segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A Curiosa História da Igreja de Almofala

O lugar onde hoje se encontra o município de Itarema chamou-se primitivamente Tanque do Meio, situado em terras litorâneas entre os lugares denominados Tanque de Cima e Tanque de Baixo, reservatórios destinados ao abastecimento de água aos moradores das respectivas vizinhanças. Das atividades em torno desses reservatórios, nasceria a povoação. Com o progresso da região litorânea do Ceará, o então distrito de Acaraú foi elevado à categoria de cidade com a denominação de Itarema, instalada em 01 de janeiro de 1986. O município é constituído de 3 distritos: Itarema (sede), Almofala e Carvoeiro. 

Praia de Almofala (foto do site www.patrimôniodetodos.gov.br)

E é de Almofala que vem uma das histórias mais incríveis e curiosas da história do Ceará. Localizado no litoral norte do Ceará, a cerca de 220 km de Fortaleza,  Almofala é um pequeno povoado, inserido em uma belíssima paisagem de dunas e cajueiros. O início da ocupação dessa região remonta ao fim do século XVII, quando uma Carta-Régia do Governo de Portugal , de 08 de janeiro de 1697, deu de sesmaria aos índios Tremembés, as terras entre a barra do Rio Aracati-Açu e Aracati-Mirim. A doação da terra objetivou fixar os indígenas – que vagavam pela costa – em aldeias permanentes.  Os Tremembés acabaram aldeados por padres seculares no início do século XVIII, no aldeamento de Nossa Senhora da Conceição de Almofala, no atual município de Itarema.


A igreja do aldeamento  começou a ser construída em 1702, pelas antigas missões jesuítas, e de início seria apenas uma capela, de taipa. A partir de 1708, passou a ser erguida em alvenaria, ferro e concreto, e foi concluída em 1712. Segundo consta nos documentos, por ordem de D. Maria I, rainha de Portugal, a construção erguida seria dedicada à padroeira da nação Lusa, Nossa Senhora da Conceição.

O templo de bela arquitetura foi construído com material vindo da Bahia por via naval, trazido ao lugarejo através de longas viagens em carros-de-bois. O forro e o piso de madeira eram de cedro baiano. As telhas mediam 80 cm de comprimento e os tijolos pesavam de 8 a 9 quilos cada. A igreja de Almofala era de uma beleza única, criada em um estilo barroco raro. 

No início de 1898, em razão da  constante força dos ventos, as dunas avançaram sobre a povoação dos Tremembés. O leste da igreja começou a ruir, sofrendo com o peso da enorme duna que também avançava por toda vila. Visto como um fato sem solução na época, já que o avanço de areia se fazia constante, a vila passou a perder habitantes, enquanto a areia salgada transformava Almofala em aldeia fantasma. 

Os índios que ali permaneceram, desesperados por perderem a terra, chegaram a cavar com as próprias mãos, tentando desenterrar a Igreja. Tudo em vão. O templo esteve quase meio século inteiramente coberto pela areia. 



Um dia, no início dos anos 1940, começou a aflorar, vagarosamente, daquele imenso areal, sua única e bela torre setecentista, moçárabe, até descobrir-se por inteiro, com suas volutas, nichos, seu crucifixo de ferro,  para a luz. A igreja sepultada durante tanto tempo, resistira, apesar da madeira totalmente destruída e do ferro atacado pela ferrugem. 

Em compensação, o belo sino de bronze estava lá, esquecido. Limpo, voltou a badalar. Também foram preservadas várias imagens que antes da catástrofe foram transferidas voltando, quando a igreja foi totalmente restaurada.

  
Em 1943 foi celebrada a primeira missa em regozijo à sua ressurreição. Em 18 de abril de 1980, a igreja N.S. da Conceição de Almofala, foi reconhecida como Monumento Nacional e recuperada pelo IPHAN em 1984. 


