Em 29 de setembro de 1861, Dom Luís Antônio dos Santos, fez sua entrada solene no Ceará para tomar posse do Bispado. Nascido em angra dos Reis (RJ), foi nomeado por Decreto Imperial de 31 de janeiro de 1859, sendo confirmado pela Santa Sé no ano seguinte.
Antes tinham recusado o Bispado cearense, os padres João Quirino Gomes, da Bahia, e José Tavares da Gama, de Recife. Diante dos recursos escassos da época, agravados com os problemas decorrentes da seca e das doenças epidêmicas, D. Luís investiu no plano de educação das famílias e da formação do clero, lutando pela construção de um seminário diocesano em Fortaleza, obra já autorizada pelo governo.
Seminário da Prainha, em Fortaleza
A empreitada, apesar de difícil, não intimidou o bispo, que cuidaria também do Seminário do Crato e de um Seminário em Sobral, este último, um projeto frustrado por razões contraditórias. Enquanto trabalhava para a construção do Seminário Diocesano na capital, D. Luís exercia atividades múltiplas em sua jurisdição.
O Seminário Episcopal de Fortaleza foi inaugurado em 1864, e teve grande relevância na cultura local. Lá se formaram personalidades como o Padre Cícero, que se tornou figura lendária, primeiro no Cariri, depois, em todo o Estado. De lá saíram construtores de templos, de escolas, assistentes sociais que andavam pelas ruas à procura de mendigos, saíram padres polivalentes, que tanto reabilitavam o homem que caíra em desgraça, como se imiscuíam na política, expondo-se aos perigos da vida pública.
Depois da inauguração do Seminário de Fortaleza, D. Luís prosseguiu em suas realizações sociais. Inaugurou em 15 de agosto de 1865, o Colégio dos Órfãos Pobres – atual Colégio da Imaculada Conceição – e instalou em 1° de março de 1875, o Seminário do Crato.
Entre as primeiras realizações de D. Luís, há também a reforma da Igreja Matriz de São José, a antiga Sé. Viajou várias vezes pelo interior, levando a palavra da igreja, conferindo também o presbiterado a 208 sacerdotes.
Durante a seca de 77, diante da morte de flagelados pela fome e peste, D. Luís visitava os doentes nos barracões, levando alimentos e conforto espiritual. Na época, fez o voto solene de consagrar sua diocese ao Sagrado Coração de Jesus, dedicando-lhe um templo. Algum tempo depois, lançou a pedra fundamental da igreja defronte a atual Cidade da Criança.
Luís Antônio dos Santos nasceu em 17 de março de 1817, filho de Salvador e Maria Antônia dos Santos Reis. Aos 15 anos, depois de receber aulas de latim, passou para a Casa Pia da Santíssima Trindade da Ilha Grande, dedicado especialmente a pessoas pobres. Dom Luís chegou a ingressar no noviciado, mas teve de abandoná-lo por problemas de saúde. Quando retornou ao Seminário foi para se ordenar sacerdote no dia 21 de setembro de 1841.
Igreja do Coração de jesus, construção incentivada por D. Luis (arquivo Nirez)
Em 1843, D. Luís passou a ensinar teologia no Seminário de Mariana, tornando-se depois cônego da Catedral, em 1846. No período de 1848 a 1850, fez um doutorado em Direito canônico, em Roma.
Depois de vinte anos no Ceará, de total dedicação à Igreja, o bispo deixou a Província em agosto de 1881, rumo à Arquidiocese da Bahia, nomeado para a Sé Primaz. Assumiu o posto no mesmo ano, e começou nova jornada com a reformulação do seminário e da catedral, criação de abrigos dos padres e outras obras. No episódio de canudos, alertou muitas vezes sobre a pregação de Antônio Conselheiro.
Mesmo distante D. Luís nunca perdeu o contato com o Ceará. Tanto que participou da grande festa da libertação dos escravos. No palco armado da Praça da Estação, diante de milhares de pessoas, recebeu a consagração popular.
Atacado de paralisia que imobilizou todo o lado direito do corpo até o rosto, não pôde realizar todos os seus planos. Mesmo assim, continuou no desempenho do cargo, agora com a ajuda de um bispo auxiliar, na pessoa de D. Joaquim Arcoverde Cavalcanti, mais tarde, nosso primeiro cardeal. Tendo sua saúde agravado, D. Luís apresentou seu pedido de renúncia da chefia da Igreja Baiana, sendo atendido. Retirou-se então para o Palácio da Penha, aonde veio a falecer no dia 11 de março de 1891.
Fonte:
livro de Rogaciano Leite Filho.
Arquidiocese de Fortaleza
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