quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ildefonso Albano e as Reformas Urbanas

Em 12 de junho de 1923, o presidente da província Justiniano de Serpa, por motivos de doença, transmitiu o governo do Ceará para o vice-presidente Ildefonso Albano. Na liderança, o substituto de Serpa continuou as obras iniciadas pelo antecessor, demonstrando experiência no trato com as questões públicas.

Grupo Escolar do Benfica, fundado em 1924 (arquivo Nirez)

Ildefonso Albano já ocupara o cargo de Prefeito de Fortaleza no governo do coronel Franco Rabelo (1912-1914). Como prefeito na administração de Justiniano de Serpa, foi responsável pela reforma urbanística de importantes áreas da cidade: arborização da Avenida Alberto Nepomuceno, reforma e construção dos jardins da Praça General Tibúrcio, reforma do Parque da Independência (atual Cidade da Criança), reforma das calçadas com a utilização de fios de pedra e arborização da cidade com Ficus benjamin.

O Parque da Independência foi reformado em 1923, quando Ildefonso Albano ocupava o cargo de prefeito de Fortaleza (arquivo Marciano Lopes)

Durante sua permanência na presidência do Estado foram construídas várias pontes, além de edifícios escolares, como os grupos escolares do Benfica, hoje edifício da Faculdade de Ciências Econômicas, os grupos de Visconde do Rio Branco e o de Fernandes Vieira; concluiu o edifício da Secretaria da Fazenda e iniciou a construção do Quartel da Polícia Militar. 

Marco de inauguração da Ponte Epitácio Pessoa, construída no governo Ildefonso Albano (acervo Museu do Ceará) 

Deste modo dotou o Ceará de uma boa infraestrutura de prédios indispensáveis aos serviços de  educação e segurança pública. No exercício da presidência do Ceará, fundou a sociedade de agricultura, convocou e mobilizou os cotonicultores para produção e expansão do algodão; estudou e defendeu os interesses da pecuária cearense, sendo o seu governo o que melhor compreendeu a dinamização dos recursos, notadamente o binômio  gado – algodão.


Ildefonso de Abreu Albano nasceu em Fortaleza em 12 de fevereiro de 1885, filho de José Albano Filho e Maria de Abreu Albano. Seu avô paterno era José Francisco da Silva Albano, o Barão de Aratanha. 
Estudou no Seminário da Prainha – ao lado do irmão José de Abreu Albano – e  depois na Áustria e na Inglaterra. Cursou até o terceiro ano da faculdade de Direito do Ceará, mas não obteve o bacharelato.
Quando retornou da Europa, onde estudou tecnologia da tecelagem, ocupou o cargo de gerente da firma Albano e Irmão, a afamada Casa Albano, fundada em 1852, pelo Barão de Aratanha e por seu irmão, Manoel Francisco da Silva Albano.

Propaganda da Casa Albano no ano de seu jubileu em 1912 (Ah, Fortaleza!)

Casado com uma filha do coronel Franco Rabelo, foi nomeado prefeito de Fortaleza. Como deputado federal defendeu o Nordeste, enfatizando a problemática das secas. Denunciou também o boicote organizado contra os Estados do Norte e sugeriu soluções ao problema do algodão.
Publicou os seguintes livros: O secular Problema do Nordeste; A Cultura do Algodão no Ceará; Jeca-Tatu e mané Xique-Xique; O Empréstimo Americano;  Brazil Readers Digest, este último um trabalho didático como professor de língua inglesas no Colégio Pedro II, em que demonstra sua preocupação e devotamento à sua terra e a sua gente.

Prédio da Sefaz, construção iniciada em 1924 no governo de Ildefonso Albano e concluída em 1927, na gestão de José Moreira da Rocha (arquivo Nirez)

Um ano depois, em julho de 1924, quando Ildefonso Albano entregou o cargo de presidente ao seu sucessor  – José Moreira da Rocha – encontrou seu antigo estabelecimento comercial (Casa Albano) em dificuldades financeiras. Além disso, não conseguiu ser incluído na chapa para a Câmara dos Deputados.
No Rio de Janeiro passou a trabalhar como caixeiro e depois como guarda-livros, a fim de sobreviver. Pouco depois foi nomeado adido comercial do Brasil em Havana. Ao retornar ao Brasil ocupou outros cargos no ensino e na administração pública. 
Faleceu no Rio de janeiro, a 22 de dezembro de 1956.

Extraído do livro de Rogaciano Leite Filho

Um comentário:

Anônimo disse...

Cabe acrescentar à biografia do nobilíssimo Sr. Ildefonso Albano o seu valoroso trabalho junto ao Departamento Nacional da Propriedade Industrial, órgão antecessor do Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, e, também, como membro do Conselho de Recursos da Propriedade Industrial, instância superior ao Departamento, conforme registrado no Diário Oficial (Seção I), de 7 de março de 1939, página 5201, cujo excerto copiamos:

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ATA DA 353ª SESSÃO ORDINÁRIA, REALIZADA EM 7 DE FEVEREIRO DE 1939 —PRESIDÊNCIA DO SR. ERNESTO LOPES DA FONSECA COSTA, DIRETOR
GERAL DO INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA
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Ao encerrar os trabalhes, o Sr. Fonseca Costa formulou um voto do congratulações com os seus colegas pela presença do novo conselheiro Sr. Ildefonso Albano, diretor do Departamento Nacional de Indústria e Comércio, membro nato do Conselho, que, pela primeira vez, após a sua investidura no alto posto, assistiu aos trabalhos.
Estava certo de que o concurso do Sr. Ildefonso Albano será
utilíssimo e brilhante, dada a sua competência e, sobretudo, a sua larga expediência, resultante do longo contacto com os trabalhos do Departamento da Propriedade Industrial, de que foi técnico.
O Sr. Ildefonso Albano agradeceu a gentileza da recepção que lhe fazia o Conselho, e Prometeu aos seus colegas todo o concurso ao seu alcance.
Encerram-se, então, os trabalhos.
E de tudo para constar eu, Antônio Carlos Petra de Barros, secretário do Conselho de Recursos, lavrei a presente ata, que será assinada por todos os seus membros, depois de aprovada. Fonseca Costa. — José Caetano de Oliveira. — Oswaldo Soares. — Ildefonso Albano. — Cicero Monteiro.
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