domingo, 6 de dezembro de 2009

Bairros de Fortaleza: Benfica

O Benfica está localizado na porção centro-oeste de Fortaleza, ocupando uma área de 143,1 hectares. A história do bairro está ligada a familia Gentil especialmente ao banqueiro José Gentil, que em 1909 adquiriu a chácara localizada na Avenida Visconde de Cauípe (atual Avenida da Universidade). Em 1918 o banqueiro ergueu no local um palacete para sua moradia. Em torno da sua casa construiu vilas e ruas com residências de vários tamanhos e estilos, com praças e áreas verdes, lugar que ficou conhecido como Gentilândia.


Casa do banqueiro José Gentil, construída em 1918
Casa defronte a Praça da Gentilândia

casa na Rua João Gentil

A Gentilândia tornou-se uma verdadeira cidade modelo que serviu de padrão às novas construções e vilas da cidade. O Benfica ainda conta com grande número de imóveis antigos, que remontam à criação do bairro.


Antigo palacete dos Nepomuceno atual Instituto das filhas de São José na Av. João Pessoa
O Estádio Presidente Vargas é um dos equipamentos mais marcantes do Benfica. Foi inaugurado em 21 de setembro de 1941. Praça da gentilândia
Praça João Gentil
Avenida João Pessoa onde se localizam parte dos terrenos da UFC

Igreja Nossa Senhora dos Remédios
A Igreja foi inaugurada em 13 de agosto de 1910. Foi elevada à paróquia em junho de 1934 quando já era administrada pela Casa das Missões dos Padres Lazaristas holandeses.
Rua Nossa Senhora dos Remédios
Rua Redenção, antiga Travessa Sobral

O shopping Benfica é um dos novos equipamentos do bairro. Foi Inaugurado em outubro de 1999, localizado na Avenida Carapinima.

Casa onde funcionou o Ginásio Americano, que anteriormente pertenceu a João Gentil localizado na Avenida da Universidade. Em 1958 o imóvel foi adquirido pela Universidade Federal do Ceará, sendo demolido para a construção do prédio onde até hoje funciona o Curso de Sociologia.

Imóvel onde funciona a casa de cultura Alemã em foto de 1966
Casa de Cultura Alemã em foto atual

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Ética Política ou Lugar de Dinheiro Sujo é na Cueca


O termo ética vem do grego ethos, originariamente habitat humano. "Ethos" significa, num sentido mais amplo, o lugar onde nos abrigamos, no qual é preciso haver princípios e valores que permitam a convivência. Esse conjunto de princípios e valores é exatamente o que chamamos de ética, ou seja, as regras da casa.

Já a ética profissional é definida como sendo um conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão. Seria a ação reguladora da ética no âmbito da profissão, que faz com que o profissional respeite seu semelhante quando no exercício da profissão.

Todas as profissões têm um código de ética: os médicos, os advogados, os religiosos, os economistas, os professores, os enfermeiros, os servidores públicos, os empresários, etc.
Códigos de ética são encontrados até em grupos marginais da sociedade, como nas cadeias, onde condenados por crimes como estupro ou violência contra crianças, são violentamente repudiados pelos outros detentos.

Mas há uma casta de profissionais para quem a ética é só um vocábulo de dicionários que eles jamais consultam: os políticos.
No Brasil particularmente política e corrupção são complementares, um não existe sem o outro. Todos os dias políticos são flagrados com a boca na botija, dividindo o butim como um troféu, um tributo à falta de vergonha e a safadeza que habitam seus cérebros disformes.

O caso do Distrito Federal é só mais um na rotina de roubalheira que tomou conta do país. O governador dos panetones é reincidente: acusado de ter quebrado regras que eles mesmos criaram, jurou, pelo amor dos seus filhinhos que era inocente. Estava mentindo: além de culpado é mentiroso, e renunciou para não perder o mandato de senador. Desta vez o montante desviado foi tanto que o governador e sua curriola precisaram de um disfarce para carregar o produto da pilhagem. E valeu tudo: na mala, na bolsa, nos bolsos, na meia, na cueca.
Faz sentido: não existe lugar mais adequado do que a cueca, para se guardar dinheiro sujo.

sábado, 28 de novembro de 2009

O Circo dos Horrores da Segurança Pública


Episódio 1:

Lançamento da operação centro seguro no Passeio Público.
A Secretaria de Segurança Pública realizou uma solenidade no Passeio Público para lançamento da operação que promete intensificar o policiamento do centro da cidade, para garantir a segurança dos consumidores que buscam fazer compras de Natal. O pomposo evento teve direito a presença de autoridades, muita falação, muito rapapé, e muita prosopopéia.
No mesmo dia...
Provavelmente para que ficasse claro o quanto ficaram impressionados e atemorizados com o inicio da operação centro seguro, ladrões assaltaram um casal de turistas, sendo que o homem, de nacionalidade portuguesa, foi atingido com dois tiros disparados a curta distância. O assalto ocorreu no centro, nas imediações do Mercado Central, e não muito distante do local da cerimônia patrocinada pela Secretaria de segurança, ocorrida pela manha.

Episódio 2
Uma situação inusitada foi registrada ontem, na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL), em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Ao procurar por um detento que estava desaparecido há três dias, os agentes daquela unidade prisional encontraram vários ossos que, supostamente, seriam os restos mortais do homem desaparecido.
De acordo com o diretor da CPPL, a descoberta da ossada ocorreu depois que a direção recebeu a informação de que o preso desaparecido teria sido assassinado. A descoberta dos ossos fez com que a direção do presídio levantasse a hipótese de que, após executarem o preso, outros detentos cortaram o corpo em várias partes e espalharam em vários locais da unidade, como nos forros ou no sistema de esgotos.
(Jornal Diário do Nordeste, 28.11.2009)

Conclusão
Pelas situações acima, pode-se perceber que em matéria de segurança, a coisa vai de mal a pior, um desgoverno, uma incompetência nunca vista que deixa toda cidade vulnerável a ação da bandidagem.
E pensar que inúmeras pessoas estão sendo regiamente pagos para prestar esse péssimo serviço. Fosse na iniciativa privada, há muito já teriam sido demitidos.
E por justíssima causa.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Nova Ordem Social

fachada do Asilo do Bom Pastor destinado as moças solteiras que engravidavam.
Foto reprodução (Arquivo NIREZ)

Na Fortaleza do Séc. XIX o ordenamento do espaço urbano estava estreitamente relacionado com medidas e técnicas voltadas para o reajustamento das camadas mais pobres da população, através do controle da saúde, gestos e comportamentos.

