quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Histórias Irreverentes da Fortaleza Antiga: O Bode Yoyô

Um dos tipos mais populares e queridos da Fortaleza antiga foi, incontestavelmente, o Bode Yoyô. Ele foi trazido para Fortaleza na seca de 1915 por um retirante do sertão, e oferecido à venda de porta em porta.
Foi comprado por uma quantia irrisória pela firma Rossbach Brazil Company, empresa inglesa instalada na Praia de Iracema, cujos armazéns ficavam nas imediações da alfândega.
Ali o Bode Yoyô passou a viver sua vida de boêmio, primeiro somente pela praia, e mais tarde, pela cidade inteira.
Diariamente se dirigia à Praça do Ferreira, na época centro cultural da cidade, onde funcionavam os principais cafés da cidade.
Em pouco tempo ficou conhecido e se tornou popular, mas ninguém o incomodava, nem mesmo os fiscais municipais quando dos seus costumeiros passeios diários pelas ruas da Fortaleza.

Muitas histórias são contadas sobre o bode que bebia cachaça e tinha preferência por moças. Yoiô participou de atos políticos em coretos, praças e saraus literários, comeu a fita inaugural do Cine Moderno, assistiu peça no Teatro José de Alencar, passeou de bonde, perambulou pelas igrejas e até pela Câmara Municipal.

Morreu em 1931 mais de velhice do que de outra coisa. Sua morte foi sentida, comentada e seu necrológio foi publicado pelos jornais da época.
A firma proprietária do caprino mandou embalsamar o corpo e ofereceu-o assim ao Museu Histórico do Estado, onde se encontra até hoje, integrado ao acervo, entre as tradições curiosas do Ceará.

Extraído do livro: Coisas que o Tempo Levou – crônicas históricas da Fortaleza antiga
Autor: Raimundo de Menezes

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As lojas de tecidos de Fortaleza

Na década de 1940 não existiam ainda em Fortaleza as indústrias de confecções que oferecem roupas prontas ao gosto do freguês. Predominava então o comércio de tecidos, onde as pessoas adquiriam o necessário para confecção das vestimentas, trabalho que era realizado pelas inúmeras costureiras ou alfaiates espalhados pela cidade.
As lojas de tecidos eram mais conhecidas como “Casas de Fazendas”. Na maioria dessas casas, não havia grandes preocupações com a decoração do ambiente, os proprietários se empenhavam principalmente, com a qualidade das mercadorias, quase todas importadas, vendedores educados e vitrines de alto nível.
A denominação “casa” seria uma referência a “Maison” uma vez que à época estava em voga o uso de expressões que lembravam a cultura francesa.
A Cearense, localizada na Rua Barão do Rio Branco, bem no meio do chamado "quarteirão sucesso". Construída à semelhança de grandes “maisons” parisienses, com gigantesco salão bastante requintado, com ambientes de espera e nichos iluminados para exposições de peças finas. De propriedade de Aprigio Coelho de Araújo, A Cearense tinha um slogan: a casa que cresce diminuindo os preços.
ao contrário da maioria, A Cearense investiu bastante na decoração da loja e era um dos espaços mais requintados de Fortaleza na década de 40. 
A Broadway era uma loja bem menor em instalações, mas exercia enorme fascínio na clientela de alta classe social, pois só trabalhava com tecidos finos. De propriedade de Alberto Bardawill, estava localizada na esquina das ruas Guilherme Rocha com Major Facundo.
A Rianil localizada na Rua Floriano Peixoto entre as travessas São Paulo e Pará possuía as mais famosas vitrines da cidade. Era uma loja toda azul numa alusão ao Rio Anil no Maranhão, em cuja capital, São Luis, ficava a matriz. 
A cor do prédio também servia para a divulgação do slogan: “Rianil, a loja azul da Floriano Peixoto”.
Loja Rianil na Floriano Peixoto 
A loja Ceará Chic, localizada na Rua Floriano Peixoto, no extremo sul da Praça do Ferreira também tinha o seu ponto alto nas vitrines bem elaboradas, e também só trabalhava com tecidos finos.
Sua vizinha Rainha da Moda ficava na esquina em frente ao Cine moderno, também vendia tecidos além de bolsas, sombrinhas, e outros acessórios.
Na esquina das ruas Floriano Peixoto e São Paulo, ficava A Central, de propriedade de Pedro Lazar. Vendia tecidos, e era muito popular.
Na linha popular estavam as Casas Novas, três lojas localizadas nas ruas Major Facundo e Floriano Peixoto. A empresa patrocinava um programa de rádio nas noites de segunda-feira na PRE-9, apresentado pelo radialista José Limaverde, chamado “coisas que o tempo levou”. Seu proprietário Gutemberg Telles tinha noções de marketing e propaganda, usava faixas e panfletos para atrair os clientes.