Pesquisa:

História do Ceará – Airton de Farias
O Ceará dos Anos 90 - Censo Cultural
http://suaveolens.blogspot.com.br/2009/12/historia-da-igreja-de-almofala.html
fotos enviadas por Erikson Salomoni

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Cem anos do bode Yoyô

O ano de 2015 assinala o centenário de um ano particularmente dramático para o Ceará,  em razão do fenômeno climático, cíclico, que sempre marca presença por aqui: a seca. O ano de 1915 e a seca são temas do romance de estreia da escritora Rachel de Queiroz. Marca também o surgimento em Fortaleza de uma das figuras populares que fez história nos anais do folclore cearense; desta vez não se tratava de nenhum daqueles tipos bizarros que surgiam na cidade vez em quando, quase sempre ruidosamente saudados com muitas vaias pela turba que batia ponto na Praça do Ferreira. Dessa vez, o tipo popular era diferente. Era uma vez um bode. O bode Yoyô.

 Yoyô no Museu do Ceará (foto de Muhammad Said)

Consta que o animal veio para Fortaleza com alguns retirantes fugidos da seca no sertão. Aqui, seu proprietário resolveu ganhar uns trocados e saiu oferecendo o bicho à venda, de porta em porta.  Foi comprado por uma quantia irrisória por um representante da firma Rossbach Brazil Company, empresa inglesa instalada na Praia de Iracema, cujos armazéns ficavam nas imediações da alfândega. 

Ali o Bode Yoyô virou uma espécie de mascote e passou a viver sua vida de boêmio, primeiro somente pela praia, e mais tarde, pela cidade inteira. O nome foi dado por populares em razão das idas e vindas no trajeto que fazia diariamente, da praia de Iracema para a Praça do Ferreira, sempre pelo mesmo percurso. Na praça conheceu políticos, escritores, artistas, ganhou o nome e a simpatia do povo.

Praia de Iracema anos 30
Muitas histórias são contadas sobre o bode que bebia cachaça e levantava a saia das mulheres com os chifres. Yoyô participou de atos políticos em coretos, praças e saraus literários, assistiu peça no Teatro José de Alencar, passeou de bonde, perambulou pelas igrejas e até pela Câmara Municipal.

O bode protagonizou acontecimentos que conquistaram de vez o coração do Ceará moleque. As imediações da Praça do Ferreira, estava em festa pela inauguração do Cine Moderno, ocorrida no dia 7 de setembro de 1922, dentro das comemorações do primeiro centenário da Independência do Brasil.  Os convidados, em seus melhores trajes, aguardavam a chegada do governador Justiniano de Serpa, para início da solenidade. Mas o bode, que também compareceu, cansou de esperar: foi até a entrada do prédio e comeu a fita inaugural. No mesmo ano foi candidato a vereador de Fortaleza, em campanha encabeçada pelo escritor Quintino Cunha. Teve tantos votos que teria sido eleito, caso se tratasse de um candidato real.  

O bode Yoyô levou sua vida de boêmio até 1931, quando desapareceu das ruas. Ultimamente já vinha reduzindo seus passeios até a praça, porque estava ficando velho, a cidade estava mais movimentada, tinha aumentado o movimento na Ponte Metálica, porto da cidade, e havia muito mais carros, caminhões, ônibus e gente. 

Praça do Ferreira anos 20

Um dia, foi encontrado morto, nas imediações da Praça do Ferreira que ele tanto gostava de visitar. Nas lendas da cidade, a causa-mortis teria sido o preço da vadiagem: cirrose hepática. Mas há quem garanta que o bode Yoyô foi vítima de um atentado político.

A empresa proprietária do animal teve a ideia inusitada de embalsamá-lo e doá-lo ao Museu do Ceará, que não relutou em aceitar em face da notoriedade que o animal conquistara na cidade. Hoje, exposto numa sala vermelha, o Bode Yoyô é a peça mais visitada do Museu. 

fotos do arquivo Nirez


terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quem é quem nas Ruas de Fortaleza

Muito tempo se passou desde aquele dia em 1823, quando o Imperador D. Pedro I, “pela Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”, elevou a Villa de Fortaleza à categoria de Cidade, com a denominação de Cidade da Fortaleza da Nova Bragança, numa “modesta” homenagem à sua família. Parece que começou aí, o gosto pelas homenagens a parentes, aderentes e amigos batizando logradouros públicos com seus ilustres e desconhecidos nomes.

