segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Os Monumentos Históricos: a memória em pedra e bronze

Etimologicamente, a palavra monumento, de origem latina,  significa lembrar. Assim seguindo a clássica definição do historiador Alois Reigl, monumento é toda obra criada pela mão do homem e construída com a finalidade de conservar sempre viva e presente, na consciência das gerações futuras, a lembrança de determinada ação ou existência.
No Ceará, os primeiros monumentos históricos estão vinculados ao ideário monárquico e retratam algumas lutas da pátria: Guerra do Paraguai, Abolição da Escravatura, Centenário da Independência – que se materializaram através da edificação de alguns monumentos, estátuas e bustos.

Estátua do general Tibúrcio da Praça do mesmo nome, também conhecida por Praça dos Leões. Foi a primeira estátua de Fortaleza, inaugurada em 8 de abril de 1888

Os primeiros monumentos construídos em praça pública evocam a Guerra do Paraguai, na figura de heróis que lá derramaram seu sangue em atos de bravura em defesa da pátria. Estes são o General Tibúrcio (1888) e General Sampaio (1900).
  

Inaugurada originalmente na Praça Castro Carreira (Praça da Estação) o monumento ao General Sampaio encontra-se atualmente em frente ao Quartel da 10ª Região Militar, antigo Forte Schoonenborch

Outro exemplo da presença do ideário monárquico é o monumento ao imperador D. Pedro II. Única representação do monarca em trajes de guerra foi construído já no período republicano, e inaugurado com muita pompa em 7 de setembro de 1913.
O monumento além de exaltar a figura do imperador, evoca fatos e personagens significativos da monarquia brasileira: princesa Isabel e a abolição da escravatura e conde D’Eu e sua participação na Guerra do Paraguai.



A estátua representa o monarca de pé, em traje de almirante, tendo a mão esquerda apoiada sobre o punho da espada. A base é de granito, tendo dos lados dois belos medalhões também de bronze. à frente do monumento, abaixo da coroa imperial esculpida em bronze, há uma placa da Associação dos Jornalistas Cearenses, dedicada a Dom Pedro II; do lado oposto está um medalhão representando a imperatriz D. Tereza Cristina. em ambos os lados, dois baixos relevos: uma reprodução do quadro de Vitor Meireles intitulado a Batalha de Campo Grande e outro representando a cena da assinatura da lei Áurea, destacando-se a figura da princesa Isabel.      

Em 1922, numa iniciativa do Círculo dos Operários e Trabalhadores Católicos de São José e lideranças locais, é inaugurado o Monumento ao Cristo Redentor, comemorativo ao centenário da independência, constituindo-se até hoje, no monumento mais alto da cidade.


Monumento do centenário ao Cristo Redentor, construído por iniciativa do Circulo dos Operários e Trabalhadores Católicos de São José. Tem uma altura total de 35 metros.
 
A presença do imaginário monárquico no Ceará e, em especial em Fortaleza, se evidencia também, através da denominação de diversas ruas e avenidas: Avenida do Imperador, Rua Princesa Isabel, Rua Conde D’Eu, e tantas outras.
Outro aspecto a ser levado em conta entre os monumentos de Fortaleza é o culto à nacionalidade, consubstanciado na figura do cearense mais ilustre, o escritor e político do império, José de Alencar.

A estátua do escritor José de Alencar, na praça homônima, foi inaugurada em 1929. A homenagem foi uma iniciativa do jornalista Gilberto Câmara. (foto de Maurício Cals)

À figura emblemática de Alencar, estão dedicados o nome de nosso teatro, tombado pelo IPHAN em 1965, como uma das mais importantes obras do ecletismo arquitetônico, bem como o monumento art-déco, situado na praça que leva seu nome, edificado por ocasião do seu centenário de nascimento (1929), numa iniciativa do então presidente da Associação cearense de Imprensa, o jornalista Gilberto Câmara.
A casa onde nasceu o escritor, localizada em Messejana, é tombada pelo governo local como monumento histórico do Estado, a Praia de Iracema e suas ruas com nomes de antigas tribos indígenas, as estátuas de Iracema, na Avenida beira Mar, reforçam o culto monumental em torno de José de Alencar e sua obra, na chamada terra alencarina.


fotos do acervo do Blog Fortaleza em Fotos e Fatos
fontes:
artigo de Ricardo Oriá - Fortaleza: os lugares de memória
Publicado no livro Uma Nova História do Ceará 
livro de Eusébio de Sousa
Os Monumentos do Estado do Ceará 

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