quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os Imigrantes em Fortaleza

Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará
(Gilberto Gil)
 desembarque de imigrantes espanhóis - 1928 - (Ah, Fortaleza!)
Portugueses, árabes, espanhóis, italianos, ingleses e franceses foram as principais nacionalidades que vieram aportar em terras cearenses, entre fins do  século XIX e a primeira metade do século XX.  
Tanto na Europa quanto no Oriente Médio, a recessão econômica, a falta de trabalho, conflitos políticos, perseguições religiosas e as duas guerras mundiais, foram os principais motivos que fizeram com que boa parte da população desses continentes partissem em busca  novos horizontes em terras longínquas.
As Américas eram o eldorado na época, atraindo migrantes em busca de liberdade, trabalho, oportunidade de ganhar dinheiro, de qualidade de vida. O perfil do imigrante era quase um padrão: homem, entre 18 e 30 anos, um tipo de mão-de-obra apta a ser alocada em setores da economia, tais como comércio,  indústria, mercado imobiliário e hoteleiro.
Nesse período as agências de navegação possuíam agentes responsáveis pela divulgação dos atrativos e das vantagens do Novo Mundo. A imigração teve rotas para a América do Norte, Central, Latina e para o Brasil. As regiões brasileiras que mais receberam imigrantes foram o Sudeste, Centro-Oeste, Amazônia e Nordeste.
Do final do século XIX até a primeira metade do século XX, Fortaleza recebe um fluxo constante de imigrantes em busca de trabalho; muitos nem ficaram na capital, optaram por explorar os vastos espaços dos sertões e das serras.
Fortaleza já era uma cidade lusitana. Foram os portugueses que legitimaram  a colonização, fazendo de Fortaleza uma réplica na arquitetura, na gastronomia, na religiosidade, isto é, um estilo de vida semelhante ao português.
Os primeiros imigrantes que aportaram por aqui vinham para arriscar. Fixavam residência e iniciava um trabalho, e obtendo êxito, mandavam buscar a família. Os parentes ajudavam nos negócios e exerciam uma função importante, a de recompor os laços afetivos e familiares.  
Os Imigrantes Árabes
Os sirios-libaneses atuam desde muito tempo também no mercado imobiliário e hoteleiro. Um exemplo dessa atuação foi o Hotel Savanhah, na Praça do Ferreira (Ah, Fortaleza!) 
Consta que a imigração árabe para o Brasil começou depois que o imperador Dom Pedro II fez uma visitou diplomática ao Oriente Médio e ficou encantado com a cultura local e com a boa acolhida que recebeu do povo árabe. As primeiras levas de imigrantes  foram atraídas para o Brasil por meio do imperador.
Dominados há séculos pelo Império Turco-otomano, os árabes  viram na emigração uma forma de escapar da violenta dominação imposta pelos turcos. Os turcos, adeptos do islamismo, perseguiam as comunidades árabes que professavam a fé cristã. A pressão demográfica, a pobreza do solo, declínio da industrialização, e a falta de oportunidade de trabalho também foram fatores determinantes  para a emigração em massa.
libaneses no Palace Hotel (Ah, Fortaleza!)
Os primeiros árabes chegaram ao Ceará ao final do Século XIX, inicio do século XX, a maioria proveniente da Síria e do Líbano.  Eram 50 famílias compostas de aproximadamente 170 pessoas. Chegaram com passaportes turcos, sendo confundidos com seus opressores, o que lhes causou problemas de adaptação.
Destacaram-se primeiro como mascates, comerciantes sem endereço comercial fixo, que vendiam direto ao público, de porta em porta, por todo Ceará. Comercializavam perfumes, tecidos, roupas de cama e mesa, joias e outras utilidades.
 libaneses vestidas de odaliscas no carnaval de Fortaleza (Ah, Fortaleza!)
Quando os árabes chegaram, já existiam mascates portugueses e italianos. No entanto,  a mascateação se tornou uma marca registrada da imigração árabe. Nesta atividade, esses imigrantes introduziram inovações que, hoje, são vistas como traços marcantes do comércio popular:
- redefiniram as condições de lucro;
- introduziram as práticas da alta rotatividade e alta quantidade de mercadorias vendidas, das promoções e das liquidações.
Nos primeiros anos de atividade, os mascates, em visita às cidades do interior principalmente, às fazendas de café, levavam apenas miudezas e bijuterias. Mas com o tempo e o aumento do capital, começaram também a oferecer tecidos, lençóis, roupas prontas dentre outros artigos.
À medida que  acumulavam os ganhos, os mascates contratavam um ajudante ou compravam uma carroça; o passo seguinte era estabelecer  uma casa comercial, sendo o último passo a indústria.
Outros grupos de imigrantes  árabes procuravam ganhar a vida por meio de pequenos negócios familiares. Atuavam como proprietários de lojas de tecidos ou armarinhos, no mercado imobiliário e no ramo de hotelaria. Por tradição, se casavam entre si.
Uma das formas dos imigrantes se integrarem a cultura local e assimilarem a linguagem, foi se matricularem nas instituições de ensino da cidade.
 
