domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ponte José Martins Rodrigues, sobre o Rio Ceará



O tempo de espera para poder cruzar o Rio Ceará utilizando uma ponte foi de quatro anos, desde o anúncio em outubro de 1993, pelo então vice-prefeito de Fortaleza Marcelo Teixeira, até a inauguração pelo prefeito Juraci Magalhães, em 11 de outubro de 1997.
A construção da Ponte José Martins Rodrigues – nome oficial da ponte – causou polêmica e suspeitas e acusações de irregularidades. Para viabilizar as obras foram desapropriados 120 imóveis em Fortaleza e 50 em Caucaia.
Com ponto inicial localizado na Barra do Ceará, a ponte tem 633,75 metros de extensão e 20,2 metros de largura. Liga a faixa litorânea de Fortaleza às praias do litoral oeste. Custou aos cofres públicos o valor de R$17.039.381,35, gastos pela Prefeitura de Fortaleza. 



 Em junho de 1997, o ministério dos Transportes liberou mais recursos, no total de  R$ 3 milhões para a urbanização das imediações da ponte. E em agosto daquele ano, com a obra concluída, foi liberada a passagem para pedestres.
No ano da inauguração, a empresa que investiu na construção da ponte ganhou das prefeituras de Fortaleza e Caucaia o direito de cobrar pedágio para quem tivesse que fazer a travessia. 



A lei 8.061, sancionada pelo então prefeito Juraci Magalhães, estipulou, inclusive, o prazo para a cobrança do pedágio: 10 anos, sem prorrogação.
Passados os 10 anos, a cobrança da taxa continuou. Questionada a respeito, a construtora informou ao promotor de justiça de Caucaia que, em 2003, o contrato foi aditivado; mas segundo ele, o aditivo não tem força legal.
Depois de muitas marchas e contramarchas, de liminares concedidas e derrubadas, como soy acontece em nosso torrão natal a população levou a pior: a cobrança do  pedágio continua em pleno vigor. R$2,00 por carro pequeno, cada vez que passar pela ponte. 

Prejuízo Ambiental



Não sei se os danos ambientais que o ecossistema sofreu com a construção da ponte foram previstos no Estudo de Impacto Ambiental que deve ter sido apresentado pelos responsáveis pela construção, mas os danos são incontestáveis: 
estudos mostram que as colunas de sustentação instaladas no leito do rio impedem o fluxo normal da água.  



Como o rio é o maior transportador de areia e outros materiais orgânicos para o mar, os pilares acabam funcionando como obstáculos a esse transporte. 
Grande parte da areia acaba se acumulando no entorno das colunas, causando um desequilíbrio  no ecossistema. O prejuízo é distribuído entre o rio, as praias, as dunas e os peixes.  



No rio o desequilíbrio se reflete em primeiro lugar, na profundidade do leito. O aterramento de boa parte das margens e os bancos de areia que se formam devido a presença dos pilares da ponte, deixa o rio cada vez mais raso. Os barcos de pesca só conseguem navegar por  um canal, localizado exatamente no centro do leito.



A pouca profundidade prejudica a reprodução dos peixes, porque a água esquenta mais do que o normal, com isso os peixes acabam procurando outro local para se reproduzir, prejudicando os que vivem da atividade pesqueira.  

Fotos: Raquel Vianna
Fontes:
 Jornal Diário do Nordeste

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