Ate meados da década
de 1930, início dos anos 40, o aglomerado urbano de Fortaleza se resumia basicamente ao perímetro
formado pelos Boulevards planejados por
Adolfo Herbster na Planta da Cidade de Fortaleza e Subúrbios em 1875 – as atuais
avenidas D. Manuel, Imperador e Duque de Caxias.
Na década de 1930, uma grande seca provocou, mais
uma vez, a expulsão de sertanejos, que viam como única chance de sobrevivência,
a migração para a Capital, enquanto as autoridades locais tentavam impedir, a todo
custo a entrada desses retirantes.
No interior onde havia estrada de ferro, eles eram
confinados para não viajar para Fortaleza. Os que conseguiam burlar a
vigilância e chegavam à capital, eram presos e isolados nos dois campos de
concentração existentes em Fortaleza: um deles era o Arraial Moura Brasil, que
ficou conhecido por “Curral”. Mas, a migração para Fortaleza continuava, mesmo depois de passadas as fases mais
críticas da estiagem.
As primeiras favelas surgiram em Fortaleza já na década de
1930, em consequência principalmente das grandes secas, que provocaram o
crescimento das migrações para a capital. A população desassistida foi se
instalando em barracos próximos à ferrovia, às indústrias, à zona de praia e às
margens dos rios, áreas desprezadas pelos grupos sociais de maior poder
aquisitivo.
Com a construção, no início da década de 1940, do ramal
ferroviário ligando a Parangaba ao porto do Mucuripe, muitas famílias viram nas margens da
ferrovia, uma oportunidade de construir sua moradia em terras sem dono, que
ninguém reclamava. Surgia assim o embrião das atuais comunidades que se
encontram ao longo da linha do trem. Uma
dessas comunidades é a Aldaci Barbosa.
Localizada no Bairro de Fátima, em frente a Avenida Borges
de Melo, a comunidade seria atingida em cheio pelo projeto do VLT, uma vez que
seria construída uma estação no local, o que iria provocar retirada das casas. Mas depois de muita
resistência por parte dos moradores, a estação mudou para o outro lado da
avenida, numa área em frente à antiga localização, entre a Avenida Borges
de Melo e a Rua Francisco Lorda, o que reduziu o número de casas
desapropriadas: de 250 para 20. A mudança foi anunciada no último dia 12 de
março, no site do METROFOR.
A comunidade Aldaci Barbosa foi uma das primeiras a resistir
contra as remoções do VLT e até hoje tem se negado a colaborar com o governo.
Por conta disso, no dia 02 de agosto de 2011, o governador Cid Gomes foi protagonista de uma atrapalhada operação de intimidação à comunidade, levada a cabo à noite, e sem aviso prévio, com o intuito de pressionar
os moradores a aceitarem a remoção.
Acompanhado de secretários, assessores e um
batalhão de seguranças (até o comandante-geral da Polícia Militar estava lá!),
Cid tentou percorrer casa por casa, conversando com moradores a portas
fechadas. Mas a tentativa de intimidação pegando a comunidade desprevenida
virou uma grande confusão, verdadeiro
vexame!
Não demorou muito e moradores de outras comunidades ameaçadas pelo VLT,
militantes de organizações políticas e de movimentos sociais se uniram aos
moradores da Aldaci. Diversos meios de comunicação mostraram o governador sendo expulso da comunidade de forma
humilhante, sob uma chuva de vaias e aos gritos de “terrorista” e “ditador,
respeite o morador!”
A resistência deu certo: as casas continuam marcadas, com a
tinta verde que identifica os imóveis que serão removidos. Mas a Comunidade
Aldaci Barbosa continuará onde está.
fotos Rodrigo Paiva
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