O clube Libano na Rua Tibúrcio Cavalcante (1956) e a Igreja Nossa Senhora do Líbano década de 1950 (Ah, Fortaleza!) 
Segundo uma pesquisa sobre a migração libanesa para o  Ceará, os primeiros libaneses que chegaram aqui foram os irmãos Dimitri e Elias Dibe, provenientes da cidade de Trípoli, Libano. Vieram para residir em Teresina – Piauí, tornando-se comerciantes. Em uma viagem para Fortaleza teriam gostado do clima e resolveram se mudar para esta cidade, em companhia de uma empregada chamada Teodora, a quem os irmãos ensinaram o idioma e a fazer comida árabe.
Dimitri Dibe mandou vir do Líbano sua mãe Angelina, sua mulher Rufina e sua filha de dois anos de  idade.  Mais tarde, o casal teve mais três filhos, estes já nascidos em Fortaleza.
Dimitri Dibe foi proprietário de uma banca de miudezas no antigo Mercado Central. Depois, da loja Dimitri Dibe e irmãos. Era cristão ortodoxo e desempenhava o papel de sacerdote na colônia libanesa que então se formava.
A colônia libanesa em Fortaleza construiu o Clube Líbano e a Igreja Nossa Senhora do Líbano, marcos da importância desse grupo.
Fonte:
Imigração Árabe, um certo oriente no Brasil. Disponível em www.ibge.gov.br/brasil500/arabes
Motivos da Imigração. Disponível em http://www.tendarabe.hpg.ig.com.br/imigrantes/motivos_da_imigracao.htm
Travessias em Movimento: Os Imigrantes em Fortaleza, de Peregrina F. Capelo Cavalcante.

33 comentários:

Luan P.L disse...

Queria que você fizesse uma matéria sobre o bairro da parquelândia. Fotos antigas, cuirosidades, etc. Parabéns pelo blog

Fátima Garcia disse...

Já tenho juntado algum material sobre a Parquelândia (antigo coqueirinho), qualquer hora dessas vc vai ler a respeito por aqui. E obrigada pela visita.

Anônimo disse...

Prezada Fátima, gostaria de parabeniza-la pela iniciativa. Resido há 10 anos em Fortaleza e sempre desejei conhecer melhor a história desta cidade que escolhi.

Fátima Garcia disse...

Obrigada, Márcia,
volte sempre

Anônimo disse...

Oi, a matéria está ótima! Também gostaria de saber a origem dos sobrenomes cearenses, como por exemplo: Gonçalves, Aguiar, Freitas, Linhares, silva, cavalcante... Será que é dificil? Obrigado!

Fátima Garcia disse...

vou pesquisar e ver se consigo algo, embora desconfie que vá dar um bocado de trabalho.

IVAN RAMOS disse...