A Casa Plácido só vendia produtos importados 
A Casa Plácido, do comerciante Plácido de Carvalho, estava situada na Rua Major Facundo, ao lado do Excelsior Hotel. Tudo era importado da europa: tecidos, confecções masculinas e femininas, perfumes, móveis, luminárias, leques, louças, cristais e pratarias. Depois da primeira guerra, quando a Europa reduziu a produção de bens, o comerciante revendeu tudo que a Europa precisava, a preços elevadissimos.
Muitos outros estabelecimentos contaram a história do centro de Fortaleza nesse período específico; mas seguindo a dinâmica que anima as grandes cidades, esses locais fecharam, quebraram ou apenas sumiram, cedendo os espaços para novos empreendimentos.

Fonte e origem das fotos:
 Royal Briar A Fortaleza dos Anos 40
De Marciano Lopes

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Carnaval da Avenida Domingos Olimpio


O bloco Prova de Fogo desfilou pela primeira vez em 1936


fantasiados desfilam solitários e também são avaliados pela coordenação do carnaval


Apesar de contarem com poucos componentes, os blocos fizeram bonito
bloco As Bruxas
De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, em 2010, R$ 370 mil foram distribuídos entre 29 grupos de maracatus, blocos, cordões, escolas de samba e afoxés que desfilaram na Av. Domingos Olimpio. Além do incentivo dado pelo Edital do Carnaval de Rua de Fortaleza 2010, a Prefeitura assegura ainda a produção, organização e toda a infraestrutura da festa.

o homenageado Fausto Nilo

O homenageado do carnaval deste ano foi o poeta, letrista e arquiteto, Fausto Nilo. Cearense de Quixeramobim, ele compôs várias músicas, muitas de Carnaval, que foram interpretadas por cantores famosos.
muitos desfilam descalços, inclusive crianças, numa evidência de que a verba destinada aos blocos é insuficiente
Apesar da ajuda oficial o carnaval de rua em Fortaleza ainda é de uma pobreza franciscana e a organização deixa muito a desejar. No desfile da 3a feira, houve intervalos de até 1 hora entre a apresentação das escolas de samba. A pista do desfile é constantemente invadida por pessoas estranhas às agremiações.
a iluminação é insuficiente
o sanitário quimico estava dentro de uma suspeitissima poça d'água
E como já era de se esperar a insegurança também compareceu: diversos carros que estavam estacionados nas imediações do local do desfile, foram arrombados e roubados em frente aos guardas da AMC, que afirmaram que ouviram quando vários alarmes dispararam, mas, quando chamaram o Ronda, os ladrões já tinham se evadido.
Nestes tempos em que incomodar ou mostrar cara de ladrão é crime punido com o rigor da lei, é possivel que eles tenham achado melhor não arriscar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Parque Ecológico do Cocó



A área do Parque do Cocó é matéria controversa, já que são muito diversas as medidas que lhe são atribuídas. De acordo com a Secretaria Estadual do meio Ambiente – SEMACE, a área total compreende o trecho da BR 166 à foz do Rio Cocó, perfazendo 1.155,2 hectares. Outras publicações lhe atribuem uma área mais modesta: 379 hectares


localização: Situado entre as avenidas Sebastião de Abreu, Padre Antônio Tomaz, Andrade Furtado e Engenheiro Santana Júnior, em Fortaleza – CE.
O acesso ao Parque do Cocó é feito pelas avenidas Pontes Vieira ou Via Expressa. A entrada fica localizada na Rua Major Borba.


Placas educativas ou sinalizadoras estão espalhadas pela área do parque do Cocó

Os principais problemas ambientais do local são as ocupações irregulares e invasões em área de preservação permanente; acúmulo de lixo; lançamento de esgotos de ligações clandestinas, poluição das águas do Rio Cocó; pesca predatória e ilegal.



