Num casarão de cinco portas situado à Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco), existia, por volta de 1915, um estabelecimento chamado Fotografia Americana, de José de Paula Barros, que além de fotógrafo era pintor e arquiteto.
O trio de pintores (da esquerda para a direta): Antonio Rodrigues, retratista à "crayon" José de Paula Barros, fotógrafo, pintor e arquiteto e Raimundo Ramos (Ramos Cotoco), pintor, poeta, músico e cantor.
O fotógrafo de estatura fora do comum costumava usar um jaquetão de casemira, chapéu de abas largas do tipo cow-boy, gravata de manta colorida, bigodes retorcidos. Assemelhava-se a um mosqueteiro de Dumas.
As primeiras obras de autoria de Paula Barros foram um retrato a óleo do presidente da província Nogueira Accioly, um retrato em pastel de Liberato Barroso, e uma tela em óleo em tamanho natural do coronel Franco Rabelo, que ficava exposta na Maison Art Nouveau. O nu e a natureza morta foram temas de sua predileção.
Rua Major Facundo, trecho Praça do Ferreira, onde aparece o prédio da Maison Art Nouveau. Inaugurada em 1907 a Maison era bar, café, confeitaria além de vender artigos para copa e cozinha. Lá ficava exposto o retrato do Coronel Franco Rabelo, pintado por Paula Barros.
A espaçosa oficina da Rua Formosa era repleta de quadros de todos os tamanhos, realizados com as mais variadas técnicas: óleo, crayon, pastel, lápis, aquarela. Torsos, cabeças, braços e pés de gesso, vasos, estatuetas de terracota completavam o cenário de um verdadeiro atelier.
Ao lado das Três Graças, por terminar, havia pintada numa paleta, a cabeça sonhadora de um Rembrandt, destacada pelos efeitos de luz e sombra.
Junto com Ramos Cotoco, Paula Barros realizou a decoração do Teatro José de Alencar, destacando-se a alegoria das Três Graças, que representam as três artes – Poesia, Música e Pintura. As musas pareciam soltas no espaço, pelo milagre da perspectiva aérea.
No foyer do mesmo teatro, há dois retratos de Carlos Gomes e José de Alencar que atestam o poder do seu inspirado pincel. Insatisfeito no Ceará rumou para o Maranhão, onde trabalhou durante algum tempo.
O artista faleceu em 1919, após a execução de um grande retrato a óleo de Carlos Gomes, para o Teatro São Luis.
Extraído do livro de Otacílio de Azevedo.
2 comentários:
Quantos artistas excelentes o Ceará "produziu" e este mesmo Ceará
não valoriza,não divulga.
Essa SECULT, bem que podia fazer mais...
Boa semana, Fátima
Tem muitas obras de arte, espalhadas em lugares públicos, que ninguém sabe quem é o autor, não há nenhuma indicação. O exemplo mais escandaloso é a estátua de Iracema da praia do mesmo nome. Esses gestores da cultura daqui são absolutamente invisíveis, o que eles fazem é segredo guardado a sete chaves.
abs Lucia, boa semana
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