terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Nova Ordem Social

fachada do Asilo do Bom Pastor destinado as moças solteiras que engravidavam.
Foto reprodução (Arquivo NIREZ)

Na Fortaleza do Séc. XIX o ordenamento do espaço urbano estava estreitamente relacionado com medidas e técnicas voltadas para o reajustamento das camadas mais pobres da população, através do controle da saúde, gestos e comportamentos.

Para manter a cidade limpa e asseada, medidas saneadoras foram adotadas, com a inauguração de vários estabelecimentos destinados a abrigar os diversos segmentos sociais residentes na cidade, considerados “párias”. O primeiro a ser inaugurado foi o Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, a 1° de março de 1886, com a presença de inúmeras autoridades. Nos discursos médicos proferidos sobre a necessidade de uma instituição asilar, foram apresentadas justificativas como “retirar os dementes do seio de suas famílias e livrá-los da associação com o crime” e “equacionar o problema do estacionamento de loucos no espaço urbano”.

Se chegara a vez de isolar os loucos das ruas, logo outros segmentos chamados desviantes, como os mendigos, os órfãos, os velhos, os vadios e as prostitutas também seriam, mais cedo ou mais tarde, forçosamente recolhidos a asilos, escolas de correção, orfanatos ou cadeias.

Entre o fim do Séc. XIX e o inicio do Séc. XX foram inauguradas diversas organizações com fins assistencialistas, articuladas com a polícia (mediante acordo para erradicação da mendicância), que assistiam e internavam a massa de excluídos da Capital: Dispensário dos Pobres (1885), o antigo Asilo de Mendicidade (1886) e o novo patrocinado pela Maçonaria (1905) para pobres e indigentes; Patrocínio dos Menores Pobres (1903) para menores pobres ou ófãos; Patronato de Maria Auxiliadora para Moças Pobres (1922) e Asilo Bom Pastor (1928) destinado ao abrigo de mulheres solteiras que incorriam no ato de engravidar.

Subvencionadas pelo Estado, supervisionadas pela Igreja Católica, organizadas por senhoras “de caridade”, médicos, e grupos de intelectuais, tais organizações possibilitaram a transformação da filantropia de caráter caritativo em um novo modelo de assistencialismo: a filantropia higiênica.

Fonte:
Ponte, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Époque: reformas urbanas e controle social (1860-1930). Fortaleza: Fundação Demócrito rocha, 1999.

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