Tendo por pano de fundo a carência de moradia e a escassez de áreas disponíveis para novas construções é um desafio constante manter preservada uma área urbana com as dimensões do Parque do Cocó. As tentativas de invasão (algumas muito bem sucedidas) ocorriam diariamente e a vista de todos, problema que foi amenizado a partir da colocação de uma cerca de proteção. No total serão 20 quilômetros de cerca que ajudarão a preservar o maior parque urbano do Brasil.


Ecossistema principal: Área de Manguezal, onde em seus trechos preservados formam-se matas de mangues onde várias espécies de moluscos, crustáceos, peixes, répteis aves e mamíferos compõem cadeias alimentares com ambientes favoráveis para reprodução, desova, crescimento e abrigo natural.


Entre os principais motivos para a construção do novo cercamento está a preservação do Parque do Cocó de ações de desmatamento e degradação ambiental. Além disso, sua instalação ajudará a inibir a ação de marginais, que praticavam assaltos nas avenidas e utilizavam o parque como esconderijo.
O cercamento do parque define seus limites e evita as invasões que eram praticadas tanto pela especulação imobiliária como por segmentos menos favorecidos da população, no que pese o fato de, a essa altura, o parque já ter perdido uma boa parte de sua área.

Histórias da Fortaleza Antiga: a Garapeira do Bembém

Uma das figuras mais populares de Fortaleza, por volta do ano de 1913, era o garapeiro Bembém, estabelecido num quiosque nas imediações do antigo Mercado Público.
O estabelecimento era em estilo francês, semelhante a outros espalhados pela cidade.
A antiga engenhoca era movida à manivela e moía centenas de pedaços de cana com casca, produzindo um barulho ensurdecedor.
A garapa produzida era apanhada num recipiente de madeira, engarrafada e colocada sobre o balcão, quando ficava disponível para a venda por um tostão o copo.
O que sobrava era vendido no dia seguinte como “garapa azeda”, de grande aceitação.
No terceiro dia era chamada de “garapa doida”, anunciada como o melhor refresco para afinar o sangue e deixar as faces coradas.
Bembém tinha um sonho dourado: conhecer a França! de tostão em tostão juntou uma razoável quantia e, um belo dia, partiu para Paris em busca das maravilhas de que tanto ouvia falar.
Foi e voltou encantado, contando as experiências que vivera por lá:
que só andava com um homem chamado Cicerone, que como ele, sabia português;
que todos falavam francês, até mesmo os carregadores, as mulheres do povo e pasmem, até as crianças! e a única palavra que ouvira em português fora “mercibocu”.
A conselho de um amigo gozador mandou imprimir um cartão para distribuir com os fregueses: BIEN-BIEN – GARAPIÈRE – Fortaleza – Ceará.
A Garapeira do Bembém ficava na Praça José de Alencar, hoje Praça Waldemar Falcão, área central de Fortaleza.
extraído do livro Fortaleza Descalça - Autor: Otacílio de Azevedo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Praia de Iracema - uso e ocupação

edificio São Pedro

Neste prédio hoje em ruínas, funcionou um dos mais requintados hotéis de Fortaleza, o Iracema Plaza Hotel. Foi a primeira edificação da orla de Iracema, com a fachada inspirada em hotéis de Miami. No térreo funcionou o restaurante “Panela”, que durante muito tempo, serviu como ponto de encontro da elite local e de personalidades que visitavam a cidade.
O edifício não foi concebido para abrigar um hotel, a transformação decorreu de um encontro realizado em Fortaleza, promovido pela junta comercial, que não contava com uma rede hoteleira capaz de atender as necessidades.
O hotel foi desativado na década de 1970, encerrando um ciclo de luxo e requinte nos tempos áureos da Praia de Iracema.

A Feira de artesanato funciona nos finais de semana a partir das 5ªs. feiras, reunindo uma grande variedade de produtos como peças de vestuário, bijuterias, quadros, telas, artigos de decoração, bolsas, calçados, toalhas de mesa, rendas e bordados.
Ao fundo o paredão de edificios, que modificou o clima da cidade, elitizou a moradia na Praia de Iracema, expulsou os antigos moradores e descaracterizou a orla de Fortaleza.


Nas poucas casas que sobraram funcionam hotéis, pousadas e restaurantes. São imóveis com fachadas bem cuidadas, pintadas com cores chamativas.