Por volta do Século XVIII o algodão já cultivado pelos índios, e bem adaptado ao clima do Nordeste, ganhou importância para a economia do Ceará e deu destaque à Fortaleza do ponto de vista da economia.
Com a Revolução Industrial e o avanço da indústria têxtil, a demanda por algodão aumentou a nível global. Os Estados Unidos até então grande produtor, não conseguiu atender a procura pelo produto na Inglaterra, por conta de um conflito interno, a guerra de Secessão (1861-1865).
preparação para o embarque de algodão (foto O Povo)
Foi um bom momento para o Ceará, que reforçou a exportação do algodão por Fortaleza. E a opção por Fortaleza era porque o cultivo se concentrava na Serra de Uruburetama, e o porto de embarque mais próximo era o da capital.
A partir desse acontecimento, a cidade passou a centro coletor da produção agrícola e pastoril do interior. A pecuária e o algodão foram responsáveis pelo surgimento dos primeiros estabelecimentos industriais em Fortaleza, duas vocações do Estado até hoje (a indústria têxtil e os curtumes).
A primeira indústria têxtil foi a Fábrica de Tecidos Progresso, de Thomas Pompeu de Sousa Brasil e Antonio Pinto Nogueira Accioly, inaugurada em 1884.
A implantação dessa indústria foi o marco inicial do processo de industrialização do Ceará, onde até então a única atividade equipada com maquinário era a tipografia.
Fábrica de Tecidos pioneira no Estado. (imagem revista da FIEC)
No exterior, o algodão passava por uma crise. Depois da recuperação da produção norte-americana, ao término da guerra civil, o algodão estava com preço baixo no mercado externo e os custos da exportação aumentaram.
Por isso, naquele momento, era interessante aproveitar o produto excedente, que estava encalhado, na fabricação de tecidos.
Com o aproveitamento industrial do algodão, através da implantação de indústrias de tecidos em Fortaleza, tem inicio o período fabril cearense, e a capital, além de exercer o papel de grande centro exportador, torna-se aos poucos, o centro de transformação de produtos primários.
Usina Siqueira Gurgel (foto: arquivo Nirez)
A expansão do ramo têxtil possibilitou a implantação de indústrias de óleos vegetais, que passaram a fornecer também matérias-primas para as indústrias de alimentos e sabão, ocorrendo assim uma interdependência entre estes setores.
prédio onde funcionou a Fábrica de Cortumes no Jacarecanga, onde hoje funciona a Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará (Arquivo Nirez)
A partir de 1891, foram criadas a Companhia Cearense de Curtumes, pioneira na industrialização de couros e peles; a Companhia Fabril de Meias e a Companhia Industrial do Ceará, que atuava na extração de minérios para fabricação de cal, tijolos, telhas, ladrilhos e azulejos.
Este último ramo de atividade atendia a demanda crescente por materiais para construção de lojas e novas residências. Em 1895, Fortaleza já contava com 150 instalações industriais.
Essa fase de industrialização iniciada com a Fábrica progresso se estende até o final dos anos 1950, com predomínio de investimentos privados e familiares.
fontes:
Revista Fortaleza, fascículo 3, de 25 de abril de 2006
Revista da FIEC, de maio de 2010