quinta-feira, 27 de abril de 2023

Martim Soares Moreno, o fundador do Ceará

 

Martim Soares Moreno, o Desbravador




O fracasso da primeira expedição colonizadora ao Ceará, comandada por Pero Coelho de Souza em 1603, determinado principalmente pelo mau relacionamento com os nativos, motivou a mudança de padrão para facilitar a conquista da terra. Em uma nova tentativa, escolheram alguém que tinha conseguiu estabelecer um bom entendimento com os indígenas. Seu nome: Martim Soares Moreno, para muitos historiadores, o grande conquistador do Siará.


Nascido em Santiago do Cacém, em Portugal, em 1585 ou 1586, Martim Soares veio para o Brasil como soldado do governador-geral Diogo Botelho (1602-1607). Veio para o Ceará pela primeira vez junto como membro da expedição de Pero Coelho, quando estabeleceu aliança com os índios locais. Depois foi para o Rio Grande do Norte, servindo no forte dos Reis Magos, como tenente.


estátua de Martim Soares Moreno, no pátio da fortaleza de N.Sra. da Assunção

Em 1611 voltou ao Ceará acompanhado de um padre e seis soldados, se instalou na capitania, fundando o forte de São Sebastião, no mesmo local onde existira o forte de São Tiago, na barra do rio Ceará. Era um fortim de madeira, sobre estacas, pois esse era o material disponível. Apesar de repetidamente atacado por índios rebeldes, conseguiu aliança com alguns nativos, em troca de presentes. Segundo o próprio Moreno, enquanto instalado no forte, teriam sido degolados mais de 200 piratas franceses e holandeses, tomando-lhes três navios.


Em 1613 foi convocado para combater a França Equinocial, no Maranhão, ao lado de Jerônimo de Albuquerque, que já havia participado da conquista do Rio Grande do Norte. Moreno só retornou ao Ceará em 1621, agora como capitão-mor, em reconhecimento aos serviços prestados à Coroa portuguesa. O aventureiro chegou a escrever a chamada ‘Relação do Ceará’, um importante documento sobre a terra cearense na Colônia, para convencer às autoridades portuguesas sobre seus serviços na capitania.


região da Barra do Ceará onde foi erguido o forte de São Sebastião

Moreno reencontrou o forte de São Sebastião quase em ruínas, os soldados maltrapilhos, com soldos atrasados e sob ameaça constante de ataques de índios. Remodelou-se então, o que foi possível, junto com a tentativa de incrementar a economia local, com a criação de gado e a plantação de cana de açúcar.


Em 1631, terminado o seu período de 10 anos como capitão-mor e cansado da falta de recursos e da pouca atenção que recebia dos governantes portugueses, Martim Soares Moreno retirou-para Pernambuco, e em 1648, já velho, voltou para Portugal. Nunca mais retornou ao Ceará.


Martim, o Guerreiro Branco

 


Mas Martim Soares Moreno reviveu na história do Ceará na pele do guerreiro branco, Martim, personagem do romance Iracema, de José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1865. O eixo temático principal da obra gira em torno da criação de uma identidade cultural, a miscigenação entre índios e europeus. Esse encontro de raças teria gerado o povo brasileiro. O filho do  casal, Moacir, representa não apenas o primeiro cearense, mas o primeiro brasileiro, união do sangue europeu, com o sangue selvagem dos índios nativos.


No romance de Alencar, Martim, explorador português responsável pela colonização de parte do território brasileiro, perde-se na mata, em localidade que hoje corresponde ao litoral do Ceará. Iracema, uma índia tabajara que então repousava entre as árvores, assusta-se com a chegada do estranho, e dispara uma flecha contra Martim. Ele não reage à agressão  e Iracema entende que feriu um inocente.




