Não se sabe ao certo a data de construção do prédio, mas sabe-se que foi um dos primeiros casarões de Fortaleza do século XIX, e foi na primeira metade desse século que Fortaleza ganhou ares de cidade.
Palácio do Bispo depois da reforma feita por Mainha (imagem ofipro)
Ainda como colônia portuguesa, o comércio da vila se intensificava: já chegavam navios da Europa, o primeiro mercado fora inaugurado, o primeiro chafariz fora construído. Um ano após a Independência do Brasil, em 1823, Fortaleza passou à condição de cidade, nomeada pelo Imperador Dom Pedro I de Fortaleza de Nova Bragança.
O edifício da Rua São José era um armazém de alimentos de propriedade do Sargento-Mor e comerciante português Antônio Francisco da Silva, um ascendente da família Albano. O Barão de Aratanha, José Francisco da Silva Albano, e Ildefonso Albano, que foi prefeito de Fortaleza e governador do Ceará, são seus descendentes.
Dos Albano, o armazém passou para os Guimarães, outro poderoso clã da cidade. No século XIX, a chácara dos Guimarães era um oásis à beira do Pajeú e ainda afastado do Centro da cidade, embora fosse perto da Catedral .
E foi essa proximidade com a Catedral o principal motivo que levou o Paço a mudar de dono mais uma vez. Em 1860, o prédio foi comprado pelo Governo Imperial para ser a sede do Bispado de Fortaleza.
arquivo Nirez
À época, a Igreja Católica ainda era vinculada ao Estado. Registros oficiais do Império datam de 21 de abril de 1860 a compra do imóvel por escritura pública perante a Tesouraria da Fazenda da Província do Ceará ao comendador Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, a sua mulher dona Joaquina Mendes Ribeiro e ao coronel José Mendes da Cruz Guimarães, pela quantia de 60 contos de réis.
Em julho de 1860, apesar de não dispor de estrutura suficiente, já que a província do Ceará só se tornou diocese em 1854, o imóvel da Rua São José foi entregue à Igreja. Ainda não havia bispo naquela época. Dom Luiz Antônio dos Santos, embora nomeado o primeiro prelado da diocese do Ceará em 1859, só chegou a Fortaleza em 1861, mas não ocupou o Palácio.
O primeiro a ocupá-lo, a partir de 1892, foi Dom Joaquim José Vieira, nomeado bispo do Ceará em 1883. Versões apontam que Dom Joaquim, cônego em Campinas, tenha vindo para o Ceará por uma represália de Dom Pedro II, após uma ofensa ao monarca.
O Palácio Episcopal passou por várias obras de 1866 a 1892 para adaptação do prédio às suas funções diocesanas. E, no ano em que se tornou moradia dos bispos, foi declarado pelo Estado como pertencente ao Episcopado para seu usufruto como residência do Bispo Diocesano.
Boatos do início do século XX dizem que havia um túnel subterrâneo que ligava o Palácio à antiga catedral. Esse fato nunca foi comprovado, mas povoou o imaginário dos moradores de Fortaleza até o início da construção da nova catedral em 1938.
Com a proclamação da República em 1889, a relação entre Igreja e Estado mudou no Brasil e repercutiu no Palácio Episcopal. O Governo Federal passou o imóvel ao Governo Estadual, que o pôs à venda em 1912. A Diocese, em seus últimos dias sob o comando de Dom Joaquim, adquiriu o prédio, e garantiu a permanência do Palácio Episcopal na Rua São José.
Uma grande reforma foi realizada em 1931. Entre as mudanças, o redesenho da fachada pelo arquiteto prático José de Barros Maia, o Mainha. A fachada atual ainda segue as linhas projetadas por Maia na época do bispado de Dom Manuel da Silva Gomes, mesmo depois de outras reformas, como a de 1973, quando, de sede do poder religioso, o prédio passou a sede do poder público municipal.
Em 1973, quando o arcebispo Dom José Delgado estava à frente da Diocese, o Palácio foi novamente posto à venda. A Prefeitura de Fortaleza comprou o prédio por mais de três milhões de cruzeiros para ser o Paço Municipal. Depois de novas reformas, o prédio é reaberto em 10 de agosto de 1973 e passa a abrigar o Gabinete do Prefeito e outros órgãos da administração municipal. Isso ocorreu na gestão do prefeito Vicente Fialho.
O Paço Municipal foi sede da administração de Fortaleza ininterruptamente até 1991, quando o prefeito Juraci Magalhães levou seu Gabinete para o bairro Serrinha. Seu sucessor, Antônio Cambraia, reformou o Paço e trouxe o Governo Municipal de volta ao Centro.
Juraci voltou à Prefeitura em 1997, sendo reeleito em 2000. Em seu terceiro mandato, novamente tirou seu gabinete do Palácio, deixando o prédio para a utilização de diversas secretarias.
Em janeiro de 2010, depois de nova reforma o palácio do Bispo recebeu de volta o Paço Municipal. Mais uma vez, a administração municipal voltou ao centro de Fortaleza.
Fonte:
Nirez
http://www.oestadoce.com.br
vídeo: jangadeiro online
Um comentário:
Já vai pra quase dois anos, a inauguração. O prédio é lindo, o verde em volta, também. E aí, será que já tem orquidário e a gente pode ter acesso lá?
Aprovo, a sede da prefeitura ter voltado pra lá...
Gostei!
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