sábado, 16 de outubro de 2010

A Greve dos Portuários


O ano de 1904 começou agitado em Fortaleza. Desde o dia 1° corria o boato de que os trabalhadores do porto entrariam em greve. A população começou a ficar inquieta, as familias dos trabalhadores foram tomadas de verdadeiro pânico. O motivo da paralização segundo se afirmava, era a execução da lei do sorteio militar. (Polêmica lei que instituia o serviço militar obrigatório e por sorteio. Seus defensores alegavam que só trabalhadores braçais e sem qualificação se apresentavam para servir ao exército. Com a adoção do sorteio, todas as classes sociais passariam a ser recrutadas.)
Na manhã do dia 3 de janeiro, um domingo, chegara o paquete Maranhão. Notava-se no porto de desembarque, uma movimentação fora do normal, uma agitação, um corre-corre de populares e de homens do mar.
Ponte Metálica, antigo ponto de embarque e desembarque de Fortaleza
As sete horas, explodiu o movimento paredista. Aderiram, logo no inicio, catraieiros e demais empregados no tráfego marítimo. Os que não aderiram espontaneamente, foram forçados pelos grevistas.
Em pouco tempo, a rebeldia estava generalizada.
Os 300 passageiros do Maranhão tiveram de ficar a bordo, sem possibilidade de pisar em terra por falta de condução.Em razão disso, avisado do ocorrido, o capitão-tenente Luis Lopes da Cruz - apelidado de De La Croix pelo jornalista João Brigido - Comandante dos Portos, homem violento e de temperamento exaltado, não contemporizou. Em vez de tentar um entendimento com os grevistas, para tentar resolver o problema, optou por pedir auxilio da força armada.
Às 8 horas, o comandante De La Croix determinou, mesmo naquele ambiente tenso, carregado de revolta geral, que a baleeira da capitania seguisse em direção ao navio, a fim de providenciar o desembarque dos passageiros que lá se encontravam retidos.
O gesto do comandante foi recebido como uma afronta pelos catraieiros;  aglomerados, em represália, impediram a saida do bote, que foi virado, e teve os remos quebrados. Sentindo-se desacatado em sua autoridade, o comandante requisitou força armada para manter sua determinação.
Imediatamente seguiu para o porto um contingente de soldados do Batalhão de Segurança, sob o comando do coronel Cabral da Silveira. A baleeira, guardada pela polícia conseguiu deixar a ponte em direção ao Paquete Maranhão.
Foi na sua volta que se deu o confronto: catraieiros armados de facas, pedaços de paus e achas de lenha, exaltados ao extremo, tentaram impedir o desembarque. Em resposta, os soldados abriram fogo contra os manifestantes, a fuzilaria irrompeu violenta, durou alguns minutos, suficientes para deixar um saldo de três mortos e quarenta feridos, todos trabalhadores do porto. Terminado o tiroteio, a ponte e o mar estavam vermelhos de sangue.
Naquela noite a cidade ficou em vigilia, o conflito abalou a população, houve protestos em todos os setores da sociedade. No dia seguinte, uma multidão acompanhou o sepultamento dos catraieiros que tombaram no confronto. Na tarde daquele mesmo dia é que se deu o desembarque dos passageiros do Maranhão, por meio de escaleres da Polícia, da Alfândega e da Saude.
Quartel do Batalhão de Segurança (Arquivo NIREZ)

A greve continuou mais acirrada, e os jornais em longos editoriais, faziam pesadas críticas ao Capitão dos Portos que mandara fuzilar os trabalhadores em greve. Na praia, manteve-se um contingente policial durante todo o dia, com o objetivo de manter a ordem. Na Secretaria de Justiça foi instaurado rigoroso inquérito para apurar as responsabilidades.
E uma verdadeira romaria se formou na porta do Palácio do Governo, onde várias autoridades foram protestar junto ao presidente do Estado, pelo massacre dos trabalhadores do porto.
Naquele mesmo mês o Governo Federal mandou demitir o Comandante dos Portos e ordenou sua imediata saída de Fortaleza.
Alguns anos depois, o ex comandante foi assassinado com dois tiros, em plena capital federal, a porta do Clube Naval por alguém que nunca foi identificado.

pesquisa:
Coisas que o Tempo Levou, de Raimundo de Menezes

7 comentários:

Anônimo disse...