Para manter a cidade limpa e asseada, medidas saneadoras foram adotadas, com a inauguração de vários estabelecimentos destinados a abrigar os diversos segmentos sociais residentes na cidade, considerados “párias”. O primeiro a ser inaugurado foi o Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, a 1° de março de 1886, com a presença de inúmeras autoridades. Nos discursos médicos proferidos sobre a necessidade de uma instituição asilar, foram apresentadas justificativas como “retirar os dementes do seio de suas famílias e livrá-los da associação com o crime” e “equacionar o problema do estacionamento de loucos no espaço urbano”.

Se chegara a vez de isolar os loucos das ruas, logo outros segmentos chamados desviantes, como os mendigos, os órfãos, os velhos, os vadios e as prostitutas também seriam, mais cedo ou mais tarde, forçosamente recolhidos a asilos, escolas de correção, orfanatos ou cadeias.

Entre o fim do Séc. XIX e o inicio do Séc. XX foram inauguradas diversas organizações com fins assistencialistas, articuladas com a polícia (mediante acordo para erradicação da mendicância), que assistiam e internavam a massa de excluídos da Capital: Dispensário dos Pobres (1885), o antigo Asilo de Mendicidade (1886) e o novo patrocinado pela Maçonaria (1905) para pobres e indigentes; Patrocínio dos Menores Pobres (1903) para menores pobres ou ófãos; Patronato de Maria Auxiliadora para Moças Pobres (1922) e Asilo Bom Pastor (1928) destinado ao abrigo de mulheres solteiras que incorriam no ato de engravidar.

Subvencionadas pelo Estado, supervisionadas pela Igreja Católica, organizadas por senhoras “de caridade”, médicos, e grupos de intelectuais, tais organizações possibilitaram a transformação da filantropia de caráter caritativo em um novo modelo de assistencialismo: a filantropia higiênica.

Fonte:
Ponte, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Époque: reformas urbanas e controle social (1860-1930). Fortaleza: Fundação Demócrito rocha, 1999.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sacolas plásticas: um impasse global


Ainda que timidamente os supermercados de Fortaleza iniciaram uma campanha pela diminuição do uso das sacolas plásticas para transportar os produtos. A idéia é que sejam utilizadas sacolas de tecidos reutilizáveis ou caixas de papelão.

Quando surgiram no final da década de 1950, as sacolas plásticas eram motivo de orgulho das redes de supermercado. Com a discussão sobre as causas dos problemas ambientais, passaram de símbolo de praticidade, a vilãs do meio ambiente. E os motivos são óbvios: o plástico polui e muito; demora pelo menos 300 anos para se decompor no meio ambiente. No mundo todo são produzidos 500 bilhões de unidades por ano, o que equivale a 1,4 bilhões por dia ou 1 milhão por minuto. No Brasil 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente, o que corresponde a 66 sacolas por brasileiro ao mês.

Os fabricantes contra-argumentam: as sacolas plásticas são reutilizáveis, higiênicas e tem múltipla utilidade. São particularmente importantes para os consumidores que fazem compras e se locomovem a pé ou de ônibus.

Realmente as sacolas são reutilizáveis principalmente para descarte do lixo doméstico. Os sacos azuis e pretos, feitos especialmente para colocação do lixo, são ainda mais nocivos ao meio ambiente do que as sacolas de supermercados, pois são mais resistentes e tem decomposição mais lenta.

Em vários estados já existem propostas para redução e posteriormente a total eliminação das sacolas plásticas. A principal alternativa são as sacolas de plástico oxibiodegradáveis, que contêm um aditivo químico que acelera a decomposição em contato com a terra, a luz ou a água. O prazo de degradação é até cem vezes menor, ou seja, uma sacola leva apenas três anos para se decompor. Mas já foi lançado o alerta: o fato de as sacolas se decomporem a luz do sol não significa que esse material vá sumir do meio ambiente.

Pelo menos em Fortaleza o uso das sacolas deve continuar por tempo indeterminado. A cidade não faz coleta seletiva, e a empresa que faz a coleta de lixo, só recolhe os resíduos se estiverem embalados nos famosos sacos plásticos, inclusive caixas de papelão: se interessar aos catadores de lixo, eles levam do jeito que estiverem; mas se não interessar aos recicladores, precisam estar dentro de sacos, ou a ECOFOR não recolhe.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Gestão Ambiental: A Responsabilidade Socioambiental Corporativa

foto reprodução

A responsabilidade socioambiental foi definida pelo Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCDS), como “o compromisso permanente dos empresários de adotar um comportamento ético, contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida de seus funcionários e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo”.
Pode ser entendida também, como um modelo de gestão adotado pelas empresas, que tem por objetivos promover a inclusão social (responsabilidade social) e a conservação ambiental (responsabilidade ambiental).
O conceito surgiu de uma demanda de mercado onde os consumidores passam a delimitar a escolha dos seus produtos levando em conta a responsabilidade social e ambiental da empresa. No Brasil é um fenômeno recente.
A degradação ambiental de modo geral está diretamente associada as atividades econômicas praticadas no planeta. O modelo atual de desenvolvimento, baseado no modo de produção capitalista estimula o desperdício e a cultura do descartável; o consumo aumenta a utilização de recursos naturais; o aumento de lixo gerado pelas embalagens, pelos produtos não recicláveis e nem biodegradáveis; descarte no meio ambiente de resíduos sólidos e líquidos sem qualquer tratamento; exploração da terra; poluição do ar, da água e do solo; todos esses fatores atuando de forma desordenada promovem degradação ambiental.
A responsabilidade socioambiental implica na decisão da empresa de participar mais ativamente das ações comunitárias na região em que está presente e minimizar os possíveis danos ambientais decorrentes de suas atividades.
Mas, apoiar o desenvolvimento local e preservar o meio ambiente não são ações suficientes para se atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É primordial que invista no bem-estar de seus funcionários e dependentes num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicações transparentes, assegurar a sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação de seus clientes e consumidores.
A preocupação com a preservação ambiental tem levado o setor privado a investir grandes somas em recursos tecnológicos, pois tais investimentos já são vistos como fundamentais para uma estratégia de negócios.

