domingo, 1 de maio de 2011

A Cidade que Temos e a Cidade que Queremos

No ano em que completa 285 anos de sua fundação, Fortaleza parece um barco à deriva, sem rumo, sem comando, sem metas, sem porto seguro para lançar âncoras. 
O aniversário da cidade foi intensamente comemorado, com shows por toda a cidade, a despeito da buraqueira, da precariedade dos transportes coletivos, dos engarrafamentos que se tornaram quase que obrigatórios em todas as vias, e da falta de assistência a centenas de moradores de áreas de risco, vítimas das enxurradas das águas de abril.
Gastamos uma fortuna com cantores de axé em fim de carreira, em espetáculos de qualidade duvidosa, pagos com recursos públicos que bem poderiam ser melhores empregados.
 Pobre Fortaleza Bela. Antes não foi assim chamada, fosse Fortaleza apenas, ou de Nossa senhora de Assunção, que nos proteja e guarde. 
Na administração da Fortaleza bela, garis e lixeiros dançam felizes ao som de tambores e batuques ao lado de belas mulheres... na TV. 
Na cidade real não existe mais varrição das ruas e o lixo que não é o doméstico se amontoa pelas calçadas, se movimenta ao sabor da ventania e se espalha democraticamente por todos os bairros da cidade, seja rico, seja pobre. 
Praia do Meireles
Após uma grande polêmica sobre a paternidade dos buracos que tomam as ruas e viram grandes piscinas quando chove, – se são da prefeitura, se são da Cagece, de muito empurra-empurra, de muito toma que o filho é teu – nada foi resolvido, e às crateras velhas se juntaram as novas para atazanar a vida de motoristas, pedestres, motoqueiros, ciclistas e moradores, tudo sob o olhar míope da prefeita que, jura de pé junto, que tudo está às mil maravilhas. 

E quanto ao Centro, ah o Centro. 
Lixo, poluição visual, sonora, ocupação irregular das calçadas, da pista, abandono total e  (e ainda dizem que tem uma regional só para cuidar do centro), estacionamento irregular de carros, feirantes, camelôs e similares. 
Um exército de pedintes, desocupados, sem teto, drogados ocupam as ruas do centro e ameaçam a integridade física dos transeuntes. 
As obras que visam preparar a cidade para receber jogos da Copa do Mundo em 2014 (preparem-se para assistir grandes clássicos  entre seleções de países como Honduras x Chechênia ou Azerbaijão x Botsuana), desmontaram o que restava da cidade, sacramentaram o caos e nunca terminam, nenhum prazo é cumprido, nenhuma meta é atingida. (Taí o PV que não me deixa mentir)
show na Praça do Ferreira
Como esse desmando já dura 7 longos anos, e não há mal que dure para sempre, nem todas as festas do mundo podem mais iludir a população acerca da péssima administração a que a cidade está sendo submetida, uma gestão que está sendo marcada pela incompetência, pela incontinência verbal que não convence, pela omissão no trato com a cidade.
 A coisa está tão séria que até políticos que já tinham sido riscados da vida pública estão de volta, cheios dos discursos, muito bem articulados, usando como argumento o cenário de guerra em que se tornou a nossa cidade.
Essa Fortaleza bela, só é bela sob a ótica distorcida da atual prefeita. Esperemos  que, quando ela se for, leve com ela essa beleza aviltada, suja e esburacada, que ela cultiva com tanto zelo, e deixe a administração municipal para alguém que dê conta do recado, que devolva a cidade que perdemos, que realmente ame e preze a nossa Fortaleza.    

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