sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Economia dos Armazéns


O Comércio de Fortaleza se estabeleceu no centro. Armazéns, Alfândega e os prédios da receita estadual e a administração municipal foram erguidos próximos ao primeiro porto.  Com o desenvolvimento da indústria algodoeira, surgiram casas comerciais como a Fábrica Philomeno, nas avenidas Francisco Sá e Sargento Hermínio. 


Industrial Pedro Philomeno Gomes, um dos pioneiros da região, e a Fábrica São José marcaram o desenvolvimento da indústria do algodão no Ceará (foto Diário do Nordeste)

As ruas do centro adquiriam funções especializadas; determinada via concentrava o comércio de fios e linhas, outra, o comércio de peças para veículos automotores. Um modelo bastante evidente ainda hoje, para quem percorre ruas como a Pedro I e a Clarindo de Queiroz.
Desenvolvia-se também o comércio na Alberto Nepomuceno e Conde D’Eu. O Mercado São José coletava produtos do Interior e os armazéns da Rua Governador Sampaio formavam o polo especializado na movimentação portuária. A cidade crescia na perspectiva do Riacho Pajeú: Catedral, Palácio da Luz, Assembleia Provincial, o porto e o Parque da Liberdade  na saída da cidade.

Assembleia Provincial - década de 1930 (foto: O Nordeste)

O centro possuía territorialidades diferenciadas: na Praça do Ferreira acontecia a feira da elite, mais selecionada. Naquela porção do centro tinha-se a clara distinção entre lazer e trabalho.  O ócio era desfrutado no Passeio Público e os negócios eram feitos na Praça do Ferreira. A cidade se expandia, mas o centro ficou restrito ao que foi projetado por Adolfo Herbster na Planta Exacta do Ceará, de 1875. A feira popular ocorrida na Praça Carolina, junto ao Mercado de Ferro, na região onde hoje se encontra o Palácio do Comércio.

Praça Carolina, local da realização da feira popular. (arquivo Nirez)

A Praça do Ferreira exercia ainda uma função hoteleira, mas sem à atual perspectiva de  Fortaleza como cidade turística. Era a rota comercial que justificava a rede hoteleira. Hotéis como o  Savanah (inaugurado em 1964) recebiam os caixeiros viajantes responsáveis pelo abastecimento da cidade. Eles traziam artigos do Rio de Janeiro  e de Recife, que tornaram Fortaleza uma praça interessante, mas com uma sociedade de consumo limitado.

Hotel Savanah, na esquina da Rua Major Facundo com Travessa Pará, na Praça do Ferreira, foi inaugurado em 12 de abril de 1964, propriedade de Pedro Lazar. No térreo do edifício, funcionavam as Lojas Brasileiras - Lobrás, onde foi inaugurada a primeira escada rolante de Fortaleza (arquivo Nirez)

Até a década de 1940, a cidade dava as costas para o mar, os deslocamentos tinham a ver com visitas às famílias, idas à escola. Fortaleza tinha um formato estelar, com saídas para os eixos da Bezerra de Menezes,  Parangaba – através do Benfica; Estrada do Gado, pelo Montese; eixo Atapu, para Messejana e eixo Mucuripe, na região onde hoje fica o corredor comercial da avenida Monsenhor Tabosa.
Os recursos arrecadados com o crescimento do comércio em Fortaleza, foram utilizados para fazer melhoramentos na cidade, como a construção de chafarizes,  colocação de um novo sistema de iluminação pública e o calçamento de ruas.

Fonte: 
Revista Fortaleza, fascículo 3 – abril/2006.

2 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Lembro-me bem, da primeira escada rolante em Fortaleza, na Lobrás. Minha mãe tinha medo de subir.Muitos anos depois, perdeu o medo...
Muito bom ver esse comércio, do qual conheci parte.

Fátima Garcia disse...

olá Lúcia,
conheço gente que até hoje não sobe nem desce em escada rolante, portante sua mãe não estava sozinha.
abs