Praça do Ferreira, década de 1920
Em Junho de 1918 Fortaleza era um
burgo com pouco mais de 100 mil habitantes. Seu comércio se concentrava ao
redor da Praça do Ferreira. O “Moderno” e o “Art Nouveau” recebiam a frequência
mais selecionada. O restaurante Rotisserie recebia os clientes com sua
orquestra em animadas tertúlias que iam noite adentro.
No centro da praça, o coreto onde
a banda da Polícia Militar fazia retretas para a juventude que vinha fazer o
footing no logradouro. Havia ainda o
prédio da Intendência Municipal com sua parte térrea tomada de pontos
comerciais: A Gruta, o Cascatinha... Quintino Cunha recitava poemas no coreto,
Demócrito Rocha agitava as massas com discursos inflamados na pré-revolução de
30, quando nasceu A Cearense, de Aprígio Coelho de Araújo.
A loja instalou-se na esquina da Rua Pedro Borges (chamada
na época de Beco dos Pocinhos), no local onde mais tarde funcionou o Armazém
Nordeste. Ali os bondes de vários bairros se cruzavam para deixar seus passageiros; ali as mocinhas
da Escola Normal , de saias vermelhas encantavam os rapazolas; ali a Fortaleza
dos tempos do bode Yoyô conheceu sua primeira loja elegante, criada pelo
espírito evoluído de Aprígio Coelho de Araújo.
Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco) em 1908
Nos anos 30 Aprígio Coelho deu início a descentralização do
comércio de Fortaleza, dominado pela mania da Praça do Ferreira. Comprou o
terreno da Rua Barão do Rio Branco, e não faltou quem criticasse a iniciativa “aquilo
lá era ponto para comércio...” Aprígio não ouviu as críticas, acreditou no
futuro da cidade, lançando as bases promocionais do chamado “quarteirão sucesso” e construiu sua nova A Cearense.
Gastou em 18
meses de trabalho na construção a importância de 1 mil contos de Réis, muito
dinheiro pra a época. A Cearense tornou-se a mais bonita loja de Fortaleza, talvez
do Nordeste. Pra concebê-la Aprígio viajou para os Estados Unidos. Lá achou tudo desmesurado, grande demais para
ser copiado aqui, e ao retornar, seguiu para Buenos Aires e Montevidéu, de modo
que a loja era um misto de modelo argentino uruguaio e também americano.
Praça do Ferreira no final dos nos 60
fotos do Arquivo Nirez
extraído do jornal Unitário de 7 de julho de 1968
5 comentários:
Conheci o Sr. Aprígio Coelho de Araújo Neto, na década de 80, nos seus últimos tempos de muita saúde e vida ele morava no bairro Serrinha próximo a Av. Dedé Brasil, ele já estava com mais ou menos na casa dos 90 anos , era um sítio e quando ia aos domingos almoçar juntamente com a família se encontrava nos aposentos lendo jornais como sempre arrumadinho com um boné vermelho, era um homem pequeno na estatura, mas na sabedoria ele tinha pra dar e vender viu, uma figura inigualável, era um privilégio ouvir a conversa dele. Homem inteligente e sábio, deixou muitos netos e que hoje alguns seguiram sua profissão na área de comerciante com tecidos no centro de Fortaleza.
Parabéns pelo documentário e que me fez relembrar minha adolescencia. e sem falar que o Sr. Aprígio Coelho fez parte da história de Fortaleza. Obrigada!
O FILHO DELE SE CHAMA JOSE BENTO DE ARAUJO?
Não, os filhos dele eram. Schneider Coelho de Araújo, Gulson, Nívea e Gaynnor.
Esposa era Rita Coelho de Araújo
Que preciosidade de comentario. Apos ler uma brilhante materia. Fiquei curioso tb pq meu pai q tb como eu era do aitapage Ce. Falava em seu Aprigio Coelho e fiquei rebuacando nas minhas reminiscencias mas, ficou um vacuo. Porem, lembro me q quando moravamos no Remanso Hotel de Serra 60s.p 70s. Ia um Scneyder q me parece q formado p ITA. E a kombi dele já era personaluzada. Possuia assentos muito especiais de aviao. Sera q e o mesmo Schneyder filho do sr. Aprigio? Rejane M.M. de Sousa?
O nome dele era Aprigio Coelho de Araújo, natural de Massapê-Ce. E casado com Rita Coelho de Araújo, natural de Itapaje-Ce.Seus filhos: Nívea Coelho Garcia,Gilson Coelho de Araújo, Schineider Coelho de Araújo e Gaynor.
Schineider foi Diretor proprietário da Motoclinica, autorizada Volkswagem, e Diretor Comercial da Ceará Motor. Gilson foi proprietário da Gilson Modas.Sr. Aprigio e Schineider tiveram uma importância muito grande no meu aprendizado de vida como um todo Um grande exemplo de luta, perseverança e sabedoria. Nunca deixo de colocá-los em minhas orações, como agradecimento de ter tido o privilégio da convivência diária com todos.
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