Como sou fã do blog venho sugerir um slogan: "Fortaleza em fotos e fatos: aqui voce lê primeiro".
O que tem de gente copiando suas postagens é brincadeira, até em blog de jornal eu já vi. E não dizem que foi copiado daqui não, ficam tudo na moita. É isso aí, esse blog tem moral. parabens

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Oi, Fátima, quando eu ia começar a dizer que aqui a gente aprende, e que depois, em outro blog, agente diz "eu já vi este filme", posto que copiado, me deparo com um Anônimo.
Confesso que não gosto de anônimos...mesmo elogiando! O Anônimo que elogia, pode ser o mesmo Anônimo que COPIA as postagens alheias e não dão os devidos créditos.

Portanto, sra. ou sr. Anônimo, saia do anonimato, mostre a sua identidade, o seu verdadeiro nome,a sua cara. Já disse isso antes, duas postagens atrás.

Dizem que o que é BOM é pra ser imitado (ou copiado), mas se chamar Anônimo é tão FEIO, né??

Parabéns, Fátima!
Excelente post!

Fátima Garcia disse...

caros amigos(as)do Blog:
essa questão da clonagem, da apropriação de produção, é uma das mazelas da internet, e não há meios de se coibir isso, acreditem, clonam e copiam até dissertações de mestrado e teses de doutorado, perguntem a qq professor universitário.Jamais deixo de citar as fontes que consulto, primeiro por uma questão de justiça, de dar a César o que é de César, ninguém vai achar que detenho saberes ilimitados, então só se pode concluir que tirei aquela informação, ou aquela foto de algum lugar.Isso é óbvio. Depois tem o problema da credibilidade, o que escrevo está respaldado, está escrito em algum lugar, pode ser num livro, numa revista ou noutro blog. Nunca tive problema quanto a isso. Se alguém copia daqui, e não admite isso, problema de quem copiou. Como disse o(a) anonimo ai, esse blog aqui tem moral. E ética tambem.
bjs

Anônimo disse...

É isso aí, Fátima.
Parabéns pela postura. Acompanho o seu blog e outros mais e aqui acolá encontro trechos inteiros "pescados" do seu. Realmente o problema é de quem copia. Nem todo mundo entrou na fila da competência. Vc deve ter entrado umas 3 vezes...abraços!

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Parece até debate de candidatos!

A Fátima disse tudo, com relação à "clonagens". O que eu trouxe à tona, foi a questão do anonimato.

Sou de opinião que, FÃ que é FÃ, assina em baixo, independente de estar "espinafrando" ou elogiando.
Ao menos, é assim que eu ajo. Considero que é assim que todo crítico deva ter essa postura.

Bom dia, eu volto!

Anônimo disse...

Xiiii, a Lúcia se zangou...
Mas deixe que eu lhe explique umas coisinhas básicas:
1- a postagem de comentários dá a opção de "anônimo", o que significa dizer que a pessoa pode - se quiser - usar tal opção.
2 - a postagem de comentários, seja ela com críticas, elogios, sugestões, observações ou qualquer outro assunto, geralmente é direcionada ao gestor, ou dono, ou redator do blog e não aos demais seguidores, posto que o gestor do blog geralmente conhece seu público alvo - muitas vezes pessoalmente.
3 - Partindo disso, tenho sugestão a lhe fazer: crie um blog, arranje seguidores e exija deles RG, CPF e o teste do pezinho...e brá!

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Zangada, não é bem o termo!
Indignada, sim!
Basta o nome, Anônimo!
Se,SE, um dia eu tiver um 'blog',
Anônimo não será bem vindo!