Até por volta do Século XIX a área que hoje pertence ao bairro Henrique Jorge - que nessa época não era definido geograficamente - fazia parte da Parangaba, a antiga Vila Nova do Arronches. Nesse período a Parangaba se destacava como ponto intermediário no transporte de gado, com a estrada do Barro Vermelho-Parangaba, estrada essa que ligava o bairro Antônio Bezerra a Parangaba.
Casa do pai de Rachel de Queiroz, no antigo Sítio Pici.O casarão quase centenário está localizado na Rua Antonio Ivo. A área do sítio foi loteada nos anos 1970, expandindo assim os limites do bairro. (foto Fortaleza em Fotos)
Nos anos 1920, o advogado Daniel de Queiroz Lima, pai da escritora Raquel de Queiroz, adquiriu o Sitio Pici, localizado naquele ermo, que passou a ser utilizado como local de veraneio para sua família. Depois disso, a ocupação deu-se lentamente. Os primeiros moradores encontraram um lugar com muito mato, muita vegetação, poucos vizinhos e nenhuma estrutura.
trecho Antônio Bezerra/Caucaia da antiga estrada do Barro Vermelho, hoje correspondente a Avenida Mister Hull (arquivo Nirez)
Na década de 50 já existia no bairro o Núcleo Residencial Getúlio Vargas, conhecido como "Vila dos Sargentos", destinado aos sargentos do Exército que serviam no 23° Batalhão de Caçadores.
Ainda na década de 50, paisagem começou a se transformar radicalmente, quando em 1952, a Prefeitura de Fortaleza fez a doação de um grande terreno para construção de um conjunto de casas populares, sob responsabilidade da Fundação da Casa Popular, ficando a cargo da prefeitura a urbanização, pavimentação e energia. Daí surgiu o Conjunto Habitacional Casa Popular, constituído de 456 unidades residenciais.
A Fundação da Casa Popular era uma entidade do governo federal voltada para a construção de moradias populares, criada no dia 1° de maio de 1946, no governo do presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951). Tinha alcance nacional e pregava a importância do trabalhador tornar-se proprietário de sua moradia. Visava angariar apoio das camadas de rendas mais baixas, através da facilidade de obtenção da casa própria. A Fundação construiu em Fortaleza um total de 526 casas populares, distribuídas em dois conjuntos habitacionais.
O imenso conjunto habitacional acabou por emprestar o nome ao bairro que se formava, que passou a ser chamado Casa Popular. As casas do conjunto residencial formavam um quadrado que abrangiam desde as ruas Heribaldo Costa até a Audízio Pinheiro e a Rua Paissandu (atual Porto Alegre) até a Paulo Lopes.
No mais, ao redor, tudo era mato. As ruas eram de terra, a água encanada era salobra, e as mulheres lavavam roupas na Lagoa da Parangaba. O transporte coletivo só chegava até o vizinho bairro Jóquei Clube, o que demandava em longas caminhadas. Havia também a limitação imposta pelo Maranguapinho, nessa época, um riacho de águas cristalinas, e quem precisava atravessar, fazia uso de balsa.
imagem: Francisco Edson Mendonça Gomes - Google
No final dos anos 50 foi iniciada a construção da Igreja do Imaculado Coração de Maria, em terreno doado por um antigo morador e construída com doações e arrecadação de materiais. Antes da existência do templo, as missas eram celebradas no local onde hoje se encontra a Praça Afonso Pena, à sombra das mangueiras e cajueiros. Os fiéis levavam tudo: cadeiras, mesas, altar, imagens, etc. Os celebrantes vinham de outras localidades ou de outras paróquias. O primeiro registro da igreja é de 1981.
Maestro Henrique Jorge, com sua mulher Júlia e a filha Isolda no Passeio Público, 1908. O nome do bairro é uma homenagem ao maestro (arquivo Nirez)
No início da década de 1960, o bairro Casa Popular ganhou uma nova denominação (Lei nº 2.487, de 29/10/1963): Henrique Jorge, nome do pai do ex-deputado, ex-governador do Estado entre 1955 e 1958 e ex-senador da República Paulo Sarasate. Henrique Jorge, músico e regente foi o fundador do Conservatório de Música Alberto Nepomuceno.
Nos anos 60 o bairro já havia sido beneficiado com alguns equipamentos como o Colégio Mariano Martins, o Centro Educacional Demócrito Rocha, um Posto de Saúde, a Maternidade Argentina Castelo Branco e linhas de ônibus.
A denominação das ruas do bairro eram em sua maioria, o nome de capitais brasileiras. Mas ultimamente alguns nomes foram trocados para prestar homenagens a personalidades ilustres. Assim a antiga Avenida Brasília, a principal do bairro, agora é a Avenida Senador Fernandes Távora; a antiga Rua Salvador teve o nome modificado para Eurico Medina, que foi líder comunitário atuante no bairro; a Rua Recife perdeu o nome para Audízio Pinheiro, proprietário de uma fábrica de têxteis, localizada naquela rua.
Estrada do Pici (imagem Google)
Do período da formação daquela região, ainda é possível se ver o restante da antiga estrada do Barro Vermelho, que atualmente é conhecida como Estrada do Pici e que é um dos limites do bairro.
O Bairro Henrique Jorge está localizado no Distrito de Antônio Bezerra - Área da regional III. Limita-se com os seguintes bairros: ao Norte: Dom Lustosa e Pici; ao Sul: João XXIII; a Leste: Jóquei Clube e a Oeste: Autran Nunes e Genibaú.
De acordo com o IBGE (Censo Demográfico de 2010) conta com 26.994 habitantes, distribuídos em 7.816 domicílios.
pesquisa:
Marcia Maria da Silva
Trajetória de Vida dos Velhos Moradores do Bairro Henrique Jorge.
Monografia submetida à aprovação do Curso de Bacharelado em Serviço Social da Faculdade Cearense, FaC, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Prof.ª Ms. Valney Rocha Maciel
Fortaleza - Ceará 2014
Trajetória de Vida dos Velhos Moradores do Bairro Henrique Jorge.
Monografia submetida à aprovação do Curso de Bacharelado em Serviço Social da Faculdade Cearense, FaC, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Prof.ª Ms. Valney Rocha Maciel
Fortaleza - Ceará 2014
Thêmis Amorim Aragão
Influência das Políticas Habitacionais na Construção do Espaço Urbano Metropolitano de Fortaleza - Histórias e Perspectivas.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Planejamento Urbano e Regional.
Rio de Janeiro - 2010
Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Nirez
Influência das Políticas Habitacionais na Construção do Espaço Urbano Metropolitano de Fortaleza - Histórias e Perspectivas.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Planejamento Urbano e Regional.
Rio de Janeiro - 2010
Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Nirez
Wikipédia
IBGE