Cine São Luiz na noite de sua inauguração (Arquivo Nirez)
Surgiram curiosas lendas a respeito da obra inconclusa. Dizia-se, por exemplo, que Severiano Ribeiro, o maior exibidor cinematográfico da América do Sul, com salas em quase todas as grandes cidades do País, tivera um sonho no qual lhe era dito que sua morte aconteceria ao término da construção do edifício São Luiz. Claro que a causa da demora tinha fundamento econômico.
A cidade, ainda muito acanhada, não comportava um cinema melhor e mais amplo do que o Diogo. Isto significa que, ao abrir o São Luiz em 1958, a Empresa Severiano Ribeiro entendeu que Fortaleza evoluíra, que já não era mais aquela província que costumava vaiar a tudo e a todos na Praça do Ferreira.
folder de inauguração do Cine São Luiz (arquivo Nirez)
O folder trazendo o programa inaugural do cinema, traz na capa como se fora o filme de abertura da programação, O Principe Encantado, mas na página seguinte é logo tudo esclarecido. O filme de abertura do São Luiz, em 23.03.1958 foi Anastácia. O festival de inauguração incluíam grandes clássicos do cinema, como Suplicio de uma Saudade, Férias de Amor, Melodia Imortal, Tarde Demais para Esquecer, Juventude Transviada, e outros.
Estes filmes, lançados sucessivamente, voltariam a cartaz pouco tempo depois, demorando-se alguns por larga temporada, de acordo com o sucesso de público.
As sessões do São Luiz tornaram-se uma passarela de elegância, onde desfilavam as moças mais distintas da sociedade, as familias mais importantes, todos caprichando nas indumentárias.
O Diogo embora apresentando grandes filmes ficou em segundo plano. Mas a sua sessão das quatro perdurou como ponto obrigatório de encontro da juventude todos os domingos.
Cine Diogo em 1992 (O Povo)
Assim o São
Luiz representou de fato, um marco de progresso na capital cearense. Seu surgimento
corresponde à era Juscelino, sinônimo de desenvolvimento do Brasil e do Ceará,
inclusive através do processo de
industrialização, que provocou a mudança da sociedade rural brasileira numa
sociedade urbana. Os automóveis, fabricados em São Paulo, começaram a povoar as
ruas de Fortaleza, que até hoje paga o preço dos atropelos causados por um
trânsito caótico, por conta da falta de planejamento urbanístico adequado para
os tempos que estavam chegando.
Extraído do
livro
Sessão das
Quatro, cenas e atores de um tempo mais feliz,
De Blanchard
Girão
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