.
Para
o Brasil começou no dia 31 de agosto de 1942, quando Getúlio Vargas declarou
guerra ao Eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão), depois que submarinos
alemães, objetivando acabar com as rotas comerciais marítimas que ligavam
Brasil e Estados Unidos, atacaram e levaram a pique, diversos navios mercantes
brasileiros. A partir de então o Brasil passou a fazer parte da guerra, mas
antes de ir à luta, precisaria formar um exército, treiná-lo, armá-lo e mandá-lo
para um front.
antes de embarcar para o front, os brasileiros precisaram passar por um treinamento militar nos moldes dos soldados norte-americanos. Em Fortaleza o treinamento foi no 23 BC
Ficou
acertado que o Brasil enviaria três divisões de soldados, e tudo que envolvesse
uniforme, armamento, treinamento, além do envio das tropas para o campo de
batalha, seria de responsabilidade dos americanos já que eles estariam comandando
as tropas brasileiras.
E
começou o alistamento: sorteados e voluntários passariam por uma inspeção
médica para avaliação das condições de saúde dos futuros combatentes. Dos 200
mil convocados, cerca de 60 mil deveriam estar aptos. Das exigências básicas
para seleção estavam: pesar mais de 60 kg, altura mínima de 1,60 m e ter no
mínimo 26 dentes.
A
Força Expedicionária Brasileira e a divisão da força aérea, combateram na
Itália sobre os Apeninos Tosco-Emilianos. Os sucessos mais significativos foram
a conquista de Monte Castello, no território Bolonhês de Gaggio Montano, a
libertação de Montese e a captura entre Solecchio e Fornovo na província de
Parma, da 148ª divisão alemã.
O
maior número de perdas aconteceu em Montese e Monte Castello. A FEB era comandada
pelo general João Batista Mascarenhas de Moraes e foi agregada ao 5º exército
americano comandado pelo general Mark W. Clark. Contava com 25.334 homens, dos
quais 15.069 participaram ativamente dos combates. Chegaram à Itália, no dia 16
de julho de 1944.
Depois
de ocuparem algumas localidades na zona de Camaiore, os brasileiros que
começaram como força auxiliar ou de apoio, foram designados, em novembro do
mesmo ano, para um novo setor de guerra, o vale do Rio Reno, encontrando-se na
linha de frente. Monte Castello que se encontrava sob domínio alemão, resistiu
a quatro ataques das forças aliadas e foi conquistado pelos brasileiros, no dia
21 de fevereiro de 1945. No dia anterior, os homens da 10ª divisão de montanha haviam
expulsado os alemães do vizinho e mais importante monte, o Belvedere. Tomada a
encosta, os aliados pararam o avanço.
Do
alto daquelas montanhas controlavam parte do vale do rio Reno e parte do vale
do rio Panaro. A vizinha Montese cuja montanha Montello ao norte declinava velozmente
de encontro à planície com as cidades de Modena e Bologna estavam nas mãos dos
alemães. O ataque a este centro, que era mais uma “cidade fantasma” porque a população fora deslocada para outros locais, aconteceu no dia 14 de abril. Na madrugada daquele dia iniciaram
intensos bombardeios. Era o prelúdio de um ataque que se iniciou as 13:30hs. Com
pouco menos de duas horas do início da batalha, os soldados brasileiros
entraram na cidade de Montese.
Naquele
momento o principal objetivo era a conquista das vizinhas elevações ao norte,
montes Buffone e Montello. Passaram outros três dias de luta, com dezenas de
mortos de ambas as partes. Na noite entre os dias 18 e 19, os alemães se
retiraram. O cume do Monte Buffone tornou-se terra de ninguém e Montello nunca
foi conquistado pelos aliados.
Na Itália, o comandante da tropa, general Mark Clark e o comandante da FEB, general Mascarenhas de Moraes
Em
21 de abril, os soldados da FEB conquistaram Zocca e prosseguiram para Vignola,
Maranello, Sassuolo, Scandiano, e Montecchio. Chegaram às colinas da região de
Parma antes da Planície do rio Pó. De 26 a 30 de abril, entre Colecchio e
Fornovo, bloquearam a estrada onde se encontravam unidades alemãs pertencentes
a 148° divisão, que foram atacados pelos flancos, pela resistência que descia
os montes rumo ao norte.