Em pacto de paz, Iracema leva o estrangeiro ferido para sua aldeia e é recebido por seu pai, Araquém, o pajé da tribo. Martim é acolhido com grande hospitalidade, mas sua chegada não agrada a todos: Irapuã, guerreiro tabajara apaixonado por Iracema, é o primeiro a demonstrar sua insatisfação.


Durante sua estadia na aldeia, Iracema e Martim aproximam-se e floresce, entre os dois, forte atração. Contudo, Iracema tem um papel importante na tribo: é uma virgem consagrada a Tupã, guardadora do segredo da jurema, um licor sagrado, que levava ao êxtase os índios tabajaras.


Entre festejos e batalhas com outras tribos — entre elas, a dos pitiguaras, aliados de Martim — Iracema e o estrangeiro português envolvem-se amorosamente, e a índia quebra o voto de castidade, o que significa uma condenação à morte. Martim, por sua vez, também é perseguido: Irapuã e seus homens querem beber seu sangue. A aliança com os pitiguaras torna-o um inimigo ainda mais indesejado.


Apaixonados, Iracema e Martim precisam fugir da aldeia tabajara antes que a tribo perceba que a virgem rompeu o voto de castidade. Juntam-se a Poti, índio pitiguara, a quem Martim tratava como irmão. Quando os tabajaras percebem a fuga, partem em perseguição aos amantes liderada por Irapuã e Caubi, o irmão de Iracema.


Acabam por encontrar a tribo pitiguara, e uma sangrenta batalha é travada. Caubi e Irapuã agridem violentamente Martin, e Iracema avança com ferocidade contra os dois, ferindo-os gravemente. Prevendo a derrota, a tribo tabajara bate em retirada.


O casal, então, refugia-se em uma praia deserta, onde Martim constrói uma cabana. Iracema passa muito tempo sozinha enquanto o amado fiscaliza as costas, em expedições a mando do governo português. Martim é constantemente tomado pela melancolia e nostalgia de sua terra natal, o que entristece Iracema, que passa a pensar que sua morte seria, para ele, uma libertação.


monumento na Av. Beira Mar representa a índia Iracema, o guerreiro branco Martim Soares Moreno, o filho Moacir e o cachorro Jati. Foi inaugurada na Beira-mar em 1965, trabalho do escultor pernambucano Corbiniano Lins.

Não muito tempo depois, Iracema descobre-se grávida, mas Martim precisa partir para defender, junto a Poti, a tribo pitiguara, que está sob ataque. Iracema acaba tendo o filho sozinha, e batiza a criança de Moacir, o nascido de seu sofrimento. Ferida pelo parto e pela tristeza profunda, Iracema espera a chegada de Martim para entregar-lhe a criança e falecer logo em seguida.



Fontes:

História do Ceará, de Airton de Farias

 https://brasilescola.uol.com.br/literatura/iracema.htm

fotos da Internet

sábado, 22 de abril de 2023

Pedro Álvares Cabral, a viagem do descobrimento

 


Prevista para acontecer em um domingo, 8 de março, a partida da armada de Pedro Álvares Cabral, um fidalgo de origem nobre de apenas 33 anos, foi adiada, por causa do mau tempo, para o dia seguinte. A frota de Cabral era formada por nove naus, três caravelas e uma naveta de mantimentos. Além do formato das velas, o que diferenciava uma embarcação da outra era o tamanho: enquanto as caravelas mediam 22 metros de comprimento e transportavam até 80 homens, as naus podiam chegar a 35 metros e tinham capacidade para 150 tripulantes.


Com o tempo bom e o vento favorável, Cabral e sua tripulação zarparam de Lisboa, rumo a Calicute, na Índia, no dia 9 de março de 1500. Curiosamente, o homem a quem o então rei de Portugal, Dom Manuel I, confiara a maior, a mais cara e a mais poderosa armada portuguesa nunca tinha comandado uma esquadra antes.


