Praça do Ferreira em 1950 - foto Aba Film (Arquivo Ah, Fortaleza!)
Entre o final da década de 1940, inicio de 1950, quando a elegante Casa Sloper encerrou suas atividades, Romeu Aldigheri, que já contava com duas Lojas de Variedades, aproveitou o local para montar a Flama, loja que viria mudar o comportamento, impor parâmetros e fazer modismo na cidade ainda provinciana.
O nome Flama veio da linha de perfumes White Flame, de Helena Rubistein, que era apresentada em embalagens de luxo, com larga aceitação na época. Quanto ao nível da loja, era como se apenas tivesse sido trocado o nome e a administração, porque as instalações passaram por leves modificações, o bom gosto permaneceu o mesmo, o requinte era velho conhecido, as vendedoras selecionadas com rigor.
Precedida de grande publicidade, a Flama já foi inaugurada revolucionando. Não se falava de outra coisa na cidade e em todas as conversas o assunto era a nova loja que substituíra a sofisticada Casa Sloper. Sem televisão, o rádio era o grande veículo de publicidade daqueles tempos e volta e meia podia-se ouvir a voz insinuante e macia de Maria josé Brás, na PRE-9, anunciando o slogan da nova loja - Flama - simbolo de distinção.
A prova mais evidente do sucesso da loja era a sua etiqueta dourada sobre o fundo verde que era colada nos pacotes de presentes. Foram as primeiras etiquetas do gênero usadas no comércio de Fortaleza, e eram de tal modo identificadas pelo público que, quem circulava à tarde, pela Praça do Ferreira ou pelo Quarteirão Sucesso, carregando um pacote com o símbolo de distinção da Flama, chamava a atenção e despertava curiosidades. A Flama e sua etiqueta famosa mudaram comportamentos, revolucionaram costumes e costumava transformar o astral das pessoas.
Thêmis Araújo, esteticista da linha de cosméticos Charles of the Ritz na Loja Flama
Mais tarde e nunca deixando de inovar, o proprietário Romeu Aldigheri trouxe para a sua loja a representação da sofisticada linha de cosméticos Charles of the Ritz, e os curiosos acorriam para ver a elegante e exótica Themis Araújo, numa tenda de seda cor de rosa, com detalhes em bronze dourado, preparando cosméticos a vista do freguês. Em sua tenda de conotação árabe, a moça manipulava pequenas porções de pós de cores variadas que tirava de inúmeros potes de cristal, colocando numa minúscula balança dourada, e mexia com uma espátula, até acertar a tonalidade de pele da cliente. Os pós era das cores mais extravagantes, roxo, lilás, rosa, branco, esverdeado.
anos mais tarde a Flama mudou-se para o Quarteirão Sucesso ao lado da Loja A Cearense. Mas faltava ao local, a categoria e a classe do antigo ponto. Ali a Flama não conseguia ter a mesma distinção. Ainda permaneceu uns poucos anos antes de começar a morrer lentamente.
extraído do livro
Os Dourados Anos, de Marciano Lopes
Um comentário:
Lembro-me delas todas : Lojas de Variedades, Flama, Sloper. Foram se acabando, sendo substituidas... vieran as Lojas Brasileiras, as Americanas, Mesbla, mas nenhuma categoria da Sloper.A Casa Parente,a da esquina de Guilherme Rocha com B. do R. Branco também era finíssima.Agora, as "chiks" são nos Shoppings...Hahja dinheiro e paciência, pra estacionar...
O consolo, sermos Distintos!
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