quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Fortaleza dos anos 40: O Cordão das Coca-Colas

Estoril por Tarcisio Garcia
acrílica sobre tela


As “coca-colas” surgiram com a chegada dos soldados americanos que instalaram uma base aérea em Fortaleza no início dos anos 1940, durante a 2ª. Guerra mundial. Eram moças em geral bem-nascidas, provenientes de famílias tradicionais, que viviam bem e não tinham problemas financeiros, que namoravam os soldados americanos.
Tratava-se de um grupo de mulheres muito bonitas, elegantes, vistosas, educadas, de mentalidade evoluída, obrigadas a viver numa pequena cidade provinciana, sem maiores opções de diversões ou lazer. Os soldados americanos representavam essas opções que as moças buscavam, pois ajudaram a mudar a rotina e a vida desmotivada que levavam na cidade.
Ganharam o apelido “coca-colas” por terem o privilégio de tomar o famoso refrigerante americano, numa época que o mesmo não existia na cidade e só era conhecido através dos filmes.
De modo geral sabe-se que as guerras geram tragédias e necessidades, sendo uma delas a prostituição de jovens como única maneira de obter recursos para si e para os seus familiares. Não era, no entanto, o caso das “coca-colas” que queriam apenas ser diferentes, viver novas aventuras e não serem obrigadas a namorarem com os rapazes locais.
O cenário dos encontros era no velho Estoril na Praia de Iracema, local que os soldados americanos transformaram em base, e onde o cordão das alegres “coca-colas” participava de festas que entravam pela madrugada e pareciam não ter fim.
Mas as moças pagaram o preço pela ousadia de desafiar a moral e os bons costumes da época: foram vítimas de preconceitos, isoladas pelas famílias, discriminadas pela sociedade.
Terminada a 2ª. Guerra no ano de 1945, os soldados americanos retornaram ao seu país e as “Coca-Colas” ficaram desativadas. Mas continuaram a desfilar seu charme e sua elegância pelas ruas de Fortaleza, para desespero das respeitáveis matronas, guardiãs da sagrada moral cristã.


Extraído do livro: Royal Briar: a Fortaleza dos anos 40
Autor: Marciano Lopes

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Qual é o Bairro?


Esta é a Rua Padre Ambrósio Machado.
Para Os Correios, via CEP, a rua está situada no bairro Vila União;
Para a Prefeitura de Fortaleza o bairro é o Parreão;
Para os moradores, a rua está no bairro do Montese.
É muito bairro pra pouca rua.

sábado, 22 de agosto de 2009

Fortaleza bela e Arborizada

Rua Antonio Correia Lima, Montese
Plantio de Nim. O novo paradigma
De repente, não mais que de repente, as ruas de Fortaleza estão ficando belamente arborizadas. O preferido neste súbito surto de florestamento é o NIM, (Azadirachta indica) planta originária da Índia, introduzida no Brasil em 1982.
Trata-se de uma árvore que, em poucos anos, atinge mais de 10 metros de altura. Produz os primeiros frutos entre 2 e 5 anos depois do plantio e nas condições do Nordeste chega a produzir duas safras anuais.
Desenvolve-se bem em regiões semi-áridas, por ser resistente à seca e suportar temperaturas elevadas, adaptando-se facilmente a diferentes tipos de solos. No sertão nordestino árvores de Nim proporcionam sombra acolhedora e favorecem um micro-clima agradável.
Ressalte-se que, apesar de estarem na via pública, as árvores estão sendo plantadas em sua maioria, pela população. A prefeitura só colocou algumas nos canteiros centrais de avenidas que estão sendo recuperadas

Os Primórdios da Legislação Ambiental

Quando o Brasil foi descoberto em 1500, já existia em Portugal uma legislação de proteção ao meio ambiente. A época vigorava as denominadas Ordenações Afonsinas de 1446, que classificava o corte de árvores frutíferas como crime de injúria ao rei.
A essas ordenações seguiram-se as ordenações Manuelinas de 1521, que reiteraram a proibição do corte de árvores frutíferas, proibiram a comercialização das colméias sem a preservação das abelhas e a caça de perdizes, coelhos e lebres por meio capazes de causar sofrimento aos animais.
Depois das Ordenações Manuelinas vieram as Ordenações Filipinas em 1603, que reafirmava as proibições das Manuelinas e determinava que aquele que cortasse árvore frutífera pagaria o triplo de seu valor ao respectivo proprietário. E na hipótese de o valor do dano ser igual ou superior a trinta cruzados, a pena para o infrator era o degredo perpétuo para o Brasil.
As Ordenações Filipinas proibiam, ainda, que se lançasse material que pudesse sujar as águas dos rios e lagoas, ou que pudesse causar danos a fauna ou a flora aquática.
Com relação às normas elaboradas pela Coroa Portuguesa especificamente para a colônia, a primeira iniciativa foi em 1542, com a Carta-Régia que estabelecia normas disciplinares para o corte de pau-brasil. Quem desperdiçasse a madeira seria punido.
A preocupação maior era com a evasão sem controle de riqueza representada pelo pau-brasil, mas que indiretamente beneficiou as florestas no Brasil.A medida não surtiu efeito: estima-se que em 1588, 4.700 toneladas de madeira já haviam passado pela aduana portuguesa.
Então em 1605, foi estabelecido o Regimento sobre o Pau-Brasil, que previa a pena de morte para quem explorasse o pau-brasil sem expressa autorização real ou do provedor-mor.
A exploração predatória do pau-brasil.

