O lugar onde hoje se encontra o município
de Itarema chamou-se primitivamente Tanque do Meio, situado em terras
litorâneas entre os lugares denominados Tanque de Cima e Tanque de Baixo,
reservatórios destinados ao abastecimento de água aos moradores das respectivas
vizinhanças. Das atividades em torno desses reservatórios, nasceria a povoação.
Com o progresso da região litorânea do Ceará, o então distrito de Acaraú foi
elevado à categoria de cidade com a denominação de Itarema, instalada em 01 de
janeiro de 1986. O município é constituído de 3 distritos: Itarema (sede), Almofala e Carvoeiro.
Praia de Almofala (foto do site www.patrimôniodetodos.gov.br)
E é de Almofala que vem uma das histórias mais incríveis e curiosas da história do Ceará. Localizado no litoral norte do Ceará, a cerca de 220 km de Fortaleza, Almofala é um pequeno povoado, inserido em uma belíssima paisagem de dunas e cajueiros. O início da ocupação dessa região remonta ao fim do século XVII, quando uma Carta-Régia do Governo de Portugal , de 08 de janeiro de 1697, deu de sesmaria aos índios Tremembés, as terras entre a barra do Rio Aracati-Açu e Aracati-Mirim. A doação da terra objetivou fixar os indígenas – que vagavam pela costa – em aldeias permanentes. Os Tremembés acabaram aldeados por padres seculares no início do século XVIII, no aldeamento de Nossa Senhora da Conceição de Almofala, no atual município de Itarema.
A igreja do aldeamento começou a ser construída em 1702, pelas antigas missões jesuítas, e de início seria apenas uma capela, de taipa. A partir de 1708, passou a ser erguida em alvenaria, ferro e concreto, e foi concluída em 1712. Segundo consta nos documentos, por ordem de D. Maria I, rainha de Portugal, a construção erguida seria dedicada à padroeira da nação Lusa, Nossa Senhora da Conceição.
O templo de bela arquitetura foi construído com material vindo da Bahia por via naval, trazido ao lugarejo através de longas viagens em carros-de-bois. O forro e o piso de madeira eram de cedro baiano. As telhas mediam 80 cm de comprimento e os tijolos pesavam de 8 a 9 quilos cada. A igreja de Almofala era de uma beleza única, criada em um estilo barroco raro.
No início de 1898, em razão da constante força dos ventos, as dunas avançaram sobre a povoação dos Tremembés. O leste da igreja começou a ruir, sofrendo com o peso da enorme duna que também avançava por toda vila. Visto como um fato sem solução na época, já que o avanço de areia se fazia constante, a vila passou a perder habitantes, enquanto a areia salgada transformava Almofala em aldeia fantasma.
Os índios que ali permaneceram, desesperados por perderem a terra, chegaram a cavar com as próprias mãos, tentando desenterrar a Igreja. Tudo em vão. O templo esteve quase meio século inteiramente coberto pela areia.
Um dia, no início dos anos 1940, começou a aflorar, vagarosamente, daquele imenso areal,
sua única e bela torre setecentista, moçárabe, até descobrir-se por inteiro,
com suas volutas, nichos, seu crucifixo de ferro, para a luz. A igreja sepultada durante tanto tempo, resistira,
apesar da madeira totalmente destruída e do ferro atacado pela ferrugem.
Em compensação, o belo sino de bronze estava lá, esquecido. Limpo, voltou a badalar. Também foram preservadas várias imagens que antes da catástrofe foram transferidas voltando, quando a igreja foi totalmente restaurada.
Em 1943 foi celebrada a primeira missa em regozijo à sua ressurreição. Em 18 de abril de 1980, a igreja N.S. da Conceição de Almofala, foi reconhecida como Monumento Nacional e recuperada pelo IPHAN em 1984.
Pesquisa:
História do Ceará – Airton de Farias
O Ceará dos Anos 90 - Censo Cultural
O Ceará dos Anos 90 - Censo Cultural
http://suaveolens.blogspot.com.br/2009/12/historia-da-igreja-de-almofala.html
fotos enviadas por Erikson Salomoni
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