Vista aérea de Fortaleza - década de 50

Nos primórdios os nomes das vias públicas eram colocados por iniciativa da população e adotados pelo poder público do município. Alguns nomes antigos eram tão evidentes e apropriados que, por si mesmos, indicavam sua origem, tais como  Assembleia, Municipalidade, Chafariz, Cajueiro, Ponte, Quartel.

 Avenida Santos Dumont, a antiga Rua do Colégio (da Imaculada Conceição)

Uma vez oficializados, os nomes dos logradouros passaram a mudar de acordo com as motivações políticas ou por modismo. Hoje muitas das denominações das ruas e praças de Fortaleza homenageiam pessoas que, em muitos casos, ninguém sabe quem é ou o que fez para merecer a homenagem.

Em 1994, foi aprovado um projeto de lei de autoria do vereador Francisco Lopes, que denominava uma rua de Fortaleza com o nome de Helena Petrovna Blavatsky. A justificativa é que a mulher, de nacionalidade russa, criou uma certa Sociedade Teosófica, em Nova Iorque, EUA, em 1875, e foi perseguida por isso. (Imaginem alguém ligando para o mercadinho e pedindo entrega em domicilio nessa rua; e o entregador parando para pedir informações sobre sua localização). Apesar da aprovação do projeto, não existe rua com essa denominação em Fortaleza.

No bairro Planalto Ayrton Sena existe a Rua Paulinho Paiakan, líder indígena Caiapó e ambientalista, que ganhou destaque durante a "ECO-92", Conferência sobre Meio Ambiente realizada pela ONU, no Rio de Janeiro, em 1992. Mas Paiakan ficou famoso mesmo, foi por ter cometido crime de estupro contra uma estudante de 18 anos, tendo sido condenado a 6 anos de reclusão.

Rua Visconde de Sabóia, antiga Travessa da Cacimba
Outros nomes de ruas foram escolhidos tendo por justificativa o grau de parentesco do homenageado com alguns vereadores, não necessariamente, os autores do projeto.É o caso da Rua Rúbia Sampaio, antigas Rua Cambirinhas e Rua Santo Antônio, no bairro Farias Brito, que tem por patrono Rúbia Ruivo Sampaio e a homenagem tem por justificativa “tratar-se da mãe do vereador Herval Sampaio”.

Mesma situação da Rua Dona Josefa Barros de Alencar, no bairro Messejana, que tem como justificativa o fato da homenageada ser a mãe do vereador José Barros de Alencar.

A Rua Rosinha Sampaio, no bairro Quintino Cunha, tem por patrono Maria Rosa Bastos Sampaio, e a homenagem, consolidada pela Lei nº 3.284, de 06.10.1966, tem por justificativa “tratar-se da mãe do vereador Antônio Bastos Sampaio” 

No bairro Guararapes, encontramos a Rua Atilano de Moura, cuja única informação disponível é que se trata de um parente (pai) do ex-prefeito Evandro Ayres de Moura;  

Já a Rua Dona Mendinha, que atravessa os bairros Cristo Redentor, Álvaro Weyne e Floresta, tem por patrono Maria Alves de Carvalho, que vem a ser a esposa do Coronel Carvalho – Coronel da Guarda Nacional Antônio Joaquim de Carvalho,  cearense de Redenção, nascido em 24.10.1866 e falecido em Fortaleza, em 1961, aos 94 anos de idade – que também foi agraciado com um nome de rua,  tomando a denominação da antiga Avenida Soares Moreno.

Rua Moroni Bing Torgan, no bairro Lagoa Redonda

Apesar da proibição de se homenagear monumentos e locais públicos com  o nome de pessoas vivas, há em Fortaleza grande número de ruas que afrontam essa determinação; alguns exemplos dentre os muitos existentes:   

A Rua Moroni Torgan e a Travessa Aldo Pagoto ficam no bairro Lagoa Redonda; no Jangurussu estão as ruas Rua Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet; A Rua Maria Luiza Fontenele e a Travessa Ciro Gomes ficam no bairro da Bela Vista. 

Segundo trabalho do pesquisador Márlio Falcão, cerca de 1360 ruas de Fortaleza têm denominações repetidas; cerca de 325 ruas receberam nomes de santos e santas: 245 trazem nomes de santos e 80  trazem nomes de santas. 