QUE MARAVILHA ESSA MATÉRIA! EU SOU CEARENSE DE IBIAPINA NA SERRA GRANDE E ACREDITO QUE TAMBÉM TENHO UMA CERTA LIGAÇÃO COM O POVO ARABE (É O QUE AS PESSOAS QUE ME CONHEÇEM DIZEM), SENDO QUE SOU MESTIÇO.MINHA BISAVÓ MATERNA ERA BRANCA DOS OLHOS AZUIS E DESCENDENTE DE INDIO.SE VC SOUBER MAIS DE ALGO SOBRE A LIGAÇÃO DE ARABES COM EUROPEUS E INDÍGENAS ME ENVIE, POR FAVOR PARA MEU E-MAIL:ivanramos_82@hotmail.com

grato
IVAN RAMOS

Anônimo disse...

EU SOU IVAN RAMOS E NATURAL DE IBIAPINA NA SERRA GRANDE. GOSTARIA DE SABER MAIS SOBRE OS ÁRABES E SIMILARES NO CEARÁ, POIS MUITOS CEARENSES QUE APESAR DO SOBRENOME SER MUITO COMUM, TEM A APARENCIA DE DESSE POVO.
MEU E-MAIL:ivanramos_82hotmail.com

Fátima Garcia disse...

Olá Ivan Ramos, não tenho maiores informações sobre a imigração de árabes para o Ceará além destas que postei, obtidas de um artigo sobre imigração. Se encontro algo mais, mando p/seu email
obrigada pro visitar o blog

Conhecendo nossa língua disse...

Excelente texto. Gostei muito das informações, ricas e fidedignas à fonte da pesquisa.Como cearense amei saber mais sobre minha terrinha e como professor parabenizo pela preocupação em transmitir conhecimento, que nunca é demais. Parabéns.

Conhecendo nossa língua disse...

Excelente texto. Gostei muito das informações, ricas e fidedignas à fonte da pesquisa.Como cearense amei saber mais sobre minha terrinha e como professor parabenizo pela preocupação em transmitir conhecimento, que nunca é demais. Parabéns.

Conhecendo nossa língua disse...

Excelente texto. Gostei muito das informações, ricas e fidedignas à fonte da pesquisa.Como cearense amei saber mais sobre minha terrinha e como professor parabenizo pela preocupação em transmitir conhecimento, que nunca é demais. Parabéns.

Fátima Garcia disse...

obrigada professor, volte sempre.

ROSANE disse...

BOA NOITE FATIMA,MEU NOME É ROSANE PORDEUS .TENHO PESQUIZADO SOBRE FAMILIAS DE COQUEIRINHO EM BUSCA DE INFORMAÇAO SOBRE MANOEL LOURENÇO DA COSTA ANTIGO TAXISTA QUE FOI MORTO A FACADAS DURANTE SUA JORNADA DE TRABALHO .ENTAO CHEGUEI A SUA PAG.FICO FELIZ EM SABER QUE VC É NASCIDA NESTA AREA POR ISSO AGUARDO SE POSSIVEL ALGUMA INFORMAÇAO CONSULTANDO SUAS LEMBRANÇAS E CONHECIMENTO.
OBS: NO LOCAL FOI CONSTRUIDO UM HOSPITAL E PRA ONDE FORAM OS ANTIGOSMORADORES DA LOCALIDADE????
UM GRANDE ABRAÇO.

Fátima Garcia disse...

olá Rosane,
precisaria de mais detalhes como onde/qual coqueirinho (esse nome aparece algumas vezes na Fortaleza antiga e qual período você está pesquisando, daí verei se tenho alguma informação que lhe seja útil.
abs

Anônimo disse...

Fale sobre outros imigrantes que vieram para o ceará e até quando existia colônia no ceará, conheço muitas história bacanas em relação a isso, e se vieram imigrantes ilegais de países da europa ou da ásia, agradeço

Patricia disse...

Boa tarde!

Minha família é de Crateús - Ceará. Gostaria de saber sobre o sobre nome Rodrigues, Silva e Vieira, der que origem é?


No aguardo!

Audizia Godinho disse...