A armada tinha como destino a Índia e tocou a costa brasileira por acidente. É possível que Portugal já suspeitasse da existência de terras naquela região, mas a verdade é que Cabral e seus homens foram apanhados de surpresa. A chegada ao Brasil foi, portanto, um acidente de percurso de uma jornada que tinha objetivos estratégicos bem definidos. A Índia era a prioridade número um da coroa de Portugal.




Com apenas oito dias de viagem, a frota enfrentou sua primeira tormenta. Tão forte que, próximo ao arquipélago de Cabo Verde, a nau comandada por Vasco de Ataíde, que transportava 150 homens, sumiu do mapa. A cada três navios que partiam de Portugal, um desaparecia no mar.


Não à toa, o Atlântico era conhecido como "Mar Tenebroso". Além de perder um de seus barcos, Cabral teve de enfrentar, no primeiro trecho da viagem, 20 dias de calmaria. Quando isso acontecia, por falta de ventos, o barco ficava quase totalmente parado no meio do oceano. Isso aumentava o tédio e o calor a bordo.


Ao todo, os 13 navios transportavam 1,5 mil homens, entre médicos, boticários, religiosos, calafates e até degredados, isto é, condenados à morte que aceitavam trocar sua pena capital pelo exílio em terras desconhecidas. Na maioria das vezes, eram os primeiros a desembarcar. Se fossem atacados por selvagens, não fariam falta.


Do total de 1,5 mil homens, apenas 500 conseguiram voltar, sãos e salvos, para casa. O restante morreu no mar, vítima de naufrágios ou de doenças, como o escorbuto, que provocava sangramento nas gengivas. Em algumas expedições, a proporção de médicos para marinheiros era de um para três mil. Viajar era tão arriscado que, antes de zarpar, muitos marujos já deixavam seus testamentos assinados.


A tripulação, em linhas gerais, podia ser dividida em marinheiros, soldados e religiosos. Os marinheiros executavam as tarefas náuticas, como içar velas, baixar âncoras ou manejar instrumentos, como o astrolábio, usado para medir a altura do Sol ao meio-dia e das demais estrelas à noite. Já os soldados, a maioria sem formação militar, eram os responsáveis pela artilharia e munição. As embarcações portuguesas, foram as primeiras a singrar os mares com artilharia pesada a bordo. Os religiosos — em sua maioria, frades franciscanos — eram incumbidos de rezar missas e ouvir confissões. Seu superior era Dom Henrique Soares de Coimbra, que, no dia 26 de abril, na praia de Coroa Vermelha, no litoral da Bahia, celebrou a primeira missa no Brasil, assistida de perto pela tripulação e, ao longe, por cerca de 200 indígenas.


A presença de mulheres a bordo não era permitida. Já crianças e adolescentes podiam embarcar. A maioria, de nove a 15 anos, era alistada pelos pais que, em troca, embolsavam o soldo dos filhos. Durante a viagem, desempenhavam as funções de grumetes e de pajens.


Alguns dos mais tarimbados navegadores da época, como Bartolomeu Dias (1450-1500), participaram da aventura. Doze anos antes, ele ficou famoso por ter sido o primeiro navegante a contornar o cabo da Boa Esperança, ao sul da África.


Por uma trágica ironia, na madrugada do dia 23 de março, uma tormenta desabou sobre a frota de Cabral e afundou quatro dos 13 navios. Quatrocentos homens, incluindo Dias, foram "engolidos pelo mar". Estavam próximos ao cabo da Boa Esperança, chamado de Cabo das Tormentas antes da viagem bem-sucedida do próprio Dias.


Ao todo, a jornada durou 44 dias. No dia 21 de abril, os marinheiros começaram a avistar os primeiros "sargaços" (um tapete flutuante de algas marinhas) nas águas e "fura-bruxos" (um bando de pássaros semelhantes a gaivotas) nos céus. No dia seguinte, a uns 60 quilômetros da costa, alguém gritou: "Terra à vista!". Era o entardecer do dia 22 de abril de 1500.




