segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Fortaleza que não existe mais: A Praça Marquês do Herval


Por volta do ano de 1912 a Praça Marquês do Herval (atual Praça José de Alencar) era um dos mais belos logradouros de Fortaleza. A exemplo da Praça do Ferreira, também havia ali quatro quiosques de madeira, artisticamente trabalhados, ocupando os quatro cantos da avenida.
Ao centro, suntuoso coreto, onde a Banda da Polícia Militar realizava retretas em dias designados pela Intendência. No local onde funcionou o Centro de Saúde – e hoje é ocupado pelos jardins do Teatro José de Alencar – situava-se o Quartel da Polícia; no outro lado, esquina com a Rua 24 de Maio, ficava a Escola Normal.


Construído em 1932 para funcionamento do Centro de Saúde, foi demolido em 1973. O lugar hoje é ocupado pelo jardim do Teatro José de Alencar.

A praça era ajardinada com extremo bom gosto. Sobre quadrados de grama bem cuidada havia canteiros de flores das mais variadas espécies. Colunas de mármore vindas de Portugal, trabalhadas em estilo coríntio, sustentavam grandes jarros de porcelana japonesa.
Nos jarros, plantas exóticas de grande efeito estético, e nas longas alamedas com piso de mosaico, inúmeros bancos de madeira pintados de verde.
Combustores de luz carbônica esverdeada davam ao local uma atmosfera de fantasia. À noite famílias inteiras visitavam o local, uns para passear, outros simplesmente para sentarem nos bancos e apreciarem o cenário.
Nos dias de retreta, a população acorria, acotovelando-se para conquistar um lugar mais perto do coreto, onde a banda executava valsas e trechos de operetas como A Viúva Alegre ou O Príncipe Estudante.Grandes árvores – mangueiras, mongubeiras, palmeiras, davam ao local uma beleza ímpar. Nos canteiros, dálias, rosas, margaridas, crisântemos e uma infinidade de crótons, brotavam do verde com as mais variadas cores.


Os quiosques viviam lotados de fregueses. Ao cair da tarde, o acendedor de lampiões surgia, com uma vara comprida a acender, um por um, os combustores de caixas retangulares, dentro dos quais de incendiavam ao contato com a chama, os bicos de acetileno.
A praça adquiria assim, um aspecto poético e agradável, pronta para acolher os visitantes, nas noites cálidas da Fortaleza Antiga.

A Praça Marquês do Herval vista da sacada do teatro José de Alencar em foto de 1911

Fotos: Ah, Fortaleza! 1880-1950
texto extraído do livro
Fortaleza descalça: reminiscências
autor: Otacílio de Azevedo

9 comentários:

Ray Menezes disse...

quando eu era pequeno ia muito a esse centro de saúde com a minha mãe, lembro bem desse prédio, só não tinha noção de onde ficava. Estu aprendendo um bocado com esse vlogue, parabens.

Lúcia disse...

Olá, Fátima!

Quando trabalhava no Theatro José de Alencar, 64/70, passava todos os dias em frente ao, então, Centro de Saúde. Quando retornei do Rio,onde fui residir,o prédio já havia sido demolido.Depois surgiu o belo jardim do TJA.

Era desta sacada, à frente do foyer, que eu assistia, "de camarote", o confronto dos policiais com os estudantes, depois do golpe de 64.....

Lamento pela derrubada dos belíssimos quiosques, que não conheci.....

Muito bom!

Lúcia

Unknown disse...

ola fatima!fui mto neste centro de saúde, inclusive tinha un dentista que nunca esqueci o dr marcos, que era até casado com uma atriz da tv ceará a jane azeredo...foi la que eu tomei muitas vacinas, rsrsrsr, grande bjo amiga!

Fatima Garcia disse...

O centro de saúde ficava na Liberato Barroso, esquina com a General Sampaio. Foi demolido p/dar lugar ao projeto do jardim do TJA. A Praça Marques de Herval foi destruida quase que completamente na revolta urbana de 1912, que depôs a oligarquia Acioly. A praça virou alvo da população porque, segundo dizem, era o cartão postal da administração municipal, e o belo jardim chamava-se jardim Acioly. Talvez devido a época remota, fotos da praça são muito poucas, só conheço no máximo, umas 5, e os quiosques acho que nunca foram fotografados. Fica no entanto, o registro de uma época que a cidade viveu, principalmente se compararmos com a Praça J.de Alencar de hoje.

Fátima Maia disse...

Ah, lembro deste centro de saúde, ele era pintado de verde...Que nostalgia!!!!!

Fátima Garcia disse...

Olá Fatima Maia, no caso da demolição do centro do saúde ainda tinham uma desculpa - era vizinho ao teatro e precisavam de espaço para construir o jardim. Pior são as dezenas de edificações que demoliram por demolir. Bem vinda ao blog

Arquivo Nirez disse...

A Polícia Militar ocupou realmente um prédio na esquina da Rua General Sampaio com Liberato Barroso onde hoje fica o jardim do Theatro José de Alencar, mas o prédio era outro. Esse da foto foi construído em 1932 para abrigar a Secretaria de Saúde e depois foi ocupado pelo Centro de Saúde. O antigo Batalhão de Segurança foi quem cedeu parte de seu prédio para construção do Theatro.

Fátima Garcia disse...

tem toda razão, obrigada pela observação, Arquivo Nirez

aindaemprocesso disse...

Fui muitas vezes a este centro de saúde para consulta médica e tomar vacina. Lembro que existia um prédio, onde era a Faculdade de Odontologia. No outro lado da praça, ficava a Rádio Iracema.