terça-feira, 31 de maio de 2011

A Construção da Estrada de Ferro de Baturite

Estação João Felipe, antiga Estação central da  Estrada de Ferro Baturité (foto do site AV dragão do mar)

No dia 25 de junho de 1870, o senador Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o coronel Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba), o bacharel Gonçalo Batista Vieira (Barão de Aquiraz), o engenheiro José Pompeu de Albuquerque Cavalcante, e o comerciante inglês Henry Blockhurst, da firma inglesa R. Singlereust e Co.  ajustaram a construção de uma ferrovia para trazer a produção serrana para o porto de Fortaleza .  
Estava criada a Companhia Cearense da  Via Férrea de Baturité. Inicialmente o projeto previa a construção de uma ferrovia ligando a Capital do Estado até a Vila de Pacatuba, tendo um ramal até Maranguape. 
Após o contrato firmado entre a companhia e o Governo Provincial do Ceará, passou a denominar-se  Estrada de Ferro de Baturité, pois, agora, tinha como ponto final à cidade de Baturité, na região produtora de café.


Estação de Baturité à direita na foto em 1910
 No dia 1° de julho de 1873, foram iniciados os trabalhos de assentamentos dos trilhos. A EFB iniciou suas atividades quando a locomotiva Fortaleza fez o percurso da Estação até a parada do “Chico Manoel”, na então Rua do Trilho (atual Tristão Gonçalves) esquina com a Rua Liberato Barroso. 
Em seguida foi inaugurado o trecho até a estação da Parangaba, antiga Arronches,  em 30 de setembro de 1873. Em seguida, foram inauguradas as estações de Mondubim, Maracanaú, em 1875, e  em 1876, foi inaugurada a estação de Pacatuba.


Estação da Parangaba
www.estaçõesferroviárias.com.br

A Estação Central da Estrada de Ferro Baturité foi localizada no antigo Campo da Amélia, atual Praça Castro Carreira, no local antes ocupado pelo Cemitério de São Casimiro, tendo sua construção iniciada em 1879, com projeto do engenheiro Henrique Foglare.
 O terreno pertencia à sesmaria de Jacarecanga, de propriedade da família Torres, que  doou o espaço a uma sociedade de oficiais do exército e era utilizado para exercícios militares.  
Mais tarde a área foi aforada à Via Férrea de Baturité. 

Estação Central da Estrada de Ferro Baturité, atual João Felipe (Nirez)

O lançamento da pedra fundamental  ocorreu em 30 de novembro de 1873, mas as obras só foram iniciadas em 1879, sendo  concluídas em 1880. O motivo da interrupção dos trabalhos foi a terrível seca que assolou o Estado no período de 1877 a 1879, que abalou a situação financeira da companhia.
Tanto a estrada de ferro quanto a estação central foram construídas utilizando a mão-de-obra de retirantes dessa estiagem catastrófica.  
Encampada pelo governo imperial em meados de 1878, a estrada de ferro empregou, em dois anos de trabalho, cerca de 50 mil retirantes cearenses na sua construção. 
Engenheiros e políticos defendiam o prolongamento da ferrovia para minorar os efeitos da seca.

Retirantes-trabalhadores da Estrada de Ferro Baturité 
(acervo MIS)

A vantagem, diziam,  seria afastar um grande contingente de flagelados da mendicância.  Dirigidos por feitores e engenheiros, submetidos a um trabalho extenuante sob o forte calor do sertão, recebendo baixos salários e rações insuficientes, atingidos por fome e doenças, os retirantes não atenderam às expectativas de controle social e protagonizaram diversos  conflitos na rotina de trabalho.
Com a encampação o Governo Imperial, assumiu  a parte construída da ferrovia e os direitos da Companhia de prolongar a ferrovia até o município de Baturité, e de lá até a região do Araripe.
 Em 1898, quando os trilhos alcançavam o município de Quixadá a EFB foi arrendada, tendo esse contrato  durado até 1910, quando foi rescindido, e feito novo acordo de arrendamento, desta feita com a firma South American Railway Constrution Co. Ltd.
O novo arrendamento foi decidido frente a suposição de que uma companhia estrangeira, com conhecimento técnico na área ferroviária,  estaria mais capacitada a construir o trecho até Araripe. Como a companhia não correspondeu às expectativas, o contrato foi rescindido em 1915, levando o governo a assumir de vez o controle da Ferrovia.