Depois de ancorar sua nau a 35 quilômetros da costa, em frente a um monte batizado de Pascoal, o capitão Nicolau Coelho foi o escolhido para fazer o reconhecimento do território. A bordo de uma embarcação pequena, movida a remo, ele presenteou os nativos com um gorro vermelho, uma carapuça de linho e um chapéu preto. Em troca, ganhou um cocar de plumas e um colar de contas.


Estima-se que, na época da chegada dos portugueses, havia entre 500 mil e um milhão de indígenas habitando o litoral brasileiro. "Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as vergonhas", descreveu Pero Vaz de Caminha (1450-1500), um dos sete escrivães da frota, na famosa carta do "achamento do Brasil". "Traziam nas mãos arcos e setas."




A naveta de mantimentos, comandada por Gaspar de Lemos, foi mandada de volta a Portugal. Sua missão era comunicar ao rei o "achamento" da nova terra. Até ganhar o nome de Brasil, o território foi chamado de Ilha de Vera Cruz por Pedro Álvares Cabral e de Terra de Santa Cruz pelo rei Dom Manuel I.


A segunda parte da viagem durou pouco mais de cinco meses. No dia 13 de setembro de 1500, a frota de Cabral, reduzida a seis navios, chegou ao seu destino: Calicute. Na Índia, a esquadra sofreu novas baixas. Pero Vaz de Caminha, o autor da famosa "certidão de nascimento" do Brasil, foi morto, no dia 16 de dezembro, em um ataque de mercadores árabes.


De volta a Portugal, o que restou da esquadra atracou no Porto do Restelo, no dia 21 de julho de 1501. Apesar de ter sofrido perdas, a missão foi um sucesso. Depois de seu regresso, Cabral recebeu várias honrarias, mas não voltou a ser nomeado para o comando de qualquer expedição relevante.

 


Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/04/4919541-descobrimento-do-brasil-os-bastidores-da-viagem-de-44-dias-que-levou-pedro-alvares-cabral-ao-pais.html

fotos da Internet



quinta-feira, 13 de abril de 2023

Fortaleza 297 anos

E ai no dia do aniversário de Fortaleza, reunimos algumas fotos (30) feitas ao longo de alguns anos, e montamos esse vídeo. Enquanto isso, vamos sonhando com a nossa cidade que já tivemos um dia, que era acolhedora, segura. Não precisávamos andar nas ruas com esse olhar sobressaltado e essa sensação de que viraremos alvo de marginais na próxima esquina.
A cidade era limpa regularmente, não havia risco se deparar com montanhas de lixo acumulados nas portas das casas, nem do terrível mau cheiro que exalam. A Praça do Ferreira era um brinco, hoje parece uma praça de guerra.
Quando foi mesmo que perdemos o direito a viver com qualidade em nossa cidade?
Não é uma mera noitada de shows no aterrinho da Praia de Iracema, que vai mascarar as nossas necessidades básicas não atendidas, sempre com a mesma alegação da falta de recursos. Nem vai esconder os postos de saúde fechados, ou funcionando precariamente por falta de recursos humanos e materiais. Tampouco vai esconder a quantidade de furtos e roubos que acontecem nessas ocasiões festivas, nem a dificuldade que muitos que dependem do transporte público, encontrarão para voltar às suas casas.
Parabéns pelo aniversário Fortaleza, mas você merece coisa melhor. Muito melhor.


quarta-feira, 12 de abril de 2023

Vicente Pinzon, antes de Pedro Álvares Cabral

 

As origens de Fortaleza remontam às primeiras tentativas de colonização do Ceará pelos portugueses. Um dos primeiros marcos assinalados nessa história, é a chegada do açoriano Pero Coelho de Souza, em 1603, que organizara uma expedição com a finalidade de expulsar os franceses da costa cearense e escravizar indígenas.