 Rua São Francisco no bairro Bom Sucesso. Em Fortaleza existem outras 29 ruas com esse mesmo nome em bairros diversos. (foto google) 

Das 245 ruas com nome de santos, trinta  são chamadas de São Francisco; vinte e seis trazem o nome de São José; dezesseis chamam-se Santo Antônio; treze trazem o nome de São João; e  onze trazem o nome de São Raimundo. As demais 148 ruas trazem nomes de diversos outros santos. 

Das 80 ruas com nomes de santas onze trazem o nome de Santa Maria; oito chamam-se Santa Lúcia; sete ruas trazem o nome de Nossa Senhora de Fátima; sete trazem o nome de Santa Isabel; seis trazem o nome de Santa Luzia; seis trazem o nome de Santa Rita; seis trazem o nome de Santa Clara. As demais ruas – 40 – trazem nomes de diversas outras santas.

Ainda de acordo com a pesquisa, entre as ruas que receberam nomes diversos, as de maior incidência são: Rua Verde: 47 artérias; Contorno: 19 artérias; Pedestre: 18 artérias; Paz: 12 artérias; Esperança: 9 artérias; Paraíso: 8 artérias; Boa Vista: 8 artérias; Boa Esperança: 7 artérias.


Fontes:
Márlio Falcão. Fortaleza – Dicionário de Ruas. Disponível em
http://www.dicionarioderuasfortaleza.com.br  
 João Nogueira. Fortaleza Velha 
Airton de Farias. História do Ceará
fotos do arquivo Nirez 

domingo, 6 de setembro de 2015

Campanha Plante uma Árvore - Ikebana Flores


4a. Fase do plantio – 65 mudas a mais na Serra do Gandarela****

29 de novembro de 2014, mais uma etapa concluída da campanha “Plante Uma Árvore”, realizada em Rio Acima – MG, no “Pé da Serra do Gandarela”. Em meio à chuva, nosso maior desafio dessa etapa, que encaramos com a maior alegria, de mais uma missão cumprida. Foram 65 mudas nativas do cerrado, um dos biomas característicos dessa região:
Candeia, Ipê Branco, Ipê Crioulo, Ipê Amarelo, Mogno, Jacarandá, Sucupira, Aroeira, Peroba, Jequitiba, entre outras . Cada mudinha, plantada em nome de um blogueiro ou site apoiador.

Estamos no 3º ano de campanha, iniciada em novembro de 2012, com 307 apoiadores. Entramos para a 4ª. fase da campanha com o apoio de mais 65 blogs e sites:

 

Raquel DerHausfrau,
A MAGIA REAL,
RICA DE MARREDECI,
COISA DE PAI,
Rudynalva Soares,
Coisas da Lara,
BLOG SEGREDOS DE LUMA,
NAS ESTRADAS DO PLANETA,
BLOG PAPO MÃE EDUCA,
COISAS DE LARA – by Isa Lopes,
PRINCIPE CAIO E ANDRÉ,
SER MAMÃE PELA SEGUNDA VEZ,
Mãe Bivolt, INSPIRE FESTAS,
Déia Fofuchas 3D,
Turismo de Base Comunitária no Cabula e Entorno – TBC,
BABY DICAS, BELA MÃE,
BLOG SOU MÃE! E AGORA?,
BLOG MÃE PARA SEMPRE,
Graziela Mendes, BICHO MÃE ,
Comunidade Mãe e Muito Mais,
Donamaricota,
Mundo da Helen,
JORNAL DE MONTES CLAROS,
O Concierge,
Planejando ser mãe: Um projeto em curso,
Virou Tendência,
JORNAL DO ÔNIBUS DE CURITIBA,
JORNAL POPULAR,
VANESSA PAULINO,
ECOLOGIA E SUSTENTABILIDADE,
TERRITÓRIO ANIMAL,
BLOG DOSE DE SUSTENTABILIDADE,
VEGGI & TAL – PORTAL VEGANO,
AMIGOS DA TERRA,MULHER ATUAL,
BLOG DA MARTIKA – MUDANDO O PERCURSO,
RAZÃO SOCIAL STORE,
DIVA TODO DIA,DNA URBANO,
VICTOR GOMES, MOVIMENTO ROESSLER,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUALIDADE DE VIDA,
SITIOLÂNDIA – PARQUE ECOLÓGICO,
JANELA DE CASA,
SANTA TEREZA TEM,
ESPAÇO ECOLÓGICO,
DONAS DE CASA ABENÇOADAS,
TERRAS DE MINAS,
JEITO CAIPIRA,
VIAGEM APAIXONANTE,
BLOG MÃE DE PRINCESA,
HORA DE BEAUTÉ,
MAMÃE MULHER,
INSTITUTO BROOKFIELD,
MAMY ANTENADA,
BLOG DA CAROLINA MORITZ,
DECORAR SUSTENTÁVEL,
REVISTA ENQUETE,
ROLNEWS,
DISCURSO FEMININO.