Fontes:
ALMEIDA, F. O Bom Negócio da Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo: Atlas, 2002.
FEDATO, Maria Cristina Lopes. Responsabilidade Social Corporativa: beneficio social ou vantagem competitiva. São Paulo, 2005. Dissertação de Mestrado – USP 2005.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Governo Caio Prado (1888-1889)

Caio Prado (no centro do grupo) e seus amigos na chácara do livreiro Guálter Silva, no Benfica. (arquivo Raimundo Girão))
Antonio Caio da Silva Prado foi nomeado presidente da província do Ceará por carta imperial de 25 de março de 1888. Nascido em São Paulo, em 13 de junho de 1853, de família rica e tradicional, irmão do renomado escritor Eduardo Prado, foi educado na Europa, cursou Engenharia na França e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo.

Caio Prado assumiu o governo do Ceará em 21 de abril de 1888, cercado de admiradores e elogios de simpatizantes, mas com reservas da imprensa local. Ao tomar posse no cargo, logo se viu cercado de dificuldades de todos os tipos.

A maior delas foi que o estado, mais uma vez, se deparava com o flagelo da seca, essa denominada “seca dos três oitos”. Também estava às voltas com dificuldades políticas por ter entregado todos os postos oficiais do governo a correligionários.

Criticado por setores da sociedade, e alheio aos problemas que assolavam o estado, Caio Prado entregou-se à convivência dos intelectuais da terra e pessoas da sociedade, abrindo os salões do Palácio do Governo para receber a elite que o acompanhava às tertúlias e aos piqueniques domingueiros em sítios e chácaras de Fortaleza e Maranguape.
O palácio era um salão de festas aberto todo o tempo, as festas e recepções eram contínuas, os gastos altíssimos.

O presidente da província foi descrito pelo cronista João Brígido como homem que deslumbrava pelo seu jeito principesco, talentoso, hábil e com muito senso prático, mas totalmente destituído de noções peculiares do governo local.

Enquanto as festas palacianas aconteciam, a seca continuava implacável, trazendo para a Capital a miséria, a fome e um exército de retirantes. Somente após os rumores da existência de ações que visavam sua interdição, o governo decidiu adotar algumas providências ainda que tardias e iniciou a assistência aos flagelados através dos serviços públicos.

E a ajuda veio em maior intensidade em forma de migração, principalmente para a Amazônia e para o Sudeste, solução bastante comum em outras secas, sob outros governos. O “inferno verde” e os trabalhos nos cafezais atraíam os nordestinos expulsos pela seca, que sonhavam com dias melhores nos eldorados dos seringais e dos cafezais.

A administração de caio Prado não fugiu à regra; apesar dos elogios recebidos pelas iniciativas tomadas em socorro dos necessitados, como a construção de obras de açudagem, foi muito criticado pela imprensa pelas atitudes tomadas, e por incentivar a migração de cearenses para outras regiões do país.

Noticiais de jornais da época davam conta que em apenas dois vapores da Companhia Brasileira, embarcaram 2.720 emigrantes; outro jornal revelava que no período entre 19 de setembro a 12 de janeiro do ano seguinte, deixaram a província 5641 pessoas com destino ao sudeste e 2421 cearenses foram para o Norte.
Apesar das críticas, cada vez mais contundentes, o Presidente Caio Prado continuou incentivando a emigração: não foi proposta nenhuma outra solução.

Para completar a tragédia da falta de chuvas, proliferou no Ceará uma violenta epidemia de febre amarela, agravando o quadro de miséria para milhares de pessoas sem remédios, sem alimentos, sem esperanças.
Com a epidemia instalada no estado, o próprio presidente foi uma das vítimas; acometido da doença, faleceu em 25 de março (ou maio) de 1889.
Com características tão marcantes, Caio Prado seria imortalizado no livro “A Normalista”, de Adolfo Caminha, um romance regionalista que trata dos costumes da época em fortaleza.

Fontes:
GIRÃO, Raimundo. Geografia Estética de Fortaleza. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1959.
GIRÃO, Valdelice Carneiro. A Emigração Cearense no Governo Caio Prado (1888-1889). Fortaleza: Revista do Instituto do Ceará, 1990.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

TV Ceará Canal 2 - a pioneira


Em 1960 foi descarregado no porto do Mucuripe o material da torre da TV Ceará Canal 2, obra pioneira do grupo Diários Associados, comandado por Assis Chateaubriand. Uma noticia veiculada pelo jornal Correio do Ceará, pertencente ao mesmo grupo empresarial, informava que o material era procedente da Inglaterra e pesava 30 toneladas. 
Adiantava que a torre seria instalada sobre uma base de 90 metros de altura, que juntamente com a antena de 18 metros, perfazia um total de 108 metros de altura.
A TV Ceará entrou no ar em 26 de novembro de 1960, época em que Fortaleza tinha cerca de 500 mil habitantes e apenas 200 televisores. 
Foi instalada no bairro Estância Castelo (atual Dionísio Torres), no local onde hoje funciona a holding do Grupo Edson Queiróz na Avenida Antonio Sales.
Era famosa a imagem do indiozinho bochechudo, que chegava a ficar horas no ar enquanto arrumavam os estúdios para apresentar o próximo programa. 
Não existiam na época nem o video-tape nem as garotas propagandas para completar o tempo da transmissão, era tudo ao vivo e na hora.
A TV Ceará encerrou suas atividades em 1980 juntamente com outras emissoras do Grupo Diários Associados, devido a cassação da concessão pelo governo militar.

