As novelas no rádio cearense tiveram início ainda na década de 1930. Até os anos 1950, quando o rádio viveu seu apogeu, um dos maiores destaques foi no campo das novelas, cujo nível de interpretações e de direções só encontrava paralelo na poderosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro, à época, a expressão máxima do rádio brasileiro.
Era em torno do rádio que a família se reunia à noite, depois do jantar, para a novela das oito.
Era em torno do rádio que a família se reunia à noite, depois do jantar, para a novela das oito.
Às vezes a lâmpada do ambiente era apagada para que as luzes do aparelho receptor chamassem a atenção de todos para uma maior concentração da ação, que se desenrolava no chamado teatro-cego.
Entre centenas de nomes que em quase três décadas encarnaram personagens da história e da ficção, figuram artistas como
Paulo Cabral,
Cabral de Araújo,
Iracilda Gondim,
Manuelito Eduardo,
José Julio Barbosa,
José de Oliveira,
Stela Maria,
Vera Lúcia,
Miriam Silveira,
Maria José Braz,
Haroldo Serra,
Oliveira Filho,
Celina Maria,
Cleyde Holanda,
Ângela Maria,
Ismy Fernandes,
Cláutenes Andrade,
Ítala Ney,
Wilson Machado,
Augusto Borges,
Mozart Marinho,
José Limaverde,
Andrade Júnior,
Carlos d’Alge,
Almir Pedreira,
Yvone Mary,
Emiliano Queiroz,
Albuquerque Pereira,
Clovis Matias,
Wilson Aguiar,
Nazareno Albuquerque,
Djacir Oliveira.

João Ramos, galã das novelas da Ceará Rádio Clube, sofria o assédio de fãs que lotavam escadas e elevadores e movimentavam o Edificio Pajeú em busca de autógrafos. 

Laura Santos a maior expressão feminina do rádio-teatro cearense era par constante do galã João Ramos
Mas o casal que fez história no rádio cearense foi composto por João Ramos e Laura Santos, dupla que encantou os ouvintes com inesquecíveis performances durante anos. Foi João Ramos quem criou o Elenco de Ouro da Ceará Rádio Clube, onde deu uma nova dinâmica às novelas, com atores e atrizes selecionados com rigor.
João Ramos e Laura Santos eram atrações, motivo de correrias nos corredores e escadas da rádio, assediados por fãs exigindo autógrafos, querendo tocá-los. Faziam perguntas, queriam escutar suas vozes ao vivo, queriam saber se eram pessoas reais, vivas, queriam fotos. Eram reconhecidos e admirados nos clubes, nos bares, nas ruas.
A relação que se estabelecia entre ouvintes e fãs era diferente da relação passageira dos tempos atuais, quando a fama tem a mesma duração da novela, e o artista precisa estar sempre na mídia para não ser esquecido. Nos tempos do rádio a fidelidade dos fãs durava décadas, estando ou não o artista no ar.

Existiam os escritores especializados em radionovelas, alguns ficaram famosos nacionalmente, a exemplo de Amaral Gurgel, Oduvaldo Vianna, Janete Clair, Ivany Ribeiro e muitos outros.
A primeira novela de autor cearense apresentada pela PRE-9, foi “Aos pés do Tirano”, de Eduardo Campos, que a partir daí evoluiu como homem de letras, e se tornou um símbolo do rádio de altíssimo nível que se fez no Ceará, em décadas passadas.
Consuelo Ferreira integrava a constelação de rádio-atrizes da Rádio Dragão do Mar
Maria José Braz que juntamente com Laura Santos dividia o estrelato das grandes produções artisticas da Ceará Rádio Clube
Gláuria Farias era do elenco de radioteatro da Rádio Dragão do Mar
Angela Maria do cast da PRE-9
Oliveira Filho, galã das novelas da Rádio Dragão do Mar
Laura Santos e Cabral de Araújo






Para Marciano Lopes, as novelas do rádio acabaram quando as pessoas deixaram de ser criativas. os artífices das ilusões pediram aposentadoria, porque o público passou a acreditar somente no que vê, os cérebros modernos perderam a capacidade de fantasiar, criar o clima, idealizar o cenário, compor os tipos e comportamentos humanos.
E a ingenuidade de um beijo apenas sugerido através da narração emocionada de Almir Pedreira ou de Laura Santos já não bastava. Era preciso muito mais, era necessária a imagem associada às falas para que as histórias sejam entendidas.
Fotos e pesquisa:LOPES, Marciano. Coisas que o Tempo Levou: a era do rádio no Ceará. Fortaleza, 1994