Um dos grandes destaques dessa etapa foi o trabalho voluntário de Míriam Bertoni, seu tempero fez toda a diferença em meio ao plantio. A gente sentiu o seu carinho e o cuidado com o alimento, uma obra de arte.

Agradecemos a todos que de alguma forma nos ajudaram, seja com trabalho voluntário no dia do plantio ( Amanda Carmo, Urian Vieira e Tarcísio) ou através de seus sites e blogs que contribuem para a conscientização da sociedade em relação aos abusos sofridos na #SerraDoGandarela, localizada entre a Serra do Curral e a Serra do Caraça, há 40km de #BeloHorizonte – MG.

Mais informações:
http://www.ikebanaflores.com.br/blog/4a-fase-do-plantio-65-mudas-a-mais-na-serra-do-gandarela/

Por* Thais Alessandra do COLETIVO CIRANDAR - Comunicação e MK

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A Mudanças nos Nomes de Bairros

Não serão admitidas   modificações   na   denominação   já   tradicional   de logradouros ou bairros
Lei Orgânica do Município de Fortaleza  – Parágrafo 3°

Uma publicação da Prefeitura de Fortaleza de 1961 registra a existência de alguns bairros que sumiram, ou foram englobados por outros, ou mudaram de nome. Bairros como Estância, Antônio Diogo, Marupiara, Cachoeirinha, Campo do Pio, dentre outros.
O Bairro Estância era limitado ao Norte pela Rua Padre Valdevino e Rua Beni Carvalho; a Leste pela Via Férrea Parangaba – Mucuripe; ao Sul pelas Avenidas Pontes Vieira e Isaac Amaral; e a Oeste pela Avenida Barão de Studart. Assim, conclui-se que o antigo bairro Estância corresponde ao atual Dionísio Torres.

Trecho do bairro Estância ou Estância Castelo como também era conhecido, por volta dos anos 50. Esse espaço hoje corresponde à Praça da Imprensa, localizada na confluência das Avenidas Antônio Sales e Desembargador Moreira. (foto arquivo Nirez)

O bairro Antônio Diogo ficava pras bandas da Praia do Futuro, entre a via férrea Parangaba-Mucuripe, que o dividia do bairro Vicente Pinzon, a orla oceânica, o Rio Cocó e a linha divisória das Dunas. Essa delimitação de área contempla o atual bairro Praia do Futuro II.

O Marupiara estava situado no Distrito de Parangaba e mudou de denominação pela lei n° Lei nº 3.480, de 04/12/1967. Atualmente é denominado Demócrito Rocha.
O Cachoeirinha estava localizado no Distrito de Antônio Bezerra, que em 1961 contemplava o próprio bairro Antônio Bezerra, Pici e Cachoeirinha. Hoje se chama Padre Andrade.

O Campo do Pio foi engolido pela Parquelândia, que por sua vez era chamado de Coqueirinho. O nome Parquelândia foi oficializado em 1988, através da Lei n° 6.363.  
O Carlito Pamplona, localizado na jurisdição da SER I, até 1948 era denominado de Brasil Oiticica, numa alusão a fábrica de beneficiamento de oleaginosas que se instalou na Avenida Francisco Sá em 1934. A Brasil Oiticica fechou e o bairro virou Carlito Pamplona, nome de um dos diretores da fábrica.

