quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Governo Virgílio Távora (1963 – 1966)


 Praça José de Alencar, década de 1960 (acervo particular Darth Vader)
Virgílio Távora foi eleito governador do Ceará nas eleições de 1962, pela coligação União pelo Ceará, formada pelo PSD, UDN e PTN, representante política das elites locais. Virgílio era herdeiro do grupo político denominado Tavorista, em função do nome da família da qual fazia parte.  

Ao assumir o governo do Ceará, VT procurou implementar em nível estadual o que Juscelino fizera a nível nacional: um plano de governo. Assim nasceu o 1° Plano de Metas Governamentais (Plameg), que tinha entre outros objetivos, o de desenvolver a atividade industrial do Estado, por meio de financiamentos concedidos pelo Estado.

Nesse período, (início da década de 1960), SUDENE, Banco do Nordeste e UFC preparam uma variedade de técnicos, pesquisadores e administradores que seriam aproveitados na gestão de Virgílio Távora e de governos posteriores. Esse seria um dos marcos do governo Távora: a utilização de técnicos na máquina do Estado, para coordenar secretarias consideradas estratégicas dentro do planejamento estabelecido.  

Obviamente, os técnicos dividiam espaço e funções com políticos e seus apadrinhados, afinal VT era um político tradicional, e a política do apadrinhamento no Ceará, é histórica e jamais caiu em desuso.

Até o governo VT os administradores do Ceará não adotavam nenhum planejamento de governo. O 1° PLAMEG foi inspirado no Plano de Metas de Juscelino Kubistchek e no Plano Trienal de João Goulart, ambos de caráter desenvolvimentista.  

Foi elaborado pelo economista Hélio Beltrão,  por técnicos do Banco do Nordeste e da Universidade Federal do Ceará (UFC). No inicio da década, os técnicos dessas instituições já haviam preparado um conjunto de estudos sobre os Estado nordestinos que serviram de referência para o plano adotado por Virgílio. 

Agência do BEC, Banco criado ano década de 1960, extinto nos anos 2000, na sanha privatizadora do governo. 

Para execução do PLAMEG, Távora contaria com verbas e apoio técnico de instituições internacionais como o BID e a Aliança para o Progresso – programa de ajuda  do governo norte-americano visando barrar as esquerdas latinas – além de órgãos federais, especialmente da SUDENE e do BNB.  Tais entidades foram responsáveis pela liberação de capitais, por incentivos fiscais em benefício do Ceará, pela formulação de diagnósticos, pela elaboração de projetos e condução de planos para as obras de infraestrutura.

Em termos locais, VT criou a Superintendência de Desenvolvimento do Ceará (SUDEC), a Companhia de Desenvolvimento do Ceará (CODEC) o Bando do Estado do Ceará (BEC), e a Secretaria de Planejamento (SEPLAN).  No setor de transportes, foram criadas a Companhia Docas do Ceará, e a Fábrica de Asfaltos do Mucuripe. 

Vista parcial da Cia. Docas do Ceará, administradora do Porto de Fortaleza

Para atrair investimentos de capitais de outras regiões, o governador procurou criar uma infraestrutura, sem a qual a industrialização seria inviável. Desse modo Virgílio conseguiu recursos do governo federal para a instalação de linhas para transmissão da energia elétrica gerada pela Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco. Além disso, empenhou-se em ampliar o Porto do Mucuripe, de modo que pudesse receber navios de grande porte, e pavimentar rodovias, para facilitar o escoamento da produção agrícola e industrial.  Criou ainda o I Distrito Industrial em Maracanaú, que começou a funcionar no final da década de 1960.

O Governador Virgílio Távora com outras autoridades, na inauguração do sistema de transmissão de energia elétrica de Paulo Afonso.

Estavam lançadas, dessa forma, as bases da efetiva industrialização do Ceará, que de modo geral, continuou a se fundamentar em fábricas do setor tradicional: têxteis, calçados, óleos vegetais, vestuário e artefatos de tecidos. O PLAMEG elevou a renda do Estado, embora não tenha contribuído para melhorar sua distribuição . Depois do PLAMEG, todos os governos cearenses passaram a adotar planos de governo. 


Virgílio de Moraes Fernandes Távora nasceu em Fortaleza, no dia 29 de setembro de 1919, filho do senador Manuel do Nascimento Fernandes Távora  e Carlota Augusta de Moraes Fernandes Távora. Militar de carreira, herdou o comando de um tradicional grupo oligárquico da UDN.  Administrou o Ceará em dos mandatos: 1963-1966 e 1979-1982. 

Com pouco mais de um ano do primeiro mandato de Virgílio Távora como governador, eclodiu o golpe militar 31 de março de 1964, que derrubou o presidente João Goulart. No Ceará, inúmeros políticos, jornalistas, professores, médicos, sindicalistas e estudantes foram presos no quartel do  23° BC, e deputados e vereadores tiveram seus mandatos cassados pelo regime autoritário.  Após um primeiro momento de indefinição, Virgílio, como coronel do Exército que era, apoiou o movimento golpista. 

Fonte:
História do Ceará, de Airton de Farias 
História do Ceará, de Nelson Campos

2 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Meu primeiro emprego público, foi no primeiro governo Távora. Fui nomeada em setembro de !964 e pedi exoneração em final de 1970. Era lotada no Departamento de Cultura da, então Secretaria de Educação e Cultuara, que funcionava no Theatro José de Alencar. Pasmem: nunca vi meu "patrão" de perto.
Gostei de trabalhar alí...fui "Amanuense Datilógrafa", que é o Agente Administrativo de hoje.

P.S. Lá de cima, da varanda, assistia às passeatas dos estudantes no confronto com policiais.

Boa postagem!
Boa noite, Fátima!

Fátima Garcia disse...

Olá Lúcia,
pelo menos naquele tempo voce devia receber salário que não devia ser grande coisa, já que voce se demitiu. Hoje a coisa tá mais complicada, o governador quer que professores e outras categorias, trabalhem por amor. E vivam de brisa. E nunca mais votem nele, nem p/síndico.