Juntamente
com as tropas entregaram-se o general Otto Fretter Pico, comandante da 148°
Divisão e o general Mario Carloni, comandante da divisão da República Social
Italiana. Em rápida marcha, a FEB prosseguiu rumo a Placenza e Alessandria. Alguns
grupos chegaram à fronteira com a França.
Ao
final de 239 dias de campanha na Itália, as tropas brasileiras registraram 465
mortos, 2.722 feridos, 35 prisioneiros e 16 desaparecidos; capturaram 20.573
homens. Montese foi um dos municípios pertencentes a província de Modena, a
mais devastada durante a guerra, com 833 casas destruídas das 1.121 existentes,
189 civis mortos, além de 700 feridos ou mutilados em explosões de minas e
outros tipos de armas bélicas.
pracinha Sebastião Alves do Prado, em seu uniforme da FEB, na Itália em 1945. Participou ativamente da Batalha do Montese. Retornou ao Brasil logo depois do fim do conflito.
De
volta ao Brasil, os combatentes foram recebidos com honras e homenagens. Passada
a euforia pela volta, os agora ex-soldados queriam retomar suas vidas, seguir
em seus empregos de antes, voltar às suas rotinas. Porém, participar de uma
guerra não é um fardo leve para muitos homens, e logo surgiram problemas como
dificuldades de relacionamento não só no seio da família, mas também em
sociedade.
Ao
contrário de outras nações aliadas, as autoridades brasileiras não se
planejaram para dar assistência e trabalho aos ex-combatentes. Os que eram
militares de carreira sofreram algumas dificuldades de adaptação, mas retomaram
seus cargos e patentes, com todos os direitos e benefícios que a carreira
militar assegurava.
Quanto
aos expedicionários civis o tratamento dispensado foi outro: apenas promoveram a dissolução e desmobilização das unidades, e deixaram os homens sem trabalho, sem assistência médica ou
psicológica, com as famílias desestruturadas. Foram abandonados pelo governo.
Muitos anos após a volta para casa é que conseguiram direito a uma pensão que
pode ser estendida aos herdeiros.
Hermínio Aurélio Sampaio,
2° sargento do Exército, natural de Crateús. Faleceu no dia 12 de dezembro de
1944, na batalha de Monte Castello.
Francisco Firmino Pinho, 2º sargento do
Exército, natural de Quixeramobim. Faleceu no dia 11 de novembro de 1944, na
localidade de Valdidura.
Edson Sales de Oliveira, 3° sargento do exército,
natural de Jaguaruana. Faleceu no dia 14 de abril de 1945, na batalha de
Montese.
Francisco de Castro, 3º sargento do Exército natural do antigo
Distrito de São Bento, hoje município de Amontada. Faleceu no dia 22 de abril
de 1945 em ação de combate no povoado de Zocca.
João Custódio Sampaio, soldado
do Exército, natural de Caucaia. Faleceu no dia 22 de maio de 1945, em Parola,
20 dias depois do término da guerra para os brasileiros na Itália.
Cloves
da Cunha Pais de Castro, soldado do exército, natural de Assaré. Faleceu em
ação de combate, no dia 24 de janeiro de 1945, próximo a Vastelnuovo quando
participava de uma patrulha de reconhecimento de posições nazistas. Foi
enterrado em cova rasa pelos alemães, junto a outros dois companheiros.
Fontes:
Ximenes,
Raimundo Nonato. De Pirocaia a Montese: fragmentos históricos. Fortaleza: 2004.
388p.
Soldados
do Vale: a história de homens do interior do Ceará que lutaram na Segunda
Guerra Mundial. Autor Antônio Marloves Gomes Vieira Júnior. Disponível em >http://uece.br/eventos/eehce2014/anais/trabalhos_completos/103-9148-30072014-205757.pdf<
consulta em 06/11/2019
fotos do livro "De Pirocaia a Montese e sites da Internet