Os trens trouxeram riquezas e mobilidade para Fortaleza
(imagem do livro Ceará Terra da Luz)

Apesar dos  altos e baixos, a  estrada de ferro fortaleceu definitivamente o papel de entreposto exportador de Fortaleza.  Ela possibilitou a ligação mais rápida com o interior através dos trens e reforçou a função comercial e a hegemonia de Fortaleza.


Fontes:
Ofipro
Trilhos do Nordeste
Artigo: As Metamorfoses dos Retirantes nas Cabeças dos Engenheiros: Trabalho e Resistência no Prolongamento da Ferrovia de Baturité na Seca de 1877, de Tyrone Apollo Pontes Cândido.
Revista Fortaleza, fascículo 3.

domingo, 29 de maio de 2011

A Propaganda dos Anos 60



No dia 26 de novembro de 1960 entrava no ar a TV Ceará – Canal 2. A novidade passava a interferir nos hábitos de uma cidade que ainda colocava cadeiras nas calçadas. O clima era de festa, apesar dos poucos aparelhos sintonizados na nova atração, a força da imagem se impôs e alimentava o imaginário da cidade.

Os programas eram “ao vivo”, as atrações locais. Nos intervalos, os comerciais atestavam a viabilidade do empreendimento e agências substituíam  os corretores de anúncios. 
Neste contexto, junto com a TV surgiram as garotas propagandas: louras, morenas, tímidas, exibidas, discretas, com muito pó compacto e cabelos armados com laquê, elas eram as estrelas dos intervalos.  

Se os programas eram ótimos, os comerciais eram melhores ainda. Elas se tornavam íntimas dos senhores telespectadores, fadas madrinhas das donas de casa, indicando liquidações, ofertas e promoções. 
Espalhavam a boa nova pelos quatro cantos da cidade.

Rita Angélica, garota propaganda da TV Ceará 
(imagem do livro de Gilmar de Carvalho)


A idéia de introduzir as garotas propagandas na televisão foi a pioneira emissora TV Tupi, canal 3 de São Paulo, ainda em 1951. 
Depois que a televisão começou a se popularizar, ninguém mais suportava esperar os slides entre um programa e outro, que as vezes demoravam muito por causa de troca de cenário e por problemas técnicos. 

O jeito foi fazer uma forma mista de comerciais: slides e garotas propagandas. 
E era mais fácil atrair as donas de casa para os produtos anunciados se, além das imagens fosse mostrado seu funcionamento. 

E é claro que, para isso, alguém seria "escalado" para apresentá-los. É nessa hora que preferiram a idéia de uma dona de casa falando com outra. Assim surgem as garotas propaganda em nossa televisão.

Eliete Regina, atriz e garota propaganda na TV Ceará (acervo particular)

 Na telinha da TV Ceará, Stelinha Barbosa, que lembrava Marta Rocha e foi responsável por shows de beleza e grande desempenho; a loura Rita Angélica, que como nove entre dez garotas propagandas usava sabonete Sigel;  Shirley, muito discreta, teria sido a mais competente, segundo avaliação de jornais da época, anunciando o novo Simca Jangada

Simca Jangada 1962

Neste universo de estrelas brilhava Neide Maia, que lutou para atuar no rádio e na TV, numa época em que a mulher nem sonhava em disputar vagas no mercado de trabalho. Salete Dias viveu a negrinha do Óleo Pajeú, Dona Regina Lúcia fazia o gênero senhora e a ninfeta Tatiana Gaspar aquecia as vendas da boneca Pierina

Boneca Pierina da Trol - sonho de consumo das meninas da década de 1960
 
Além destas, Marizete Batista, Eliete Regina, Tonia Saldanha, Ivoneide, Vera Soares, Marileide Duarte e Tríade Gioconda. Como não podiam errar, eram colocados adesivos em portas de geladeiras que não abriam e uma delas ficou famosa como Maria Promode.  

