Até meados do século XIX, a Praça do Ferreira, que já foi Rua do Cotovelo, Feira Nova, Largo das Trincheiras, Praça Pedro II, Praça Municipal até ganhar o nome atual, era só um areal, com um cacimbão no centro, rodeado de mangueiras, oitizeiros, algumas mongubeiras, pés de castanhola. Nos cantos do terreno, marcos de pedra para amarrar jumentos dos cargueiros ambulantes que vinham do interior.
Jardim 7 de Setembro na Praça do Ferreira. (acervo Marciano Lopes)
Quando ainda não havia iluminação de lampiões, quando não havia lua e a escuridão era total, os componentes do Grupo Taliense de Teatro Amador, e outros rapazes que moravam nos arredores, saíam em grupo, para tomar banho nus no cacimbão da praça.
Em 1902, com a reforma promovida pelo Intendente Guilherme Rocha, a cacimba foi gradeada e colocado um catavento e uma grande caixa d’água pintada de roxo.
A Praça do Ferreira no início do século XX, com os frades de pedra e a caixa d'água (acervo Marciano Lopes)
A caixa d'água da Praça do Ferreira - construída pela empresa Hopkins, Causer & Hopkins - encontra-se atualmente na Cidade da Criança.
Durante a reforma de 1920, na gestão do prefeito Godofredo Maciel, que modificou quase todo o logradouro com a retirada dos quiosques dos cafés (Java, do Comércio, Iracema e Elegante) e a instalação do coreto, a caixa d’água foi retirada e a cacimba acabou soterrada.
Por ocasião da última reforma, em 1991, quando era demolida a galeria de arte subterrânea foram encontradas as antigas fundações da primeira coluna da hora e o esquecido cacimbão do século XIX.
A descoberta influenciou numa adaptação ao desenho da reforma e a base da coluna que seria circundada pela fonte sofreu um corte onde hoje podem ver-se as grandes pedras que formam o corpo daquele poço antigo.
Ao lado da velha cacimba, a cidade moderna prestou homenagem ao boticário Ferreira colocando ali uma placa com a efígie do político e uma frase de agradecimento ao idealizador da praça.
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