Mas, segundo consta, um século antes da chegada do açoriano, um outro europeu já pusera os pés em terras cearenses, mais precisamente na enseada do Mucuripe. Foi o navegador espanhol Vicente Pinzon, que por conta de um gigantesco erro de navegação, veio bater com os costados no Mucuripe no dia 26 de janeiro de 1500, “inaugurando” as terras fortalezenses, e descobrindo o Brasil antes de Cabral.


Vicente Yanez Pinzon, com a autorização de viagem em mãos, deixou o porto de Palos de la Fronteira, no dia 19 de novembro de 1499.  Providenciaram alimentos, bebidas e mantimentos, para uma frota composta por quatro caravelas, entre elas a Pinta e a Nina da frota de Colombo, e cerca de 100 tripulantes, arregimentados entre parentes e amigos, para uma viagem com duração estimada em um ano e meio.



Porto de Palos de La Fronteira, no sul da Espanha, ponto de partida de grandes navegadores, como Vicente Pinzon e Cristóvão Colombo 

Navegando sob influência dos ventos e das correntes, depois de perder a Polar (a estrela que ainda hoje serve de referência as navegações no Atlântico Norte), Pinzon e seus homens ficaram perdidos no meio do Atlântico, pois não acharam nenhuma estrela que lhes permitisse uma melhor orientação. Navegaram rumo ao desconhecido, em uma direção nunca percorrida por nenhum europeu. Para completar, um temporal os afastou da rota que vinham obedecendo, mas conseguiram retomá-la.  Depois, enfrentaram uma cerração, um extenso nevoeiro, navegaram mais 240 léguas, até chegarem ao Porto do Mucuripe. Depois de tomar posse do local em nome do reino de Castela, deu-lhe o nome de Santa Maria de La Consolacion.


Ao perceber as águas calmas da enseada do Mucuripe, ainda ao largo, Pinzon fez uma sondagem para verificar a profundidade da água e observou que era de 16 braças (1 braça equivale a 2,2 metros). Em seguida, em pequenos botes, ele e um grupo de oficiais navegaram até a praia, em busca de um rio ou uma fonte de água. Viram grandes pegadas humanas e se assustaram.  Pinzon teria permanecido dois dias em terra (e dormido nas caravelas), partindo depois no rumo nordeste, por não ter encontrado água para reabastecer seus navios.


Sempre navegando pelos ventos e correntes, encontrou uns três dias depois, a foz de um rio de que ele chamou de Fermoso. Era a foz do atual Rio Curu, a cerca de 120 km de Fortaleza. A passagem de Pinzon pelo Mucuripe está ricamente documentada no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha e documentada em mapas como o do cartógrafo Juan de La Cosa, exposto no Museu Real de Madrid.



Mapa original de Juan de La Cosa, exposto no Real Museu Naval, em Madrid

Pinzon registrou a viagem e suas dificuldades ao retornar a Palos em setembro de 1500. Em seus relatos disse ter encontrado no Mucuripe uma enseada mansa, de praia com areias finas e brancas, cheia de árvores. Pouco tempo depois, os reis Fernando e Isabel nomearam Pinzon capitão-governador da região que se estendia de Santa Maria de La Consolacion, no Mucuripe, até Santa Maria de La Mar Dulce, no Amazonas. A nomeação, bem como a própria descoberta de Pinzon na costa cearense, não foi reconhecida pela coroa portuguesa por conta do Tratado de Tordesilhas.




O Tratado de Tordesilhas foi um acordo feito entre Portugal e Espanha, em 7 de junho de 1494, que definiu os limites das áreas de exploração entre os dois reinos na América do Sul. A divisão se daria a partir de um meridiano estabelecido a 370 léguas de Cabo Verde. Nessa partição, as terras descobertas a oeste da linha imaginária pertenceriam aos espanhóis e as terras descobertas a leste pertenceriam aos portugueses. O fim do tratado se deu com a formação da União Ibérica, quando os reinos de Portugal e Espanha foram unificados.



