O Damas cresceu junto com a Avenida João Pessoa, a principal via de acesso do Centro ao Distrito de Porangaba. A rota que cruzava o bairro Damas – que fazia a ligação Benfica – Porangaba – era de areia batida. A poeira era intensa devido ao tráfego de animais carroças e alguns automóveis.
A Avenida João Pessoa, principal via do bairro já foi chamada de Avenida da Morte, em razão dos inúmeros acidentes ocorridos ali. Hoje os acidentes diminuíram, mas o trânsito continua caótico.
Em 1929 o presidente Washington Luis (1926-1930), mandou revestir a estrada de concreto que foi batizada com seu nome. Deposto pela Revolução de 1930, os novos governantes mudaram o nome da via principal para Avenida João Pessoa, em homenagem a uma das lideranças do movimento.
O bairro já foi ponto de encontro da sociedade nas décadas de 1930 e 40, e o lugar ainda tem como referências seus velhos casarões ao longo da avenida João Pessoa.
Destes, o que chama mais a atenção é a casa do português José Maria Cardoso, inaugurada em setembro de 1950. Batizada pelo proprietário de Vila Santo Antonio, sempre foi chamada de Casa do Português ou Prédio do Cardoso.
A Casa do Português, inaugurada em 1950, ainda é uma das principais referências do bairro
Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pela FUNCET, o casarão encontra-se ocupado por doze familias que moram na propriedade, que ainda pertence a particulares.
Lá nas Damas também funcionou entre as décadas de 1930 e 1960 a antiga sede do Ideal Clube, (inaugurado em 3 de outubro de 1931), freqüentado pela elite econômica da cidade.
Os sócios se divertiam no clube que tinha quadra de tênis, piscinas, salão de danças e rinque de patinação. O canelau ficava olhando de fora, no sereno, excluído do lazer requintado das elites.
Sede do Ideal Clube na Avenida João Pessoa nas Damas, com seu pavilhão de danças (Arquivo Nirez)
Muitas são as explicações para a origem do nome do bairro Damas.
Uma das versões é que morava no bairro um certo Álvaro Fernandes, juntamente com algumas damas. Essas damas moraram ali por um bom tempo. Bem próximo havia uma estação de trem, e os trabalhadores, que vinham de Maranguape, Maracanau, quando se referiam a essa estação, diziam, ‘Vamos saltar na estação das damas’.
Outra versão dá conta de que o nome se deve a existência de uma lagoa chamada de Lagoa das Damas. Havia quatro moças que tomavam banho lá e os curiosos iam olhar. Por causa dessas damas, o bairro todo ganhou esse nome.
Uma terceira versão conta que o Damas acolhia as chácaras das famílias abastadas da capital, nas décadas de 1930, 40 e 50, que fugiam do tumulto do Centro da Cidade. Era o local onde descansavam as "damas" da aristocracia daquela época.
O Polo de Lazer recebe a visita diária de grande número de moradores que usam o local para a prática de caminhadas, mas são muitas as reclamações, que vão desde a falta de segurança até o mau cheiro provocado pelas águas do canal que atravessa o bairro.
Mas de acordo com Blanchard Girão, o bairro era também chamado de Barreiros, porque o povo derrubava suas barrancas à procura do barro vermelho, usado nas construções.
Mas o nome oficial era Damas.
E o nome se deve à ordem religiosa que se estabeleceu num passado remoto, no trecho fronteiriço entre a antiga Avenida Visconde de Cauípe (Atual Avenida da Universidade) e a Avenida João Pessoa.
Eram as religiosas da Ordem das Damas da Instrução Cristã, mantenedoras do Colégio Santa Cecília, que ficou naquela região até o início da década de 1960, quando o estabelecimento de ensino mudou-se para a Aldeota.