domingo, 8 de novembro de 2009

A Conferência do Clima: Copenhague de 7 a 18 de dezembro de 2009

imagem: www.paginaunica.com.br/.../desmatamento.jpg

Á medida que a data se aproxima, cresce a expectativa em torno da Conferência do Clima – COP 15 (15ª Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que acontecerá na cidade de Copenhague entre os dias 7 e 18 de dezembro, e reunirá representantes de 190 países.
Observadores mais otimistas esperam que a reunião de Copenhague termine pelo menos com um compromisso dos maiores emissores que leve a uma efetiva redução das emissões nacionais dos gases de efeito estufa. Essa visão leva em conta importantes mudanças como a política ambiental nos Estados Unidos, e a anunciada disposição de países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, de participar de um novo acordo que substitua o
Protocolo de Kyoto após 2012.
Desde que os Estados Unidos, país com os maiores índices de poluição do mundo, deixou de assinar o Protocolo de Kioto, as negociações sobre metas ambientais estão paralisadas.
O Brasil ainda não definiu a sua posição na conferência, as opiniões sobre o assunto ainda são bastante divergentes.
Para o Ministério da Ciência e Tecnologia, Itamaraty e Casa Civil, o país não deve estabelecer uma meta específica de redução de gases estufa, apenas deve se comprometer em reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia, o que equivale ao corte de 20% das emissões de gases poluentes na atmosfera até 2020.
O Ministério do Meio Ambiente por sua vez quer que o país se comprometa a diminuir em 40% a quantidade de CO2 emitida durante este mesmo período. O Brasil está hoje entre os cinco maiores emissores dos gases carbônico e metano na atmosfera, devido principalmente às queimadas e ao desmatamento.
É importante lembrar que o governo do Brasil não controla as ações que ocorrem na Amazônia, as queimadas e a derrubada da floresta para agropecuária fazem parte do dia a dia da região, e em pelo menos um estado, o maior defensor da devastação da floresta, é ninguém menos que o próprio governador.
Além do mais, um percentual que (presume-se) seja superior a 50% da madeira extraída da Amazônia, é feita de forma ilegal, e não autorizada. As instâncias de governo responsáveis pela fiscalização limitam-se a apreender ou confiscar o que já foi derrubado ilegalmente.
São ações tardias, que não evitam o desmatamento.
Daí a expectativa acerca do tipo de compromisso que o Brasil assumirá na Conferência do Clima. Qualquer que seja a meta assumida, o país precisará adotar providências internas em regime de urgência urgentíssima para assumir o controle da Amazônia, para não passar pelo vexame de, mais uma vez, colocar o chapéu onde o braço não alcança.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Fortaleza que não existe mais: o Cine Diogo

Edificio do Cine Diogo. Nota-se a inexistência de outros edificios altos, a cidade ainda não era verticalizada. (Arquivo NIREZ)
  Convite do programa de inauguração do Cine Diogo. (Arquivo NIREZ)

O cinema foi inaugurado no dia 07 de setembro de 1940. Era um dos mais luxuosos cinema do centro de Fortaleza, com seu majestoso balcão e platéia de 1.000 lugares. Os freqüentadores usavam trajes de festa: terno para homens, vestidos elegantes para as mulheres.
O prédio ainda existe, no local funciona atualmente o Shopping Diogo, com acesso pelas Ruas Barão do Rio Branco e Guilherme Rocha.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Domingo no Centro: Vazio de Pessoas e de Perspectivas

Alguns estudos garantem e comprovam: existe uma tendência que vem ocorrendo em metrópoles latino-americanas: os centros urbanos estão perdendo população no centro e registrando crescimento populacional intenso em áreas periféricas, pressionando particularmente as áreas de proteção ambiental.

Em Fortaleza verifica-se o esvaziamento de andares inteiros de edifícios que já foram disputados por comerciantes e profissionais liberais.

O uso residencial praticamente desapareceu da área central, devido ao processo de degradação do centro tradicional e surgimento de novas frentes de expansão urbana. Dados do IBGE de 2000 apontam um decréscimo de 16,53% no número de moradores e de 14,72% de domicílios particulares em relação ao censo anterior.

O centro também perdeu o público que busca o lazer. Não há mais oferta de diversão por lá: até os cinemas tradicionais fecharam


Rua Barão do Rio Branco

Rua Floriano Peixoto - trecho Praça do Ferreira

Rua do Rosário

Rua General Bezerril

Rua Guilherme Rocha

Praça General Tibúrcio: o leão solitário

e o anjo depredado

A Fortaleza que não existe mais: O Clube Maguary


Sede do Maguary Esporte Clube, na Rua Barão do Rio Branco, palco de festas memoráveis
foto reprodução (Arquivo NIREZ)


o prédio atual ocupado pela COELCE

O Maguary Esporte Clube, um dos muitos clubes elegantes de Fortaleza, foi fundado em 24 de junho de 1924, numa iniciativa dos irmãos José, Raimundo e João Freitas Barbosa e por Armando Guilherme da Silva e Hugo Sanders.

Sua primeira sede ficava localizada no bairro do Alagadiço (atual São Gerardo), na Rua Bezerra de Menezes nº 25. A segunda era situada no então aristocrático bairro do Benfica, na avenida Visconde de Cauípe, nº 2081, hoje avenida da Universidade.

Posteriormente, um grupo de amigos, transformaram o antigo clube numa agremiação elegante, com sua nova e terceira sede social inaugurada em 20 de abril de 1946, em um amplo terreno, no número 2955 da rua Barão do Rio Branco, imóvel situado entre as ruas Padre Roma e Deputado João Pontes, no bairro de Fátima.

Naquela sede do Maguari praticava-se esporte profissional, (principalmente futebol) e amador. Ocorriam atividades festivas que marcaram a vida da cidade, principalmente nos alegres anos dourados, com o entusiasmo dos freqüentadores prolongando-se pelos anos seguintes. Muitas de suas animadas festas carnavalescas terminavam às dez horas da manhã seguinte acontecimentos inusitados para a pequena Fortaleza da época.