Pau-brasil é uma designação que abrange várias espécies de árvores do gênero Caesalpinia. As mais comuns delas são a Caesalpinia sappan e a Caesalpinia echinata

A exploração da árvore do pau-brasil veio a ser a primeira atividade econômica exercida pelos portugueses em território brasileiro. Durante muito tempo, no período da colonização, a madeira era exportada para a Europa para se extrair uma tinta vermelha usada para colorir roupas (na época era muito raro encontrar formas de se obterem roupas com cores diferentes).

A extração era fácil, pois o pau-brasil estava localizado em florestas adjacentes ao litoral e havia um intercâmbio permanente com os índios, que talhavam e conduziam as toras em troca de mercadorias européias tais como facões, machados. Espelhos, tecidos entre outras coisas.

A resina vermelha era utilizada pela indústria têxtil europeia como uma alternativa aos corantes de origem terrosa e conferia aos tecidos uma cor de qualidade superior. Isto, aliado ao aproveitamento da madeira vermelha na marcenaria, criou uma demanda enorme no mercado, o que forçou uma rápida e devastadora "caça" ao pau-brasil nas matas brasileiras.

Em pouco menos de um século, já não havia mais árvores suficientes para suprir a demanda, e a atividade econômica foi deixada de lado, embora espécimens continuassem a ser abatidos ocasionalmente para a utilização da madeira (até os dias de hoje, usada na confecção de arcos para violino e móveis finos).

O pau-brasil ainda é encontrado na Mata Atlântica partir do Rio de Janeiro até o extremo nordeste. O município pernambucano de São Lourenço da Mata possui hoje a maior reserva nativa da espécie. A Reserva Tapacurá possui aproximadamente 100 mil pés de pau-brasil.

Fontes: Revista Com Ciência
http://maanet3.marcondes.com.br/php/site/art_det.php?d=47&tipo=2&PHPSESSID=042e044497f658f3e438cbef6b254744
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3845

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Juventude Roubada


Ta lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador
Veio camelô vender anel, cordão, perfume barato
Baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
E a moçada resolveu parar e então...
Ta lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou num time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime

De frente pro crime
João Bosco e Aldir Blanc

A cena acontece todos os dias em Fortaleza e é mostrada para quem quiser ver, naqueles programas policiais que passam na TV, bem na hora do almoço.As vítimas são cada vez mais jovens: 16, 14, 13, 12 anos.
O perfil é o mesmo: meninos, moradores de bairros periféricos, membros de gang, usuários de crack, autores de grandes e pequenos delitos, que no intuito de conseguir recursos para o sustento do vício, matam e morrem, literalmente.
Os assassinos maioria das vezes são tão jovens quanto os assassinados, mesmo perfil, participante de uma gang rival ou contratado por traficantes maiores e invisíveis para tirar de circulação os inadimplentes do tráfico.
A repetição é tamanha, que ninguém mais fica chocado ou lamenta o fato de alguém tão jovem, ser abatido a tiros, no meio da rua:Nem os repórteres que cobrem a noticias; nem os funcionários que fazem a pericia; nem policiais que registram a ocorrência, nem os vizinhos, que indiferentes, fazem festa ao redor do corpo e saúdam as câmeras de TV exibindo caras e bocas, acostumados que estão à realidade do lugar em que vivem; nem a família, que à exceção da mãe, fala da morte do parente, de olhos secos, na voz um alívio mal disfarçado e um conformismo de quem sabe que o fim da história nunca poderia ser diferente, e nem os senhores telespectadores, que só pensam no desconforto de ter de tomar conhecimento desses fatos desagradáveis justo na hora do almoço.
Mas a maior insensibilidade para o problema vem do poder público. E não me venham com o velho discurso, que a sociedade tem sua parcela de responsabilidade, que se cada um fizer sua parte
Política pública é dever do Estado, que recolhe altos impostos, portanto, dispõe de recursos para contratar profissionais qualificados; para equipar clinicas ou espaços alternativos; para patrocinar tratamentos de desintoxicação; para disponibilizar escolas de boa qualidade;para cumprir as disposições quanto a apreensão de jovens delinquentes do Estatuto da Criança e do Adolescente.
É o Estado quem reúne todas as condições para oferecer alternativas que deem aos jovens moradores da periferia a oportunidade de se inserir na sociedade com dignidade e segurança.
Sem essas providências continuaremos a assistir impávidos, deitados em berço esplêndido o auto-extermínio de meninos, que mal chegaram à puberdade, que por falta de perspectivas, veem como única saída, o caminho que leva à destruição e à morte.
Mas quem se importa? 