As garotas propagandas dos primórdios da tevê cearense repetiam slogans e bordões, num tempo em que as Lojas Couto eram cinco lojas e um só preço e as loucuras de setembro aconteciam nas Lojas A Cruzeiro.  
Podiam ser encontradas fazendo comprar na Flama (símbolo de distinção) ou na Cearense, lanchando na 4.400 ou na esquina do pecado, na Praça do Ferreira. 

Rua da Palma atual Major Facundo com anúncio da Casa Nova (Nirez) 

A agência do varejo cearense era a Publicinorte. Ela ditou as regras que são válidas até hoje, adaptou o que se fazia em termos de varejo, às peculiaridades de nosso mercado e do nosso público.  
Além das lojas A Cruzeiro, outros grandes anunciantes eram Gontran  Nascimento com a sua Casa das Máquinas, as Casas Nova, de Gutemberg Teles,  As Lojas Damasceno dos irmãos Damasceno e Edgar Albuquerque.

câmeraman da TV Ceará canal 2
 (imagem do blog fortaleza antiga) 


As garotas propagandas foram decisivas para a publicidade cearense e uma alternativa afetiva à sequência de slides. Vale a pena imaginar pesadas câmaras sendo arrastadas, a quentura de um estúdio apertado, a única lente zoom do canal 2 e uma garota anunciando a próxima atração.

fontes:
Carvalho, Gilmar de. O gerente endoidou: ensaios sobre publicidade e propaganda. Fortaleza: omni ed., 2008, 157p.
http://www.sampaonline.com.br/colunas/elmo/coluna2001nov16.htm
Revista Fortaleza

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bairros de Fortaleza – Parquelândia

 A Avenida Jovita Feitosa cruza todo o bairro da Parquelândia

O bairro hoje conhecido como Parquelândia era chamado de Coqueirinho  até o início da década de 1950, devido a existência de uma grande área verde repleta de coqueiros que ficavam às marques de inúmeros lagos.
 Nessa época quase todas as terras pertenciam à família Bezerra de Menezes. O nome surgiu quando os terrenos começaram a ser vendidos, em razão de um parque arborizado que existia nas imediações.



A escola de ensino fundamental Santo Afonso, funciona em prédio anexo à igreja



Um dos marcos do bairro é a Igreja de Santo Afonso, dos padres Redentoristas. 
Inicialmente foi construída a Escola Santo Afonso.  Depois da escola, o objetivo passou a ser o de se construir uma capela para o culto dominical.  
Logo no inicio a construção desabou em consequência de um acidente. A obra foi retomada com novo projeto.  Ficou pronta em 1969 e passou a ser chamada de Igreja redonda, por ter a fachada circular, a primeira desse tipo em Fortaleza. 
A Praça da igreja redonda é considerada o coração do bairro. Fica na Avenida Jovita Feitosa, 2733.

Rua General Piragibe

De acordo com o IBGE o bairro é delimitado ao norte com a Avenida Bezerra de Menezes, a Leste com as Ruas Escritor Pedro Ferreira de Assis e Professor Anacleto, ao sul com a Rua Azevedo Bolão e Avenida Jovita Feitosa e a Oeste com a Avenida Parsifal Barroso.




Prédio do antigo Colégio Júlia Jorge, inaugurado no dia 24 de junho de 1966, com a presença do então Presidente Castelo Branco, do governador Virgilio Távora e outras autoridades. 
O Colégio encerrou as atividades em 2007 e hoje funciona no local a faculdade CNEC. 
Localizado no cruzamento das ruas General Piragibe e Azevedo Bolão.