O atual Bairro Couto Fernandes já foi Quilômetro 8; O bairro de Fátima já se chamou Redenção e 13 de Maio; o Henrique Jorge, até 1963 se chamava Casa Popular; O Rodolfo Teófilo já foi chamado de Porangabussu; o Pantanal, área localizada no bairro José Walter, foi transformada no bairro Ayrton Sena, através da Lei nº 8.699, de 21/02/2003, criado oficialmente em 05 de março de 2003. 

Outros bairros ainda constam nos mapas de bairros da Prefeitura de Fortaleza e do IBGE, mas na prática, é bem difícil identificar suas áreas. Um lugar que retrata bem essa situação é o Alto da Balança. O bairro ganhou esse nome devido a existência de uma Balança da Secretaria da Fazenda Municipal para pesar  mercadorias trazidas de caminhão, e que entravam na cidade pela rodovia que é hoje a BR-116, que margeia o Bairro no seu lado Oeste. 


A chegada da Base Aérea determinou a mudança no nome do bairro, que passou se chamar Aerolândia (foto Fortaleza em Fotos)

De acordo com a demarcação dos bairros feita pelo IBGE, o Alto da Balança está limitado ao norte pela via férrea Parangaba-Mucuripe, a Leste pelos limites do Distrito de Messejana, ao Sul pela Rua Joaquim Barroso e a Oeste pelo muro da Base Aérea de Fortaleza. O Bairro da Aerolândia seria contíguo ao Alto da Balança, começando na confluência do muro da Base Aérea, com o prolongamento da Rua Tenente Wilson, segue por esse prolongamento, depois pela rua Tenente Wilson  e depois em linha reta, no sentido leste, até encontrar a margem oeste do Rio Cocó; segue pela margem no sentido sul até a BR-116; segue a rodovia no sentido norte, até a Rua Joaquim Barroso. Segue por essa rua no sentido Oeste, até encontrar o muro da Base Aérea e segue até encontrar o ponto inicial.

O equipamento mais famoso do bairro Aerolândia/Alto da Balança é o velho mercado de ferro que atualmente passa por processo de restauração. (foto Fortaleza em Fotos)

Mas o Alto da Balança foi praticamente absorvido pela Aerolândia, que surgiu com a chegada da Base Aérea, e passou a ser chamado de “Campo de Aviação”, no começo da década de 30. No início dos anos 60, moradores e militares da Base Aérea mudaram o nome do local para Aerolândia, e batizaram ruas e avenidas com o nome de militares. Hoje toda aquela região é conhecida por Aerolândia. 

Outro exemplo típico é o bairro Floresta, situado na zona Oeste de Fortaleza. O nome, de origem muito antiga, remonta aos tempos em que aqui chegaram os primeiros colonizadores da Capitania do Siará, os espanhóis Vicente Pinzón e Diego de Lepe. O local do atual bairro era uma floresta tropical, que ficava às margens do Rio Ceará, por onde entraram as caravelas dos navegadores. 

O Floresta está em um aglomerado de bairros que não possuem os limites bem definidos. Pelo menos para a população. Segundo reportagem de um jornal, ao abordar os moradores, perguntando como se fazia para chegar ao bairro, o repórter era direcionado a locais que já estavam fora de seus limites. Normalmente, já faziam parte do Álvaro Weyne. 

“Depois do trilho é Álvaro Weyne. Pra cá, é Floresta”, dizem os moradores mais antigos. “Floresta é um nome antigo, de origem. Não é mais oficial. Há mais de 40 anos que se chama Álvaro Weyne. Alguns, que não conhecem, é que ainda chamam de Floresta”, explica o consultor de vendas Paulo Silva...


Até a velha estação da RVC  teve seu nome mudado (foto arquivo Nirez)

A avaliação do consultor de vendas não está tão correta. O bairro Floresta é reconhecido sim, oficialmente, pela Prefeitura de Fortaleza, e sua população está registrada no Censo 2010, do IBGE.  E tem os limites definidos pelo IBGE: começa na confluência da Rua Tulipa com a Avenida Francisco Sá, segue no sentido leste até a Rua Francisco Calaça, segue no sentido sul até a Rua Teodomiro de Castro, segue no sentido leste até encontrar a Rua Dona Mendinha, segue no sentido sul até encontrar a Rua Rocha Pombo, segue no sentido leste até a via férrea Fortaleza-Sobral, segue no sentido sul até a Rua Rio Tocantins, segue no sentido norte até a Rua Conselheiro Lafaiete, segue no sentido leste até a Rua Alberto Oliveira, segue no sentido norte até a Rua Alberto Frota, segue no sentido Oeste até a Rua Tulipa, segue no sentido norte até encontrar o ponto inicial. O Correio também indica o Código de Endereçamento Postal – CEP, de ruas do bairro Floresta. 


