O Comércio de Fortaleza se estabeleceu no centro. Armazéns,
Alfândega e os prédios da receita estadual e a administração municipal foram
erguidos próximos ao primeiro porto. Com
o desenvolvimento da indústria algodoeira, surgiram casas comerciais como a
Fábrica Philomeno, nas avenidas Francisco Sá e Sargento Hermínio.
Industrial Pedro Philomeno Gomes, um dos pioneiros da região, e a Fábrica São José marcaram o desenvolvimento da indústria do algodão no Ceará (foto Diário do Nordeste)
As ruas do
centro adquiriam funções especializadas; determinada via concentrava o comércio
de fios e linhas, outra, o comércio de peças para veículos automotores. Um
modelo bastante evidente ainda hoje, para quem percorre ruas como a Pedro I e a
Clarindo de Queiroz.
Desenvolvia-se também o comércio na Alberto Nepomuceno e
Conde D’Eu. O Mercado São José coletava produtos do Interior e os armazéns da
Rua Governador Sampaio formavam o polo especializado na movimentação portuária.
A cidade crescia na perspectiva do Riacho Pajeú: Catedral, Palácio da Luz,
Assembleia Provincial, o porto e o Parque da Liberdade na saída da cidade.
Assembleia Provincial - década de 1930 (foto: O Nordeste)
O centro possuía territorialidades diferenciadas: na Praça
do Ferreira acontecia a feira da elite, mais selecionada. Naquela porção do
centro tinha-se a clara distinção entre lazer e trabalho. O ócio era desfrutado no Passeio Público e os
negócios eram feitos na Praça do Ferreira. A cidade se expandia, mas o centro
ficou restrito ao que foi projetado por Adolfo Herbster na Planta Exacta do
Ceará, de 1875. A feira popular ocorrida na Praça Carolina, junto ao Mercado de
Ferro, na região onde hoje se encontra o Palácio do Comércio.
Praça Carolina, local da realização da feira popular. (arquivo Nirez)
A Praça do Ferreira exercia ainda uma função hoteleira, mas sem
à atual perspectiva de Fortaleza como
cidade turística. Era a rota comercial que justificava a rede hoteleira. Hotéis
como o Savanah (inaugurado em 1964) recebiam
os caixeiros viajantes responsáveis pelo abastecimento da cidade. Eles traziam
artigos do Rio de Janeiro e de Recife,
que tornaram Fortaleza uma praça interessante, mas com uma sociedade de consumo
limitado.
Hotel Savanah, na esquina da Rua Major Facundo com Travessa Pará, na Praça do Ferreira, foi inaugurado em 12 de abril de 1964, propriedade de Pedro Lazar. No térreo do edifício, funcionavam as Lojas Brasileiras - Lobrás, onde foi inaugurada a primeira escada rolante de Fortaleza (arquivo Nirez)
Até a década de 1940, a cidade dava as costas para o mar, os
deslocamentos tinham a ver com visitas às famílias, idas à escola. Fortaleza
tinha um formato estelar, com saídas para os eixos da Bezerra de Menezes, Parangaba – através do Benfica; Estrada do
Gado, pelo Montese; eixo Atapu, para Messejana e eixo Mucuripe, na região onde
hoje fica o corredor comercial da avenida Monsenhor Tabosa.
Os recursos arrecadados com o crescimento do comércio em
Fortaleza, foram utilizados para fazer melhoramentos na cidade, como a construção
de chafarizes, colocação de um novo
sistema de iluminação pública e o calçamento de ruas.
Fonte:
Revista Fortaleza, fascículo 3 – abril/2006.
2 comentários:
Lembro-me bem, da primeira escada rolante em Fortaleza, na Lobrás. Minha mãe tinha medo de subir.Muitos anos depois, perdeu o medo...
Muito bom ver esse comércio, do qual conheci parte.
olá Lúcia,
conheço gente que até hoje não sobe nem desce em escada rolante, portante sua mãe não estava sozinha.
abs
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