Sabemos que meu bisavo Antonio Godinho de Carvalho era portugues e entrou no Brasil por Fortaleza no inicio do seculo dezenove.Gostaria de saber de que regiao de Portugal ele era e nome do pai dele. Nao temos o registro de nascimento dele so sabemos que a mae se chamava Ana de Jesus.

Anônimo disse...

Olá! Meu pai era de Fortaleza e sempre me falava do avô dele, espanhol de Bracelona, de nome Jaime Luiz Lopes Sagarra, que, provavelmente, deve ter chegado no Brasil, no início do século XX.
Teria como saber mais dele, da famiília... Por onde eu consigo as informações?

CARLOS ALBERTO JUNQUEIRA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CARLOS ALBERTO JUNQUEIRA disse...

MEUS ASCENDENTES TEM ORIGEM DOS NEGROS ESCRAVOS, ÍNDIOS ISOLADOS, PUTAS, AGRICULTORES SEMIESCRAVOS, MESTIÇOS PAUPÉRRIMOS. SOU CEARENSE DA GEMA!

marcelo cardoso lucio disse...

ola ! Fatima gostei muito do que voce escreveu , gostaria de uma ajuda sua , saber a origem do sobrenome lucio ai no ceara, e tambem se existe uma lista de sobrenomes dos italianos que chegaram no ceara antes de do ano de 1900 , se puder ajudar agradeço muito deixo aqui meu whtassap 67 992966172 . obrigado
Marcelo cardoso lucio

Unknown disse...

ola boa noite busco uma linda mulher pra construir uma familha

João Alencar disse...

A FAMÍLIA FORTALEZA TEM ORIGEM LIBANESA, NÃO SEI O MOTIVO DA TROCA DE NOME QUANDO CHEGARAM AO CEARÁ. ESSA FAMÍLIA TEM TODAS AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E COSTUMES DOS POVOS DO LIBANO, MUITOS DELES ERAM MASCATES.

William Nascimento disse...

Muito interessante. Meu avô que faleceu no ano passado aos 99 anos em Belém do Pará, é nascido no Ceara, filho de Italianos, da família Garcez. Sempre tive curiosidade de saber o que os trouxe para o Brasil.

Nataly disse...

Olá Fatima, você tem informações sobre a escola Joaquim Antonio Albano? Eu queria saber mais sobre o patrono da escola.

Anônimo disse...

Olá bom dia sou do interior meus bisavós paternos são do litoral cearense já o lado da minha mãe são das regiões norte cearense,
Sobrenome Ávila, Patrício, Bezerra, Mota, Félix, todos esses estão fazendo parte da minha família aqui no Ceará.

Anônimo disse...

Muitos Cearense descende de judeus minha é judia vindo da Itália e Rússia foram mora ,na cidade de Viçosa do Ceara muitos Cearense principalmente da serra da Ibiapaba esses judeus tracoram o sobre nomes é judeus e os Árabes são primos por essa semelhança com Árabes meu Abrahim saebbi

Anônimo disse...

Olá boa noite gostaria de saber se ainda existe alguém com o sobrenome glyns ou glyn fortaleza ou em alguma outra cidade do Ceará. Minha bisavó e tataravô eram inglesas mas minha vó perdeu o sobrenome queria saber mais sobre as origens.

Anônimo disse...

Olá gostaria de saber sobre o sobrenome Gondim de Ibiapina Ceará sou Bisneta de Agustinho Rodrigues de Araújo Gondim estou no celular do meu.filho me chamo Auricelia

Anônimo disse...

Li em um artigo que o sobrenome darwich libanes vindo de família libanesa quando chegaram aqui traduziram o nono darwich para Araújo

Anônimo disse...

Oi Li em artigo que dizia que quando os libaneses chegaram no ceara eles foi mudado o sobrenome deles darwich por o sobrenome Araújo

Anônimo disse...

Sou Sonia Coimbra, moro em Sete Lagoas MG.
Meu avô éra português e chamava-se Plácido Gomes de Matos e sua esposa Abigail Bernardo Gomes.
Tem como saber mais detalhes deles? Como: Lugar onde nasceu e quando veio para o Ceará.