Avenida Jovita Feitosa
Principal via de acesso ao bairro


O bairro abriga a Sede da SER III , que atende 16 bairros: Amadeu Furtado, Antônio Bezerra, Autran Nunes, Bonsucesso, Bela Vista, Dom Lustosa, Henrique Jorge, João XXIII, Jóquei Clube, Padre Andrade, Parque Araxá, Pici, Parquelândia, Presidente Kennedy, Rodolfo Teófilo e Quintino Cunha.
Situado na Avenida Jovita Feitosa, 1264.

 Garagem do Samu na Parquelândia
INSS


Até o inicio da década de 1970, o terreno hoje ocupado pelo INSS era um imenso espaço vazio, onde funcionava uma quadra de futebol improvisada, que fazia a festa dos meninos do bairro, mas que alagava completamente a qualquer sinal de chuva. 
 Um dia a área foi drenada, urbanizada, aplainada e as ruas que contornavam a quadra foram limpas e pavimentadas,  dando a impressão de que ali seria construída uma praça, antiga reivindicação dos moradores da Vila dos Industriários. 
Para surpresa geral, ao invés da praça, foi iniciada a construção do prédio do INSS, que ocupou toda a quadra. O imóvel aparenta está em más condições de manutenção,  e várias áreas externas exibem o mato crescido.
Parte do terreno hoje do INSS: como nos velhos tempos do Alagadiço.


Considerado um dos bairros mais prósperos de Fortaleza, a Parquelândia tem uma infra-estrutura digna de bairro nobre: colégios, faculdades, academias, buffet's, restaurantes, supermercados e imóveis residenciais de alto padrão. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

As Igrejas do Centro

Quando esteve em viagem pelo Nordeste, no início do Século XVIII, o inglês Henry Kostner, faz uma pequena descrição sobre a Vila de Fortaleza: 
edificada sobre a areia, em formato quadrangular, com quatro ruas, casas só com um pavimento,  ruas sem  calçamento, o Palácio do Governo, a Casa da Câmara, a Cadeia, a Alfândega, a Tesouraria e... três Igrejas. A População girava em torno de mil e duzentos moradores. 

As primitivas igrejas de Fortaleza, à exceção da primeira Igreja da Sé que teve ajuda do governo,  foram construídas por iniciativa de populares e de irmandades religiosas, quase sempre em pagamento de promessas feitas ao santo da devoção.  
Depois de iniciadas, as obras eram adotadas pelos padres e por fiéis que completavam a construção através de campanhas ou da oferta de donativos. As igrejas localizadas no centro, são também as mais antigas de Fortaleza, testemunhas de uma época de grande religiosidade.

A Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção ou Porto do Siará, atribuído a Francisco Antonio Giraldes. Na figura de 1811, podem ser identificadas duas igrejas: a Sé e a do Rosário (Ah, Fortaleza!)
  
Igreja do Rosário



Construída em 1730, com donativos ofertados pelos fiéis, foi feita à mão, pela Irmandade de Nossa Senhora dos Pretos, num local afastado da Vila, a Praça dos Leões. Como toda construção daquele tempo, a capela era feita de taipa e palha. Em 28 de abril de 1742, o visitador Lino Gomes Correia, ao passar pela Vila de Fortaleza, determinou que os senhores de escravos  lhes dessem o dia de sábado e os dias santos para granjearem o sustento para a Igreja Nossa Senhora do Rosário.

A igreja foi reformada em 1753 porque ameaçava ruir, sendo reconstruída com pedra e cal. 
A nova capela ficou pronta em 1755. Era o espaço de sociabilidade dos negros até ser improvisada como matriz entre 1821 e 1854, enquanto se reconstruía a Matriz de São José. Construída em estilo barroco é a igreja mais antiga de Fortaleza. 
Fica na Praça General Tibúrcio (Praça dos Leões). 
Tombamento Estadual de 1983.

