Na memória de Fortaleza, três aldeamentos famosos: Parangaba, Paupina (atual Messejana) e Soure (Caucaia). Quando o Marquês de Pombal decretou o fechamento da Companhia de Jesus, em Ordem Régia de 14 de setembro de 1758, as missões foram convertidas em vilas.
Assim Caucaia se transformou em Vila Nova de Soure, guiada pelo vigário Antônio Carvalho da Silva; Parangaba mudou para Vila Nova de Arronches, sob o comando do padre Antônio Coelho Cabral; Paupina passou a Vila Nova de Messejana, dirigida pelo vigário Manuel Pegado de Siqueira Cortez. Os jesuítas da extinta Companhia de Jesus seguiram para Pernambuco, e de lá, para as masmorras de Portugal.
Estrada de acesso a Caucaia antiga Vila Nova de Soure (foto de 1919.)
Assim Caucaia se transformou em Vila Nova de Soure, guiada pelo vigário Antônio Carvalho da Silva; Parangaba mudou para Vila Nova de Arronches, sob o comando do padre Antônio Coelho Cabral; Paupina passou a Vila Nova de Messejana, dirigida pelo vigário Manuel Pegado de Siqueira Cortez. Os jesuítas da extinta Companhia de Jesus seguiram para Pernambuco, e de lá, para as masmorras de Portugal.
Estrada de acesso a Messejana, antiga Aldeia da Paupina, em foto de 1919.
A colonização portuguesa no Ceará começa a florescer efetivamente com a incursão de Martim Soares Moreno. Um dos fatores para esse processo foi a construção do Forte de São Sebastião na região conhecida hoje como Barra do Ceará, com o auxílio de Jacaúna e de sua tribo, vindos da região do Jaguaribe, o que gerou uma aglomeração junto à fortaleza. Tempos depois, essa aglomeração foi destacada para as terras do Mondubim, onde foi formado o Arraial do Bom Jesus da Parangaba por solicitação dos jesuítas.
Estrada de acesso a Parangaba, antiga Vila Nova de Arronches, em foto de 1919
Dizia-se que Paupina seria uma corruptela de Padre Pinto, nome escolhido pelos índios em memória do Padre Francisco Pinto chefe da missão jesuítica, sacrificado pelos índios no sopé da Serra da Ibiapaba. Para os historiadores dificilmente se pode provar a procedência de tal nome, dada a distância de 152 anos que separam o mártir da Ibiapaba, morto em 1608, dos índios que viviam em 1760, em Paupina. Acreditam que os índios não teriam tanta memória nem tal preocupação. O nome Paupina é indígena, e significa, segundo o historiador Teodoro Sampaio, "lagoa limpa" ou "lagoa descoberta".
No Guia Turístico elaborado pela Prefeitura de Fortaleza em 1961, não figura um bairro chamado Paupina. Hoje, na Fortaleza do século XXI, o bairro Paupina, urbanizado a partir dos anos 70, já não se confunde com Messejana.
Localizado no limite entre os municípios de Fortaleza e Eusébio, Paupina conta com privilégios que muitos já perderam: uma extensa área verde, baixa densidade demográfica, ruas calmas, poucos automóveis, moradores que se conhecem desde sempre. As árvores ainda estão pelo bairro, especialmente nos sítios que resistem numa área que ganha cada vez mais condomínios fechados. Um dos sítios pertence a Manoel Bezerra da Silva, de 78 anos. Talvez mantendo vivo um hábito da meninice vivida ali, o portão do terreno amplo, cheio de pássaros, não se fecha. Casas vizinhas também mantêm portas abertas.
foto de Macilio Gomes - site Panorâmio
O equipamento mais famoso do bairro é o Mosteiro de São Bento, fundado há 19 anos e localizado numa parte elevada, no limite entre a Paupina e o Bairro São Bento. Os monges beneditinos rezam a missa, aos domingos, com cânticos gregorianos e orações em latim. É a única missa nesse estilo na Capital. O canto de entrada é em português, mas logo começam os cânticos gregorianos e as orações em latim como o Credo e o Pai Nosso.
Do alto do templo, a cidade se alarga. Do lado direito, vê-se o Eusébio. Do lado esquerdo, um paredão de prédios, também chamada de Fortaleza. Na vista da frente, a Lagoa da Precabura, limite entre os dois municípios. O Mosteiro, para os moradores, torna-se mais atrativo no último dia do ano. Como é muito alto. Muita gente vai para lá no dia do Réveillon. Dá para ver os fogos de artifício de toda a cidade.
O bairro sofre com graves problemas como acúmulo de lixo nas ruas, desabastecimento de água, escassez de postos de saúde, ruas sem pavimentação e falta de segurança.
Limita-se com os bairros Messejana, São Bento, Coaçu, Ancuri e Pedras. De acordo com o IBGE (pelo Censo de 2010) o bairro contava com 14.665 habitantes, sendo 7.042 homens e 7.623 mulheres.
fontes:
História do Ceará, Airton de Farias
Revista do Instituto do Ceará - A Aldeia de Paupina e Outras Aldeias, de Aires de Montalbo.
Guia Turístico da Cidade, 1961
fotos P&B do site Brasiliana Fotográfica
demais fotos: Fortaleza em Fotos - jan/2016
demais fotos: Fortaleza em Fotos - jan/2016
2 comentários:
Obrigada por essas importantes informações acerca de Fortaleza, notadamente sobre a Paupina.
Muito boa a matéria, assim como as demais. Recentemente publiquei no meu blog uma referência ao aniversário do aldeamento:
http://fatoshistoricosmundoemdebate.blogspot.com.br/2016/03/messejana-ce-8-de-marco-de-1607-criacao.html
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