As origens de Fortaleza
remontam às primeiras tentativas de colonização do Ceará pelos portugueses. Um dos
primeiros marcos assinalados nessa história, é a chegada do açoriano Pero
Coelho de Souza, em 1603, que organizara uma expedição com a finalidade de
expulsar os franceses da costa cearense e escravizar indígenas.
Mas, segundo consta, um século
antes da chegada do açoriano, um outro europeu já pusera os pés em terras
cearenses, mais precisamente na enseada do Mucuripe. Foi o navegador espanhol
Vicente Pinzon, que por conta de um gigantesco erro de navegação, veio bater
com os costados no Mucuripe no dia 26 de janeiro de 1500, “inaugurando” as
terras fortalezenses, e descobrindo o Brasil antes de Cabral.
Vicente Yanez Pinzon, com a
autorização de viagem em mãos, deixou o porto de Palos de la Fronteira, no dia
19 de novembro de 1499. Providenciaram alimentos,
bebidas e mantimentos, para uma frota composta por quatro caravelas, entre elas
a Pinta e a Nina da frota de Colombo, e cerca de 100 tripulantes, arregimentados
entre parentes e amigos, para uma viagem com duração estimada em um ano e meio.
Navegando sob influência dos
ventos e das correntes, depois de perder a Polar (a estrela que ainda hoje serve
de referência as navegações no Atlântico Norte), Pinzon e seus homens ficaram
perdidos no meio do Atlântico, pois não acharam nenhuma estrela que lhes
permitisse uma melhor orientação. Navegaram rumo ao desconhecido, em uma
direção nunca percorrida por nenhum europeu. Para completar, um temporal os
afastou da rota que vinham obedecendo, mas conseguiram retomá-la. Depois, enfrentaram uma cerração, um extenso nevoeiro,
navegaram mais 240 léguas, até chegarem ao Porto do Mucuripe. Depois de tomar
posse do local em nome do reino de Castela, deu-lhe o nome de Santa Maria de La
Consolacion.
Ao perceber as águas calmas da
enseada do Mucuripe, ainda ao largo, Pinzon fez uma sondagem para verificar a
profundidade da água e observou que era de 16 braças (1 braça equivale a 2,2
metros). Em seguida, em pequenos botes, ele e um grupo de oficiais navegaram
até a praia, em busca de um rio ou uma fonte de água. Viram grandes pegadas humanas
e se assustaram. Pinzon teria
permanecido dois dias em terra (e dormido nas caravelas), partindo depois no
rumo nordeste, por não ter encontrado água para reabastecer seus navios.
Sempre navegando pelos ventos
e correntes, encontrou uns três dias depois, a foz de um rio de que ele chamou
de Fermoso. Era a foz do atual Rio Curu, a cerca de 120 km de Fortaleza. A
passagem de Pinzon pelo Mucuripe está ricamente documentada no Arquivo Geral
das Índias, em Sevilha e documentada em mapas como o do cartógrafo Juan de La
Cosa, exposto no Museu Real de Madrid.
Pinzon registrou a viagem e
suas dificuldades ao retornar a Palos em setembro de 1500. Em seus relatos
disse ter encontrado no Mucuripe uma enseada mansa, de praia com areias finas e
brancas, cheia de árvores. Pouco tempo depois, os reis Fernando e Isabel
nomearam Pinzon capitão-governador da região que se estendia de Santa Maria de
La Consolacion, no Mucuripe, até Santa Maria de La Mar Dulce, no Amazonas. A nomeação,
bem como a própria descoberta de Pinzon na costa cearense, não foi reconhecida
pela coroa portuguesa por conta do Tratado de Tordesilhas.
O Tratado de Tordesilhas foi
um acordo feito entre Portugal e Espanha, em 7 de junho de 1494,
que definiu os limites das áreas de exploração entre os dois reinos na América
do Sul. A divisão se daria a partir de um meridiano estabelecido a 370 léguas de
Cabo Verde. Nessa partição, as terras descobertas a oeste da linha imaginária
pertenceriam aos espanhóis e as terras descobertas a leste pertenceriam aos
portugueses. O fim do tratado se deu com a formação da União Ibérica, quando os
reinos de Portugal e Espanha foram unificados.
Alguns historiadores relatam esses mesmos fatos, mas dão como certo que o local batizado por Pinzon como "Santa Maria de La Consolacion", seria o Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco; como também há historiadores que afirmam que essas narrativas de viagens são totalmente equivocadas, e que Pedro Álvares Cabral foi o primeiro europeu a chegar ao Brasil.
Fontes:
Caravelas, Jangadas e
Navios, uma história portuária, de Rodolfo Espínola.
Veja mais sobre "Tratado
de Tordesilhas" em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/tratado-de-tordesilhas.htm
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