Catedral da Sé
 A velha Igreja de São José, antiga Matriz de Fortaleza (Nirez)

A construção da primeira capela-mor de Fortaleza foi decidida em fevereiro de 1699, mas a autorização para o inicio da obra só ocorreu em fevereiro de 1746, quando a câmara escreveu a Sua Majestade pedindo um auxilio para a construção.

Concluída em 1795, a matriz que era de taipa e nela se celebravam os ofícios divinos, em poucos anos ameaçava ruir e apresentava diversas rachaduras no arco da capela mor. Começou-se então a construir outra no mesmo lugar. A seca de 1845 interrompeu os serviços que foram retomados em 1846.

 Nessa época chegou à Fortaleza Frei Serafim de Catânia, que estando de volta ao sertão onde missionava, quis deixar um monumento que eternizasse suas missões;  empreendeu e construiu à custa de esmolas um majestoso cruzeiro que foi colocado na frente da igreja. 

A nova Matriz, dedicada a São José,  foi inaugurada no dia 2 de abril de 1854,  num domingo de Páscoa, pelas 9 horas da manhã com uma grande procissão que saiu da Igreja do Rosário em direção ao novo templo. A majestosa igreja foi demolida em 1938, novamente com a alegação de que ameaçava ruir. 




Em agosto de 1939 foi lançada a pedra fundamental da nova igreja da Sé, no mesmo local da anterior. As obras foram atrasadas em razão da Segunda Guerra, e depois do fim do conflito, por problemas ligados a escassez de recursos. Foi finalmente inaugurada em 22 de dezembro de 1978, tendo o padre Tito Guedes à frente dos trabalhos e Dom Aloísio Lorscheider como Arcebispo Metropolitano de Fortaleza. 
Igreja do Patrocínio
foto: Mauricio Cals 


A pedra fundamental da Igreja do Patrocínio  foi lançada em 02 de fevereiro de 1850, que ficaria pronta dois anos depois. Em 1849, o cabo de esquadra Fortunato José da Rocha, disparando um tiro contra o Capitão Jacarandá acertou no alferes Luis de França Carvalho, que na ocasião conversava com o dito capitão.

Vendo-se em perigo de vida, França fez promessa a Nossa Senhora do Patrocínio, de caso sobrevivesse, erigir-lhe uma igreja.  A planta foi fornecida pelo mestre Antônio da Rosa e Oliveira.

As obras para construção da igreja iniciadas por França só foram concluídas devido aos esforços do cônego João Paulo Barbosa, apesar do auxilio de particulares, das Assembleias Provinciais, da Sociedade Auxiliadora dos Templos,  e dos materiais que de ordem do governo lhe foram doados no período da seca.  
Fica na Praça José de Alencar, que já foi Praça do Patrocínio e Marquês de Herval.

Igreja de São Bernardo



Em 1854, o tenente Bernardo José de Melo construiu uma pequena igreja de taipa em louvor a Nossa Senhora do Bom Parto. No primeiro inverno, a capela desabou sob o peso das chuvas. Usando seu prestígio, o tenente conseguiu do governo um empréstimo de oitocentos mil réis, e com esse dinheiro, construiu a atual igreja de São Bernardo. 

Apesar  de a igreja ser dedicada a Nossa Senhora do Bom Parto, o povo chamava a Igreja do Seu Bernardo. Para justificar o batismo da igreja, o tenente Bernardo mandou vir da Espanha uma bela imagem de São Bernardo, que ficou sendo o titular da Igreja. Fica no cruzamento das Ruas Senador Pompeu e Pedro Pereira.

Igreja do Coração de Jesus



A construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus teve inicio no dia 25 de setembro de 1878, quando o Ceará se debatia em mais um período de estiagem. A fome e as epidemias assolavam as populações da Capital e do Interior. 

