Mainha em 1919, aos 18 anos
Mainha conta que virou arquiteto por acaso, quando foi convidado a fazer
os projetos de fachadas de Fortaleza. Na
época só existiam revistas técnicas, e foi por elas que o arquiteto adquiriu
seus conhecimentos no assunto.
Mainha em um calhambeque em companhia de Meton Pinto (anos 10 ou 20)
E foi na condição de arquiteto por vocação, que José Barros Maia participou de grandes projetos em
Fortaleza. Projetou a reforma do Palácio do Governo, que nem chegou a ser
realizada. Seu primeiro grande trabalho foi a construção do primeiro pavimento
do Colégio da Imaculada Conceição. O mestre Domingos dos Reis foi convidado para
fazer o projeto do novo andar e Mainha fez o projeto desse trabalho e mais uma
escada interna, para as alunas do colégio tirarem fotografias.
Capela do Colégio Juvenal de Carvalho em foto de 1931 (arquivo Nirez)
Participou da
reforma de diversas igrejas de Fortaleza: a do Cristo Rei, a Capela do Colégio
Juvenal de Carvalho, a Igreja de Nossa Senhora das Dores. Mainha também
participou da construção de ginásios, como o do Grupo Escolar Juvenal de
Carvalho, em 1925/26. O prédio sofreu muitos acréscimos depois.
A Igreja do cristo Rei foi projetada para ser uma pequena capela gótica, mas os jesuítas foram aumentando o prédio sem pensar no acabamento. Quando chegou a hora do acabamento criou-se um impasse, porque a torre era muito grande e a seta monumental. Mainha foi procurado pela empresa Odebrechet para fazer um estudo. O arquiteto solucionou a questão com um "gótico truncado", que se prestava justamente para a Igreja do Cristo Rei. O projeto foi aprovado. (foto do arquivo Nirez)
Projeto de José Barros Maia, a casa que abriga o Museu da Imagem e do Som conta com a proteção de dois leões de porcelana vindos da cidade do Porto.
Datadas do início do século XX, estas peças são a marca registrada deste prédio
histórico. (foto do blog da diversão)
A casa que hoje abriga o Museu da Imagem e do Som também foi
projetada por Mainha para servir de residência ao Senador Fausto Augusto Borges
Cabral, sendo inaugurada em novembro de 1951.
Mainha cresceu vendo a cidade crescer desde 1901. Acompanhou
por dentro e por fora o frenético processo de transformação da capital por todo
o século XX. Contribuiu de forma indelével para a feição que Fortaleza foi
incorporando nestes admiráveis tempos modernos, pois foi ele o autor de várias
obras arquitetônicas que desenharam o rosto que Fortaleza tem e que não para de
ser retocado.
Antiga Sé, demolida juntamente com o Cruzeiro em 1938 (acervo Marciano Lopes)
Viu também, com olhos de pesar, tantas e tantas construções
expressivas de nosso passado, lugares da memória afetiva da Cidade,
desaparecerem pelo descaso dos poderes públicos e privados para com o
patrimônio histórico de Fortaleza. Mainha, pelo profundo conhecimento que
detinha do espaço social urbano, sabia das graves consequências que pairam
sobre uma sociedade que olha para si e não se reconhece mais.
Mainha recebe a placa de Honra ao Mérito pelos relevantes serviços prestados à cultura e à ciência, numa homenagem prestada pela Fundação Cultural de Fortaleza em 1993.
O velho arquiteto José Barros Maia, mentor de boa parte da cara
e da alma de Fortaleza, faleceu no dia 9 de agosto de 1996, aos 95 anos de
idade.
extraído do livro
Roteiro Sentimental de Fortaleza
lembrar é viver de novo - depoimento de José Barros Maia.
Apresentação de Sebastião Rogério Ponte.
UFC-NUDOC/SECULT-CE, 1996
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