Área do bairro Floresta segundo os limites estabelecidos pelo IBGE
(ilustração Fortaleza em Fotos)  

Morador da região desde quando nasceu, Paulo conhece bem a história do lugar. Na memória da infância, estão as moradias simples, feitas de taipas. “Aqui é uma comunidade que foi, praticamente, crescendo a partir de posses (ocupações de terrenos). O pessoal começou a chegar na parte que se chama Reino Encantado”, lembra. Porém, esse núcleo original, hoje, faz parte do bairro Álvaro Weyne. Ele lembra ainda da existência de um poço ao lado da antiga estação que também marcou a história do bairro, pois era onde a população tirava água para consumo próprio ou para vender.

Outras modificações em nomes de bairros estão a caminho: a Câmara Municipal de Fortaleza aprovou  em 2014, a realização de duas audiências públicas para discutir projetos que propõem alterar o nome dos bairros Presidente Kennedy e Moura Brasil. Os requerimentos são de autoria do vereador Robert Burns (PTC). 

De acordo com a proposta do vereador, o bairro Presidente Kennedy, situado na área da Secretaria Regional I, passaria a se chamar Juraci Vieira de Magalhães, em homenagem ao ex-prefeito de Fortaleza, gestor da cidade de 1990 a 1993 e de 1997 a 2004. A justificativa para a mudança, segundo descrito no requerimento 1907/2014, seria, além de homenagear Juraci Magalhães, “apagar da memória do povo personalidades veneradas pelo regime militar, e que nada fizeram pelo engrandecimento daquela comunidade, e nem ao Ceará ou do Brasil”.


Praça do Muriçoca, a única do bairro Moura Brasil, poderá mudar de nome, se o projeto do vereador vier a ser aprovado pela Câmara (foto O Povo)

Já o bairro Moura Brasil ganharia a denominação de Dragão do Mar, segundo justificativa no requerimento 1908/2014, em homenagem a Francisco José do Nascimento – o Chico da Matilde. O vereador ressalta que o bairro Moura Brasil, também chamado de "Arraial Moura Brasil" e Oitão Preto", abrigou a chamada "cinza", o tradicional baixo meretrício da capital cearense, até bem pouco tempo, e por causa da marginalização, “até hoje o seu nome lembra violência, drogas e prostituição”. A proposta do parlamentar seria para “incentivar a autoestima da população e trabalhar para apagar da memória cearense fatos que não foram construídos pelo povo, mas sim pelos governos antidemocráticos.

Lembrando que o Bairro Presidente Kennedy homenageia o falecido Presidente norte-americano John Kennedy, assassinado em 1963, em Dallas, Texas, Estados Unidos.
Já o nome do bairro Moura Brasil é uma homenagem a José Cardoso de Moura Brasil (1846-1929), renomado médico oftalmologista cearense, nascido em Caixa-só, atual Iracema. Em 1872, após concluir o doutorado na Bahia, viajou para a Europa, a fim de acompanhar os principais cursos da especialidade a que se dedicara desde a vida acadêmica. Em 1875, de retorno ao Brasil, permaneceu no Ceará de agosto até dezembro daquele ano e, neste curto período, atendeu numerosos pacientes, pondo em prática os conhecimentos adquiridos na Europa. Em Fortaleza realizou 51 operações, a maioria na Santa Casa de Misericórdia.


Fontes de pesquisa:
Guia Turístico da Cidade. Prefeitura Municipal de Fortaleza – administração do Gen. Manuel Cordeiro Neto – 1961  
IBGE – censo 2010
Prefeitura de Fortaleza
Wikipédia
Jornal O Povo
Jornal Diário do Nordeste