Para amenizar a situação de milhares de retirantes famintos foi dada inicio a construção do templo, para aproveitar a mão-de-obra em e arranjar ocupação para esses retirantes. 
Diz a história que a primitiva Igreja do Sagrado Coração de Jesus foi construída por Dom Luís Antônio dos Santos e pela família Albano, nas pessoas do casal José Francisco Albano e sua mulher Dona Liberalina Angélica da Silva Albano, barões de Aratanha, para presentear o filho que cursava seminário em Paris e ordenou-se padre. 

O Padre Antônio Xisto Albano, depois nomeado bispo, foi o primeiro responsável pela administração e direção espiritual da nova igreja até 1901, quando foi transferido para o Maranhão. 
Nessa oportunidade o bispo de Fortaleza, D. Joaquim José Vieira resolveu entregar a igreja aos cuidados da Ordem Seráfica dos Capuchinhos. Fica na Avenida Duque de Caxias, 235.

Igreja de São Benedito



A inauguração da Igreja de São Benedito ocorreu no dia 08 de abril de 1885. Era uma igreja modesta, pequena, com quatro frentes voltadas para os quatro pontos cardeais, com torre de madeira envidraçada. 

Situada ao lado do Boulevard  15 de Novembro (atual  Avenida do Imperador), foi edificada pela comissão composta por José Joaquim Teles Marrocos,  Antonio da Rosa e Oliveira, Tristão de Araripe Macedo, no mesmo local da casa de devoção  dedicada a São Benedito. 

Em 1938 foi instalado o Santuário da Adoração Perpétua , na Igreja de São Benedito. Depois foi construída uma nova igreja na Rua Clarindo de Queiros.  A antiga igreja ficou desativada  até 1947, quando foi demolida. Fica na Avenida Imperador, 1165.

Igreja do Carmo



Foi inaugurada em  25 de março de 1906 com missa oficiada pelo bispo Diocesano D. Joaquim, na Praça do Livramento, depois Gonçalves Ledo, hoje Praça do Carmo. Antes de ser matriz, o que ocorreu em 21 de abril de 1915, era uma capela simples, batizada de Nossa Senhora do Livramento, administrada pela Igreja do Patrocínio. 

A construção da capela deveu-se à devoção da Irmandade existente na freguesia do Patrocínio.  O português Antônio Francisco da Rosa “mestre Rosa” recebeu a incumbência de traçar uma planta e executar os referidos trabalhos, que consistiam no aumento do frontispício da capela e do corpo da nave.
  
Em 1879 o arquiteto Adolfo Hebster foi contratado para confeccionar uma nova planta, semelhante a atual igreja.  Como consequência da seca de 1877/79, a Irmandade de Nossa Senhora do Livramento  entrou em crise e transferiu a capela para os cuidados da Associação de Nossa Senhora do Carmo.
  
Transcorridos catorze anos da transferência, em 1906, procedia-se a benção da nova igreja, com a sagração de um sino e a celebração de missa por Monsenhor Bruno Figueiredo.
Fica na Praça do Carmo

Nota
De acordo com Bezerra de Menezes,  em Descrição da Cidade de Fortaleza, a primeira igreja que nos serviu de matriz foi, incontestavelmente, a Capela de Nossa Senhora d’Assunção, que o autor ainda conhecera os alicerces, dentro do Quartel de 1ª. Linha, que fora construída em terrenos do Padre José Rodrigues. (pg. 103). 
Esta seria muito provavelmente a terceira igreja avistada por Henry Kostner em 1810. 

fotos: Fátima Garcia
fontes: 
Bezerra de Menezes, Antônio. Descrição da Cidade de Fortaleza.  Introdução e notas de Raimundo Girão. Fortaleza: Edições UFC/PMF, 1992.

