domingo, 3 de julho de 2011

José de Paula Barros

Num casarão de cinco portas situado à Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco), existia, por volta de 1915, um estabelecimento chamado Fotografia Americana, de José de Paula Barros, que além de fotógrafo era pintor e arquiteto.

O trio de pintores (da esquerda para a direta): Antonio Rodrigues, retratista à "crayon" José de Paula Barros, fotógrafo, pintor e arquiteto e Raimundo Ramos (Ramos Cotoco), pintor, poeta, músico e cantor.

O fotógrafo de estatura fora do comum costumava usar um jaquetão de casemira, chapéu de abas largas do tipo cow-boy, gravata de manta colorida, bigodes retorcidos. Assemelhava-se a um mosqueteiro de Dumas. 
 As primeiras  obras de autoria de Paula Barros foram um retrato a óleo do presidente da província Nogueira Accioly, um retrato em pastel de Liberato Barroso, e uma tela em óleo em tamanho natural do coronel Franco Rabelo, que ficava exposta na Maison Art Nouveau.  O nu e a natureza morta foram temas de sua predileção.

Rua Major Facundo, trecho Praça do Ferreira, onde aparece o prédio da Maison Art Nouveau. Inaugurada em 1907 a Maison era bar, café, confeitaria além de vender artigos para copa e cozinha. Lá ficava exposto o retrato do Coronel Franco Rabelo, pintado por Paula Barros.

A espaçosa oficina da Rua Formosa era repleta de quadros de todos os tamanhos, realizados com as mais variadas técnicas: óleo, crayon, pastel, lápis, aquarela. Torsos, cabeças, braços e pés de gesso, vasos, estatuetas de terracota completavam  o cenário de um verdadeiro atelier. 
Ao lado das Três Graças, por terminar, havia pintada numa paleta, a cabeça sonhadora de um Rembrandt, destacada pelos efeitos de luz e sombra. 
Junto com Ramos Cotoco, Paula Barros realizou a decoração do Teatro José de Alencar, destacando-se a alegoria das Três Graças, que representam as três artes – Poesia, Música e Pintura. As musas pareciam soltas no espaço, pelo milagre da perspectiva aérea. 



No foyer do mesmo teatro, há dois retratos de Carlos Gomes e José de Alencar que atestam o poder do seu inspirado pincel. Insatisfeito no Ceará  rumou para o Maranhão, onde trabalhou durante algum tempo. 



O artista faleceu em 1919, após a execução de um grande retrato a óleo de Carlos Gomes, para o Teatro São Luis.  

Extraído do livro de Otacílio de Azevedo.

2 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Quantos artistas excelentes o Ceará "produziu" e este mesmo Ceará
não valoriza,não divulga.

Essa SECULT, bem que podia fazer mais...

Boa semana, Fátima

Fátima Garcia disse...

Tem muitas obras de arte, espalhadas em lugares públicos, que ninguém sabe quem é o autor, não há nenhuma indicação. O exemplo mais escandaloso é a estátua de Iracema da praia do mesmo nome. Esses gestores da cultura daqui são absolutamente invisíveis, o que eles fazem é segredo guardado a sete chaves.
abs Lucia, boa semana