Alguns historiadores relatam esses mesmos fatos, mas dão como certo que o local batizado por Pinzon como "Santa Maria de La Consolacion", seria o Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco; como também há historiadores que afirmam que essas narrativas de viagens são totalmente equivocadas, e que Pedro Álvares Cabral foi o primeiro europeu a chegar ao Brasil.    

 


Fontes: 

Caravelas, Jangadas e Navios, uma história portuária, de Rodolfo Espínola.

Veja mais sobre "Tratado de Tordesilhas" em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/tratado-de-tordesilhas.htm         

domingo, 9 de abril de 2023

Sérvulo Esmeraldo, o Artista das Formas



Sérvulo Esmeraldo nasceu na cidade do Crato (CE), no dia 27 de fevereiro de 1929. Na Chapada do Araripe, no Engenho bebida Nova, onde morava num grande casarão de janelas azuis cercada de natureza, alterava o curso dos riachos construindo comportas e canais com varas de cerca. Um dia foi embora do Crato e começou a expandir sua história. Passou por Fortaleza, São Paulo e Paris.


Ainda no início da carreira, inspirado pela arte expressionista, dedicou-se à xilogravura. Chegou a ilustrar livrinhos de novenas antes de viajar a Fortaleza, onde travou contato com outros artistas e participou do VI Salão de Abril, em 1950, e tornou-se assíduo frequentador da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP). 

 

No ano seguinte mudou-se para São Paulo, e participou da i Bienal Internacional de Arte. Em São Paulo fez grande amigos, estudou arquitetura e foi cronista de arte do Correio Paulistano, e realizou a sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo até que surgiu a oportunidade de ir para a Europa como bolsista do governo francês.


Em Paris, onde ficou até 1979, frequentou o ateliê de litogravura da École Nationale des Beaux-Arts e estuda com Johnny Friedlaender. Na década de 1960, inicia suas criações no campo da Arte Cinética, movimento que surgiu na França, na década de 1950, e promove a ideia de movimento, e ilusão de ótica. Esmeraldo começou trabalhando com materiais como ímãs, eletroímãs e usando a gravidade em seus trabalhos.


Quando finalmente voltou ao Ceará, no fim dos anos 1970, já tinha trajetória estabelecida e obras espalhadas pelo Brasil - de São Paulo ao Acre - e em coleções particulares de todo o mundo. Em Fortaleza, virou símbolo de praças, avenidas, prédios públicos e universidades. Sérvulo Esmeraldo realizou trabalhos nas áreas de escultura, pintura, gravura e ilustração. Suas obras estão espalhadas por coleções públicas e privadas, no Brasil e em países como França, Portugal, Estados Unidos, Suíça, Chile, Cuba e Itália. 



Escultura no Calçadão C. Rolim, Centro (imagem Fortaleza em Fotos, 2014) 



Campus da Unifor, bairro Edson Queiroz  (imagem Márcia Travessoni)

 


escultura La Femme Bateau, Ponte dos Ingleses, Praia de Iracema (não se encontra no local atualmente) imagem Fortaleza em Fotos 2012



Fonte Cinética, Praça da Sé, no centro, inaugurada em 2002 (imagem Diário do Nordeste)



Interceptor Oceânico, na Avenida Beira Mar, Meireles  (imagem postal dos anos 80)




Monumento aos Jangadeiros, Avenida Beira Mar, Meireles (Imagem Diário do Nordeste)

  

Quadrados, no Campus do Pici (imagem Enciclopédia Itaú Cultural) 


O artista faleceu em Fortaleza, no dia 1° de fevereiro de 2017. Sua obra, umas com a precisão matemática e linhas retas, outras com formas em movimento, legítimas representantes da Arte Cinética, continuam presentes pelas ruas e praças de Fortaleza.