Em 14 de agosto de 1975, o clube encerrou suas atividades e sua sede foi vendida para a Coelce. José Leite Jucá foi o último presidente do clube e embora tenha sido contra a venda do imóvel , foi voto vencido.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Praia Formosa e o Curral das Éguas

Praia Formosa em fotos de 1939 - foto reprodução
ponte dos ingleses  

Desde a década de 1920 até inicio dos anos 1960, a então Praia Formosa (atual Iracema) era habitada por pescadores e por pessoas de classe média, que ali se instalavam devido à facilidade de acesso à Praça do Ferreira – ponto de convergência de todo o comércio de Fortaleza, repartições públicas, linhas de ônibus e de bondes, correios, bancos, etc. O trajeto entre a Praia e a Praça do Ferreira era cumprido a pé.
Ao longo desse tempo a Praia Formosa sempre foi uma área bastante movimentada, com destaque para os anos 1940, quando por ali transitavam as moças que habitavam o “Curral das Éguas”; também circulavam jovens solteiras de boas famílias, que frequentavam o cassino dos americanos (no lugar do atual Estoril), ou ainda, o “La Conga” que ficava na descida da Rua Barão do Rio Branco, já na beira do mar. O La Conga era tipo uma boate, e servia de ponto de encontro dos soldados americanos que ficaram aquartelados na cidade no tempo da guerra.
Estima-se que, entre 1943 e 1946, um total de 50 mil americanos tenha passado por Fortaleza. Para suas distrações se faziam acompanhar das famosas “coca-colas”, como ficaram conhecidas as moças de Fortaleza que namoravam os americanos, mesmo sem conhecer o idioma.
Bastava saber dançar e dizer algumas palavras que permitisse os mais rápidos relacionamentos.
Na descida do Passeio Público em direção a praia estava o “Bar São Jorge”, palco de muitas desventuras humanas, e por esse motivo, muito conhecido da crônica policial da cidade; nas redondezas se aglomerava grande número de operários que trabalhavam na antiga “light”, lugar que acumulava enorme quantidade de cinza das caldeiras que forneciam eletricidade a Fortaleza.
Mais tarde o lugar passou a ser chamado pejorativamente de “Cinzas”.

No Arraial Moura Brasil, na descida da ladeira da Rua General Sampaio, ao lado da estação central e da casa de detenção (atual Encetur), em direção a Praia Formosa, ficava o muito famoso “Curral das Éguas”, local onde desde 1920, muitos rapazes, de todas as classes sociais, se iniciavam nas artes amorosas.
As casas, estilo chalés situados à esquerda de quem descia a Rua General Sampaio, estavam sempre feericamente iluminados. As mulheres, de todos os tipos, vinham de todo o estado do Ceará, boa parte delas fugindo das secas e da carência de oportunidades em suas cidades, para “fazer a vida” e assumir a profissão.
Na pensão onde fixavam residência, a primeira providência da madame (a dona da pensão) era levar a “mariposa” a chefatura de policia onde era registrada, com prontuário de ocorrência sanitária, obrigada a comparecer mensalmente para obter visto na carteira, e para ser examinada para saber se tinha contraído “doença do mundo” ou “curuba”,
um tipo de sarna muito comum na época.
Os homens solteiros, casados, comprometidos, ricos, pobres, pretos ou brancos, freqüentavam o local às escondidas, cuidando para evitar as “doenças do mundo” dada a inexistência de preservativos ou camisinhas.
Os que pegavam alguma doença venérea, consultavam urologistas de confiança em busca da cura, tudo no maior segredo, evitando-se chegar ao conhecimento das famílias e namoradas, porque tal ocorrência podia decretar até o fim do casamento, se fosse descoberta.
O trottoir era o ponto alto do assédio: as “damas da noite” vestiam-se com roupas de sedas chamativas, subiam e desciam a ladeira da Rua General Sampaio, a fim de atrair os fregueses que se postavam na parte alta da rua, ou que estavam nos botequins da área.
Arranjado o parceiro, levavam para o quarto do lupanar reservado para o oficio que não durava nem meia hora. Findo o encontro, a mulher já saía do quarto com traje diferente do que usara antes para não ser reconhecida pelos circunstantes, e recomeçava a lide de subir e descer a ladeira.
Ao lado do curral havia outras pensões, o “Oitão Preto” e a “Pensão da Olímpia”, ambas de categorias superiores e separadas do público que freqüentava o curral.
Muitas foram as promessas do poder do publico e de entidades da iniciativa privada, de mudar a tradição de uso e ocupação da Praia de Iracema, a outrora Praia Formosa. Campanhas de revitalização para integrar a área ao contexto sócio-cultural de Fortaleza e atrair maior movimentação de visitantes são quase constantes.
Em alguns trechos, até que esse objetivo foi parcial e relativamente alcançado. Mas o trecho onde se situavam até a década de 1960 as atividades acima relatadas, continua sendo até os dias atuais, área onde reinam a insegurança, a prostituição e o tráfico de drogas.
Pobre Fortaleza Bela



Fonte:

Almada, Zenilo. Histórias da Fortaleza Antiga. Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza, tomo CXVIII, 2004.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Fortaleza na 2ª. Guerra: As Bases Americanas do Pici e do Cocorote

vista aérea de Fortaleza na década de 1930 - foto reprodução



Na década de 1940, durante a 2ª. Guerra mundial, Fortaleza abrigou duas bases americanas que serviam de apoio as forças aliadas. Uma base ficava no Pici, local que até aquela data nem era considerado como pertencente ao município de Fortaleza: era uma área com muito espaço verde que abrigava muitos sítios.
A paisagem começou a mudar com a construção de uma base aérea americana no ano de 1941, local escolhido para instalação de um posto de comando com uma pista de pouso de onde partiam aviões para bombardear países inimigos. Havia também uma torre para o pouso de zepelins.
O levantamento da área para a construção da pista do Pici foi iniciado em julho de 1941. O projeto previa uma pista de 500 pés de extensão para permitir o tráfego de aviões de médio porte, além de prestar apoio às aeronaves que patrulhavam o litoral do Nordeste. A pista foi inaugurada em fevereiro de 1942, com apenas 75% de extensão construída, para acolher um avião americano B-17 que estava perdido de sua rota original. A permanência da aeronave em Fortaleza foi de apenas 30 minutos.
Dados da época informam que o sobrevôo da aeronave causou pânico na população local em função das notícias que chegavam da Europa. O temor era causado pela possível participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. De fato, o Brasil entrou na guerra em agosto de 1942.
As limitadas dimensões da pista do Pici e o avanço das forças alemãs na Europa e na África levaram os americanos a procurar outro local para a construção de uma nova pista em Fortaleza. A área escolhida foi o bairro Cocorote. Esse novo local permitiu o pouso dos aviões brasileiros estacionados no Alto da Balança. Foi construída ainda uma ampla pista de taxiamento, que facilitou a interligação com a pista do Alto da Balança.
Os trabalhos na base do Cocorote foram iniciados em julho de 1943, enquanto a Base do Pici era ampliada para atender a marinha americana. A Base do Cocorote, situada no mesmo local onde hoje funciona o Aeroporto Internacional Pinto Martins, praticamente só era separada da Base do Pici pela Avenida João Pessoa e um trecho da linha férrea. O acesso à pista do Cocorote pela Avenida João Pessoa era feito pelo Bar Avião, ainda existente na Avenida João Pessoa.
A pista de pouso do Pici ficava no bairro que lhe emprestou o nome, dentro do terreno que hoje pertence à Universidade Federal do Ceará.
Para dar suporte às obras das duas pistas (Pici e Cocorote) os americanos construíram uma fábrica de asfalto no Bairro da Itaoca.

sábado, 24 de outubro de 2009

Fortaleza em tempos de guerra: o quebra-quebra de 1942

Rua Major Facundo, no Centro de Fortaleza. Local onde começou o quebra-quebra e saques em lojas de alemães, italianos e japoneses. (Arquivo NIREZ)


Até 1942 o Brasil manteve-se neutro no confronto envolvendo duas coalizões militares: os Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética) e o Eixo (Japão, Alemanha e Itália). Os conflitos se deram na Europa, Norte da África e em países do Oceano Pacífico.

A neutralidade tinha uma motivação: havia uma simpatia entre o Brasil e o Eixo; além do mais o governo Getúlio Vargas não desejava a entrada do Brasil no confronto, inclusive pela presença no país de levas de imigrantes italianos, alemães, e (em número menor) japoneses, e pela vigência de um regime de exceção, o Estado Novo.

Mas após o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães, com perdas de centenas de vidas, uma parcela da população brasileira saiu às ruas em todo país exigindo um posicionamento do governo do Brasil com relação ao conflito.

Em Fortaleza o movimento, liderado por estudantes, começou com comícios e passeatas, até que no dia 18 de agosto de 1942 uma multidão invadiu o centro de Fortaleza para expressar sua revolta, principalmente depois da confirmação do torpedeamento de navios brasileiros na costa nordestina.
A passeata saiu da Faculdade de Direito e seguiu em direção à Praça do Ferreira.
Nas ruas do centro ocorreram ataques e depredações a estabelecimentos comerciais pertencentes a estrangeiros nascidos nos países inimigos: empresas como Casa Veneza, Bar Antártica, Café Iris e outros foram destruídos aos gritos de “morra a Itália” e “morra a Alemanha”. “A Pernambucanas” de propriedade de estrangeiros, foi incendiada. Não houve repressão por parte das autoridades policiais.

Depois desse acontecimento, vários estabelecimentos de propriedade de estrangeiros, passaram a publicar anúncios nos jornais, declarando-se brasileiros, por opção ou por local de nascimento, e repudiando os ataques a navios da marinha mercante brasileira.

Pressionado pela população e pelos acordos assinados com os países das Américas, o presidente Getúlio Vargas se viu obrigado a declarar primeiro, o Estado de Beligerância, e finalmente, em 31 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo.

fontes: 
Jornais O POVO e Diário do Nordeste


sábado, 17 de outubro de 2009

Nepotismo e Favorecimento: vergonha nacional

imagem: http://jacobsociologia.blogspot.com/2008/10/dominao-tradicional-nepotismo.html


Nepotismo termo derivado do latim nepos, nepotis (neto, sobrinho), é utilizado para designar favorecimento de parentes em detrimento de outro melhor qualificado, especialmente no que diz respeito a nomeação para cargos públicos.

Originalmente a palavra aplicava-se ao papa e sua relação com seus parentes, mas atualmente é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no âmbito da coisa pública. Distingue-se do favorecimento simples porque este não envolve relações de parentesco com o beneficiário.

O nepotismo está estreitamente vinculado a estrutura de poder dos cargos e funções da administração, e se configura quando, de qualquer forma, a nomeação do servidor ocorre por influência de autoridades ou agentes públicos ligados a esse servidor por laços de parentesco.

No Brasil, a prática do nepotismo desembarcou junto com portugueses, e já tem a idade do País: consta que na carta que Pero Vaz de Caminha encaminhou a El Rei para comunicar a “descoberta” da nova terra, o escrivão da frota de Cabral encerra a missiva pedindo ao rei D. Manuel um emprego para um sobrinho, rapaz competente e cumpridor dos seus deveres.

E no país tropical o nepotismo junto com o parceiro fiel, o favorecimento, encontrou terreno fértil, se multiplicou, se estabeleceu e marca presença em tudo que é maracutaia, malandragem, mamata, incompetência e quejandos.
Não há um segmento do serviço público que esteja isento da mazela. Os beneficiários do nepotismo não têm compromisso com desempenho, pois qualquer que seja o resultado, seu emprego está garantido, o máximo que pode ocorrer, é mudar de posto. Além do mais, ele não está no cargo para mostrar serviço, se fosse, teriam posto alguém qualificado no lugar dele.