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Bairros de Fortaleza: O Siqueira



Os bairros de Fortaleza não têm limites definidos. Se essa indefinição interbairros já causa transtornos para a população, a situação se agrava quando a incerteza ultrapassa as fronteiras do município. A questão seria facilmente resolvida se, as placas que assinalam o nome da rua indicassem também o nome do bairro, mas, para que facilitar?
Quem se encontra nessa situação de indefinição de seus limites é o bairro do Siqueira, localizado na zona sul de Fortaleza. Há mais de 30 anos os moradores não sabem a que município pertence, se a Fortaleza ou a Maracanaú.
O limite entre os dois municípios foi estabelecido por uma lei na década de 1950 e indicava três marcos como limites entre Fortaleza e Maracanaú: o riacho Urucutuba, o sangradouro da lagoa do Jari e o sangradouro da Lagoa do Mingau. Até aí o Siqueira pertencia a Fortaleza. Quando o IBGE estabeleceu os limites do bairro desconsiderando a Lagoa do Jarí como marco, o impasse começou. Esses pontos de referências estão soterrados e não existem mais.
Enquanto a burocracia municipal das duas cidades não decide sobre suas respectivas jurisdições, os moradores do Siqueira sofrem com a falta de serviços essenciais, onde os setores de transportes, saúde e saneamento são os mais afetados, sofrem dupla cobrança de impostos, principalmente o IPTU, contradições no domicilio eleitoral, já que existem casos de pessoas residirem no mesmo endereço e votarem em municípios diferentes.
Essa confusão entre os limites das duas cidades não confunde só a população, mas também o poder público, que reluta em iniciar obras ou promover melhorias sem saber ao certo se está atuando em sua jurisdição.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Personagens de Fortaleza: O Carreirinha

O Carreirinha era uma figura que durante muitos anos freqüentou as ruas do bairro de Otávio Bonfim, talvez morasse mesmo por lá. Era baixo, gorducho, tinha algum tipo de retardo mental, estava sempre descalço e usando as mesmas roupas. Gostava de ser chamado de Carreirinha. Quando era chamado por esse nome, corria, de braços abertos, com um sorriso de satisfação estampado no rosto.
Mas o Carreirinha tinha outro apelido e desse ele não gostava. Quando a molecada queria irritá-lo, chamava-o de Colorau. Quem chamava já podia iniciar a fuga, porque a perseguição era certa e movida a pedradas.
Nunca soube o nome do Carreirinha, de onde vinha nem para ia. Tampouco sei que fim levou. Mas por certo ainda vive na lembrança dos que o conheceram.

Fortaleza, a 5ª capital

Praia do Futuro
De acordo com estimativa do IBGE, Fortaleza já conta com 2.505.552 habitantes e é a quinta capital do País, atrás de Brasília, Salvador, Rio de janeiro e São Paulo.
No rastro do aumento da população, podemos esperar a piora dos serviços públicos, o aumento do número de excluídos dos serviços de saúde e educação, maior número de moradores em áreas de risco e em favelas, maior número de desempregados, mais engarrafamentos, mais filas, e mais violência urbana. 
Beneficiados mesmo, como sempre, só os políticos, já que o número de vereadores e deputados é função do número de habitantes.
Então agora é só esperar o aumento também do número de vivaldinos estaduais e federais.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Bosque General Eudoro Corrêa




