A substituição dos bondes de tração animal pelos tramways ou bondes elétricos envolveu transações que se prolongaram por quase cinco anos. Desde que Tomé Augusto da Mota adquiriu a antiga empresa Ferro-Carril do Ceará, e asssumiu a concessão de transportes urbanos por força da lei n° 916, de 24 de agosto de 1907, a intenção era trazer para a cidade um sistema mais moderno.
Com o estudo de viabilidade favorável e prévios acertos com os investidores britânicos, a operação final foi assegurada pela ampliação da concessão, no contrato firmado a 12 de maio de 1911, incluindo como atrativo, não só os bondes elétricos, mas os serviços de luz e força elétrica na região de Fortaleza. Este ato foi complementado pela venda formal de direitos ao grupo inglês, por 178 mil libras esterlinas, conforme registro em cartório em 24 de junho de 1912.
Assentamento dos trilhos de bondes elétricos na rua 24 de janeiro, atual Rua Guilherme Rocha - maio de 1913 (foto do livro A História da Energia no Ceará)
Com o estudo de viabilidade favorável e prévios acertos com os investidores britânicos, a operação final foi assegurada pela ampliação da concessão, no contrato firmado a 12 de maio de 1911, incluindo como atrativo, não só os bondes elétricos, mas os serviços de luz e força elétrica na região de Fortaleza. Este ato foi complementado pela venda formal de direitos ao grupo inglês, por 178 mil libras esterlinas, conforme registro em cartório em 24 de junho de 1912.
Instalava-se dessa forma a The Ceará Tramway Light and Power Co. Ltd. na capital cearense com o objetivo imediato de promover os transportes urbanos com tramways, que no Brasil foram chamados de bondes elétricos.
circulação de bondes na Rua Major Facundo, trecho da Praça do Ferreira (arquivo Nirez)
A empresa inglesa constituída com o exclusivo objetivo de operar no Ceará, tinha sede em Londres, na New Broad Street, n° 42. Nos contratos a empresa indicava que o seu escritório em Londres, era o n° 4, no London Wall Buildings e sua diretoria era composta por C. Hunt, A.A. Campbel Swinton, E.B. Forbes e Sir Howland Roberts. Para administrar a empresa em Fortaleza, foi contratado Hugh Mackeen, nascido no Ceilão. Ele seria o primeiro gerente local e teve papel decisivo na realização das obras iniciadas a 9 de maio de 1912.
Em termos efetivos, a operação de transferência de concessão e compra da Ferro-Carril deu ao grupo inglês total responsabilidade de gestão dos transportes coletivos locais. Continuaram os bondes a burro, aguardando as obras que viabilizariam a substituição gradual por bondes elétricos.
Usina da Ceará Light no Passeio Público (foto do arquivo Nirez)
No dia 9 de maio de 1912, no local da futura usina elétrica, correspondendo ao terceiro plano do Passeio Público, em frente à Rua da Praia, realiza-se uma festividade para descerrar a pedra fundamental. Foram 18 meses de trabalho para montagem da usina, das linhas de transmissão, e para implantação dos serviços técnicos e de apoio. A equipe dirigente da Ceará Light, em Fortaleza, era formada quase que exclusivamente por cidadaõs ingleses. Foi representante local da diretoria inglesa o Engenheiro Francis Reginald Hull; como gerente geral, o Dr. E.M. Scott, manteve formalmente esse cargo até que a legislação federal, consequente da revolução de 30, tornou obrigatória a presença de brasileiros na gestão de empresas estrangeiras.
veículo utilizado para conserto das linhas do bonde (foto do memorial fotográfico do transporte do Ceará)
Numa primeira fase de funcionamento, voltada para os bondes elétricos, os geradores da companhia foram acionados por máquinas alternativas, a vapor; posteriormente, a empresa instalou uma turbina elétrica a vapor. Num período intermediário, a Ceará Tramway Light ficou operando simultaneamente com máquinas alternativas e turbinas, até que as primeiras não fossem mais necessárias na geração de energia.
Para o serviço de tramways foram adquiridos 30 bondes e um carroção para transporte de cargas, em 1912; essa frota foi acrescida de 10 bondes comprados em 1927 e mais 13, em 1938. Na operacionalização do sistema a energia em 500 V era destinada à tração dos bondes, enquanto a de 250 era utilizada para uso na iluminação residencial e comercial.
Para o serviço de tramways foram adquiridos 30 bondes e um carroção para transporte de cargas, em 1912; essa frota foi acrescida de 10 bondes comprados em 1927 e mais 13, em 1938. Na operacionalização do sistema a energia em 500 V era destinada à tração dos bondes, enquanto a de 250 era utilizada para uso na iluminação residencial e comercial.
veículo para transporte de cargas (Arquivo Nirez)
Em 1913, antes da estreia dos bondes, a empresa deu início ao esforço de atrair consumidores residenciais. Um empregado percorria as ruas com linhas elétricas e fazia ligações provisórias como demonstração, deixando uma lâmpada instalada durante 24 horas. Afinal, em 9 de outubro de 1913, com a presença do Intendente Municipal, ocorre a festividade de inauguração do tráfego de bondes elétricos na linha da Estação Joaquim Távora. No dia 12 de janeiro de 1914 é inaugurada a linha entre a Travessa Morada Nova e a Praia de Iracema, denominada de Linha da Praia. No mês seguinte, em 14 de fevereiro, começava a funcionar a Linha do Outeiro (Santos Dumont-Aldeota).
Posto central da Ferro-Carril, na Praça do Ferreira, logo após sua transferência para a Ceará Tramway, ostentando placas com os nomes das duas empresas (foto do livro História da Energia no Ceará)
A Ceará Tramway Light procurava então desfazer-se do patrimônio da antiga Ferro-Carril. Por contrato, assumiu a responsabilidade pela manutenção e trato de 200 muares, o sr. Francisco Correia, a quem se conferia o direito preferencial de compra. Os veículos foram vendidos para a empresa Teixeira Mendes, de São Luís, Maranhão, constando que, na chegada, alguns veículos foram jogados ao mar pelos catraieiros que protestavam indignados pela aquisição de verdadeiras sucatas.
extraído do livro de Ary Bezerra Leite
História da Energia no Ceará.