Esse casamento homossexual nepotismo – favorecimento, nunca gerou bons frutos; dessa união espúria nasce o funcionário incompetente e omisso, o administrador que não administra, o fiscal que não fiscaliza, o funcionário pago com com o dinheiro do erário que não trabalha, não comparece, e nada sabe do cargo que ocupa.

Em 18 de outubro de 2005, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 07, banindo definitivamente as práticas de nepotismo do Poder Judiciário Brasileiro. Após três anos da edição desta resolução, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 12, consolidou o entendimento de que a proibição do nepotismo é exigência constitucional, vedada em todos os Poderes da República.
É esperar pra ver.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pelas Ruas da Cidade - Parte II

Rua Guilherme Rocha - centro - Trecho Praça do Ferreira


De acordo com a Lei Orgânica do Município de Fortaleza, cabe à Câmara Municipal denominar bairros, ruas, praças e logradouros públicos, bem como autorizar sua
modificação. Não é necessário que a prefeitura autorize ou aprove, basta que a câmara baixe o decreto com o novo nome e pronto.

Desde 2006, quando ganhou esse poder por alteração na lei, a câmara tem abusado do direito de trocar nomes de logradouros; são, em média, duas modificações por mês.
Cerca de 30 decretos legislativos desse tipo, determinando novos nomes a ruas antigas ou definindo nomes oficiais para lugares da cidade, foram redigidos
pelos vereadores de 2006 para cá.

Entre 1999 e 2005, pelo menos 71 projetos de lei sugeriam a alteração de nomes ou a denominação de ruas e praças da cidade, de acordo com o Jornal O POVO.
Na lei modificada foi inserida uma emenda que prevê uma consulta à população antes de alterar o nome da via. Mas não é assim que acontece: a população só toma conhecimento da mudança depois que o nome já foi trocado.

Para quem tem estabelecimento comercial, a mudança do nome da rua implica em burocracia e custos, porque é como se o comerciante tivesse mesmo mudado o local do comércio: tem que registrar o novo endereço na junta comercial.

Para as pessoas físicas, o transtorno não é menor: é necessário atualizar o endereço junto a bancos, prestadores de serviços públicos, cartões de crédito, escolas, etc.

Na maioria das vezes, a mudança atende interesses particulares dos vereadores e homenageiam pessoas que ninguém sabe quem é.
A matéria é regulamentada pelo Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza que determina em seu artigo 680:

Para denominação dos logradouros públicos serão escolhidos, dentre outros, nomes de pessoas, datas ou fatos históricos que representem efetivamente passagens de notória e indiscutível relevância; nomes que envolvam acontecimentos cívicos, culturais e desportivos; de obras literárias, musicais, esculturais e arquitetônicas consagradas; personagens de folclore; de acidentes geográficos, ou flora e fauna.

1º - Sob nenhum pretexto dar-se-ão às ruas, praças, avenidas, viadutos ou jardins públicos, nomes de pessoas vivas.

2º - Sob nenhum pretexto dar-se-ão aos bairros nomes de pessoas vivas ou mortas, ressalvadas as atuais denominações.

3º - Não serão admitidas modificações na denominação já tradicional de logradouros públicos ou bairros.

E no artigo 681, determina:


As propostas, em mensagem à Câmara, de modificações às denominações que constituam duplicata, sejam nomes de pessoas vivas ou possam originar confusão no tocante à identificação do logradouro.


1º - No caso de denominação em duplicata, deverá ser modificado o nome do logradouro considerado de menor importância, tendo em vista sua tradição, notoriedade, antiguidade, extensão ou situação.
2º - Poderão ser conservadas as denominações em duplicata, já existentes, quando logradouros que as contém sejam de categorias diversas, tais como praças, avenidas, ruas e viadutos.

Com relação aos nomes em duplicata, observamos que Fortaleza possui uma infinidade de vias nessa condição, conforme podemos observar a existência de:
02 Ruas Nossa Senhora Aparecida
(Bairros Genibaú e Mondubim);
02 Ruas Santa Clara
(Bairros Siqueira e Jacarecanga);
02 Ruas Nossa Senhora de Fátima
(Bairros Itaoca e Aerolândia
04 Ruas Nossa Senhora da Conceição
(Bairros Mondubim, Genibaú, Pici, Jangurussu);
05 Ruas Chico Mendes
(Bairros de Coaçu, Mondubim, Aerolândia, Jangurussu e Barra do Ceará);
05 Ruas Padre Cícero
(Bairros Jangurussu, Rodolfo Teófilo, Barra do Ceará, Passaré e Benfica);
05 Ruas Santo Antonio
(Bairros Quintino Cunha, Barra do Ceará, Jangurussu, Palpina e Farias Brito);
07 Ruas São Pedro
(Bairros Planalto Ayrton Sena, Dias Macedo, Barra do Ceará, Paupina, Cais do Porto, Jangurussu e Manoel Sátiro).
08 Ruas São José(Bairros Bom Jardim, Jardim Cearense, Mondubim, Lagoa Redonda, Centro, Passaré, Carlito Pamplona e Itaperi);
e
08 Ruas São Francisco
(Bairros Mondubim, com 2 ruas São Francisco - Pici, Messejana, Coaçu, Quintino Cunha, Bonsucesso e Jangurussu);

Deve haver em Fortaleza, centenas de outras ruas com nomes duplicados, causando confusão na população e nos entregadores de bens e serviços.

fontes 
Lei Orgânica do Município de Fortaleza
Jornais Diario do Nordeste e O Povo

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pelas Ruas da Cidade

Não se sabe a data exata em que teve inicio a nomenclatura das ruas de Fortaleza. Das vias atuais, as únicas que mantiveram os mesmos nomes desde a época da colônia são as ruas do Rosário, que ganhou o nome em fins do Século XVIII, a do Pocinho e a Governador Sampaio, que datam de 1813.


