A Praça em 1907. Nessa época o nome do logradouro era José de Alencar. (arquivo Nirez)
No dia 3 de setembro de 1817, o Governador Sampaio ( 1812-1820), recebia uma Carta Régia comunicando-lhe o consórcio do Príncipe D. Pedro I com a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena , que ocorrera no dia 3 de maio daquele ano em Viena, Áustria.
Largo da Assembleia, cruzamento da Rua Floriano Peixoto com a Rua São Paulo, em 1911. A esquerda o prédio da Assembleia Provincial. Os carros em primeiro plano, estão de frente para o Mercado de Ferro
Este acontecimento tão longínquo foi o motivo para darem o nome de Praça Carolina ao principal largo da Fortaleza de então. O Engenheiro Silva Paulet alinharia o lado ocidental da praça que mais tarde seria ocupado por residências.
Em 1814 a Câmara Municipal decidiu construir um mercado nessa praça, confiando os trabalhos aos capitães-mores Lourenço da Costa Dourado e Antônio José da Silva Castro. Sobre o portão que se abria para a Praça Carolina, colocaram uma lápide com a inscrição
Em 12 a praça pelo Cruz fundada
em 15 por Sampaio Edificada
E sobre outro portão, que abria para a Rua Direita dos Mercadores (Atual Rua Conde D’Eu), lia-se
Aqui Dourado e Castro permaneçam;
cidadãos generosos não esqueçam.
Mercado de Ferro, na Praça Carolina (arquivo Ah, Fortaleza!)
Depois da construção do Palácio Legislativo, em 1871, passou a denominar-se Praça da Assembleia. Em 1888 chamaram-na Praça Conselheiro José de Alencar, denominação que provocou protestos pela imprensa, porque não se queria homenagear José de Alencar como conselheiro, mas apenas como cearense e extraordinário romancista que de fato era.
Mais tarde tornaram a mudar-lhe o nome para Praça Capistrano de Abreu. Logo depois, três grandes edifícios obstruíram a praça: os prédios dos Correios, do Banco do Brasil e do Palácio do Comércio. Este último fica defronte e a pequena distância da então Assembleia Legislativa, repousando sobre as areias da Feira Velha, nome popular da Praça Carolina até depois de 1880.
O salão nobre do palácio ficava a prumo de um terreno outrora empedrado no qual, debaixo de uma frondosa mongubeiras, o velho Benjamin estendia sua botica. Era um estendal, coisas velhas derramadas pelo chão. Ali havia de tudo: utensílios de cozinha, ferros velhos de toda espécie e plantas medicinais tais como cipó-de-chumbo, raízes de angélica, língua-de-vaca, raspas de juá, etc.
Antiga Rua da Boa Vista (Floriano Peixoto) cruzamento com a Rua das Hortas (Senador Alencar), com o Café Fênix, em primeiro plano e ao fundo, o Mercado de Ferro.
Benjamin foi precursor dos belchiores (mercadores de objetos velhos e usados) da Rua Conde D’Eu. Nem por sonho suspeitou que, no futuro se levantasse no local de sua bucólica, e no prumo da mesma, um magnífico salão, onde, dele esquecidos, se reunissem pessoas distintas da cidade para tratarem de graves assuntos comerciais, no prumo e bem em cima do rés do chão aonde ele, em tempos idos, comerciava também.
texto extraído da
Revista FACIC ano 1 n° 1 – agosto/2010
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