Fontes, Eduardo. As pouco lembradas Igrejas de Fortaleza. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto, 1983.
Koster, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1978. 

domingo, 22 de maio de 2011

Lagoa de Porangabussu

A Lagoa de Porangabussu localiza-se no bairro Rodolfo Teófilo,  tendo uma superfície de aproximadamente 70.000 m2. A profundidade máxima é de 4,21 metros com média 1,84m. Faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Cocó.  
Seu sistema de alimentação é predominantemente pluvial. A lagoa também é alimentada pelas águas do Açude Santo Anastácio, sangrando para um riacho que deságua posteriormente no rio Cocó.


A lagoa apresenta vários trechos com perigos à navegação, como bancos de areia, tocos de madeira e pedaços de concreto. 
O nível sócio-econômico dos moradores desta área é de médio a baixo. As famílias são numerosas, moram em casas de alvenaria,  água encanada e em alguns casos são servidas por esgotos. As ruas são normalmente pavimentadas ou calçadas.
 Até meados do ano de 2009, a área apresentava graves problemas ambientais: o espelho d’água estava quase que totalmente encoberto por  aguapés, e outras espécies aquáticas, consequência da poluição decorrente do grande número de esgotos clandestinos que eram lançados na lagoa.  
A matéria orgânica lançada pelos esgotos  na água, constitui um excesso de alimento às plantas aquáticas, que se desenvolvem numa velocidade muito grande. 
Sem a limitação natural de alimento, que impediria sua explosão, ocorre a completa cobertura do espelho d'água pela  vegetação. 
O excesso de vegetação, por sua vez, impede a penetração da luz, diminuindo o processo de fotossíntese. A diminuição da fotossíntese acarreta uma baixa na oferta de algas verdes e consequentemente, uma diminuição do teor de oxigênio na água. 
O resultado desse processo é um empobrecimento global da água, em algas, peixes, moluscos e crustáceos. 
Devido a poluição, as atividades de pesca e recreação já não eram mais possíveis na lagoa. Nas margens encontravam-se entulhos, aterros e edificações consolidadas como colégios, depósitos, comércios e residências que desrespeitavam a faixa de preservação ambiental. 
Em junho de 2009 a prefeitura gastou mais de R$ 800 mil para recuperar a área de entorno e a Lagoa de Porangabussu.  Entre as benfeitorias que foram implementadas na área estão:  limpeza do espelho d'água com a retirada das plantas aquáticas, a reconstituição da flora com espécies locais, construção de limites físicos (calçadas e gradis), respeitando o fluxo e refluxo da lagoa, sem obstruir a visão da paisagem. 

O projeto contempla ainda anfiteatro, dois quiosques para educação ambiental, três quadras de esporte, pista de skate, um playground, área de ginástica e o calçadão para a prática de cooper, além de uma cabine da guarda para garantir a segurança dos frequentadores.
Apesar da recuperação física e ambiental da área,  e dos recursos gastos, ainda são percebidas algumas deficiências:
  as plantas aquáticas estão de volta;
os equipamentos da quadra de esporte estão quebrados e em mau estado de conservação;
não encontramos um único salva-vidas.   

como chegar:
 1 – pela Avenida Bezerra de Menezes:
Após passar pela Caixa Econômica Federal (sentido Caucaia – Fortaleza), dobra na primeira rua à direita (Rua Professor Anacleto). Cruza, em seguida, a Avenida Jovita Feitosa. Após passar pela Escola Antônio Sales, segue na Rua Tiradentes (continuação da prof. Anacleto). Depois entra segunda rua à direita, na Rua Frei Marcelino.
2 – pela Avenida Jovita Feitosa:
Entra na Rua Professor Anacleto, em direção a escola Antônio  Sales, segue na Rua Tiradentes (continuação da rua Prof. Anacleto). Entra na segunda rua a direita, Rua Frei Marcelino.
3 – pela Avenida José Bastos (sentido praia – sertão)
Entra na Rua Padre Cícero (revenda de motos Sundown na esquina), chegando à Rua Papi Júnior dobra a esquerda.

Fontes: Portal Cogerh
Prefeitura de Fortaleza