Rua do Rosário, centro de Fortaleza, via com denominação mais antiga de Fortaleza

Os nomes das ruas foram dados por iniciativa da população e adotados pelo poder público do município. Até 1817 não havia na Vila de Fortaleza qualquer indicação relativa ao nome das ruas. No dia 18 de março desse ano, em sessão realizada na Câmara, foi aprovada a decisão de se colocar letreiros indicando a denominação da via.
Assim no ano de 1818, já se podia ler os nomes das ruas, colocadas nas esquinas das vias públicas da Vila: Rua do Rosário, da Palha, da Cadeia, Nova da Palha, de Cima, do Açougue, das Flores, do Monteiro, do Riacho, Nova da Boa Vista, do Pocinho, do Boticário, das Almas, da Cacimba dos Meirinhos, e outras.
Anos mais tarde, em 1861, foi aprovada pela Câmara uma resolução para que se fizessem tabuletas para identificação dos nomes das ruas e travessas da cidade, que deveria ser uma só e não diferentes nomes.A resolução decorreu do fato de existirem algumas artérias com mais de um nome. 
A atual Rua Floriano Peixoto tinha três denominações: Rua das Belas no trecho entre o Passeio Público até a praça onde hoje está o edifício do Banco do Brasil;daí até a Praça do Ferreira era Rua da Pitombeira, e da Praça do Ferreira em direção a Praça do Carmo era Rua da Alegria.
A Rua Major Facundo era Rua da Palma entre o Passeio Público e a Praça do Ferreira e Rua do Fogo, da Praça até o final.
A decisão de colocar numeração nos imóveis ocorreu junto com a denominação única das ruas, mas não foi implantada de imediato. A falta de números nas portas levava os comerciantes e prestadores de serviços que precisavam tornar seus endereços conhecidos, a utilizarem como referências o nome de pessoas conhecidas, como demonstram esses anúncios publicados em jornais da época:

Bazar Cearense
Na rua da palma
Confronte ao Quintino
Perto do Zeferino
Por grandes letreiros
Mui bem se conhece
A loja da moda
(Pedro II-Fortaleza, 24-3-1862)

Estabelecimento Photographico de Madame Fletcher
Rua Nova, na casa onde morou o Dr. Justa.
(A Constituição- Fortaleza, 25-2-1865)


Rua Formosa (atual barão do Rio Branco) em foto de 1925. Nota-se a total ausência de árvores. Foto Reprodução (Arquivo NIREZ)


Rua Barão do Rio Branco atual: no início 

e no final: uma profusão de placas e anúncios

No ano de 1890, nova decisão da Câmara causou controvérsias na cidade. Em sessão realizada em 29 de outubro de 1890, o Conselho de Intendência da Capital decidiu substituir o sistema de identificação das ruas, com a denominação dando lugar a números. O motivo alegado foi evitar as contínuas e sucessivas trocas de nomes, quase sempre motivadas por sentimentos partidários.
O critério de numeração utilizava a Rua Formosa como referência: para o nascente todas as ruas eram ímpares e para o poente, pares. Pouco durou, no entanto, a tal resolução: os comerciantes continuaram a anunciar o endereço dos seus estabelecimentos usando os antigos nomes das ruas e travessas. Poucos aderiram ao novo formato. As raras exceções foram:

Esplêndido sortimento de calçados BOSTOK
para homens, senhoras e crianças despachou a loja Magnólia.
Rua 3 n° 93
(Libertador, 17, 19 e 22-11-1890).

Em sessão de 28 de abril de 1891, novamente por determinação da Câmara Municipal, os números das ruas foram substituídos pelos seus respectivos nomes primitivos. A novidade durou cerca de seis meses (de 29.10.1890 a 28.04.1891). A Câmara voltou atrás na sua decisão porque a inovação não agradara a população.

Fonte:
PORDEUS, Ismael. Fortaleza-Casas e Ruas Numeradas. Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza, tomo LXXVII, 1963 – pg. 335-352.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Histórias da Fortaleza antiga - O Cajueiro do Fagundes

Por volta do ano de 1797, no tempo do Brasil - Colônia, o Ceará era governado pelo oficial da marinha portuguesa Luiz da Mota Féo e Torres. Fortaleza era ainda uma pequena aldeia, muito embora tivesse o status de capital do Estado.
À época existia um frondoso cajueiro no cruzamento das Ruas Pedro Borges, Major Facundo e Liberato Barroso. No local onde hoje se encontra a Praça do Ferreira, havia uma vila de casas conhecida por Beco do Cotovelo, de cuja extremidade partiam três ruelas.
Na saída de uma delas estava o cajueiro, à sombra do qual ficava o açougue do Fagundes, que morava numa casinha em frente. Certa feita, ao passar o governador em seu cavalo, um galho baixo da árvore arrancou-lhe o chapéu, lançando-o ao solo.
Como o açougueiro descansava por ali, o governador ordenou-lhe que apanhasse o chapéu.
O Fagundes nem se alterou. Não gostava de ser mandado, muito menos quando o pedido não era feito com educação.
O governador insistiu colérico, mesmo assim, foi ignorado pelo açougueiro.
Irritado o governador foi embora, ameaçando mandar cortar a árvore.
Do palácio, na Rua Conde d’Eu, partiu a ordem de deitar abaixo o cajueiro. O açougueiro, com a ajuda dos seus magarefes, não deixou que os soldados executassem a ordem. É que o Fagundes já lançara por toda cidade o seu grito de revolta: vieram em seu auxílio outros açougueiros, flandeiros, merceeiros, ferreiros, até os pescadores da Prainha, todos armados com cacetes e facões, que fizeram a tropa recuar.
Levantaram-se então trincheiras na encruzilhada das três ruas perpetuando o episódio: Rua do Cajueiro (Pedro Borges), Rua das Trincheiras (Liberato Barroso) e Rua do Fogo (Major Facundo). Depois do episódio, o governador desistiu de derrubar o cajueiro.
Venceu a coragem de um povo que tinha dignidade e brio.

Extraído do livroHistória Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada
Autor: Mozart Soriano Aderaldo