Antes da reforma de 1920, a Praça do Ferreira apresentava em cada canto um quiosque, com a função de bar e café. De madeira entrelaçada, sobre alicerces de alvenaria, de aspecto original com seus lambrequins e outros simpáticos efeitos, os cafés eram uma atração à parte.
Café do Comércio
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O café do Comércio situava-se no ângulo noroeste, com um pavimento acima do térreo, defronte ao Café Emidio. Era o maior de todos. Pertenceu inicialmente a José Brasil de Matos e, depois às empresas Lopes & Filho, Virgilio Bezerra e Barbosa & Moreira.
Café Elegante
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O Café Elegante estava situado no ângulo sudeste, em frente à Funilaria São José, à torrefação de Joaquim Sá e no American Kinema. Também tinha dois pavimentos, levantados pelo comerciante Pedro Ribeiro Filho, em 1891, com autorização da Câmara Municipal e com direito à exploração por dez anos.
Café Iracema
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O Café Java, situava-se no ângulo Nordeste da praça, defronte à Intendência Municipal, e foi o primeiro a funcionar, construído em 1886. De propriedade de Manuel Pereira dos santos – vulgo Mané Coco, depois foi passado a Ovídio Leopoldino da Silva.
Mané Coco era um tipo popular. De fraque, ainda que sem gravata, fazia questão da flor na lapela e de recitar a Morte de D. João (poema de Guerra Junqueiro dedicado à memória de Alexandre Herculano). Apreciava aquela mocidade que, a pretexto de um cafezinho no seu estabelecimento, vinha prosar e poetizar. Primeiro chegou Antonio Sales, o dos Versos Diversos de 1890. Depois se juntam 34 moços, metade poetas: funcionários da alfândega, caixeiros, migrantes. Estava formado o embrião do grupo literário que ficou conhecido como “Padaria Espiritual”.
Na reforma feita na praça na primeira gestão do Prefeito Godofredo Maciel , em 1920, os quiosques foram demolidos. Sobre o episódio, Antonio Sales escreveu estas palavras de mágoa:
esta noite, ao sair do cinema, parei defronte dos destroços fúnebres do Café Java, sacrificado à estética da Praça do Ferreira, que é o centro vital de nossa urbe. E nessa contemplação, veio-me uma grande tristeza e uma grande saudade. Ali reinou Mané Coco, o fundador dessa instituição popular que era o café, hoje desaparecido
fotos e pesquisa:
AZEVEDO, Otacílio. Fortaleza Descalça: reminiscências. Fortaleza: Edições UFC/PMF, 1980. BEZERRA DE MENEZES, Antonio. Descrição da Cidade de Fortaleza. Introdução e notas de Raimundo Girão. Fortaleza: Edições UFC/PMF, 1992.
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