O Bosque General Eudoro Corrêa é também conhecido como a Praça do Hospital Militar ou a Praça das Flores, isso porque funciona no local, uma das mais tradicionais feiras de flores e plantas da cidade.
Localizado no bairro da Aldeota, uma das áreas mais nobres de Fortaleza, o bosque ocupa uma área de 25000 metros quadrados entre as Avenidas Desembargador Moreira e Padre Antônio Tomás e as ruas Barbosa de Freitas e Eduardo Garcia.
O local, muito aprazível, é uma das maiores áreas verdes da Aldeota, com vários ipês, cajueiros, paus-brasil, bambus, mangueiras, além de outras espécies de grande porte, e da grande diversidade de flores e pequenas plantas comercializadas pelos floristas.
Como em todo espaço público da cidade, o bosque é repleto de gatos, mas ao contrário do que acontece na maioria dos casos, aqui os próprios comerciantes que atuam no local, num claro sinal de respeito por todos os seres vivos, alimentam e não permitem maus-tratos aos indefesos bichanos.
O bosque é bastante utilizado para a prática de caminhadas principalmente no inicio da manhã e fins de tarde. Há registro de ocorrências de furtos e roubos contra a pessoa, praticadas por malandros que rondam o local.
O nome é em homenagem ao General de Divisão Eudoro Corrêa, que comandou o Colégio Militar do Ceará no período de 1923 a 1936.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Fortaleza e a (In) Segurança Pública


Só em Fortaleza, na semana de 03 a 09 de agosto de 2009,
65 veículos foram roubados ou furtados;
28 pessoas foram roubadas ou furtadas,
18 estabelecimentos comerciais foram assaltados; e
2o pessoas foram assassinadas.
Diante desse quadro de violência que assola a cidade, até os quartéis, que em tese, são ilhas de segurança, trataram de se proteger, agora as cercas em espiral estão em todas as unidades .
O recado está dado: Salve-se quem puder.

Fortaleza privatizada

As calçadas são destinadas a circulação de pedestres. Isso na teoria, porque na prática, em Fortaleza, esse espaço há muito não pertence mais a quem anda a pé.
As calçadas e vias públicas são utilizadas como estacionamento, para exposição de mercadorias, para colocação de mesas e cadeiras por bares e restaurantes, isso quando não são simplesmente invadidas por construções irregulares.
Fortaleza tem uma Lei de Uso e ocupação do Solo que é ignorada tanto pela população, quanto pela prefeitura, representada por seus órgãos e regionais.
A privatização dos espaços públicos está presente em várias atividades, e em muitos empreendimentos, que uma vez estabelecidos, funcionam abertamente sem que sofram qualquer fiscalização ou questionamento por parte do poder público e de suas instâncias, que não coíbem os abusos e não justificam para que foram criadas.


A Avenida Gomes de Matos, principal avenida do Montese é conhecida pela desorganização e pelo grande fluxo de veículos além de ser corredor de ônibus. Mas veículos particulares estacionam sobre os passeios e os pedestres são obrigados a andar pela pista, com sério risco de sofrer atropelamento. A AMC, certamente, não conhece a Gomes de Matos.

Aqui ambulantes ocupam a calçada. Quando o poder público se omite, cada qual faz sua lei. Vence o mais forte.
Essa é no bairro da Parangaba. O muro da fábrica invadiu o espaço público, e a calçada que restou mede, no máximo, 30 cm. Quando chega à altura do poste, não tem alternativa: o pedestre tem que andar pela pista de rolamento, dividindo espaço com os veículos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

quem é mais?


quem estaciona em porta de garagem
ou
quem exibe um aviso nesses termos?

A culpa é nossa. A culpa é minha

Imagem: cabarceno.iespana.es/hienas.htm

A cena é dantesca, protagonizada por atores patéticos e de quinta:
Um político ultrapassado, velho de idéias e de ações
- que já tinha sido apeado do poder -
tremendo e babando como um cão raivoso, apontando o dedo e cobrando,
como se proprietário fosse de algum resquício de moral, que lhe permitisse cobrar o que quer que seja a quem quer que fosse.
O segundo, também afastado da chefia da sinecura,
por escândalos que misturaram no mesmo caldeirão, desvio de dinheiro, corrupção ativa, amantes, vacas e chifres,
defendendo com sua moralidade peculiar os atos de seu chefe/comparsa
que repetiu no mesmo cargo as mesmas práticas imorais que decretaram a queda do seu agora defensor.
E um terceiro, acuado entre as muitas hienas figurantes que habitam o picadeiro, impotente, solitário a pregar moralidade nesse circo dos horrores.
Nesses tempos obscuros, quando a lama já não cessa de escorrer do centro do poder e se espalha pelo país inteiro, nada como os versos de Brecht para lembrar a quem cabe a responsabilidade pela volta e pela permanência dessa cambada de vigaristas, que assaltam os cofres públicos, legislam em causa própria, e mancham o nome do Brasil .
O ANALFABETO POLÍTICO

O pior analfabeto
É o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo da vida
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht (1898-1956)