Governador Faustino de Albuquerque
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As décadas de 1940 e 1950 foram de muitas lutas sociais de muita repressão no Ceará, principalmente em Fortaleza. Greves dos operários das fábricas de tecidos de Fortaleza por aumento de salário; greve geral em Camocim contra a retirada dos trens da RVC; organização e luta dos trabalhadores do campo e contra a exploração patronal e pela reforma agrária; luta das mulheres contra o alto custo de vida, contra o envio de soldados brasileiros para a Guerra da Coréia e pela paz; luta dos estudantes e de todo povo em defesa da campanha O Petróleo é nosso.
trecho da Praça José de Alencar, anos 1950. A partir da esquerda o conjunto arquitetônico do Centro de saúde, o Theatro José de Alencar e o Lord Hotel. O bloco frontal do Theatro encobre o antigo prédio da escola Normal. A Praça era um dos locais prediletos para panfletagens e comícios-relâmpagos dos militantes ligados ao Partido Comunista (arquivo Marciano Lopes)
Saído da clandestinidade em que se encontrava desde o seu surgimento – no ano de 1922 – o Partido Comunista, depois de breve período de legalidade, retornava ao mesmo status de antes – a clandestinidade. A ilegalidade servira-lhe para esclarecer o povo acerca dos seus objetivos e aumentar consideravelmente suas bases.
A Sede do PC em Fortaleza, sempre cheias de militantes, ficava no cruzamento das Ruas Guilherme Rocha com Barão do Rio Branco. O campo de ação eram as Praças do Ferreira e José de Alencar, onde aconteciam os comícios-relâmpagos, as panfletagens e as pichações.
Vivia-se a época do culto à personalidade. A data de aniversário do líder Luís Carlos Prestes, Secretário Geral do Partido, apesar da repressão policial, era festivamente comemorada pelos militantes, com foguetórios, pichações e bandeiras vermelhas no alto dos prédios.
Para o cumprimento dessas tarefas, geralmente arriscadas, destacavam-se os militantes da juventude comunista. No dia 3 de janeiro de 1951, além da tradicional queima de foguetes e das panfletagens na Praça do Ferreira, foram hasteadas bandeiras vermelhas no alto da Rotisserie, e do prédio em construção do Cine São Luiz, verdadeira temeridade.
Numa das ações ousadas do Partido, militantes colocaram uma bandeira vermelha no alto do prédio da Rotisserie, na Praça do Ferreira. (arquivo Nirez)
Contudo, de todos esses desafios contra o governo, o que obteve maior repercussão, pela audácia, foram as pichações exigindo a renúncia do presidente da República. Certa noite, logo após o fechamento do Partido, em 1948, as praças do Ferreira e José de Alencar foram inteiramente pichadas com frases exigindo a renúncia do presidente Eurico Gaspar Dutra, e denunciando a interferência americana na política interna do Brasil.
Com efeito, o ato proibitório do General Dutra valia como o engajamento do seu governo na guerra fria desencadeada pelos americanos com a antiga União Soviética e o socialismo.
Ações de massa mais enérgicas não se fizeram tardar.
No ano seguinte, em agosto de 1949, o partido conclamava a população de Fortaleza a impedir a realização de um congresso dos integralistas, dirigido por Plínio Salgado, no Teatro José de Alencar. O presidente Dutra havia solicitado ao governador Faustino de Albuquerque (1947-1951), que garantisse a realização do evento.
no hall de entrada do Theatro José de Alencar foi assassinado Jaime Calado, um dos dirigentes do partido em Fortaleza. (Foto inicio da década de 1940 - Aba Film)
No hall do teatro, após um confronto com os integralistas, o dirigente comunista Jaime Calado foi assassinado a tiros. O crime serviu para acirrar ainda mais os ânimos. Convocada pelo partido, por parlamentares e por entidades democráticas, uma multidão com cerca de 10 mil pessoas se fez presente na Praça José de Alencar, a fim de protestar contra o congresso integralista, e a presença de Plinio Salgado em Fortaleza.
Faustino de Albuquerque, dando cumprimento ao compromisso assumido com o presidente Gaspar Dutra, não hesitou em jogar o Esquadrão de cavalaria e toda a polícia contra os manifestantes. Durante horas, polícia e manifestantes se enfrentaram na praça. Os discursos foram interrompidos e a população dispersou-se, deixando um saldo de dezenas de feridos.
Fonte:
Alberto S. Galeno