O Colégio Santa Cecilia, dirigido pela Ordem das Damas da Instrução Católica. (Arquivo Nirez)
O nome ficou de herança, embora aquele trecho onde ficava o Santa Cecília esteja inserido no Benfica. O Damas é um dos menores bairros de Fortaleza, com apenas 96,6 hectares e cerca de 10 mil moradores.
Fotos de Rodrigo Alboim
(fevereiro/2011)
Fontes:
Passageiros do Ontem e do Sempre, de Blanchard Girão
16 comentários:
Conheço bem o bairro Damas e gosto dele. Morei mais de 10 anos na Av João Pessoa. Nessa época trabalhei numa escola bem próxima à Casa do Português. Descia todos os dias na parada em frente à ela.
Desconhecia, as inúmeras versões para Dama. Acho que a mais plausível é a relacionada à ordem religiosa...Desconhecia também sobre a sede do Ideal Club.
Este Polo de Lazer era tão bonito,
quando ficou pronto....mas depois de alguns anos passados, está deplorável. Só resta lamentar, como em tantos casos!
Foi bom, visitar Damas, aqui!
Este anônimo aí em cima sou eu, viu?
Errei nas clicagens..rsrsrs
Beijo, Fátima
também acho mais viável a explicação do Blanchard Girão porque, primeiro não era comum as mulheres serem chamadas popularmente de "damas", depois porque essas ordens religiosas costumam dar notoriedade aos espaços onde se instalam, como as Dorotéias, as Salesianas...
Muito bom trabalho, espero que um dia o Prédio do Português torne-se uma ferramenta para a promoção da cultura, arte e capacitação dos jovens daquele bairro das Damas, que não fique como está, abandonado, em ruinas, uma obra de arquitetura única, bela, que merece respeito. Na Europa um edificio desse com uma história que o acompanha, estaria hoje impecávelmente preservado, e com uma nobre destinação.
pior que ocupado, ele está invadido por 12 familias e em acelerado processo de degradação. Apesar do tombamento me parece que existem entraves legais no processo, em razão de o imóvel pertencer a particulares.
Esperemos que resolvam a pendência antes do prédio virar pó.
Adoro esse bairro, sou do interior do estado e minha segunda moradia passou a ser no Bairro Damas. Apesar dos problemas enfrentado como todo bairro, acho bastante tranquilo...parabêns pela divulgação da história desse bairro.
Oi Lia,
O Damas ainda é um bairro tranquilo, e muito agradável também.
Fátima Garcia,
me interessei pela matéria sobre o bairro Damas (texto e fotos)e gostaria de publicá-la na minha revista GRANDE MONTESE.
Como baixá-la?
Tom Leão
Olá Airton,
mandei o material para seu email
abs
é um ótimo bairro, com uma bela história.
Escrevo sobre uma casa antiga, neo-clássica restaurada nos anos 50, indicada na época como O Vento Levou, cercada por mangueiras centenárias que foi residencia da família Saboia depois Automóvel Clube e Seminário. Nunca vi uma referência a ela e recentemente foi demolida. Só resta parte do portão Esta é a atitude de nossas instituições, que não restaura, conserva nem aproveita as memórias e desvaloriza a história MLuiza
Olá Maria Luiza
fiz uma postagem no facebook/fortalezaemfotos sobre esse imóvel, de fato é um desrespeito para com a nossa história. Acredito que os imóveis históricos deveriam ser preservados.
abs.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=363489687120410&set=pb.127732497362798.-2207520000.1388795746.&type=3&theater
morei de 64 a 72 em frente ao cardoso onde hoje é cond morada das damas tambem era um casarao da thomaz pompeu .dentro do predio do cardoso tinha um zoologico de aves . tinha um jeep que subia aquela rampa ,era ponto de referencia de quem vinha do interior ,padaria confianca , predio do cardoso ,farmacia eva , reitoria ,caixa dagua ,jose de alencar .
Você sabe dizer se a mansão que pertenceu a José Carlos Saboia, meu pai, foi demolida?
Lucy, qual endereço da mansão?
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